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Conexões Familiares
N.J. Nielsen
Ray e Viv percebem que o amor nem sempre é o que esperam que seja, mas aprender a lidar com a estrada à frente pode valer a pena. Jogados em circunstâncias além de sua imaginação, Ray Connelly e Christopher 'Viv' Vivvens devem dar um passo além de seus estilos de vida pessoais para sobreviver no futuro. O que começou como uma pequena mentira sobre serem namorados logo se torna mais do que eles esperavam, especialmente quando a família e os amigos decidem interferir em suas vidas. No entanto, quando a tragédia acontece, Ray e Viv devem se levantar e se tornar pais também. Ao longo do caminho, eles dão boas-vindas a nove crianças de várias idades, mas há muito amor para todas.
Ray e Viv percebem que o amor nem sempre é o que eles esperam. Às vezes é muito difícil. Eles também aprendem que lidar com os obstáculos da vida pode valer a pena. Ao fazer isso, o casal descobre como são fortes juntos.
Quando tudo está indo bem, uma ex chega para arruinar sua felicidade para sempre. Eles devem lutar contra seus demônios do passado para tornar seu futuro ainda melhor. Juntos, eles são uma família no melhor sentido, mas Ray e Viv têm o que é preciso para vencer as adversidades desta vez?

As Crônicas de Connelly
CONEXÕES FAMILIARES
N.J. NIELSEN

Pride Publishing books by N.J. Nielsen

The Connelly Chronicles
Family Connections
Beautiful Goodbyes

Wardens of the Guild
The Real You
All That Shimmers
Heart Strings
Conexões Familiares
ISBN # 978-1-80250-019-6
© Direitos reservados de NJ Nielsen 2014
Capa de Posh Gosh © Direitos reservados, agosto de 2014
Traduzido por Claudia Klinkenberg 2021
Interior text design by Claire Siemaszkiewicz
Pride Publishing

This is a work of fiction. All characters, places and events are from the author’s imagination and should not be confused with fact. Any resemblance to persons, living or dead, events or places is purely coincidental.

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Published in 2021 by Pride Publishing, United Kingdom.

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Ray e Viv percebem que o amor nem sempre é o que esperam que seja, mas aprender a lidar com a estrada à frente pode valer a pena.

Jogados em circunstâncias além de sua imaginação, Ray Connelly e Christopher 'Viv' Vivvens devem dar um passo além de seus estilos de vida pessoais para sobreviver no futuro. O que começou como uma pequena mentira sobre serem namorados logo se torna mais do que eles esperavam, especialmente quando a família e os amigos decidem interferir em suas vidas. No entanto, quando a tragédia acontece, Ray e Viv devem se levantar e se tornar pais também. Ao longo do caminho, eles dão boas-vindas a nove crianças de várias idades, mas há muito amor para todas.

Ray e Viv percebem que o amor nem sempre é o que eles esperam. Às vezes é muito difícil. Eles também aprendem que lidar com os obstáculos da vida pode valer a pena. Ao fazer isso, o casal descobre como são fortes juntos.

Quando tudo está indo bem, uma ex chega para arruinar sua felicidade para sempre. Eles devem lutar contra seus demônios do passado para tornar seu futuro ainda melhor. Juntos, eles são uma família no melhor sentido, mas Ray e Viv têm o que é preciso para vencer as adversidades desta vez?

Dedicação
Para Max, a única pessoa que me ouviu em tantas versões do caso de amor de Viv e Ray—finalmente está aqui. E para qualquer membro da família que pensa que pode estar aqui em algum lugar—é isso mesmo—porque você provavelmente está. Vocês sabem que amo todos vocês, mas admitam, algumas das coisas malucas que acontecem em nossa família precisam ser compartilhadas para serem acreditadas.

Para Kyle, que foi a base da minha inspiração para este livro em primeiro lugar—difícil de acreditar que já se passaram vinte e seis anos desde que você se foi. Sempre serei seu cavaleiro de armadura, pois você sempre será minha donzela—sinto sua falta.

Reconhecimento de Marcas Registradas
A autora reconhece o status de marca registrada e os proprietários da marca registrada das seguintes marcas mencionadas nesta obra de ficção:

Coke: Coca Cola Company
Esky Coolers: The Coleman Company, Inc.
Google: Google Inc.
Hahn Premium Light: Hahn Brewing Co Pty Ltd.
Hilton: Hilton Hotels Corporation
Kentucky Fried Chicken: KFC Corporation
Kia: Kia Motors Corporation
Lamaze: Lamaze International
Mercedes: Daimler AG Corporation
Mr Squiggle: Rebecca Jane Hetherington
Muppets: Muppets Studio LLC.
Mylanta: McNeil Consumer Pharmaceuticals Company
Pull-Ups: Kimberly-Clark Worldwide Inc.
Teenage Mutant Ninja Turtles: Viacom International Inc.
Theodore Mouse (livros infantis): escrito por Michaela Muntean
Transformers: Hasbro Inc.
Silly Boy Blue: escritor David Bowie; Hollis Music Inc., Sparta-florida Music Group Ltd.
Let Me Sleep Beside You: escritor David Bowie; Essex Music International, Essex Music International Inc.
Lady Stardust: escritor David Bowie; Tintoretto Music, Chrysalis Music Ltd
Changes (David Bowie CD): Álbum de compilação de David Bowie
Keep Your Hands Off My Girl: Escritores Benji Madden, Joel Madden; The Madden Brothers, Emi Blackwood Music Inc.
Loving You, escritores Paolo Giovanni Nutini, Jim Duguid, Christopher William Leonard; Warner/Chappell Musit Publishing Ltd.
Easy Bake Oven: Hasbro, Inc.

Capítulo Um
“Ei, o que você está fazendo comigo? Ei, o que você espera ver? Eu te amei e de todas as formas…”
Viv virou a cabeça em direção ao palco quando a voz do jovem cantor preencheu o salão e abafou a conversa entre os outros clientes da boate. Por que essa música depois de tudo que eles passaram? Por que as memórias dela tinham que voltar e assombrá-lo agora? Mesmo que fosse através da letra de uma música idiota, interpretada por um estranho. Viv tinha pensado que ele finalmente estava superando Grace. Especialmente depois da última vez que ela decidiu machucá-lo, acabando com a vida de seu irmão Daniel. Mesmo que ele já tivesse amado Grace, Viv nunca quis vê-la novamente. "Doga." Daniel se virou para Viv e sorriu ironicamente. “Agora há memórias de um passado fodido. Essa música me faz odiar ainda mais essa vadia, mais do que já a odeio. Olha, pelo menos esse cara é mais sexy do que Grace."
Ambos ignoraram a risada antipática de Brie na fala de Daniel. A namorada atual de Daniel aos olhos de Viv não era muito melhor do que Grace.
Pela forma que seu irmão falava, Viv sabia que Daniel ainda estava tão fodido agora quanto antes nas mãos de Grace e todos os seus jogos mentais. Antes ela era tão doce, parecia que ela havia mudado da noite para o dia. O que ela fez com Daniel destruiu o que ela e Viv compartilharam. Viv sempre teve a sensação de que Brie de alguma forma estava envolvida no que aconteceu com Daniel, mas ele não podia provar. Daí a razão de Brie ainda estar em suas vidas.
Daniel a estudou, e Viv percebeu que seu irmão viu todas as emoções que ele não conseguia esconder enquanto ouvia a música favorita de Grace. Viv suspeitava que sua namorada atual fizesse parte do grupo que drogou Daniel e colocou seu vídeo na Internet para todos verem. Viv tentou não chorar de raiva e humilhação com a memória de Grace e toda a dor que ela lançou várias vezes. Ela era a razão pela qual ele não namorava mais a sério. Ninguém chegaria tão perto dele novamente.
“Sim”, Daniel pensou. “Ele é muito bonito.”
“Daniel, às vezes a merda que sai da sua boca me diverte e me faz pensar o que passa com você?” Viv riu enquanto ele tentava desviar a atenção de sua própria demonstração de emoção pela coincidência de estar tocando uma música estúpida. Mesmo que ele nunca pensasse que o que ele disse de certa forma machucasse, a dor pairou nos olhos de Daniel.
Deus me dê forças.
Tudo ficou em silêncio por um momento e, por mais que tentasse, Viv não conseguia tirar os olhos do jovem cantor. Viv o achava muito bonito—para um homem. Seu cabelo curto, escuro e espetado se arrepiou para todos os lados em sua cabeça, como se ele tivesse frustrado e apenas momentos antes passou a mão no cabelo. Ele também tinha um bigode fino e uma barba ainda para fazer. O pelo em seu rosto parecia estranho nele, mas de uma forma muito estranha, Viv gostou. O corpo dele era magro, mas não tão magro. O suor brilhava em seu rosto sob as luzes do palco e, pela maneira como cantava, é claro que ele gostava do que estava fazendo—parecia feliz. Mais do que algumas pessoas na multidão, tanto homens quanto mulheres, estavam voltados para o show desejando o cantor, o que divertiu Viv, já que o cara parecia alheio a eles.
“O que foi que eu disse?” Daniel perguntou, sua atenção também voltada para o palco. Viv estudou seu irmão e teve a sensação de que Daniel estava refletindo sobre tudo o que eles conversaram e, Viv teve que concordar com os comentários anteriores de Daniel. Honestamente, o cantor era realmente bonito, Viv era mais bonito do que Grace. Daniel etinha certeza disso. Ele provavelmente estava em algum lugar entre os vinte anos de Daniel e os trinta e dois anos de Viv. Ele pensou se o cara era hétero. Em sua opinião, ele não achava que alguém tão bonito pudesse ser hétero, e ele sentiu ‘Eu sou muito sexy para ser solteiro’.
De onde diabos veio esse pensamento? Eu não sou gay. Não me sinto atraído por homens, não importa quão charmosos eles sejam. É mais do que provável que algum jovem bonito esteja esperando que ele termine, e mesmo que eu estivesse atraído, não há nada que eu possa fazer a respeito. Então, bora seguir em frente.
Daniel suspirando, deu à Viv a sensação de que seu irmão já estava apaixonado pelo cantor. Por alguma razão estranha, Viv não gostava do jeito que o seu irmão olhava para o cara. Parte dele queria lembrar a Daniel que ele tinha uma namorada sentada com eles—uma namorada chata do caralho, mas ela era a namorada de Dan—e assim, manter os olhos longe de alguém com quem ele não estava namorando.
“Esqueça. Eu não quis dizer isso. Eu não quero falar sobre Grace.” Ele disse o nome de sua ex com muito ódio. “Sinto muito por descontar minha frustração em você.” Viv olhou para o cantor mais uma vez e passou em seu olhar uma intensa antipatia a ele. Em sua própria mente, um estranho entretendo a multidão era a razão pela qual ele e seu irmão estraram em desacordo. Bem, não exatamente probabilidades. Mais que ele era o motivo pelo qual Viv estava descontando sua mágoa e ódio em seu irmão por ter trazido Grace para suas vidas em primeiro lugar.
Mesmo enquanto pensava que a culpa era do cantor no palco, ele sabia que sua reação não fazia sentido. Ele não conhecia esse cara de Adam. Depois dessa noite, ele provavelmente nunca mais o veria. Era justo culpar o artista por algo que aconteceu com você? Talvez isso fosse uma bênção disfarçada. Mesmo assim, ele não conseguia tirar os olhos do cantor. E ainda mais louco, sua imaginação lhe disse que o cara estava olhando de volta para ele. Viv quase riu bem alto. Por um momento, parecia que seu coração estava batendo no mesmo ritmo da música.
Que doidera é essa?
Viv nunca achou ser homofóbico, embora muitas pessoas ainda o vissem dessa forma. Porque? Ele nunca soube realmente. Ele preferia meninas. As meninas eram macias em todas as partes. Claro, uma ou duas vezes—tudo bem, talvez algumas vezes no passado—ele pensou que algum cara fosse bonito, mas isso foi o mais longe que seus pensamentos já tinham ido. Ele nunca seguiu esses pensamentos. Esse cara era muito bonito, mas ver desse jeito não tornava Viv gay, não é mesmo? Viv estava acostumado a estar perto de homens e mulheres gays e isso nunca o incomodou, especialmente morando com Daniel, que parecia não se importar com quem ele amava, desde que ele fosse amado em troca. Talvez seu irmão se sentisse assim desde que tinha apenas 20 anos e não estava pronto para resolver isso. A maioria dos relacionamentos de Daniel eram luxúria com uma tendência a acabar rapidamente. Não importa o que acontecesse, Viv amava seu irmão do jeito que ele era, mesmo que, às vezes, o que Daniel fazia o deixasse com raiva.
Ele não podia dizer o mesmo de algumas pessoas que seu irmão escolheu ficar. A aventura mais longa e atual de Daniel estava começando a acabar, e Viv esperava que Brie logo saísse de cena. Ele tinha certeza de que Daniel só tinha ficado com ela tanto tempo porque ele sabia o quanto ela irritava Viv. Seu irmão sempre gostou de deixar Viv o mais desconfortável possível, e essa garota certamente fez isso. Ele não a suportava. Ela era astuta e seu instinto lhe dizia que ela era uma má influência.
Além disso, Brie era muito cruel. Viv olhou para ela e revirou os olhos. Ela também parecia hipnotizada pelo cantor no palco. A luxúria estava em seu rosto. Ele se perguntou se ela iria dar em cima do pobre rapaz como ela tinha feito com outros membros da banda que tocavam no Declan. Não que Daniel soubesse o que sua preciosa Brie estava fazendo. Viv queria dizer que ela estava perdendo tempo. O cara não estaria interessado nela de qualquer forma. A única coisa que o impediu de falar foi o fato de que ele não sabia qual sexo o cantor preferia. E ele não conseguia falar com ela, pois isso só terminaria em outra discussão. Talvez ele devesse dizer a Daniel quantas vezes sua namorada tentou dar em cima não só em Viv, mas também em todos os outros homens durante os dezessete meses que Daniel tinha estado com ela. Ele não conseguia dizer nada. Se fizesse isso, só iria acabar machucando mais Daniel.
Por que diabos Tony contratou essa banda, afinal?
E qual era o nome do grupo? Darkness Crawls?
Ele balançou a cabeça para os outros dois ocupantes sentados com ele. Viv podia ver que o cara bonito no palco se tornaria a nova obsessão de Daniel.
Ah, que alegria.
Não.
Viv só podia imaginar seu futuro inundado com a presença de um homem que já estava confundindo o corpo de Viv o suficiente para fazê-lo querer fugir e nunca mais olhar para trás. Ele não sabia se seria capaz de suportar testemunhar Daniel estando com esse cara sem se entregar também.
Seus pensamentos voltaram no presente, quando Daniel chutou seu pé por baixo da mesa e resmungou, “Viv, sabe de uma coisa? Você pode beijar minha bunda.”
Um sorriso apareceu no canto da boca de Viv quando ele se virou para seu irmão e viu Daniel se preparando para uma briga sem tirar o olhar do palco nem uma vez.
Esta noite finalmente será o fim do Brie. Aleluia! Espero que seja o fim dela, já que não há como Dan estar co raiva de mim. Dan nunca fica bravo comigo, não importa o quanto nós brigamos. Quase sinto pena da pobre cadela idiota. Espere… Não—não sinto pena alguma. Farei tudo o que Dan quiser, especialmente se conseguir o que eu quero.
A música manteve seu foco de volta ao palco, e os sentimentos que ele não tinha o direito de ter por um perfeito estranho estavam mexendo com algo dentro dele.
Por que ele tem que cantar essa música? Porque agora? Isso é um sinal? Se for, qual é a mensagem?
Viv acreditava muito em sinais. Foi algo ensinado a ele por seu pai, que sempre disse, ‘Tudo acontece por uma razão, então certifique-se de ouvir’.
Ele respirou ofegante. Por favor, não deixe Grace voltar e estragar tudo. Por que sempre me torno um perfeito idiota no minuto em que ela sorri para mim?
Viv não podia arriscar que sua ex chegasse perto de Daniel. Não depois do que aconteceu da última vez. Viv fechou os olhos. Ele pediu a Deus que estivesse errado. Mas do jeito que sua sorte estava ultimamente, ela estaria aparecendo em breve apenas para foder com sua cabeça novamente. No passado, ela havia entrado em sua vida em intervalos anuais e aqui o ano estava quase acabando desde sua última tentativa de fazer um inferno.
Enquanto Viv lentamente abria os olhos, seu olhar ia direto ao palco. Ele ficou paralisado quando percebeu que o cantor ainda estava olhando para ele. Não havia dúvida de que o cara estava de olho apenas nele. Ele ficou com falta de ar quando viu um sorriso torto brilhar timidamente em sua direção. Um calor estranho o percorreu, um que ele não conseguia entender. Ele sentiu uma vibração na boca do estômago enquanto ele lutava para colocar seus pensamentos em ordem. E ainda mais, ele não pôde evitar sorrir de volta.
Que diabos estou fazendo?
Estou fodido.
“Bem, isso é a primeira vez”, Daniel ficou em choque. “Se eu não soubesse melhor, eu pensaria que o cantor estava vindo para…bem…você. E se não for engano meu, eu diria que você está flertando também.” Daniel olhou para Viv.
Daniel mordeu seu lábio e Viv se perguntou se seu irmão sentiu a sensação estranha dentro dele, bagunçando tudo. Os olhos de Daniel se arregalaram ainda mais e ele ficou boquiaberto quando Viv virou os ombros, em seguida, olhou para o palco e sorriu para o cantor novamente.
“Se você conseguir, mostre.” Viv sorriu, sem saber por que ele estava gostando da declaração inflamada de Daniel sobre o cara flertando com ele. Então, ele fez a única coisa que conseguiu pensar e descartou isso como uma piada antes de acrescentar, “Honestamente, ele provavelmente está olhando para você de qualquer maneira.”
“Viv”, Daniel perguntou baixinho, tá escrito no seu rosto, “eu realmente te irrito?”
Viv deveria saber que seu irmão voltaria ao seu comentário estúpido de antes. “Não, Dan. Você não. Desculpa dizer o que disse.” Às vezes, Viv odiava forma que ele falava demais e, nove em dez vezes, seu pobre irmão suportava o peso de uma de suas broncas.
“Às vezes eu sinto que você está sempre decepcionado comigo”, Daniel disse com tristeza. Viv ficou em silêncio enquanto observava a apreensão de Daniel. Eles tinham doze anos de idade, mas eram próximos. Eles sempre se levantaram e lutaram um pelo outro quando necessário. Nos últimos dezessete anos, ele criou Daniel sem qualquer ajuda de sua mãe. Ela largou Daniel, com três anos, em seu colo e partiu em uma viagem com o pai de Daniel.
Dava para perceber que criar um filho não estava de acordo com seus planos.
“Não, Dan. Você nunca poderia me decepcionar.” Viv acariciou o braço de seu irmão. Daniel se sentiu bem com suas próximas palavras. “Você é como um filho para mim. Sempre terei orgulho de você, não importa que eu diga de outra forma.” Ele estendeu a mão novamente e deu um tapinha no rosto do irmão em conforto e segurança. “Sempre vou te amar.”
Às vezes, Viv pensava que seu irmão não prestava nas coisas. Agora que ele tinha se assegurado de que ainda era querido e amado, Daniel mudou para o próximo assunto e, na verdade, Viv deu boas-vindas à distração de seus próprios pensamentos atuais e perturbadores. Pela primeira vez, ele estaria disposto a ouvir qualquer coisa que seu irmão quisesse dizer, especialmente se essa conversa mantivesse seus pensamentos e hormônios longe de onde eles não deveriam ir.
“Eu te contei sobre a garota mais intrigante—e também a mais estranha—que eu que conheci hoje?”
Viv balançou a cabeça e esperou que Daniel continuasse.
“Eu estava atravessando a rua para comprar um hambúrguer para Tony, e uma garota passou por mim. Ela estava rindo alto. Fiquei fascinado e a segui.”
Viv o observou com curiosidade. “Você perseguiu uma estranha?”
Daniel meio sem jeito disse: “Não, eu não persegui uma estranha. Não foi perseguição. Eu meio que a segui até a loja de música e a observei enquanto ela olhava CDs. Eu não pude evitar. Eu precisava ver. Ela era linda pra caralho”, Daniel disse, e seus olhos brilharam. “Sabe, ela era uma daquelas pessoas que é linda sem nem tentar ser e, mais do que provavelmente, nem sabe que é. Eu poderia ter ficado olhando para ela o dia todo.”
Quando seu irmão suspirou, Viv tentou não rir. “E como isso não é classificado como perseguição? A loja de música fica a quatro quarteirões daqui.”
Daniel revirou os olhos. “De qualquer forma, o que estou querendo dizer é que ela me viu e largou os CDs que estava segurando, então se levantou e me encarou por um longo tempo. Ela colocou os óculos de sol na cabeça e revelou seus incríveis olhos azuis grandes que brilhavam felizes. Quando pensei que já era hora de dar o fora de lá, ela começou a mexer na bolsa e tirou um pacote de fotos. Ela as folheou, escolheu uma e disse: ‘Qual é o seu nome?’ E depois de dizer, ela escreveu meu nome na foto, colocou um coração com um S e disse, ‘Aqui está uma foto. Dura mais’.”
Um lento sorriso surgiu no rosto de seu irmão segundos antes de ele falar novamente.
“Então, antes que eu pudesse pensar em algo para responder, ela me agarrou pelo pescoço e me puxou em sua direção para que pudesse me beijar. Foi um beijo completo, sem frescura. Quando terminamos, ela pediu seu chiclê de volta, pois ele ficou dentro da minha boca. Então ela piscou para mim enquanto colocava o chiclete de volta em sua boca e pegou suas coisas. Antes que meu cérebro tivesse tempo de pensar, ela começou a rir e saiu da loja. Eu realmente queria continuar a segui-la pela cidade a tarde inteira—mas então isso teria sido uma perseguição.”
Viv se perguntou se Daniel ao menos percebeu que havia suspirado e agora estava com um grande sorriso bobo. Brie, fez ar de deboche, não acreditando em nada, embora fazia careta como estivesse com raiva. Ela cruzou os braços e ouviu enquanto ela olhava com raiva para Daniel. Daniel a ignorava de propósito, e a merda estava prestes a explodir. Viv mal podia esperar.
“Então, o que você fez em seguida?” Viv perguntou, sabendo que ele estava apenas aumentando a raiva de Brie. E isso não o deixou feliz?
“Eu estava suspreso demais para fazer qualquer coisa além de ficar lá, e quando eu saí, ela tinha ido embora. Então, voltei e peguei o hambúrguer de Tony, depois de comprar uma moldura para colocar a foto dela na minha mesa do escritório. Me lembre de mostrá-la a você antes de irmos para casa esta noite.” Daniel balançou a cabeça surpreso com a memória da garota, com um sorriso em seu rosto. “Ela está vestida como uma hippie em tons de roxo e seu cabelo dourado parece uma auréola. Se eu a encontrar novamente, posso pedir-lhe em casamento, antes dela ter chance de ir embora.”
“Então, qual era o nome dessa linda garota com quem você quer se casar?” Viv perguntou curiosamente. Ele quase podia ver a raiva saindo de Brie enquanto ela se irritava com o rumo que a conversa estava tomando. O olhar azedo em seu rosto era uma indicação de uma explosão iminente. Viv queria levar os dois ao escritório, então ele se levantou e fez um gesto para que seu irmão se levantasse. “Venha e me mostre a foto agora. Eu quero dar uma olhada na mulher que roubou seu coração.”
A banda estava terminando seu show quando Viv se levantou. Daniel acenou com a cabeça e o levou até a entrada dos funcionários de seu escritório. Ele sabia que Brie o estava seguindo, mas Viv não se importou, contanto que seu ataque acontecesse a portas fechadas. A discussão seria épica.
Uma Brie ainda mais irritada bateu a porta atrás deles quando Daniel se aproximou, pegou a moldura da mesa e entregou a Viv. A surpresa encheu Viv quando percebeu que a mulher era tão bonita quanto seu irmão havia afirmado.
Daniel apontou para a assinatura. “Não sei o nome dela, mas tem que começar com um S.”
A conversa terminou de forma bruta quando Brie começou a dizer palavrões para Daniel. Talvez eles realmente devessem ter guardado essa conversa em particular até que o clube estivesse vazio, porque com certeza os clientes da boate ainda seriam capazes de ouvi-los através das paredes, apesar da música. Viv ouviu seus palavrões sobre o que Daniel poderia fazer com a foto dessa garota linda pra caralho. Viv ficou impressionado com a calma de Daniel durante todo o discurso dela com uma sobrancelha levantada enquanto olhava para Brie.
Este foi o fim. Viv sabia exatamente o que sairia da boca de seu irmão em seguida. Ele tinha ouvido esse discurso algumas vezes antes e poderia praticamente dizer palavra por palavra com Daniel. Desta vez, Viv esperou alegremente que Daniel falasse. Ele teve que morder a gengiva para não sorrir.
Daniel balançou a cabeça fingindo desânimo, sua voz cheia de sarcasmo. “Eu te amo… Não, espere. Pensando bem, eu não. As coisas estavam bem enquanto duraram, mas você e eu sabemos que não vamos a lugar nenhum. Então, não me ligue, e eu definitivamente não vou ligar para você—nunca mais.”
Bem depressa, Daniel se virou para Viv e retomou a conversa sobre a garota estranha e linda que ele conheceu no início daquela manhã. Nenhum deles olharam para Brie que continuava a xingar antes de sair do escritório.
Era errado que Viv quisesse pular e gritar de felicidade para o mundo? Felizmente, para todos os envolvidos, ele era muito maduro para agir como um colegial besta. Mas ele deu uma cutucada no ombro de seu irmão, acompanhada por um sorriso maníaco, antes de voltarem para o andar principal da boate.
“Vamos sair e conhecer a banda.” Ele se sentia seguro para fazer isso agora, visto que o cantor saiu correndo do local assim que eles deixaram o palco para uma pausa. Aonde quer que ele fosse, tinha muita pressa.
Conversar com os músicos era algo que eles geralmente faziam sempre que tinham um grupo ao vivo se apresentando no Declan. Era quando descobriam se tudo estava funcionando bem. Embora esta noite fosse um pouco diferente, já que Viv sabia que Daniel falaria sobre o cantor na conversa, querendo saber para onde ele tinha ido e quando voltaria.
Não é como se eu não tivesse acompanhado ele a noite toda e me perguntando a mesma coisa.

***

No final da última apresentação, Ray tirou a guitarra de seus ombros e a colocou no pedestal. Então ele realmente olhou para o que Beth estava vestindo. Ele não conseguia conter um sorriso maníaco de se formar enquanto ajudava Beth a descer do palco no Declan. Por que ela estava usando aquele par de saltos em particular, quando tinha tanta dificuldade para andar com eles, Ray não conseguia entender. Especialmente porque cada boate em que eles tocaram tinha algum tipo de palco do qual ela tinha que descer. Por que diabos ele não os notou antes?
Certo, porque eu estava muito ocupado verificando o Sr. Alto, Moreno e Sexy para prestar atenção em qualquer outra coisa.
“Eles precisam ir para o lixo para que você nunca mais fique tentada a usá-los”, ele brincou enquanto apontava para os pés da amiga.
“Cale a boca, Ray. Vou trocar com Girly quando ela chegar aqui. Você sabe que eles são meus favoritos”, Beth disse enquanto a levava para a mesa onde Josh e Jasper já estavam esperando.
“Estarei de volta assim que puder”, Ray prometeu enquanto pegava o telefone e lia a mensagem que recebeu durante a última música.

Pai, você está atrasado. Estou esperando.

Ele riu baixinho. Pelo menos Girly estava pronta. Ele mandou uma mensagem de volta.

Estou a caminho. Encontre-me lá na frente, por favor.

Depois de apenas alguns segundos, sua resposta veio.

Já está aí. Você me deve. GG disse oi, preguiçoso.

Ele amava sua avó mais do que tudo no mundo, mas ultimamente cada vez que ela o via, ela começava a gostar dele. Esta noite ele não queria ter a mesma velha discussão com ela. Ray suspirou ao estacionar na garagem de sua avó para encontrá-la esperando na frente com Girly, então ele teve que ouvi-la de qualquer maneira. Isso era comum.
Durante toda a conversa, os pensamentos de Ray continuaram se voltando para o cara que ele estava observando. Ele sorriu por dentro e se perguntou se sua avó o deixaria em paz se pudesse ler seus pensamentos. Era tão ruim sentir uma atração instantânea por um estranho? Ray achou fascinante observar enquanto o objeto de seu desejo estava conversando com o homem mais jovem com quem estava sentado. Bem, o mais jovem estava falando, e o cara estava ouvindo. O que quer que tenha ouvido deve ter sido bom, pois o fez sorrir. Ele tinha um sorriso tão bonito. Todo o seu rosto se iluminou, deixando-o ainda mais deslumbrante, se isso fosse possível.
Tudo, desde os tons de oliva de sua pele ao cabelo preto-azulado escuro e ondulado até os ombros, fascinou Ray. Se o cabelo do cara fosse mais comprido, provavelmente cairia em cachos. E isso seria sexy pra caralho. Ele queria tocar aquele cabelo. Teria sido incrível se o cara tivesse se levantado para que pudesse ver o quão alto era. Ray gostava de um homem mais alto do que ele. Ok, então ele estava mais do que animado. Seu batimento cardíaco acelerou muito e certas outras partes dele estavam ficando duras como pedra.
Sua imaginação disparou enquanto ele pensava no que diria se tivesse tido a coragem de se apresentar. 'Olá. Meu nome é Ray e só gostaria de dizer que acho seu sorriso lindo. Ah, e estaria tudo bem se eu tocasse em seu cabelo.’
Ele poderia agir como uma droga de garota? Ser gay não dava a ele o direito de cobiçar todo cara bonito que cruzasse seu caminho. Mesmo que ele estivesse meio desapontado, sabendo que tinha que sair, e ele esperava que o cara ainda estivesse aqui quando ele voltasse. Talvez então ele tivesse coragem de ir até lá e se apresentar.
Ou talvez não.

***

Daniel e Viv se apresentaram e sentaram-se. Viv acenou para uma garçonete e se ofereceu para pagar uma bebida a todos—como ele normalmente fazia em qualquer outra noite de show. Todos os membros da banda agradeceram, fizeram suas pedidos e se apresentaram como Beth, Jasper e Josh.
“Onde foi o outro cara?" Daniel perguntou com decepção em sua voz.
Beth olhou para Daniel por um momento antes de responder: "Ray? Ele foi buscar Girly. Eles voltarão logo.”
Os pés dela estavam no colo do Jasper quando o cara desfez o que Viv descreveria como saltos de prostituta. Eles tinham que ter pelo menos 15 cm de altura.
"Então, Daniel e Viv", Beth perguntou. "Quem é você, exatamente?"
“Nós somos donos deste lugar. "Você falou com Tony sobre fazer o show aqui. Ele dirige a parte de shows ao vivo do negócio. Daniel apontou para o homem alto e de pele escura que estava atrás do bar falando com um cliente. "O clube pertencia ao pai do Viv, por isso tem o nome de Declan. Mas mudamos muito o lugar desde que assumimos." De repente Daniel mudou de conversa. "Eu realmente gostei da voz de Ray.”
"Sua banda está junto há muito tempo?" Viv perguntou. Ele tentou mudar a direção da conversa antes de Daniel começar a fazer mais perguntas sobre Ray ou se soltar com sua teoria de como Ray e Viv estavam flertando durante a última parte do show. Seu irmão nunca teve um controle no cérebro e nem na boca. Se Daniel estivesse pensando em algo, logo todo mundo ouviria sobre isso. Isso era cativante e irritante ao mesmo tempo.
“Sim", respondeu o baixista loiro, Josh. "Todos nós nos conhecemos no ensino médio. Naquela época, éramos apenas uma banda de garagem. Jas, Brent, Girly e Ray já eram amigos, e quando Beth—eu a chamo de B—e eu mudamos para cá, Ray teve uma ideia brilhante para a nossa B, então todos nós saímos por um tempo e permanecemos amigos desde então." Josh olhou para Beth, que tinha puxado o canudo de sua bebida e jogado nele. "Para que foi isso?" Como se percebesse o que ele tinha feito, ele acrescentou: "Acho que estou compartilhando muita informação novamente. B, afinal, você é minha irmã. Embora eu tenha que te dizer, nós costumávamos pegar os melhores bolos e biscoitos na casa da avó do Ray. Acho que ela adorava nos ter por perto. Eu sinto falta daqueles dias de banda de garagem.”
Beth e Jasper começaram a rir. Do que você está falando,? Fomos à casa da vovó na segunda passada. Pelo amor de Deus, não é de admirar que você não tenha muitos amigos. Ninguém realmente quer saber da nossa vida", ela brincou.
“Eu sei, mas pensar nesses bolos me dá fome.”
Eles ainda estavam todos sentados lá conversando quando Ray voltou com o braço em volta de uma jovem—uma jovem muito bonita que Viv achava muito familiar. Viv ficou fascinado quando eles foram direto para a pista de dança.
Daniel surpreso deu uma cotovelada no Viv. "É ela! Essa é a garota do chiclete que me deu a foto. Eu não disse que ela era linda?”
Beth virou-se e olhou onde apenas Ray e Girly estavam dançando como lunáticos, e Beth começou a rir. "Coisa de Girly. Aposto que ela te disse que dura mais tempo.”
Daniel estava muito ocupado olhando para os dois para responder. Tantas emoções fluíram em seu rosto, e Viv quase podia ouvir os pensamentos na cabeça de seu irmão. Ele sabia que Dan estaria pensando: "Claro que ela teria um namorado. Se o cara com quem ela está dançando é o namorado dela, então ele definitivamente não é gay, também. A decepção seria passar por ele duas vezes por ambas perdas. Viv sabia disso porque, estranhamente, ele também estava sentindo algum tipo de perda e precisava descobrir o porquê.
Viv observou Ray dançar e gemeu quando o calor em seu estômago estava começando a agitar como uma correnteza violenta. Ele esperava que ele só estivesse ficando doente. Qualquer outra coisa seria apenas uma complicação em sua vida—uma complicação que ele não estava pronto para reconhecer de forma alguma. Ray e Girly estavam cantando junto com a música. O jeito que eles estavam dançando chamou a atenção de Viv. De alguma forma, sentiu que eles não eram namorados, mas podia ver que eles eram muito próximos. Talvez fossem irmãos.
Daniel falou, fazendo a mesma pergunta.
“Ela é a namorada dele?”
Viv começou a beber enquanto observava e ficou aliviado quando Beth disse não com a cabeça.
“Não, ela é filha dele.”
A resposta dada não era o que ele esperava. Viv engasgou com sua bebida, e Daniel bateu em suas costas enquanto Viv dizia em voz alta: "Ela é muito velha para ser sua filha.”
Jasper respondeu: "Sara é filha de sua irmã, mas todos a chamam de Girly. Izzy morreu quando Girly tinha nove anos. Ray só tinha 18 anos. Izzy a deixou para Ray, e seu pai disse que ela era responsabilidade dele, então ele arranjou para Ray adotar. Embora, sério, ele tem cuidado dela desde que ela nasceu. Izzy não era exatamente a melhor mãe do mundo, e quando ela conheceu um cara novo, ela largou Girly e se foi.”
Isso não me pareceu familiar? Viv balançou a cabeça. Isso parecia tanto com o o que mãe dele fez. Viv ficou surpreso que sua mãe não lhe trouxe mais filhos para criar. Talvez ela nunca mais tivesse tido. Seria triste pensar que ele tinha outros irmãos lá fora e nunca soubesse, e que eles, por sua vez, não saberiam nada sobre ele e Daniel. Ele duvidou que sua mãe iria querer anunciar seu passado e explicar sobre as crianças que ela tinha dado.
“Isso é loucura", sussurrou Daniel.
Beth explicou: "Você tem que entender que os Connellys são uma família rica e muito antiga. Em algum lugar ao longo da linha, Izzy—Isobel—fez algo que a renegou por seus pais. No final, ela só falou com Ray, porque ele ainda a amava, não importa o que ela tivesse feito. O pai deles, Liam, teve dificuldade em aceitar Girly como parte da família quando ela era um bebê. Na certidão de nascimento, o pai é um desconhecido, mas todos sabiam quem era ele. O cara em questão era casado na época. Ele até teve um filho um ano ou dois mais velho que Girly. Isso não importava para Ray e ele não podia deixar Girly ir. Ela era sua última ligação com Isobel e ela é como filha há nove anos. Izzy não queria ser pai e deu Girly para a família de Ray. Ray disse uma vez que ela sempre foi responsabilidade dele. Ele estava cuidando dela desde o dia em que ela nasceu.”
Quando Ray e Girly foram em direção a eles, Daniel falou calmamente quando ele perguntou: "Ele não vai ficar chateado que você nos disse, vai?”
“Não. Girly vai te dizer de qualquer maneira. Ela está tão orgulhosa dele. Eles são melhores amigos", Josh finalizou.
“Olá, Dan. Que bom encontrar você aqui”, disse Girly. Ela tocou de leve seus lábios nos de Daniel antes de se sentar em seu colo. Ela enfiou a mão na bolsa e puxou um pacote para entregar a Josh. "GG mandou uma sobremesa para você, seu garotão."
“GG?” Daniel perguntou.
“Bisavó dá muito trabalho”, explicou Girly.
Josh sorriu quando abriu o pacote e olhou para dentro. "Tudo bem! Te amo, vovó." Ele começou a devorar o pedaço de bolo de chocolate que estava lá.
“Irmão, você é nojento. Beth riu.
"Então, se eu ouvi direito, vocês dois são irmãos?" Daniel perguntou, seu braço abraçado na cintura de Girly.
A visão fez Viv sorrir. Dedos cruzados para que Girly não tivesse feito nada como Brie.
“Sim. Beth riu de novo. "Nascemos no mesmo ano, mas não somos gêmeos. Assim que ele saiu quando mamãe engravidou de mim, mas a maioria das pessoas acha que somos gêmeos.”
“Como vantagem, nós dois podemos comemorar dois aniversários todos os anos”, acrescentou Josh, enquanto enfiava o último pedaço de bolo na boca.

O corpo inteiro de Ray formigava e ele quase teve um ataque cardíaco quando ele e Girly foram para a mesa deles. Por mais estranho que fosse, o cara que ele estava olhando mais cedo estava sentado lá falando com seus amigos. Seu rosto ficou vermelho com a forma que foram apresentados.
Porra. Esse cara é muito lindo para descrever.
E, por sorte, o único lugar disponível era ao lado de Viv. Ray quase ficou molhado em excitação nervosa quando eles foram apresentados. Mesmo quando ele tentou agir frio, calmo, e recolhido, dentro dele era só agitação, gritos, delirantes de nervosismo.
Ray pensou em fugir. Estar tão perto dele fez seu corpo reagir inapropriadamente. Ele queria fazer isso parar, especialmente quando ele ainda estava fingindo para o resto do mundo que ele gostava de garotas. Connellys nunca foram gays. Pelo menos foi o que o avô dele sempre lhe disse. Olhando para Viv, ele tentou não transparecer o que estava acontecendo. Seu coração tremia quando viu como os olhos de Viv eram tão verdes. Eram da cor da grama e fez seu rosto parecer ainda mais bonito de perto. Ray lutou contra a vontade de passar seus dedos nos lábios carnudos dele enquanto ele se sentava e ouvia pela metade a conversa ao seu redor. Lutando desesperadamente para não continuar olhando Viv, Ray admitiu a derrota. Realmente, ele estaria bastante disposto a sentar e olhar direto para Viv pelo resto da noite. A única coisa que o impedia era o medo de ser chamado a atenção ou, pior, levar uma porrada na cara.
Dando a si mesmo uma boa sacudida interior, Ray voltou para a conversa em questão e percebeu que Jasper estava olhando para ele. Ele sabia pelos olhares nos rostos de todos que Jasper estava tentando chamar sua atenção por um tempo.
“O que?" Ray ficou com vergonha.
"Então, a vovó ainda quer que você se apresse e arranje um namorado?"
Ray acenou com a cabeça. “Eu continuo dizendo a ela que não sou gay, mas ela não escuta.” A pequena mentirinha escapou tão facilmente como sempre acontecia.
Ambos Girly e Beth reviraram os olhos para ele, enquanto Josh e Jasper tentavam esconder seus sorrisos. Ray ficou ainda mais nervoso. Ele não estava pronto para seus amigos saberem a verdade ainda, e ele definitivamente não queria falar sobre sua sexualidade na frente de Viv e Daniel.
"O que?" Ray tentou parecer indiferente.
Girly se inclinou sobre Viv e deu um tapinha no rosto de Ray. “Ela sabe o que sabe. Acho que você deveria levar algum cara diferente para conhecê-la. Talvez então ela fique satisfeita e saia do seu pé. Você quer que GG fique feliz, não quer?"
Ray olhou para ela sem acreditar. “Claro que quero que ela seja feliz, mas o que devo dizer? 'Oi. Meu nome é Ray. Olha, minha avó quer me ver com um jovem simpático. Então você acha que pode fingir ser gay comigo pelos próximos vinte anos para que minha avó morra contente?' ”O constrangimento o consumiu. "Eu levaria um soco na boca antes mesmo de terminar de falar.”
“Você sabe que existem caras lá fora que estariam dispostos a namorar você quando quisesse, certo? " Disse Daniel.
"Ele ainda está fingindo ser hetero", respondeu Girly. “Meu bisavô tinha algumas noções bem fodidas quando se tratava de sexualidade, e papai tem dificuldade em ser aberto sobre quem ele é.”
Ray desejou que ela calasse a boca e parasse de expor sua vida. Ele fez uma careta para ela, esperando que ela entendesse seu sinal.
"Eu vou fazer isso. Serei seu namorado para ela”, disse Daniel com sinceridade.
Todos olharam para ele incrédulos, especialmente Ray, e ele não pôde deixar de notar como Viv estava olhando feio para seu irmão.
Que diabos é isso?
Mas Girly falou antes que ele pudesse responder. "Não, você não vai. Eu mesmo tenho planos para você.”
Daniel parecia uma tainha fora da água.
Ray esperava que fosse o fim de tudo, mas Girly não parecia estar com vontade de deixar isso passar.
Sua filha voltou sua atenção para Ray. “Pai, você deveria fazer isso. Eu amo GG e ela nos ama. Por favor, ela só quer ver você feliz. Bem, feliz—e ela quer que você tenha mais filhos”, ela terminou com um sorriso.
Ray balançou a cabeça em frustração. “Vamos conversar sobre isso em casa. Você sabe que só me confunde muito quando começa a discutir o lado dela o tempo todo. E você também sabe porque eu não posso ser gay.” Ele não precisava disso agora. Não quando eles ainda tinham um show para terminar. “E se eu fosse gay, como diabos eu teria mais filhos? Sequestrando-os?"
Ray se levantou e voltou para o palco antes que alguém acontecer algo mais. Ele pegou seu violão e começou a tocar, então olhou de volta para a mesa a tempo de ver Viv se levantar e sair. Ele revirou os olhos quando viu Beth e Girly trocando os sapatos.
Esses malditos sapatos devem sumir.
Durante toda a apresentação seguinte, Ray se viu procurando por Viv enquanto Viv andava pelo clube conversando com as pessoas. Uma ou duas vezes Viv realmente se virou e olhou de volta para ele, e Ray baixou os olhos com vergonha por ter sido descoberto. Poucos minutos depois, ele se encontraria procurando pelo cara novamente.
Descobrir que Viv era o dono do clube foi um bônus a mais. Ele sabia que isso significava que Viv não iria embora tão cedo. Bem, ele esperava que não. Ray adorava ser capaz de se perder na música e, por um momento, esquecer os talvez e o que poderia ter acontecido. Ser gay era uma merda quando ele não conseguia ser honesto sobre quem ele realmente era. Ele era péssimo em guardar segredos e todos sabiam disso. Ray ainda estava surpreso por seus pais nunca terem descoberto que ele era gay. Não que ele realmente tivesse vivido com seus pais desde que assumiu a custódia de Girly, e talvez os tenha enganado levando mulheres com ele para lugares em nome de Connelly.
No final do show, Viv voltou para sua mesa e estava conversando com Girly, que estava mais uma vez sentada no colo de Daniel. Ray nem hesitou enquanto se sentava ao lado de Viv e ouvia a conversa.
"Pai, Dan nos convidou para jantar amanhã à noite."
“Eu acho que ele convidou você, não eu”, disse Ray quando ela revirou os olhos. Em momentos como este, ela parecia muito com a mãe dela. Era quase como ter Izzy de volta. Mas ele teve sorte de que a aparência fosse a única parte de sua mãe que ela parecia ter. Ray não se preocupava que Girly o abandonasse.
Daniel respondeu com um sorriso malicioso: "Viv estará lá também, então você não ficará de fora. Será mais como um encontro duplo. Iisso não parece divertido? Você pode praticar em ter um namorado.”
Olhando para a expressão surpresa de Viv, Ray então se concentrou em Girly novamente. Com um sorriso, ele disse: “Talvez você também devesse convidar a vovó. Eu em um encontro com Viv definitivamente a faria feliz. Ele é fofo igual a—” Ray de repente percebeu o que ele estava prestes a dizer e se virou para Viv, vermelho de vergonha. "Eu sinto muito—Eu não quis dizer isso. Eu só estava…”
“Está tudo bem, ”Viv disse hesitante.
O calor se espalhou pelo corpo de Ray. Quão estúpido posso ser? Muito bem . Assustá-lo antes mesmo de eu ter a chance de conhecê-lo. Se ele tivesse parecido mais com um idiota, ele teria batido com a cabeça na mesa várias vezes.
Ray ficou sentado o resto da noite o observando muito complexo e um tanto confuso, pensando em tudo que aprendeu sobre ele até então. Ele descobriu que gostava de Viv e de seu irmão. Eles pareciam honestos e Viv foi engraçado quando ele se abriu. Ainda assim, Ray não conseguia acreditar que Daniel havia concordado em bancar o gay para ele.
Ray pensou que depois dessa noite—bem, pelo menos depois do jantar de amanhã à noite—ele provavelmente nunca mais veria os irmãos de novo, pois eles não eram realmente o tipo de pessoa com quem ele normalmente se associava. Infelizmente, isso acontecia porque Ray achava tão difícil fazer amigos que só ficava com o mesmo grupo que conhecia desde o colégio. Talvez a sua presença aqui tenha sido um impulso do momento depois que a banda pretendida cancelou—mas e daí?—ele estava feliz que as coisas tinham acontecido desse jeito.

Capítulo Dois
Viv ficou agradavelmente surpreso quando Daniel começou a limpar a casa com força e, pela primeira vez, Daniel não estava reclamando. Ele até se ofereceu para limpar o banheiro e o quarto, o que deixou Viv totalmente chocado. As maravilhas nunca cessariam? A casa deles não era bagunçada como tal, mas sua casa definitivamente parecia habitada.
As surpresas continuaram chegando quando Daniel assumiu o preparo do jantar assado. Ele nunca tinha visto Daniel se comportar dessa forma com qualquer uma de suas outras conquistas, especialmente só por tê-la conhecido alguns dias antes. Talvez ele realmente gostasse dessa garota ou estivesse muito apaixonado por ela, ou talvez Ray fosse quem ele estava buscando. Estranhamente, pensar em Daniel e Ray juntos fez o estômago de Viv revirar. Ele reagiu estranho enquanto observava seu irmão se envaidecer no vidro do armário da cozinha. Ele teria que prestar muita atenção e ver quem seu irmão estava se esforçando para impressionar e então lidar com os efeitos colaterais.
“Fiquei bem?" Daniel perguntou.
Viv o olhou de cima a baixo. "Depende para quem você está se vestindo.”
Daniel encolheu os ombros. “Ambos, são—ambos são muito sexy. Para ser sincero, Girly me intriga mais. Quero saber o que a motiva, mas também gostaria de saber o que Ray está pensando. Ele parecia tão genuíno e muito engraçado. Qual você acha que eu devo perseguir?”
“Você parece bem, só aconselho que siga seu coração”, Viv respondeu quando a campainha tocou. Com um grande sorriso, ele acrescentou: "Vá e deixe seus convidados entrarem. Vou verificar o jantar para ter certeza de que não será um desastre completo.”
Assim que seu irmão saiu da sala, Viv passou a mão pelo cabelo e certificou-se de que suas roupas estavam limpas e arrumadas antes de voltar ao fogão. Não tendo certeza de como ele deveria se vestir, ele escolheu jeans e uma camiseta de manga longa, com uma camisa de botões aberta por cima. Ele relaxou quando Daniel o acompanhou e viu que Ray estava vestido semelhante a ele. Girly usava uma saia maxi roxa e uma blusa cinza.
“Dan disse que você prefere tinto”, Girly disse enquanto lhe oferecia uma garrafa de vinho.
Ray tinha com ele uma pequena bolsa térmica e, quando Viv ergueu uma sobrancelha em indagação, Girly deu a resposta.
“Papai só bebe cerveja—Hahn Premium Light. Portanto, se formos a qualquer lugar, acharemos mais fácil levar a nossa.”
Ray permaneceu em silêncio. No entanto, seus olhos pareciam estar devorando Viv, e aquele olhar por si só estava começando a atrapalhar os pensamentos de Viv.
Nossa, pense em qualquer coisa, exceto este homem na minha frente. Não preciso do meu corpo revelando segredos que não quero que ninguém saiba. Se não olhar para Ray isso não acontece.
“Faltam cerca de meia hora para o jantar. Vamos para a sala de estar”, Viv foi bem discreto ao dizer isso.
Viv descobriu que não conseguia tirar os olhos de Ray. Ele observou quando Ray se aproximou e começou a ler todos os títulos de suas músicas arquivadas no equipamento de som. Ray se abaixou e passou os dedos em suas costas. Sorrindo, ele puxou o cd.
Girly deu uma olhada na capa e disse: “Ponha de volta, pai. Sem Bowie esta noite. "
Ray sorriu para ela, mas deslizou o CD de volta no lugar.
"Você gosta de Bowie?" Viv perguntou surpreso. Não era sempre que ele encontrava alguém com seus próprios gostos musicais.
Mais uma vez, foi Girly quem respondeu. “Papai adora Bowie. Acho que temos todos os CDs dele e alguns DVDs, livros e filmes.”
Ray se virou e olhou direto nos olhos de Viv. Neste momento Viv ficou quase com falta de ar. Ele teve que se concentrar apenas para que tudo ainda fizesse sentido quando Ray finalmente falou.
“Não há nada de errado com Bowie. O cara é brilhante e sempre será meu herói.”
Ele balançou sua cabeça. “Você vai e se diverte. E diga olá por mim.”
"É você que ela quer ver. Ela está magoada porque você continua evitando-a. Você precisa apenas deixar isso para lá.”
Ele odiava quando deixava Girly ou sua avó chateados.
"Eu a verei em breve. Eu prometo. Hoje tenho algumas coisas para pensar.”
“Você está agindo como um idiota. O bisavô está morto e GG não se importa que você seja gay. Ninguém se importa, exceto você.” Ela se agachou ao lado da banheira. “Pai, eu te amo e quero que seja feliz. Você não tem um relacionamento sério desde B. Eu já sou crescida agora. Eu sei sobre sexo e não ficarei com raiva se você estiver em um relacionamento, não importa o sexo da pessoa com quem você está. Eu não sei por que você ainda está segurando uma pessoa que não é nem perto de você de verdade. Cresça e supere isso já.” virou os olhos de novo, embora tenha sorrido quando disse: "Como eu disse, papai é uma super aberração.”
Daniel deu uma risadinha. “Então eu acho que nós dois temos um. Viv é um grande fã de Bowie também, embora eu geralmente o faça manter o resto de suas porcarias em seu quarto."
Ray se virou de repente e olhou para Viv, de uma forma completamente nova. Viv sentiu o calor se espalhar por ele novamente como na noite passada.
“Qual é sua música favorita?” Perguntou Ray.
Viv olhou profundamente nos olhos que o encaravam. Ele não conseguiu determinar se eles eram cinza com manchas azuis ou azuis com manchas cinza. Não importa, com certeza sabiam como atrair uma pessoa totalmente. Viv balançou a cabeça para limpar seus pensamentos.
“Silly Boy Blue,” Viv respondeu. "E o seu é?"
"Let Me Sleep Beside You and also Lady Stardust", Ray respondeu com um sorriso tímido. “Parece que nós dois gostamos mais dos antigos.”
Daniel se levantou e puxou Girly para ficar de pé. "Venha me ajudar com o jantar, antes que nós dois fiquemos entediados."
Eles riram enquanto saíam da sala.
“Eu posso…? Você pode me mostrar seus outros CDs para ver se você tem algo diferente dos meus?”
Viv hesitou, tentando se lembrar de como seu quarto estava limpo, mas quando Ray lhe lançou o mesmo sorriso torto do clube, ele imediatamente se levantou. Ele quase pegou a mão de Ray, mas se controlou a tempo.
“Apenas ignore a bagunça no meu quarto. É o dia de folga da minha empregada", Viv brincou enquanto Ray o seguia para seu quarto.
Uma rápida olhada ao redor disse a ele que a desordem não era tão ruim. Pelo menos ele se lembrou de fazer a cama naquela manhã. Viv levou Ray até um lado da parede onde estava seu aparelho de som e mostrou várias prateleiras com CDs.
Ray apontou para o aparelho de som. “Quem você está ouvindo no momento?”
Viv apertou o controle remoto e a música começou a tocar. “Um cara escocês. O nome dele é Paolo Nutini. Tony me deu seu CD para ouvir.” Viv o pegou e entregou a capa a Ray, em seguida, puxou sua mão de volta assim que seus dedos se tocaram. "Me desculpe por isso. Eu tenho uma tendência de tocar nas pessoas.”
Merda, isso é tudo que eu preciso—que Daniel tenha a ideia errada. Bem, talvez a ideia errada—porra, estou tão ferrado. Ele precisava resolver tudo em sua própria mente antes dos outros descobrirem.
"Espero não estar interrompendo nada, mas o jantar está servido", disse ele, curvando-se formalmente na direção deles antes de se endireitar e sair. Daniel riu demais.
Viv balançou a cabeça. "Eu mencionei o quão idiota meu irmão pode ser?" Ray riu enquanto eles foram comer.

***

Dias depois, Ray estava tirando um tempo de descanso bem merecido. Ele ficou submerso até os ombros em um banho cheio de espuma enquanto pensava sobre tudo o que aconteceu. Felizmente, Girly os havia levado para a casa de Viv e Dan naquela primeira noite, porque Ray certamente teria ficado louco, quando eles foram parados para fazer o teste do bafômetro. Enquanto Girly conversava com os policiais, Ray simplesmente se sentou e deixou sua mente vagar pela noite.
Daniel tinha estado tão envolvido em Girly e parecia alheio a ele e Viv. Então, Ray viu-se deixado para socializar com Viv a noite inteira—não que ele se importasse. Na verdade, ele gostava de conversar com Viv muito mais do que imaginava. Eles descobriram que tinham muito em comum.
Ray ficou surpreso quando, no final, Viv perguntou se ele poderia dar uma volta e ver sua coleção do Bowie. Antes de Ray ter a chance de responder, Girly rapidamente o convidou para jantar na noite da próxima quarta-feira Quando ela deu o endereço, os olhos de Viv se arregalaram um pouco. Ray esperava que não fosse de uma maneira ruim. Às vezes, quando as pessoas descobriam como a família de Ray estava bem de vida, elas se dividiam em dois grupos. Um, eles corriam e nunca olhavam para trás. Dois, eles tentavam usar Ray ou Girly como um trampolim em suas vidas. Ray detestava aqueles que se enquadravam no último grupo. Pela primeira vez, ele só queria alguém que amasse a pessoa dele e não pelo que seu sobrenome. Ele se perguntou em qual grupo Daniel e Viv se encaixariam.
Ray suspirou ao se lembrar do abraço que recebera dos dois quando ele e Girly saíram. O abraço de Daniel era firme e cheio de confiança, e o de Viv parecia tímido, como se ele não tivesse certeza do que estava acontecendo ou onde colocaria seus braços. Suas reflexões mudaram novamente. Não só Viv parecia incrível naquela noite, e o mesmo novamente quando eles vieram aqui para jantar, ele tinha um cheiro…maravilhoso. Um arrepio percorreu seu corpo. Ele considerou que talvez ele devesse ter tomado um banho muito frio em vez de um banho relaxante. Ele refletiu sobre por que Viv mexia tanto com ele. Ninguém o fez se sentir assim antes—nem mesmo Beth, e naquela época, ele acreditava que estava apaixonado por ela.
“Pai?” Girly chamou enquanto caminhava pela casa.
Ela o encontraria mais cedo ou mais tarde, então ele permaneceu no banho, bebendo um gole da garrafa de cerveja e olhando para a parede à sua frente. Ele precisava deste tempo para pensar sobre o que aconteceria em sua vida e desejando ter alguém além de Girly com quem pudesse compartilhar tudo. Ele a amava, mas às vezes ela se intrometia e tentava controlar muito sua vida, como se pudesse fazer um trabalho melhor. Talvez ela pudesse. Quem sabe? Ele certamente não sabia.
“Pai, tenho ligado para você, tipo… sempre”, Girly disse enquanto o olhava entre brecha da porta semiaberta.
“Estou nu aqui”, disse Ray. "Um homem não pode mais ter privacidade?" Felizmente, as bolhas cobriram suas partes íntimas.
“Que bruto! Você é meu pai. Eu nunca olharia para o seu corpo dessa forma. Além disso, eu já te vi nu muitas vezes todos esses para ser afetada agora", ela respondeu gesticulando com sua mão.
“O que você quer, garota?" Ray colocou a garrafa de cerveja vazia no piso e fez sinal para que ela lhe passasse outra.
“Dan está vindo me pegar e nós vamos na GG. Você quer vir?”
“Quem?" Ray perguntou, fingindo que não conseguia se lembrar do cara com quem sua filha passava todas as horas. O fato de Dan não estar aqui agora era a única prova de que Ray tinha de que eles não eram gêmeos siameses.
“Dan… Você sabe… O cara do clube na outra semana. Aquele que se ofereceu para ser gay por você, lembra? Fomos jantar na casa deles e eles vieram aqui.”
Ray fingiu estar confuso até que ela revirou os olhos quando percebeu o que ele estava fazendo.
“Você é um idiota. Então você quer vir ou não?”

“E o que isso quer dizer?"
“Isso significa que GG está certa. Você é gay. Sempre soube que você era, e todos os nossos amigos também. Você parece esquecer que todos nós temos olhos. Às vezes, quando você pensa que ninguém está prestando atenção em você, você fica de olho em outros homens. Você assistia muito ao irmão de Dan, não só no clube quando estávamos lá, mas também quando jantávamos com eles. Eu realmente nunca vi você agir assim antes, nem mesmo com B. Você não acha que é hora de ser verdadeiro consigo mesmo e, pela primeira vez, viver sua vida para te fazer feliz e não para agradar a os outros?”
“Não seja ridícula. Eu não preciso ter alguém na minha vida para ser feliz.” Ray sabia que estava mentindo, mas não conseguiu evitar. “Além disso, eu tenho você. O que mais eu poderia precisar?”
“Mas você não pode dormir comigo, pai. Você não pode ter conforto no meu corpo. Isso é o que GG deseja para você. Isso é o que todos nós queremos para você. Deve existir alguém lá fora para você. Você não deveria estar sozinho. Você sempre esteve lá e sempre me cuidou quando eu estava crescendo. Agora é sua vez de ser cuidado. Você precisa de alguém que possa te amar de maneira totalmente diferente que a sua família.”
“Então, talvez eu devesse ter aceitado a oferta de Dan", afirmou Ray. Ele odiava quando eles discutiam. Ele sempre dizia coisas que não queria dizer, e uma vez que estavam expostas, ele não podia retirá-las.
“Talvez não devesse”, Girly parou com a conversa quando a campainha tocou. “Por que eu sempre tenho que resolver seus problemas?”, ela acrescentou enquanto se levantava e saía do banheiro.
“Fique fora da minha vida amorosa, Girly. Quero resolver as coisas sozinho. Não preciso de você ou de ninguém me dizendo como viver minha vida”, disse Ray.
Antes que ela batesse na porta, Ray pensou ter ouvido ela dizer ‘Tá certo’
Ele ficou frustado, e lutou voltando a olhar para a parede. Ele não queria pensar sobre o que Girly havia dito a ele. Mas certamente pensaria. Ele sempre pensou.
Ray riu de como tudo o que eles discutiram parecia ridículo. Ele olhou para si mesmo na água e gemeu com a forma como seu corpo reagiu apenas à memória de Viv. Ele sentiu o calor subindo dentro dele enquanto se lembrava da cor verde exata dos belos olhos de Viv. Ele se lembrou da curva dos lábios de Viv quando ele sorriu sobre algo que eles haviam conversado ou feito. O coração de Ray disparou quando ele se lembrou do toque das mãos de Viv quando eles se despediram.
Merda, agora tudo o que ele queria saber era como a boca de Viv seria em contato com a dele. Seria grossa ou macia e quente? Ray agarrou a lateral da banheira com uma das mãos enquanto acariciava seu pau rígido e dolorido com a outra. O pressionava firmemente, enquanto seu polegar pressionava contra a ponta toda molhada, seu saco crescendo e enviando vibrações na base de sua espinha, como uma vendaval. Ray estremeceu de prazer em seu orgasmo. Essa foi uma maneira infernal de parar de beber cerveja no banho e ficar olhando para a parede.
Levantando-se ainda tremendo, Ray esvaziou a banheira e entrou no chuveiro. Seu corpo ainda tremia do que ele havia feito momentos antes. Ele olhou para a palma da mão e perguntou como seria ter as mãos de outra pessoa em seu corpo. Seus encontros sexuais com outros homens foram poucos e distantes entre si, e mantidos longe dos olhares indiscretos de sua família ou de qualquer outra pessoa que o conhecesse. Com sua paranóia de ser descoberto, Ray nunca deu às pessoas seu nome verdadeiro. Todo mundo só o conhecia como Alex, a abreviação de seu nome do meio, Alexander.
Ele ficou com raiva dele mesmo novamente. Por que ele sempre tinha que ouvir e então pensar sobre o que Girly dissesse a ele? Droga de garota estúpida e porcaria de ideias estúpidas. Por que ela tinha que fazê-lo pensar que estaria tudo bem para ele confessar e sair do armário?

***

Mais tarde, naquele mesmo dia, Ray estava na cozinha preparando algo para comer e ouvindo o CD Changes de David Bowie quando Beth e Jasper entraram. Eles se sentaram à mesa e esperaram que ele se juntasse a eles. Eles tinham um bolsa de comida para viagem, então ele não se ofereceu para fazer um sanduíche para eles. Ele enxugou as lágrimas quando se virou para encará-los e viu seus olhares de simpatia. Suas lágrimas não duraram muito.
“Então, encontramos Girly e Daniel quando estávamos na loja para almoçar. Ela nos contou sobre sua conversinha no banheiro. Quando eles saíram, viemos direto para cá, caso você precisasse de alguém para conversar”, disse Jasper.
Ray olhou para eles com agressividade. “Olha, se você está aqui para discutir sobre a minha sexualidade, então mantenha sua boca fechada. Eu não quero ouvir isso.” Ele tomou outro gole de cerveja, decidindo se deveria ignorar a presença de seus amigos, então naõ se conformou em ter dado a eles a chave de sua casa em primeiro lugar. Olhando para Beth e vendo a determinação em seu rosto, Ray sabia que ela continuaria de onde Girly havia parado.
Ele não precisava disso agora, não quando tudo ainda era uma enorme confusão em sua própria cabeça.
Beth esticou o braço sobre a mesa e deu um tapinha na mão dele. “Não importa para nós se você é gay. Já faz muito tempo que sabemos que você é.”
“Sabe o que exatamente? Pelo amor de Deus. Quero saber por que todo mundo pensa que sou gay. E se eu sou, por que eles pensam que é da porra da conta deles, e por que todos eles têm o direito de dirigir a porra da minha vida?” Ray falou alto. Segredos que ele guardou por tanto tempo começaram a ser revelados.
Jasper começou a rir de uma forma estranha. Ray sabia que seu amigo estava tentando diminuir o calor do momento.
“Se você não queria que ninguém soubesse, talvez você não devesse beber”, Jasper afirmou. "E talvez você não devesse estar em qualquer lugar perto de Viv."
"Do que você está falando?" Ray gritou. Não havia como eles o terem visto com outro cara. Isso era impossível. E que diabos foi o comentário sobre Viv?
"Homens bêbados não contam mentiras", acrescentou Beth enquanto o observava.
"O que?" Ray balançou a cabeça quando o medo tomou conta dele. Ele sentiu que ela lhe contaria algo de que ele deveria se lembrar.
“Ray, nós amamos você. Você sabe disso, não é? Você é como meu melhor amigo e um irmão. Você é minha família. Bem, a única família que me interessa”, Jasper disse, tocando no braço de Ray.
Ele só balançou a cabeça. Ele não gostou para onde isso estava indo.
“Então, preciso que você acredite em mim quando digo que sabemos há muito tempo que você é, na verdade, gay. Beth, Josh e eu vimos você em ação.”
Mais medo tomou conta de Ray. “O o que…? Do que você está falando?"
“Você se lembra quando fizemos aquele show no vigésimo primeiro aniversário de uma garota há cerca de três anos? Tínhamos que dirigir por horas, porra. Lembra que o bar ficava bem no meio do nada?" Jasper perguntou com cautela.
"Sim." Ray temeu para onde isso estava levando e tentou desesperadamente lembrar alguns detalhes daquela noite. A memória dele era um pouco suspeita, já que ele tinha ficado muito bêbado naquela noite…Merda!
“Bem, em um estágio eu saí para mijar e vi você encostado em uma parede com seus braços em volta de um cara jovem, e você estava curtindo cada minuto da língua dele enfiada na sua boca. Suas mãos estavam sobre ele, e quando voltei com Josh e B, vimos que as coisas tinham ido mais além.”
A vergonha que se espalhou pelo rosto de seu amigo deixou Ray saber exatamente o que eles testemunharam.
"Eu realmente não me lembro da noite." O constrangimento tomou conta de Ray. Ele tentou se lembrar mais do incidente, mas não conseguiu e isso foi depois que a banda parou de tocar. Algumas partes começaram a surgir, de uma belo jovem loiro ansiosamente entregando-lhe cervejas enquanto eles tocavam.
“Bem, acredite em mim quando digo que ficamos perguntando se era algo que você realmente queria. Sua resposta foi me dar um soco na boca. O cara ficava chamando você de Alex. Depois que você me bateu, disse a todos nós para nos fodermos porque estava ocupado. Deixamos você lá para terminar o que havia começado.”
Ray cruzou os braços e colocou a cabeça em cima deles enquanto memórias passavam pela mente dele—memórias dele encostado em uma parede enquanto um belo homem loiro estava de joelhos diante dele. Ray quase podia sentir como seus dedos seguraram suavemente o rosto do cara contra ele. Ele lembrou de ter puxado o cara para cima e o empurrado contra a parede antes de baixar suas calças e retribuir o favor. Ray não lembrava se as coisas foram mais além, mas se tivessem, ele tentou se lembrar mais ainda se usou camisinha.
Ele se sentiu mal.
"Por que…? Por que você não falou sobre isso antes, só agora."
Beth deu a volta na mesa e o abraçou. “Ray, realmente está tudo bem nos dias de hoje ser gay. Ninguém vai se importar se você for. Todos nós ainda vamos te amar de qualquer maneira."
Ele não levantou a cabeça ao responder, mas falou entre seus braços. “Tente dizer isso ao meu pai e veja até onde isso te leva. Há anos que mantenho a ideia de que nenhum Connelly poderia ser gay.”
“Desculpe, querido, mas essa besteira foi seu avô, não seu pai. Só você pode dizer a seus pais o que está acontecendo em sua vida. Eu irei com você para apoio moral, se você precisar, mas por mais que eu queira te poupar deste estresse, não posso dizer as palavras por você.” Beth acariciou sua nuca.
Depois que Jasper e Beth foram embora, Ray foi até o bar na sala de estar e pegou outra garrafa de cerveja antes de sentar no sofá para descobrir uma maneira de sair dessa bagunça. Por tantos anos, ele mentiu para todos ao seu redor, pensando que ninguém poderia ver quem ele era de verdade, quando, na verdade, todos que ele conhecia já sabiam a verdade sobre ele. Mais uma vez, as lágrimas sairam de seus olhos enquanto ele tentava reconciliar seu eu com o que seus amigos estavam lhe dando a chancee de se tornar. Poderia ser tão fácil quanto todos estavam dizendo a ele que era?
De alguma forma, ele duvidava muito disso.
No momento em que Girly e Daniel voltaram para casa, várias garrafas de cerveja vazias começavam a se aglomerar na mesa de café.
"Pai, o que você está fazendo?" Girly perguntou enquanto se sentava ao lado dele. A preocupação tomou conta.
"Bebendo." Ray riu enquanto segurava uma cerveja pela metade. Ele estava completamente arrasado e não se importou.
"Por que?" Ela tirou o cabelo do rosto dele. "Pai, sinto muito ter dito todas essas coisas para você esta manhã."
Ela parecia tão preocupada quanto apresentava, e Ray nem tinha energia para confortá-la.
Ele olhou para a filha e começou a rir, o que acabou soando como um soluço estrangulado. “Jas e B vieram e me contaram coisas. Não”—ele balançou a cabeça—“ eles se importavam comigo…” Lágrimas rolaram livremente por seu rosto. "Aparentemente, todo mundo sabe que sou gay." Ele ficou deitado no sofá e colocou sua cabeça no joelho de sua filha. "Diga-me o que devo fazer, Girly."
Ele não reclamou quando ela tirou a garrafa de sua mão e a colocou na mesa com as outras.
"Bem, para começar, você pode parar de beber." Ela acariciou o lado de seu rosto enquanto ele fechava os olhos. "Agora só precisamos encontrar um namorado para você", ela sussurrou.
“Quero Viv. Eu gosto de Viv, ”Ray murmurou antes de começar a roncar.

Capítulo Três
Duas semanas depois, e depois de mais algumas visitas à casa de GG com Daniel, Ray descobriu exatamente o que Girly e Daniel estavam fazendo. Mesmo assim, Ray percebeu, ela era covarde o suficiente para fazer Daniel estar lá com ela enquanto eles confessavam. Ela explicou que Daniel era tão culpado quanto ela. Ray ficou um pouco desconfiado quando aceitou o convite para almoçar.
Quando ele finalmente chegou ao restaurante, ele viu Viv sentado com Girly e Daniel. Ao se sentar, ele notou que havia uma cadeira extra na mesa, e isso o deixou pensativo. Seu coração disparou quando viu os olhos verdes de Viv olharem em sua direção, e Ray odiou. Girly parecia nervosa, e ele imediatamente tirou a pior conclusão.
"Você está grávida, não está?" disse ele.
Ela olhou para ele em um silêncio chocado por um tempo antes que pudesse dizer algo. "Não estou… Mas você está certo, temos algo para dizer a vocês dois."
O olhar de Ray olhou a mão esquerda quando outra conclusão apareceu em sua cabeça, mas seu dedo ainda não tinha aliança.
Sua reação não passou despercebida.
Daniel comentou em seu olhar. "Caso você esteja se perguntando, não estamos nos casando agora."
Viv respirou fundo no mesmo segundo que ele, e isso fez Daniel e Girly rirem. Se não era gravidez ou casamento, Ray não sabia o que poderia ser pior.
"Então o que você tem a nos dizer?" Viv perguntou.
Daniel falou. "Christopher, você me ama?"
Christopher? Quem diabos é Christopher?
Quando Viv acenou com a cabeça, Ray percebeu que deve ser o nome verdadeiro de Viv. Por que ele nunca pensou em perguntar antes? Christopher—ele gostou. Embora Viv fosse melhor para ele.
Girly pegou a mão de Ray. "Pai, você me ama?"
"Você sabe que sim, Girly."
"Bem, devemos dizer que GG se juntará a nós para o almoço em cerca de vinte minutos."
Ela torceu as mãos meia sem jeito. Ela não quis olhar para ele, e algum tipo de aviso começou a acontcer.
"Agora lembre-se, Viv", acrescentou Daniel. Até ele parecia nervoso. Ele se afastou um pouco mais de seu irmão. “Você já disse que me ama, então não fique com raiva de mim… porque eu disse a GG que você era o namorado de Ray”, ele disse isso bem rápido.
Nesse momento, o coração de Ray começou a bater muito quando Daniel saltou e se moveu de modo que toda a mesa ficou entre Daniel e seu irmão. Horrorizado, Ray olhou boquiaberto para a filha e depois para Viv. Ele ficou constrangido. A maneira como Girly agarrou seu braço para impedi-lo de sair, ou de fazer algo pior, não estava ajudando. Ele ficou envergonhado quando Viv gritou "O quê?" tão alto que todos do restaurante se viraram para observá-los.
Isso não pode estar acontecendo.
Ray deu uma risadinha. Para piorar, a vovó chegou cedo.
Ray teve dificuldade até para respirar.
Daniel deu a volta e sentou ao lado de Viv. Ray o ouviu sussurrar: “Sinto muito, Viv. Por favor, você não pode concordar com isso por hoje?"
Todos se levantaram enquanto a vovó se aproximava da mesa.
“Eu sei que estou adiantada”, ela disse, “mas eu mal podia esperar para conhecer Christopher. Ray, você deveria se sentar perto dele. Deixe-me sentar ao lado desta criança adorável.” Ela sorriu enquanto Daniel estendia uma cadeira para ela.
Ela parou um momento para observar Viv enquanto se sentava, e Ray conhecia aquele olhar. Ela estava vendo se Viv era ou não bom o suficiente. Ela deve ter gostado do que viu. Ela piscou para Viv e deu um tapinha em seu braço.
Ray ficou aliviado quando Viv não apareceu e disse a ela o que estava acontecendo.
Isso tudo era muito confuso. Ray não teve coragem de olhar nos olhos de sua avó, mas ele finalmente olhou para cima quando Viv pegou sua mão e apertou. Quando ele a soltou, Ray moveu as mãos para baixo da mesa para esconder a tremedeira, tanto pela culpa por mentir para vovó quanto pela empolgação. Quando Viv o tocou, uma corrente elétrica passou por ele e reviveu todos os seus desejos.
"Então, Christopher, seu irmão me disse que vocês dois têm uma boate", disse a vovó, "e a maioria das pessoas te chama de Viv?"
Viv concordou. "Isso mesmo. Meu sobrenome é Vivvens. Dan e eu temos pais diferentes.”
“É bom que você esteja tão perto. Então, como você conheceu meu Ray, e foi amor à primeira vista?”
Pelo brilho malicioso em seus olhos, Ray sabia que eles teriam uma rodada de trinta perguntas—se não mais. Sua avó podia ser implacável quando queria descobrir algo sobre alguém.
"Surpreendentemente, sim", Viv riu.” A banda de Ray tocou em nosso clube em uma mudança inesperada de bandas, e o sorriso dele chamou minha atenção.”
Ray olhou para ele surpreso e Viv sorriu. Ele acariciou o rosto de Ray com os dedos. Ray percebeu que Viv era um dos mentirosos mais carinhosos que ele já conheceu e se sentiu ainda mais culpado por mentir para a avó, embora as mentiras a fizesse feliz.
Ele estava muito confuso. Enquanto a refeição continuava, ele descobriu que a maneira como Viv o tocava tão facilmente estava em oposição direta à reação anterior de Viv ao ouvir o que Girly e Daniel tinham feito. Principalmente, eles apenas deram as mãos, e de repente, Viv colocou o braço no encosto da cadeira em volta do ombro de Ray. E Ray aceitou este gesto ao se encostar na cadeira.
No final da refeição, Ray pagou a conta. Era o mínimo que ele podia fazer, visto que Viv tinha concordado com esse plano estúpido. Todos eles acompanharam a vovó até onde a limusine e o motorista aguardavam. Viv ficou atrás de Ray, e quando a vovó olhou para eles, ele abraçou a cintura de Ray para que ele ficasse encostado no peito de Viv. O coração de Viv bateu tão forte que Ray sentiu seus batimentos nas costas, e Ray perguntou-se, se isso era a parte física da raiva. Ele sabia que Viv devia estar zangado com o engano. Ele ficou ali parado quando Viv esfregou a boca na lateral do pescoço de Ray. A reação de seu corpo foi instantâneav. Ele respirava ofegante enquanto colocava uma das mãos sobre a mão de Viv e o acariciava demonstrando compreensão e conforto.
Assim que o carro de sua avó virou a esquina, Viv de repente se soltou e se afastou. Antes de sair, ele apontou para o peito do irmão e disse: "Você e eu teremos uma conversa". Sem olhar para trás, ele entrou dentro do carro e se foi.
Ray ficou chocado ao ver como parecia fácil para Viv fingir ser seu namorado. Seu pescoço formigava, pois foi onde Viv beijou—foi ardente.
“Sinto muito, pai”, Girly sussurrou enquanto puxava Ray para abraçá-lo. “As coisas ficaram um pouco fora de controle. Depois que essa bola de neve começou, eu não sabia como parar.”
Chateado, Ray afastou-se dela para ficar a alguns metros de distância. “Eu disse para você ficar fora disso, não disse? Eu disse que resolveria as coisas sozinho. Como vou enfrentá-la novamente? Você pelo menos pensou nisso ou no que vou ter a dizer para a vovó? Que diabos eu devo fazer se ela quiser ver Viv novamente? Sou um homem adulto, Girly. Eu não preciso de você cuidando de mim. Você é minha filha—não minha esposa!"
Girly finalmente falou um pouco trêmula. “Pai, você sempre vai precisar que eu cuide de você. Você sabe que não teria jeito sem mim por perto. Quem você pediria para consertar as suas gravatas?"
Ray suspirou fundo. “Você realmente deveria ter desistido. Você só piorou as coisas. E se ela contar para mamãe e papai? Como você acha que seus avós vão receber a notícia sobre eu ser gay?”
“Pai, você deveria contar a verdade a eles. Eles vão te amar, não importa o que aconteça. Faça isso agora antes que GG o faça.”
"Diga isso para sua mãe", disse Ray. “Ser família não significa que eles sempre irão amá-lo e apoiá-lo.” Ele se sentiu horrível. Como ele deveria enfrentar seus pais com essa notícia? Então a realidade o atingiu em cheio, ele olhou para a filha com uma expressão horrorizada. "E se eles quiserem conhecer Viv?"
Daniel deu um grande sorriso, o que Ray achou estranho.
"Seu pai é um dos heróis de Viv e está tentando conseguir uma reunião com ele há cerca de um ano."
"Sobre o que? Quero dizer, sobre o que Viv quer falar com meu pai?” Ray perguntou, com muita curiosidade. Então tentou se controlar, para não perceberem seu interesse extremo.
“Ele quer entrar para algum departamento que seu pai tem na empresa. Parece chato para mim, mas ele quer trabalhar lá. É engraçado, como Viv não percebeu que a própria pessoa que ele deseja conhecer é seu pai.
Ray passou a mão no rosto preocupado. “Isso poderia ficar mais complicado, porra? Com quem devo falar primeiro, papai ou Viv? ”
“Se dependesse de mim, eu falaria primeiro com vovó e vovô”, disse sua filha.

***

No caminho para a casa deles, Ray refletiu muito sobre o que diria aos pais. Girly e Daniel decidiram ir com ele para apoio moral. Bem, desde então, ele tinha certeza, Girly queria ter certeza de que ele falaria com eles sem voltar atrás.
Ray os encontrou na casa da piscina. Ficou ansioso quando percebeu que sua avó os havia reunido ali. Ele morreu de vergonha enquanto observava seus pais. Isso não era bom. Todo mundo estava certo. Ele deveria ter contado a seus pais e não deixá-los descobrir através de outra pessoa.
"Onde está o seu bom rapaz?" Vovó disse enquanto Ray a beijava na face.
"Ele teve que voltar a trabalhar, vovó."
"Eu estava dizendo a Liam e Claire tudo sobre Christopher, e eles não sabiam nada sobre ele."
Ray deu uma olhada na expressão do pai—uma mistura de confusão e mágoa—e se paralisou. Ficou sem palavras.
Girly quebrou o silêncio. “Ei, vovó, pai. Adivinha? Surpresa! Papai é gay.”
Ray relaxou apenas um pouco enquanto sua mãe sorria e falava baixinho. “Nós sempre soubemos. Podemos conhecer esse seu amigo?”
Ray observou seu pai e esperou até que ele falasse antes de sequer pensar em responder.
“Há quanto tempo você é assim? Por que você estava com medo de nos dizer?"
“Toda a minha vida, acho eu. Eu nasci assim. Eu não estava exatamente com medo. Eu só precisava resolver isso na minha cabeça primeiro.” Tudo bem, era uma mentira.
O rosto de seu pai relaxou um pouco. Pelo menos ele não parecia mais tão magoado, embora Ray tivesse a sensação de que seu pai não era tão tranquilo quanto sua mãe parecia ser. Sua suspeita foi confirmada com as palavras seguintes de seu pai.
"Você já tentou não ser assim?"
Ray respondeu honestamente. “Sim, eu tentei muito, e mesmo sendo assim, ainda sou seu filho”, ele terminou com um suspiro.
Seu pai ficou muito tempo sem falar. Finalmente, ele disse: “Sim, você ainda é nosso filho. Então, como sua mãe perguntou, quando você vai trazer esse Christopher para nos conhecer? ´Será que pode ser às seis?”
Ray achou que a voz do pai ainda soava estranha e ele sabia que ele não aceitava não como resposta. Toda essa cena foi o suficiente para fazer Ray querer se esconder no armário, bater a porta e trancá-la para sempre.
“Posso deixar você saber? Tenho algumas coisas para fazer. Ligo para você às três para dizer de uma forma ou de outra. "Ray ficou um pouco aliviado quando seu pai concordou. Agora ele teria que convencer Viv e torcer para que Viv não desse desistisse. Ray não o culparia se fizesse isso. Toda essa situação estava fodida. A parte triste era que ele sabia que usaria suas conexões familiares para fazer Viv concordar.
“Nós vamos ficar aqui”, Girly disse enquanto puxava Daniel em direção aos vestiários.
Mais uma vez, Ray dirigia pela cidade, perguntando-se o que diria quando chegasse à casa de Declan. Daniel havia lhe dado as chaves do clube, onde ele encontraria Viv. De acordo com Daniel, Viv era um viciado em trabalho.
Ao entrar no estacionamento, viu o carro de Viv e seu coração acelerou. Desta vez, ele sentiu muito medo. Como ele iria se desculpar por meter Viv nisso? Seu estômago ficou enjoado e ele lutou contra a vontade de vomitar. Usando as chaves de Daniel, ele bateu na porta e entrou.

***

Viv ergueu os olhos com surpresa quando alguém bateu na porta—nervoso, especialmente porque ele tinha acabado de pensar em Ray e na maneira como ele se sentiu em seus braços enquanto o segurava na frente do restaurante.
"O que posso fazer por você, Ray?"
"Posso entrar?"
Viv lhe apontou a cadeira.
Ray hesitou. “Eu sinto muito que você tenha sido arrastado para essa bagunça estúpida. Sinceramente, não tinha ideia que Girly e Daniel iriam fazer o que fizeram. Se eu soubesse, teria tentado impedi-los. Mas agora que está feito, estou com um problema.”
“Por que está se desculpando? Sermos enganados e usados por nossas famílias ou porque é tudo mentira? Ou será que o seu suposto namorado é hétero e não está nem um pouco interessado no seu corpo?" Viv brincou. Sua máscara quase caiu quando Ray ficou amargurado. Ele queria estender sua mão e confortá-lo, mas não fez isso.
"Não, eu tenho um problema maior do que isso."
Ray parecia tão envergonhado que Viv sabia que ele não iria gostar do que estava prestes a ouvir.
"Então, qual é o maior problema?" ele perguntou enquanto Ray se envergonhava ainda mais. Viv percebeu então que ele era meio fofo quando ficava envergonhado. Ele olhou para a mesa. Que diabos estou pensando?
“Meu pai quer conhecê-lo. Vovó disse aos meus pais sobre você. Sinto muito, Viv, mas sou um grande covarde no que diz respeito ao meu pai. Sempre fui.”
Viv levantou uma sobrancelha em descrença antes de voltar para sua papelada. Ele precisava colocar seus pensamentos confusos sob controle. Ele também não pôde deixar de pensar que Ray estava era tão fraco por ter medo de seu próprio pai.
“Você não pode dizer não ao meu pai. Acredite em mim, eu tentei”, disse Ray. “Poucas pessoas neste mundo podem dizer não ao alto e poderoso Liam Alexander Connelly e sobreviver para contar a história.”
Os olhos de Viv se arregalaram quando ele ergueu a cabeça para encarar Ray. Puta merda. A ideia nunca lhe ocorreu, quando Beth disse que os Connelly eram dinheiro do velho mundo, apenas com quem Ray era parente. “Seu pai é Liam Connelly? Chefe da Corporação Connelly?”
Ray disse sim acenando com a cabeça.
"Isso significa que a mulher com quem almoçamos hoje é Christine Connelly."
Ray acenou com a cabeça novamente.
"A Christine Connelly?"
Ray ficou sem jeito. "Eu a chamo de vovó."
“Há quase um ano venho tentando conseguir uma entrevista com a corporação de seu pai”, disse Viv, sem acreditar. Ele se sentou ao lado de uma de suas heroínas no almoço e nem tinha percebido isso. Ela parecia familiar, mas a confusão sobre a proximidade de Ray o havia confundido. Quão estúpido posso ser?
"Bem, você pode encontrá-lo às seis da noite, se quiser", disse Ray ansioso.
Viv olhou para ele. “Mas só se eu fingir que sou seu namorado de novo, certo? Eu vou conhecê-lo se continuar fingindo ser gay?”
Ray ficou sem jeito. "Você é um homem e é meu amigo… Bem, mais ou menos… Então, tecnicamente, não estamos mentindo para eles, exceto por toda a parte sobre estarmos em um relacionamento."
Viv continuou a olhar para ele, pensando nos prós e nos contras.
“Eu não lhe pediria para fazer nada que o deixasse desconfortável”, Ray acrescentou. “Não precisamos nos abraçar ou dar as mãos como no almoço de hoje. Por favor, vá até a casa dos meus pais e conheça meu pai, e eu juro que será o fim. Então farei o que você quiser. Eu ficarei longe de você, e nunca terá que me ver novamente. Eu prometo."
Viv ficou triste ao pensar em Ray mantendo seu juramento.
“Tudo bem, Ray. Vou fazer isso em duas condições.” A mente de Viv estava acelerada.
"O que?"
“Eu não sou gay, mas se eu tiver que ser, então vou interpretar bem o papel, então não há medo de que eles saibam a verdade. Você precisa se apressar e encontrar um namorado de verdade para ficar no meu lugar para que possamos terminar. Não gosto de mentir para as pessoas, principalmente para as que admiro e respeito. E em segundo lugar, quero uma entrevista na empresa de seu pai.”
Algo semelhante à verdadeira dor passou rapidamente pelas feições de Ray, e Viv quase desistiu do seu pedido. Mas ele realmente queria aquela entrevista.
"Entao isso e um sim? Eu disse ao meu pai que o deixaria saber por volta das três se poderíamos estar lá ou não. Ele… O telefone de Ray tocou em seu bolso. "Espere aí. É ele. Tenho que atender”, disse ele antes de atender o telefone. "Olá… Ok, vou perguntar." Ray encerrou a ligação e a vergonha apareceu de novo quando ele voltou o olhar para Viv. “Meu pai disse que se você estiver quase terminando aqui, poderíamos ir lá e nos juntar a eles agora. Eles decidiram fazer uma festa na piscina e Dan está…”
"Daniel está na casa dos seus pais agora?" Viv perguntou surpreso. “Por que eles estão nadando? É inverno, pelo amor de Deus.”
“Acho que ele esteve lá algumas vezes com Girly. Ele já tinha roupas de banho lá, e por que uma festa na piscina? É porque a piscina é interna e aquecida.”
Viv considerou a situação por um momento antes de se levantar. "Tudo bem. Vamos lá."
"Sério?" Ray parecia surpreso.
“Teremos que parar e comprar roupa de banho. Acredite ou não, é a única peça de roupa que não possuo.” Viv trancou o clube quando eles saíram. “Vamos ficar com um único carro. Será mais fácil. Você pode me seguir até em casa para que eu deixe o meu."
Viv odiava o fato de que ele iria mentir para Liam Connelly quando queria entrar na Corporação Connelly. Pelo menos Ray sabia que esse caso de amor seria platônico. A questão permaneceu—Viv poderia realmente ser convincente? Ele esperava não vacilar ao tocar em Ray, especialmente na frente dos outros, mas secretamente ele esperava não envergonhar os dois tentando pular em cima de Ray na frente de todos. O que, neste estágio, parecia cada vez mais uma possibilidade distinta.

***

"Os vizinhos estão aqui", disse Ray quando eles pararam no estacionamento. Ele pensou por que eles estariam lá e percebeu que seu pai provavelmente teria falado direto no telefone, fofocando com o tio Matt, dizendo a ele que Ray finalmente havia saído do armário. "Desculpe, eu não sabia que haveria outros convidados."
Um segundo depois, o telefone de Viv tocou. Eles pararam tempo suficiente para atender. Ray observou enquanto Viv ficava pálido. Por um momento, ele pensou que os joelhos de Viv iam ceder. Ray decidiu dar à ele um pouco de privacidade quando Viv desligou.
"Ray, espere", disse Viv e agarrou seu braço.” Acho que podemos ter outro problema. Daniel me disse que Grace está aqui. Ela chegou junto com o filho do vizinho. Puta merda, que droga. Eu não posso acreditar que ela está aqui.”
"O que? Quem é Grace? "
"Minha ex-namorada maluca."
Se sentindo mal por isso, Ray queria dar uma chance para Viv desistir, se ele precisasse. “Você prefere ir embora? Vou te levar para casa, se quiser.” Ele já estava indo em direção ao carro.
Viv balançou a cabeça. “Eu não estou fugindo—não quando estou tão perto de finalmente conhecer Liam Connelly—mas ela poderá desconfiar, dessa coisa de ser gay. Eu queria avisá-lo, então não fique muito surpreso com qualquer coisa que eu possa fazer a você. Quero dizer, o pior que ela poderia me pedir para fazer é beijar você, certo?"
Ray o observou atentamente. Ele viu a guerra travando dentro de Viv. A mágoa percorreu Ray quando ele teve a confirmação de que Viv se enquadrava na segunda categoria de como as pessoas reagiam quando descobriam quem era ele realmente—elas o usavam para seu próprio interesse e para se aproximar de seu pai.
"Você acha que poderia ser convincente ao me beijar?" Ray ficou com vergonha, mas ele precisava saber. "Olha. Isso é muito problemático. Eu deveria apenas deixar acontecer naturalmente—”Seu coração começou a acelerar quando Viv deu um passo em sua direção com um olhar de determinação em seu rosto.
Viv não o deixou terminar quando ele gentilmente tocou o rosto de Ray com suas mãos, se inclinou e beijou seus lábios, sua língua o percorria com ternura até que Ray cedeu. Vibrações percorreram Ray. No momento em que suas línguas se tocaram, o beijo se intensificou. Soltando uma das mãos e passando o braço pelas costas de Ray, Viv o puxou para mais perto. Ray ergueu os braços para abraçar os ombros de Viv. Ficando na ponta dos pés, Ray se perdeu no beijo.
A bolsa contendo suas roupas de banho caiu no chão. Naquele momento, nada mais importava. Ray sentiu Viv se afastando, então ele o segurou ainda mais forte, deixando suas mãos correrem por baixo de seu suéter e pelas costas. As pontas dos dedos queriam tocá-lo. Seu coração disparou a toda velocidade, mas ele não sabia de quem estava pulsando mais forte—o dele ou de Viv. Quando o beijo finalmente terminou, Viv deu dois passos para longe e olhou para ele totalemente confuso. Ray sabia que o outro homem não queria que as coisas saíssem tão fora de controle. Viv obviamente não tinha a intenção de beijá-lo tão profundamente e parecia um pouco chocado por ter sido ele quem iniciou tudo.
Para encobrir seu aparente constrangimento, Viv brincou e disse: "Você acha que ele ficará convencido?"
"Sim", Ray sussurrou enquanto olhava para trás, perplexo. Seu corpo estava em chamas com a proximidade que eles compartilharam.
Viv segurou sua mão enquanto seguiam até a casa da piscina.
É melhor colocar esse show em pratica. Se eles queriam convencer a todos que estavam apaixonados, então um beijo como o que acabaram de ter os faria acreditar no pequeno plano. Ray respirou fundo e se acalmou enquanto silenciosamente desejava que Viv o beijasse novamente. Ao se aproximarem da entrada externa da casa da piscina, a boca de Ray ainda formigava com o beijo de Viv. Foi uma surpresa ver que Viv havia entrelaçado dedos com o dele.
Ao chegarem na porta, Ray parou.
“Eu mudei de ideia, Viv. Eu direi a eles a verdade. Você não deveria ter que fingir assim. Se ainda quiser uma entrevista na empresa de papai, vou arranjar uma para você. Sinto muito por ter convencido você a fazer isso. Olha, isso é problema meu, não seu.”
O sangue de Ray esquentou quando Viv o abraçou, beijando-o novamente. Este beijo foi o suficiente para Viv explorar sua boca completamente. Ray vibrou de necessidade. Ele suspeitou que Viv estava apenas praticando para o caso de ele ter que beijá-lo na frente dos outros, confundindo Ray ainda mais. Parecia mais do que apenas praticar, especialmente quando as mãos de Viv começaram a tocar nele novamente.
“Eu gostaria que você não me beijasse assim”, ele disse sem fôlego quando eles se separaram.
"Por que?" Viv perguntou.
Ray estava tendo problemas para pensar direito, então respondeu honestamente. "Porque estou ficando excitado", ele sussurrou contra o peito de Viv.
Ele ficou surpreso quando Viv riu e segurou sua mão. "Claro que você está. Você é gay."
Por alguma razão estranha, aquele comentário deveria tê-lo irritado e não o irritou. A primeira pessoa que Ray ouviu quando eles se juntaram a todos foi Girly—que não parecia nada feliz—e quando Girly estava infeliz, ela não sofria em silêncio. Ela estava conversando com uma pequena mulher loira que estava encarando demais Viv e Ray pois estavam de mãos dadas.
Nossa.
Então, essa era Grace. Ele teria que saber da história completa de Viv mais tarde, e se Viv não fosse revelado, então Daniel certamente faria isso. Segredos não eram o forte daquele garoto.
"Vê? Eu disse que não estava mentindo sobre Viv ser o namorado do meu pai. Eles não fazem um lindo casal?" Girly sorriu para os dois e acenou.
Daniel, por outro lado, estava conversando com Brent, vizinho e amigo próximo de Ray, e Daniel estava ignorando Grace completamente.
Ray levou Viv até seus pais e vizinhos.
"Mãe, pai, este é o meu Viv", disse Ray um receoso. "Viv, estes são meus pais, Liam e Claire Connelly."
Viv cumprimentou o pai de Ray. Ray ficou surpreso quando sua mãe beijou a o rosto de Viv.
“É bom finalmente conhecer vocês dois”, disse Viv. "Ray me falou muito sobre você."
Ray não conseguia falar mais quando Viv começou a acariciar a parte de trás de seus dedos com carinho.
Liam apresentou os vizinhos como Susan e Mathew King antes de mencionar: “Daniel estava me dizendo que você está interessado em pesquisa e desenvolvimento, então pensei em convidar Matt e vocês dois conversarem. Estamos sempre à procura de novos e brilhantes, jovens promissores.”
Viv acenou com a cabeça e respondeu: “Obrigado, senhor. É muito gentil da sua parte, mas não quero tomar seu tempo no seu dia de folga com o Sr. King. Eu gostaria de marcar uma reunião para vê-lo quando for conveniente, se a oferta ainda estiver valendo.”
Mathew King começou a rir. “Filho, não existe mais dia de folga, mas se quiser conversar outro dia, ligue para minha secretária. Melhor ainda, peça ao jovem Ray para levá-lo e conversamos. Vou para o exterior na próxima semana e não voltarei antes do início de agosto, então, se quiser, marcaremos uma entrevista assim que eu regressar.”
"Vamos." Ray puxou a mão de Viv assim que marcaram a hora e o local da reunião. "Vamos nos trocar."
Os dois beijaram o rosto da vovó ao passar por ela. Ray percebeu que Viv ficou muito impressionado ao conhecer o tio Matt e seu pai.
Pelo menos ele conseguirá algo com tudo isso, embora teria sido bom se ele estivesse aqui porque está realmente interessado em mim e não porque ele aceitou o jogo de fingimento.
Quando chegaram no vestiário, Ray não esperava que Viv o seguisse para dentro de onde estava se trocando. Viv tirou suas roupas e ficou nu, diante dele. Ray congelou. Ele não tirou a calça jeans, devido a uma ereção, e não queria se humilhar novamente. Ele também não queria envergonhar Viv com a reação de seu corpo.
"Você não vai se trocar?" Viv se levantou, segurando seu calção de banho em uma das mãos, ainda completamente nu e aparentemente indiferente enquanto ele removia as etiquetas da roupa.
"Acho que vou esperar." Ray olhou para baixo.
Viv colocou a mão sob o queixo de Ray e levantou sua cabeça até que seus olhos se encontraram. “Eu prometi firgir ser gay para você até que você encontre um namorado de verdade e até eu ter meu entrevista, então é melhor você se acostumar com isso. Quero dizer, isso é como estarmos em situações como essa.” Viv o beijou no nariz antes que ele vestisse o calção.
Quando ele terminou, Viv se encostou na porta, observando enquanto Ray se despia lentamente.
A vergonha aumentou quando Viv acrescentou: "Não é minha culpa se eu te excito completamente." Ele ficou sorrindo.
Ele teve a sensação de que Viv se divertia ao provocá-lo, mesmo que fosse uma tortura para Ray.
Ele virou as costas para que Viv não pudesse ver o quanto ele estava excitado. Ele respirou fundo quando Viv ficou atrás dele, passou sua mão lentamente e, de forma muito erótica pelas costas e sobre seu quadril nu. Seu coração palpitou de desejo quando ouviu Viv gemer.
Cara, estou tão ferrado.
Ray não entendeu muito bem o que se passava na mente de Viv quando ele o tocou dessa forma, e Ray não pôde evitar tremer sob seu toque. Ele gemeu quando Viv usou os dedos para acariciar a pele de Ray, mas isso não o impediu de se arrepiar quando Viv se inclinou e soltou ar quente em sua nuca.
Ray impediu que a mão de Viv deslizasse mais para baixo. "Viv, eu acho que você deveria parar, porque em breve, eu não vou querer que você pare."
Ele estremeceu quando Viv envolveu seu braço ao redor dele e puxou suas costas nuas com força contra seu próprio corpo.
"Você está apenas brincando de ser gay", Ray sussurrou. "Lembra?"
Ray não conseguia entender o que estava acontecendo. Por que Viv estava agindo assim? Isso não foi só um show para a vovó—não dava nem para vê-los. Viv não tinha acabado de dizer a ele, há menos de duas horas, que ele era hétero e não estava interessado no corpo de Ray? Isso estava se tornando muito confuso, especialmente quando a ereção de Viv foi pressionada contra sua bunda.
Ele ouviu Viv suspirar e sussurrar: "Sim, estou apenas fingindo."
Isso apenas confundiu Ray ainda mais. Viv beijou sua nuca antes que ele o soltasse e se encostasse na porta novamente.
Os dedos de Ray tremeram quando ele finalmente conseguiu se vestir e amarrar o calção. "Você está pronto?" ele perguntou um pouco sem jeito quando percebeu quão atentamente Viv olhava para ele.
Ele ficou um pouco perturbado quando Viv o olhou de cima a baixo lentamente, e sorriu. Pareceu a Ray que o olhar de Viv se concentrou mais em sua ereção ainda evidente. Ele ficou excitado quando Viv deu um passo em sua direção e beijou sua boca novamente. Ray não conseguia impedir que seus próprios braços traidores deslizassem em volta da cintura de Viv. Ray amava os músculos do corpo de Viv. Ele deve malhar muito, já que ele tinha músculos fortes em todos os lugares certos e abdominais que qualquer cara sonharia ter. Pouco à vontade com seu próprio físico não tão musculoso, Ray tremia quando Viv o soltou e pegou sua mão.
Eles caminharam até onde Daniel e Girly estavam sentados na beira da piscina. Ray sentou-se ao lado da filha.
“Ei, pai”, ela disse enquanto colocava a cabeça em seu ombro.
"Ei, Girly." Ele esperava que ela o sentisse tremendo.
A loira ainda estava olhando para eles de uma forma perturbadora. "Ela é realmente sua filha?"
Ray afirmou com a cabeça. “É o que dizem os papéis de adoção. Você tem algum problema com isso?”
Ela balançou a cabeça. "Vocês parecem quase da mesma idade."
Ray ficou surpreso quando Viv falou. "Eles parecem sim. Ray é apenas nove anos mais velho que Girly. Não é verdade, amor?" Viv acariciou o rosto de Ray.
Tudo o que Ray pôde fazer foi confirmar com a cabeça.
Encorajado, ele colocou o braço nas costas de Viv. Para todos os outros, eles pareciam estar se abraçando. Viv encostou nele de uma forma íntima. Viv deitou seu rosto e colocou a mão na coxa de Ray, passando seus dedos em seu calção. Ray pensou se ele sabia o que estava fazendo.
Alguém finalmente apresentou a garota a Ray como Grace Kennedy.
Eles ficaram assim antes que ela se virasse para Viv e dissesse friamente: "Então, quando você decidiu se tornar gay?"
Viv sorriu para ela. "No momento em que vi Ray pela primeira vez."
Ray se virou para olhar para Viv e foi recompensado com um beijo, que deve ter sido direcionado para seu rosto, mas foi dado bem em sua boca. Mais perplexo ficou Ray quando Viv colocou sua lingua dentro de sua boca. Ciente de que Viv não iria parar até que ele cedesse, Ray deixou fluir quando o beijo se intensificou. Este estava se transformando em um dia fodido em que Ray não sabia o que diabos estava acontecendo. Viv passou os dedos com ternura pelo corpo de Ray, como se procurasse conforto. Ray ficou surpreso quando Daniel empurrou ele e Viv na piscina no meio do beijo, rindo muito ao fazer isso.
Ray conseguiu se virar segundos antes de Daniel agarrar Girly e mergulhar na piscina. A água espirrou em cima dos Kings e da vovó, e todos eles se assustaram. Ele submergiu, rindo.
"Desculpem rapazes. Desculpe, GG,” ele disse com um brilho malicioso nos olhos.
Daniel não teve chance de dizer mais nada. Viv pulou em cima deles na água. "Eu disse a mamãe para afogá-lo ao nascer." Viv riu. "Parece que serei eu quem terá este privilégio."
Girly nadou em direção a Ray, em seguida, colocou os braços em volta de seu pescoço. “Foi um beijo interessante, pai. Eu pensei ter visto mais do que um pouco de língua envolvida."
Ray franziu a testa. “Ele só está fingindo para conhecer seu avô. Não imagine mais do que isso.”
Ela olhou para ele sem acreditar. “Às vezes você é tão cego, pai. Entre nós, acho que ele gosta tanto de você quanto você dele. Dan disse que Viv não para de falar sobre você desde a noite em que jantaram em nossa casa. É por isso que dissemos a GG que ele era seu namorado.”
Ray começou a rir do absurdo de seus pensamentos. “Eu não penso assim, Girly. Você está errada. Acho que reconheceria um homem gay se visse um. Além disso, não gosto dele”, Ray mentiu. Ele sabia que sua filha nunca acreditou nisso.
Ela ergueu uma sobrancelha. “Pai, todo mundo tentou convencê-lo sobre você mesmo, e você ainda se recusou a acreditar no que falamos. A maneira como ele tem tocado em você é demais para fingir. E quanto ao beijo, bem—nossa. Eu gostaria de ter amigos assim. E sim, você gosta dele. Você só está se enganando se acreditar que não está. Você perguntou a Dan e a mim se poderia ficar com ele na noite em que finalmente confessou e aceitou a verdade sobre você. Sim, na mesma noite em que você decidiu que seria uma boa ideia beber até cair no esquecimento."
"Acho que você está errada", disse Ray. Sua vozinha dentro da sua cabeça estava se fazendo ouvir.Então por que ele me tocou e me beijou no vestiário onde ninguém poderia nos ver juntos? E Girly está certa. Esses beijos pareciam muito reais para serem fingidos.
Ela deu um tapinha em seu rosto. "Eu sei de tudo."
Por que a vovó está sempre observando? O que ela sabe que eu não sei?
A conversa terminou de repente quando Viv veio por trás de Ray na água e colocou os braços em volta de sua cintura. Daniel fez o mesmo com Girly, e Grace e Brent vieram se juntar a eles também. Ray achou um pouco estranho como Viv e Daniel ainda estavam ignorando Grace o tempo todo, e ela por sua vez, estava olhando para Viv com tanta intensidade que Ray pensou que Viv pudesse explodir em chamas. Ele queria dar um soco naquela vadia. Ele queria dizer a ela que Viv era dele. A única coisa que o impedia era a realidade. Viv realmente não era dele—e nunca seria. Sim, definitivamente fodido.
Brent olhou para Ray e depois para Girly. “Vamos todos para o chalé em agosto, quando papai voltar da Europa. Vocês vão? Papai e tio Liam acham que finalmente vão conseguir pegar o velho Reg desta vez. Eu? Eu não posso ver isso acontecendo, mas não vou aguar todos os delírios deles.”
"O velho Reg?" Daniel perguntou curioso.
Girly deu uma risadinha. “Ele é um peixe mítico. Papai e tio Matt juram que ele mora no lago lá em cima. Eles vão passar o fim de semana inteiro pescando e fisgando tudo, menos o velho Reg.”
"A vovó vai?", perguntou Ray.
Brent confirmou com a cabeça. "Então eu vou. É a primeira vez que ela sai depois do vovô falecer.”
"Nós iremos. Parece divertido. Certo, amor?" Viv disse com entusiasmo. "Se houver espaço para nós, quero dizer", acrescentou ele, e em seguida, deu beijinhos subindo pelo ombro de Ray até o lado de seu pescoço.
Brent, Girly e Daniel os observavam rindo enquanto Ray inclinava a cabeça para o lado para que Viv continuasse.
Grace ficou furiosa.
Virando-se, Brent chamou o pai de Ray. "Ei, tio Liam, há lugar para esses quatro no chalé?"
Liam disse sim com a cabeça, uma vez. “Você sabe se Jas, B e Josh estão vindo conosco? Liguei para eles e deixei recados, mas eles ainda não me responderam. Temos que avisar a equipe do alojamento com 12 semanas de antecedência para garantir que o lugar esteja livre para hóspedes e pronto para nós.”
“Você pode querer pensar sobre isso por um minuto, Viv”, Ray murmurou enquanto se virava nos braços de Viv. Não querendo que as palavras soassem como se ele não quisesse que Viv viesse, ele pensou que isso poderia ser apenas mais uma complicação. Ray ainda estava tremendo de uma forma gostosa sob a boca de Viv, o que não o estava ajudando em nada.
"Você não quer que eu vá?" Viv perguntou baixinho, passando sua boca lábios no pescoço de Ray, fazendo com que ele tremesse de novo.
"Não é isso. Venha comigo. Vamos dar um passeio." Ray saiu da piscina, pegou uma toalha e foi até as portas que davam para o pátio coberto. Eles estavam na piscina aquecida, então quando o ar atingiu seu corpo molhado, ele imediatamente ficou arrepiado. Ele não parou de andar até estar longe o suficiente para que ninguém pudesse ouvi-los conversando. A atenção de sua avó os seguiu. Ela nunca perdeu nada.
Viv colocou a mão no ombro de Ray e o virou para que eles ficassem de frente. "Diga-me por que você não quer que eu vá?"
Ray achou que Viv estava realmente magoado e seu coração doeu por isso. Ele olhou para Viv por um momento.
"Não é isso que eu quero dizer", disse ele a Viv. “Eu adoraria que você estivesse lá comigo. Achei que você deveria saber que o chalé não dá para ir de carro, mas é um passeio de avião. Se você vier, ficaremos no mesmo quarto para dormir juntos—na mesma cama, ”enfatizou.” Um fim de semana na pousada significa ir na quinta e voltar na segunda. Certa vez, um final de semana na pousada durou duas semanas. Você pode abandonar o clube por tanto tempo? E, finalmente, você tem sua entrevista com o tio Matt. Você não tem que continuar fingindo. Depois desta noite, você pode voltar para sua vida e não serei mais um incomodo. Você pode esquecer que me conheceu." A dor bateu em Ray ao pensar que nunca mais veria Viv.
Viv sorriu. “E decepcionar a vovó? Acho que não. Eu disse que seria seu namorado até você encontrar um de verdade.” Ele puxou Ray para seus braços e o abraçou.
Por mais estranha que fosse a situação, Ray sentia-se confortável com os braços de Viv em volta dele. Eles pareciam se encaixar perfeitamente e essa proximidade era muito boa, especialmente quando ele fechou os olhos e fingiu que Viv realmente era dele.
Ray sussurrou contra o peito nu de Viv: “Então vamos ter um problema. Você me excita demais para que algo bom aconteça. Acho que devemos encenar uma separação o mais rápido possível, com ou sem um namorado de verdade. Eu não quero me apaixonar por você. Nenhum de nós precisa disso.” No fundo, Ray já sabia que era tarde demais. Ele já amava Viv mais do que poderia imaginar.
Viv não disse nada, nem soltou Ray. Eles permaneceram e parecia que estavam assim há vários anos. Ray moveu o rosto para que ele ficasse olhando para os gramados. Ele ficou sem fõlego quando Viv acariciou suas costas em silêncio. Seus carinhos eram tão bons, e Ray não queria que ele parasse.
"Ray, nós vamos e pronto."
Ray ergueu os olhos enquanto Viv falava e foi recompensado com um grande beijo. Ele se perguntou: "Quem mais olharia para Viv para que ele abraçasse assim?", mas ele nem se importou, pois se perdeu naquele momento.

Capítulo Quatro
Viv se sentou no sofá sorrindo enquanto observava Ray e Girly dançar. O jeito que dançavam era uma mistura entre o Lago dos Cisnes e os Muppets enlouquecidos. Josh aumentou o volume da música e assobiou enquanto Ray girava Girly como uma bailarina maluca. Não muito depois, Ray caminhou em sua direção, rindo quando Daniel foi dançar com ela. Viv deu um espaço no sofá para que ele senta-se, mas se decepcionou quando Ray escolheu sentar no braço da cadeira de Beth e conversar com ela. Claro que, ele foi dar os presentes para Viv abrir e sentou-se ao lado dele.
"Feliz aniversário, Viv."
A sala de estar de Ray, com um bar tiki e muitas palmeiras, foi transformada em uma festa de praia simulada—sem a areia—para que eles pudessem comemorar o trigésimo terceiro aniversário de Viv. Ray deu a ele um livro sobre David Bowie, Moonage Daydream, e um cupom para a loja de música, explicando que ele não sabia o que deveria comprar para um namorado falso, e ele esperava que o que ele tinha conseguido fosse apropriado e não muito íntimo. O coração de Viv se derreteu com o presente muito bem escolhido.
Viv colocou os presentes na mesa, puxou Ray para seu braço e o segurou contra seu corpo. Ele fechou os olhos enquanto passava os lábios no pescoço de Ray.
Quando ele os abriu novamente, ele viu Beth e Grace olhando para eles.
Ray tentou se afastar, mas Viv se recusou a deixá-lo ir.
Ele sussurrou no ouvido de Ray: "Vou beijar você agora."
Parecia que todo o seu corpo estava carregado de eletricidade quando ele começou a beijar Ray. Parte dele não entendia por que o toque dos lábios de Ray mexia tanto com ele. Tudo o que ele sabia era que gostava dessa sensação e queria mais. Felizmente, a camisa que ele usava era longa o suficiente para cobrir as reações de seu corpo.
Os lábios de Ray estavam fazendo coisas maravilhosas nos de Viv, e ele nunca queria que isso acabasse. Ray, Girly e Daniel, todos sabiam que o romance era apenas fictício, mas beijar Ray assim parecia tão real, e de alguma forma parecia certo. Resumindo, ele estava começando a acreditar que queria que esse sentimento fosse real. Ele queria que Ray o amasse e tinha certeza de que estava se apaixonando loucamente e desesperadamente por Ray. Mas ele precisava ter certeza antes de dizer qualquer coisa.
“Eu acho”, disse Ray enquanto eles se separavam, “eu preciso me afastar de você agora, caso eu faça algo de que vou me arrepender e que você queira me bater. Vou sair para respirar um pouco de ar puro.”
"O que?" Viv perguntou curioso. A felicidade dentro dele era tão vibrante, a sensação o fez se perguntar se sua pele estava brilhando. Um sorriso enorme dividiu seu rosto enquanto ele olhava para a bunda de Ray enquanto o seguia para o quintal.
"Acredite em mim. Você não quer saber”, Ray disse com um sorriso.
Viv beliscou a bunda de Ray enquanto ele caminhava. "É meu aniversário. O mínimo que você pode fazer é me contar o que queria dizer”, Viv disse, fazendo beicinho. Ele acariciou o rosto de Ray.
Ray balançou a cabeça e riu. “Ah não, de jeito nenhum. Eu valorizo muito minha vida para te contar. Finalmente admiti que sou gay, então tenho permissão para pensar essas coisas, mas você é hetero e me odiaria por pensar nelas. Especialmente quando estou pensando nelas, o que inclui você."
Ray olhou para ele com tanta paixão que Viv ficou envergonhado.
“Talvez, quando eu tiver um namorado de verdade, eu diga a você”, acrescentou Ray, “mas não agora.”
Viv puxou a mão de Ray quando ele se aproximou e se sentou no banco do jardim. Estava muito frio lá fora, mas como sempre acontecia quando ele estava perto de Ray, o calor o dominava—quente, com Q maiúsculo. Ray sempre o fazia se sentir como se estivesse pegando fogo.
“Você já encontrou um namorado de verdade? Ou alguém com potencial?” Viv perguntou, sem saber se ele queria saber a resposta.
Ray ficou quieto por um longo tempo. Finalmente, ele respondeu: “Estou trabalhando em um plano. Tenho um encontro com um cara chamado Angus na próxima sexta à noite. Na verdade, ele vai me encontrar no seu clube para que possamos sair depois que terminarmos nosso show. Josh armou as coisas para mim. Falei com Angus ao telefone algumas vezes e ele parece legal.”
O estômago de Viv se contraiu e ele forçou um sorriso. "Você acha que vai se dar bem?"
Ray agiu como se não soubesse. “Para ser honesto, eu não tenho certeza. Parte de mim está animada, mas há outra parte de mim que parece que estou te traindo.”
Ray revirou os olhos ao olhar a surpresa de Viv.
“Não me olhe assim”, acrescentou Ray. “Eu sei que estamos apenas fingindo, e estou um pouco confuso, só isso. Você me confunde também. Sinceramente, às vezes você me confunde muito. Suponho que assim que estiver realmente no encontro com Angus, vou me sentir bem com a situação. Se vamos nos dar bem vai depender se ele beija bem. Gosto de beijar, como você provavelmente já sabe. Então há toda essa outra parte de mim que está apavorada que ele nem vai aparecer ou que vai me odiar. Não sou muito bom em me aproximar das pessoas. Sempre pareço acabar as decepcionando de alguma forma.”
Viv observou enquanto Ray tentava explicar o que estava sentindo e desejou que pudesse ajudar de alguma forma. Ele se levantou e colocou Ray de pé. "Vamos voltar antes que congelemos até a morte." Viv abraçou os ombros de Ray enquanto eles voltavam para a festa.
O próximo encontro de Ray deu a Viv muito no que pensar.
"Ainda está tudo bem para mim passar a noite aqui, certo?"
Viv relaxou um pouco quando Ray disse sim balançando a cabeça.

* * * *

Essa noite finalmente chegou. A culpa bateu nele com força como um amante abandonado enquanto observava Ray em seu encontro com Angus. Sim, ele sabia que deveria ir embora e dar a Ray toda a privacidade de que precisava, mas parte dele queria que Ray o visse. Ele não entendia muito bem por que queria que Ray o notasse, mas simplesmente aconteceu, e até convidou uma garota estranha para a pista de dança enquanto a banda tocava. Já que ele não tinha absolutamente nenhum interesse por ela, isso apenas duplicou sua culpa.
Eu sou um idiota. Ray precisa seguir em frente e eu preciso deixá-lo. Por que não posso?
Enquanto dançavam, Viv ergueu os olhos e viu Ray os observando. Viv sorriu e Ray franziu a testa. Quando a música terminou, Viv levou a mulher de volta à sua mesa e pegou uma bebida para ela. Quando percebeu que o olhar de Ray nunca o havia abandonado enquanto estava no palco, ele se sentiu melhor. Quando Ray estava fora do palco, bem, essa era uma outra história.
Na opinião de Viv, Angus teria sido classificado pela maioria das pessoas como um cara muito bonito. Ele era atencioso com Ray e não pareceu se importar quando Ray o convidou para dançar—indo ao ponto de envolver seus braços em volta de Ray enquanto eles dançavam ao som da música do DJ durante o intervalo da banda. Na realidade, Viv estav morrendo de raiva, perguntando-se o que ele faria se Ray e Angus se beijassem—ou, o que faria quando decidissem sair juntos. Ele não poderia exatamente segui-los sem parecer um perseguidor. Parte dele estava preparada para correr até lá e despedaçá-los, naquela mesma hora.
Angus definitivamente não é para ele. Por que Ray não consegue ver isso?

* * * *

Por mais que tentasse, Ray não conseguia entrar no clima do encontro que ele deveria estar curtindo. Angus era um homem muito interessante—um homem muito atraente. E Ray queria saber mais—realmente queria. O que o impediu de conhecê-lo melhor foi que ele sentiu Viv os obsevando, o que deixou Ray confuso e frustrado. Mas provavelmente foi culpa dele ter o encontro no local de trabalho de Viv. Por alguma razão desconhecida, ele sentiu que Viv estava propositalmente tentando sabotar sua noite de encontro. Girly havia sussurrado para ele que achava que Viv estava com ciúmes. Não era possível que isso fosse o que Viv estava sentindo. Enquanto ele dançava com Angus, era bom, embora não como quando dançou com Viv em casa.
Ele não pôde deixar de olhar para Viv, perguntando-se quem era seu companheiro e se Viv estava planejando levá-lo para casa. O pensamento o perturbou e as lágrimas saiam de seus olhos. Piscando furiosamente antes que alguém percebesse, ele ignorou a vergonha em seu rosto quando percebeu que Angus sabia que ele estava chateado e provavelmente adivinhou o porquê. Seu acompanhante se virou e olhou para Viv enquanto eles voltavam para a mesa.
No final da noite, Ray parou ao lado de seu carro e falou baixinho com Angus. Embora soubesse que Angus queria beijá-lo, não tinha certeza se poderia deixar isso acontecer, principalmente porque preferia que Angus fosse outra pessoa. Alguém que, naquele exato momento, estava sentado lá dentro, provavelmente beijando alguma garota estranha que tinha acabado de conhecer.
A vida não é justa.
"Você não está realmente interessado em mim, está?" Angus perguntou baixinho.
Ele sentiu como uma febre em seu rosto. "Eu sinto muito. Você parece uma pessoa muito legal. É só isso"
“Aquele cara, aquele que ficou olhando para você a noite toda, ele é seu namorado? Ou seu ex, talvez?"
Ray balançou a cabeça. “Não, Viv não é meu namorado. Ele nem é gay.” Bem, ele diz que não.
"Mas você gostaria que ele fosse?" Angus adivinhou.
"Sim", sussurrou Ray, com vergonha em finalmente admitir em voz alta para alguém que não era da família.
Angus acariciou suavemente o rosto de Ray. "Bem, se você esquecê-lo e achar que pode estar interessado por mim, me ligue." Ele deu um tapinha no rosto de Ray antes de entrar no carro e sair.
Eu sou o maior idiota. Ele era bom e eu o deixei ir embora. Que diabos está errado comigo? Ele voltou para o clube. Todos estavam se perguntando o que havia de errado. Ele não iria admitir o quão patético ele era. Por que acabei de dispensar alguém que provavelmente é incrível? Por que estou ansioso por alguém que nunca vai me querer como eu preciso?
Ignorando a mesa, ele foi guardar seu violão e começou a desligar tudo. Ele ia levar o violão com ele esta noite. O pessoal colocaria o resto de seu equipamento no depósito.
"O que aconteceu, pai?" Girly disse enquanto o ajudava.
Quando Ray não respondeu, ela adivinhou.
"Viv."
"Não quero falar sobre isso", afirmou Ray ao se levantar. A dor o percorreu quando percebeu que Viv e a mulher tinham vindo para se juntar à mesa. Suas entranhas gritaram com a necessidade de atacar e bater em alguém. Ray nem mesmo olhou na direção de Viv quando disse boa noite a todos, beijando Girly e Beth no rosto antes de ir até seu carro. Lágrimas eram como fogo em seus olhos com o desejo de it para casa, longe de Viv. De uma forma ou de outra, ele tiraria Viv de sua vida.
"Ray, espere."
Ray não se virou, mas acelerou o passo ao ouvir Viv chamá-lo. Tudo o que ele queria era fugir antes que ele se sentisse mais idiota ainda.
"Ray." Viv segurou o braço de Ray para impedi-lo de entrar no carro.
Droga!
"O que você quer, Viv?" Ray encostou-se na Mercedes, evitando propositalmente contato visual. Se ele olhasse em seus belos olhos, sabia que imploraria a Viv que lhe desse algo—algum tipo de esperança.
"Eu queria saber como foi o seu encontro", disse Viv.
Ray olhou para ele sem acreditar, as lágrimas novamentetentaram sair de seus olhos. "Ta brincando né? Vou para casa sozinho, então acho que você pode descobrir por si mesmo o quão bom foi meu maldito encontro.
"Você não gostou dele?" Viv perguntou.
“Sim, eu gostei dele. Viv, eu realmente não acho que quero falar sobre isso com você. Estou me sentindo mal o suficiente sem ter que relembrar do que deu errado. Você deveria voltar para a sua namorada. Ela vai se sentir sozinha—disse Ray, esperando friamente que Viv fosse embora e o deixasse sozinho.
"Ela não é minha namorada", Viv sussurrou, envergonhado enquanto falava.
"Bem, de onde eu estava, ela com certeza parecia que era sua namorada." As lágrimas ameaçadoras finalmente começaram a rolar livremente por seu rosto, e Ray estava se culpando por mostrar o quão chateado ele realmente estava.
"Não está com ciúmes, está?" Viv deu uma risadinha.
Para Ray, a resposta de Viv soou estranha.
Ray respirou fundo, enxugou as lágrimas do rosto e decidiu responder honestamente. Viv merecia muito. "Você sabe que estou. Você não é estúpido. Você sabe que tenho sentimentos por você, que me importo com você mais do que deveria. Eu te disse uma vez, nenhum de nós se beneficiaria se eu me apaixonasse por você."
"Ray—"
“Eu tenho que ir, Viv. Por favor, tente esquecer que eu disse alguma coisa.”
Viv sorriu. “Não vá. Volte para dentro comigo e eu serei seu par por procuração.” Ele pegou na mão de Ray "Vamos nos divertir."
Ray balançou a cabeça. “Isso não vai ajudar a situação. Só vou acabar me sentindo pior, e minha presença provavelmente irritará sua amiga."
"Eu não me importo com ela", disse Viv, meio sem jeito. “E se pegarmos umas cervejas e voltarmos para minha casa para assistir a filmes?”
"Acho que não. Acho que prefiro ir para casa.” Ele tentou soltar a mão, mas Viv não a largou.
"Tudo bem, então eu irei com você", disse Viv, determinado.
Ray olhou surpreso para ele. “Que parte de 'Eu não acho que estar perto de você vai ajudar no assunto' você não entendeu?”
"Você está chateado, e eu não vou deixar você ficar sozinho assim." Viv fez carinho com as mãos no rosto de Ray, enxugando suas lágrimas.
"Tudo bem", disse Ray. “Vamos assistir a droga desses filmes, mas vamos para minha casa.” Ele lutou contra a vontade de bater na cabeça quando Viv sorriu. Sua auto-aversão o atingiu como uma onda, pois ele não pôde evitar de se inclinar e beijá-lo antes de Viv voltar para dentro para dizer aos outros que ele estava saindo com Ray.
Ray ficou olhando para Viv. Por que ele tem que me confundir tanto? Por que não posso dizer não a ele? Por que ele sempre age como um idiota total e depois é tão legal? Daniel me disse tantas vezes que Viv geralmente não age dessa maneira. Eu sou tão especial que mostro o lado imprudente dele? E, no entanto, estou deixando-o voltar para casa comigo de qualquer maneira. Isso não é fodido?

* * * *

Viv despertou em algum lugar ao amanhecer, ainda deitado no sofá com Ray. Depois de notar a maneira como ele estava meio deitado em cima do pobre rapaz, ele ficou vermelho de mortificação. O rosto de Ray estava voltado em sua direção e, antes que Viv pudesse se conter, a necessidade de cobrir suavemente a boca de Ray o fez ceder ao desejo. Ele lentamente deslizou sua língua entre os lábios de Ray para beijá-lo enquanto ele tinha chance. O leve movimento foi o suficiente para fazer Ray responder, e o beijo foi extremamente erótico e fez coisas estranhas na anatomia de Viv. Ele não conseguia parar de deslizar a mão pelo corpo de Ray para segurar o pênis semiduro de Ray, apertando suavemente através de sua calça jeans. A ereção se encaixou tão perfeitamente na palma de sua mão que ele não pôde abafar seu gemido.
Por que isso parece tão certo? Estou tão ferrado.
Ray dormiu durante tudo o que aconteceu, mesmo ao gemer ao toque de Viv e se pressionar mais perto dele. O coração de Viv bateu loucamente quando eles se separaram. A respiração e os batimentos cardíacos pareciam durar uma eternidade antes de voltar ao normal e, em algum momento, ele voltou a dormir, ainda enrolado no corpo de Ray.

* * * *

Ray acordou quando sentiu um movimento ao lado dele e ficou feliz e surpreso ao descobrir que ainda estava deitado no sofá com Viv. Alguém os cobriu com um cobertor, mas ele não conseguia se levantar com o corpo de Viv prendendo-o nas almofadas. Ray ouviu Girly e Dan conversando na cozinha e sentiu o delicioso cheiro de bacon chegando até ele. Seu estômago ate roncou.
Viv parecia tão em paz deitado dormindo, seu cabelo escuro todo espetado. Ele era realmente lindo. Sua pele possuía uma bela aparência bronzeada, por ser latino, em vez de passar horas intermináveis assando sob o sol australiano. Sua boca era um pouco grande, mas mesmo durante o sono, seus lábios se curvaram em um leve sorriso. Ray nunca tinha percebido antes como os cílios de Viv eram tão compridos. Seu nariz era bem afilado. Suas orelhas, bem, elas eram simplesmente lindas.
Ray passou suavemente a ponta do dedo na bochecha de Viv e foi pego de surpresa quando Viv o beijou—uma pena que ele estava dormindo e perdendo toda a diversão. Ray sorriu para o beijo assim que os olhos de Viv se abriram e ele pulou para longe.
“Não me olhe assim. Você me beijou por conta própria" Ray sorriu. “O mínimo que você pode fazer é terminar o trabalho.”
Viv se levantou e tropeçou ao sair do sofá. Ray não pôde deixar de rir dele.
"Posso usar seu chuveiro?"
"Você quer que eu lave suas costas?" Ray brincou. Ele sorriu e Viv ficou muito enrgonhado.
"Acho que posso fazer isso eu mesmo", disse Viv.
Ray acenou com a cabeça enquanto Viv fugia da sala antes de Ray pegar o telefone para verificar suas mensagens, em seguida, parou quando viu a foto. O sorriso ainda estava lá quando ele colocou o telefone no bolso. Ele gostaria de tê-lo para sempre. E agradecer a Girly e Dan mais tarde.

* * * *

Duas semanas depois, Viv esperou enquanto todos entravam na casa de Declan. A única pessoa que ele não viu foi a pessoa que procurava.
"Onde está Ray?"
“Ele foi para o Flashes.” Girly deu uma risadinha, embora parecesse estar examinando atentamente a reação de Viv. “Papai disse que está cansado de ser o único que não consegue nada, então ele foi para a cama.”
Com suas palavras, o pânico atingiu Viv.
"Aposto que ele vai embora." Josh riu. "Ray não saberia o que fazer se algum cara o acertasse."
“Não a menos que ele estivesse totalmente chateado. Lembra do vigésimo primeiro de Marissa? Devíamos ir espioná-lo.” Jasper sorriu. “Vai ser muito hilário assistir Ray tentando ficar com alguém. Ele é sempre tão estranho com estranhos.”
"Não", disse Beth. “Ray é lindo. Os homens farão de tudo para estar com ele.” A preocupação aumentou. “Espero que ele encontre alguém legal e não um idiota ou esquisito total. Eu não gostaria de vê-lo se machucar.”
Viv olhou para Beth, sabendo que ela estava certa. Ray era muito bonito. Homens e mulheres estariam se atirando nele. O que ele vai fazer agora?
“Não o estamos espionando”, disse Daniel. “Deixe-o tentar sozinho. Os primeiros que aparecem muitas vezes são bastante estranhos. Não vamos lá para envergonhá-lo. Ele fará tudo sozinho. ”
“Desmancha prazeres.” Jasper riu.
Viv ficou ouvindo enquanto eles brincavam sobre a vida sexual de Ray. Ele queria dizer a todos para calarem a boca. Ele não gostou da ideia de Ray pegando um estranho. Isso o preocupava e ele sabia, sem dúvida, que Ray precisava de alguém para protegê-lo, caso o pior acontecesse se ele realmente fosse para casa com alguém. Essa própria ideia fez Viv pensar se era a hora certa de explicar a Ray o que ele sentia por ele e o quanto Ray significava para ele. Se Viv fosse honesto, Ray não estaria lá agora procurando por outra pessoa. Embora estivesse começando a entender o que realmente queria, ele ainda temia admitir para o mundo. Ele iria negar tudo enquanto pudesse e torcer para que ninguém descobrisse seu segredo.
Viv ficou sentado o tempo que ele aguentou, então se levantou e foi embora, nem mesmo se despedindo—embora, ao sair do clube, tenha alertado Tony que estava indo embora, caso eles ficassem preocupados. Ele esperava que eles não descobrissem para onde ele tinha ido. Durante a caminhada de meia hora até Flashes, ele se convenceu de que só iria se certificar de que Ray estava bem. Depois de vinte minutos do lado de fora para ter coragem de entrar no local, ele se convenceu de que Ray não estava interessado em ninguém.
Por favor, não o deixe se interessar.
No final, ele precisava de ajuda para entrar. Duas mulheres agarraram suas mãos e o puxaram atrás delas.
Uma mulher olhou para o segurança e disse com um sorriso: "Este é um curioso". Ela estendeu sua mão para carimbá-la.
Viv foi até o bar e pediu uma bebida. Ele deixou seu olhar vagar ao redor da sala, finalmente encontrando o que ele foi fazer lá. Ele o ignorou e buscou um lugar próximo a ele, e observava quem estava tentando conversar com ele, Viv apenas sentou e observou.
Ray estava sentado com três mulheres e dois rapazes. Todos estavam rindo de algo que o ruivo baixinho ao lado de Ray estava dizendo. A raiva tomou conta de Viv quando um dos homens acariciou o braço de Ray e Ray sorriu para ele.
Esse é meu sorriso torto, droga. Por que Ray está sorrindo para outra pessoa assim?
Viv ficou ali por uma hora, o cara levantou Ray e o levou até a pista de dança. A maneira sensual como eles se movimentavam foi como um chute no estômago de Viv, especialmente quando Ray beijou seu parceiro.
Ele bateu o copo no bar. Ele tinha visto o suficiente. Ray era perfeitamente capaz de cuidar de si mesmo.
"Qual é o seu problema, cara?" o barman perguntou com raiva.
"Nada", Viv quase gritou, sem tirar os olhos cheios de lágrimas de Ray. Mágoa e raiva tomaram conta dele.

* * * *

Ray congelou na hora em que olhou para a discussão no bar. Ele olhou fixo para Viv, que parecia estar muito chateado. Ray se afastou de seu novo amigo e se desculpou. "Me desculpe, mas eu tenho que ir."
"Ele é seu namorado?"
“Algo assim, mas não realmente. É difícil explicar”, ele disse.
O cara virou e voltou para seus amigos.
Ray foi em direção a Viv. "O que você está fazendo aqui?"
"Obviamente cometendo um grande erro", Viv falou friamente.
Ray agarrou Viv pelo braço e puxou-o para longe de todos ali. Ele ficou com muita raiva e disse. “Só estou fazendo o que você me disse. Achei que era isso o que você queria.”
“Não, Ray, não era isso que eu queria. Eu disse para você encontrar um namorado, e não foder o primeiro perdedor que aparece.”
Ray disse em voz alta. “E o que você espera que eu faça, quando cada vez que me viro, você está lá me olhando? Como vou encontrar outra pessoa quando você está sempre na minha frente?" ele explodiu. “Você não me quer, mas não quer que ninguém mais me tenha! Não posso continuar fingindo para sempre, Viv. Não importa o quanto eu goste do que fazemos, eu quero mais, e você não pode me dar mais porque não sabe o que quer.”
Viv empurrou Ray, que tropeçou para trás contra a parede. “Esta noite eu serei seu namorado. Você pode beijar, abraçar e me sentir o quanto quiser. Eu não vou fazer sexo com você, mas farei todo o resto que quiser. Por favor, não vá para casa com um desses perdedores, e amanhã você pode voltar a encontrar um namorado de verdade.”
Ray percebeu o desespero em sua voz e sua determinação falhou. O que Viv estava fazendo com ele?
"Por favor, Ray."
A boca de Viv estava bem próxima da dele. Ray não resistiu e levantou as mãos para acariciar a nuca de Viv e Ray o beijou.
Saber que ele estava se perdendo em Viv não estava ajudando. Como ele seria capaz de ter um relacionamento real com alguém se Viv continuasse o impedindo?
Ray ficou com vergonha de se despedir das pessoas com quem estava sentado. Em vez disso, ele escolheu que Viv o levasse para casa. Ele queria muito deste homem, mas no fundo ele entendeu que esta noite iria fazer ou quebrar seu pseudo-relacionamento.
Ele nunca reclamou enquanto ficava parado observando Viv se despir e fazer o mesmo com Ray. Para que funcionasse, Viv tinha que ser um participante ativo no que estava acontecendo.
”Ray, venha para a cama”, Viv sussurrou enquanto puxava a coberta.
O jeito como ele parecia tão tímido era uma contradição de como ele realmente era. Ray estava começando a acreditar que isso nem estava acontecendo. Talvez tudo isso fosse apenas um sonho bizarro e chato que iria partir seu coração mais ainda.
A pele ficou arrepiada quando Viv se deitou na cama e estendeu a mão para Ray. O olhar ardente nos olhos de Viv fez com que Ray fosse até ele. Viv deu seu corpo, e Ray não era estúpido o suficiente para dizer não—e ele não se sentiria culpado por nada que acontecesse esta noite.
Sem hesitar, ele deitou ao lado de Viv. Usando os joelhos, ele separou as pernas de Viv e se posicionou entre elas. Balançando-se lentamente, ele pressionou sua ereção contra a de Viv enquanto se inclinava e devorava seus lábios. Parte dele entendeu que tudo isso era novo para Viv. Porra, era novo para Ray também. Ele nunca tinha ido além de beijar e uma chupada, muito menos ficar totalmente nu na cama com alguém. O calor entre eles era como uma fogueira crescendo lentamente antes de ficar loucamente fora de controle.
Fugindo para recuperar o folego, Viv lutou enquanto ele olhava para Ray. Ele sabia que Viv estava sentindo a mesma coisa.
"Você sabe que vou fazer você sentir vários orgasmos antes de terminarmos aqui, não é?" ele terminou esfregando seu pênis com força contra o de Viv. Ele adorava ver como ele tentava ficar calado. Ray queria que Viv falasse alto e gritasse de prazer para o mundo. Ele também queria que Viv visse como as coisas poderiam ser boas entre eles. Se ele fizesse isso direito, Viv iria querer ficar com ele.
Ele era egoísta? Pode ser.
Ele se importou? Claro que não.
"Ray, eu vou…" O olhar de Viv parecia flutuar por toda a sala como se ele não pudesse se fixar em nada ali.
Ray gostou da maneira como ele estava afetando seu amante. "Eu sei. Tudo bem. Solte-se. Eu te pego quando você cair.”
Assistir como Viv fez exatamente isso foi uma coisa incrível de se ver. A forma como seus olhos refletiram o prazer quando seu corpo paralisou segundos antes do esperma jorrar e cair em seu peito.
"Porra… Isso foi tão sexy", Ray sussurrou.
Ele se abaixou para cobrir Viv mais uma vez e se prendeu em seu pescoço com a boca enquanto ele tenatva acelerar o passo.. Ele estava determinado a dar uma chupada e deixar uma marca que todos veriam. Viv poderia admitir que nunca tinha feito isso, mas pelo menos Ray saberia.
“Ray… Por favor…”
A maneira como Viv gemia era como uma sinfonia para Ray. Seu corpo dançou no tempo de cada bela nota. Espasmos de prazer ardente espalharam-se por sua pele escorregadia de suor. Seu saco ficou duro contra seu corpo quanto mais perto ele chegava ao orgasmo. A expressão 'verdadeiro prazer era como ver as estrelas' deve ser verdadeira, porque no momento de seu orgasmo, Ray viu toda a galáxia e muito mais além.
Só quando ele estava voltando para a terra é que se deu conta que Viv estava dizendo seu nome repetidamente em algum tipo de mantra. Soltando o pescoço de Viv, ele aproveitou para beijá-lo profundamente. Se apenas se esfregar em Viv era tão bom, ele se perguntou como seria o sexo na integra—alucinante, com certeza.
Ray virou-se de lado, mas Viv o manteve ali. “Não faça isso. Apenas fique aqui um pouco mais.”
"Não estou indo a lugar algum. Você me prometeu a noite toda e eu pretendo cobrar.” Era verdade e Ray estava pronto para admitir isso. “Eu estava indo pegar algo para nos limpar antes de ficarmos juntos.” Por mais erótico que fosse o sexo, o resultado foi um pouco confuso—isso deve significar que eles fizeram algo certo.
Viv resmungou quando ele finalmente deixou Ray se mover. “Eu vou atender. Afinal, esta é a minha casa.”
A maneira como ele falou foi um pouco confusa. Se Ray não estava enganado, Viv estava tão envolvido com o que eles haviam acabado de fazer assim como Ray. Talvez Viv estivesse chateado por ele ter gostado tanto.
Se ele é contra isso, então por que seu pênis já está tentando se levantar e dizer olá para mim. É como se o corpo dele me quisesse, mas seu cérebro ainda não entendeu o que está acontecendo entre nós. Pretendo passar muito tempo de qualidade esta noite tentando colocar nós dois em alinhamento. Por que ele teria me dado esta noite se ele não queria?
No momento em que Viv chegou perto o suficiente para tocá-lo, Ray agarrou os quadris de Viv. Ele sorriu pra ele antes de se inclinar o suficiente para chupar Viv. Seu cérebro entrou em curto-circuito com seu sabor. Ray gemeu de prazer quando Viv agarrou seu cabelo e empurrou lentamente em sua boca. Se houvesse algo melhor na vida, Ray não tinha certeza do que seria—agora era estar aqui e amar Viv.
"Estou quase lá."
As palavras de Viv filtraram segundos antes de seu esperma encher a boca de Ray. O sabor era um pouco amargo e picante, os dois em um. Assim que Viv teve orgasmo, Ray o empurrou de cara na cama e montou na parte de trás de suas coxas.
"Ray, o que você está …?"
"Silêncio, não estou fazendo nada com o que você não tenha concordado." Inclinando-se para frente, ele colocou as mãos na cama de cada lado dos ombros de Viv e esfregou lentamente seu pênis ao longo da dobra de Viv. Porra, a bunda dele era uma obra de arte. Ela não iria durar muito. Inclinando-se ainda mais, ele sussurrou: "Você é lindo pra caralho."
Arrepios percorreram Viv com suas palavras. Ray não resistiu a lambeu a orelha de Viv, fazendo com que ele resistisse. Esse pequeno movimento foi o suficiente para levar o corpo de Ray ao orgasmo. Ele caiu sem forças nas costas de Viv e ficou lá por uma eternidade. No som da respiração de Viv ele se acomodou e adormeceu.

* * * *

Pela manhã, Viv parecia um pouco distante e um pouco mais frio em relação a ele. Ray montou nas coxas de Viv e deu-lhe um beijo final, bem carinhoso e persistente. Ele se arrependeu e ficou triste. Suspirando de desejo reprimido, ele saiu da cama, se vestiu e parou na porta do quarto de Viv para dar uma olhada nele ainda deitado na cama.
“Eu me diverti. É uma pena que você não possa admitir o mesmo. Eu prometo que não vou contar a ninguém o que aconteceu entre nós, então seu segredo está seguro." Viv ainda não tinha dito nada. “Se você quiser, ficarei longe de você de agora em diante, mas preciso que você faça o mesmo por mim. Eu só voltarei se a família pedir que você se junte a nós em alguma coisa.”
"Você precisa de um namorado de verdade, Ray, não só para uma noite."
“O que eu preciso não é da sua conta, e eu nunca vou conseguir um namorado de verdade se você continuar me perseguindo nos meus encontros. Eu falei sério na noite passada.” Ray disse isso friamente, lamentando sua observação ao ver a expressão de tristeza nos olhos de Viv.
"Ray, você é meu amigo e…"
“Eu não preciso de amigos, Viv. Eu tenho amigos. Preciso de alguém com quem possa fazer amor. Você sabe o quanto me confunde totalmente? O que você diz que quer que eu faça e o que realmente quer que eu faça são duas coisas completamente diferentes. Sabia que nossos amigos pensam que você está apaixonado por mim? Que palhaçada." Ele balançou a cabeça enquanto se virava e saía. Quando ele pensou em tudo que eles fizeram, pensou também em tudo que ele gostaria de fazer, neste momento foi quando suas lágrimas caíram. Ray queria correr de volta e se jogar nos braços de Viv e implorá-lo para ficar.

* * * *

Ray finalmente encontrou coragem para sair em um encontro adequado, o que, graças a Deus, ninguém da família sabia. Este era apenas um cara aleatório que ele conheceu na fila do banco. Eles começaram a conversar quando o cara perguntou se ele era gay e o convidou para sair. Ray não queria contar a ninguém, pois não queria que Viv descobrisse e arruinasse esse encontro.

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