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O Diário De Um Gato Detective
R. F. Kristi


R. F. KRISTI

O DIÁRIO DE UM GATO DETECTIVE

Traduzido por
Inês Nascimento Wellnitz

Ilustrado por Jorje Valle
(COM CONTRIBUIÇÕES PARA AS ANIMAÇÕES POR VIDEO EXPLAINER)
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www.incabookseries.com

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DIREITOS DE AUTOR

© 2017 POR R.F. KRISTI WWW.INCABOOKS.COM (http://WWW.INCABOOKS.COM)

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EDITADO POR: R.F. KRISTI (WWW.INCABOOKS.COM) – PRIMEIRA EDIÇÃO

© 2017 R.F. Kristi
Reservados todos os direitos.
ISBN:
AGRADECIMENTOS

à minha mentora Alinka Rutkowska pela sua orientação e motivação.

à minha editora Amithy Moragoda Alles pela inspiração que me trouxe e por ter sempre uma atenção especial aos detalhes.

ao meu ilustrador Jorge Valle por dar vida à série Inca – da maneira mais maravilhosa.
&
à equipa da Video Explainer pela sua contribuição para as animações.



A minha “árvore genealógica”



Esta é a minha família:

INCA (EU):



Eu sou uma gata siberiana, e nós, os siberianos, somos muito bem-parecidos.

Eu sou a líder natural aqui da trupe.
Isto tem várias razões.
Afinal,

Eu sou a mais velha e a mana grande destes patudos todos!
Eu sou uma gatinha super esperta!
Aposto que não encontravam nenhum gato mais esperto do que eu, nem que nadassem até à China. A Mãe não sabe, mas EU sou A MAIOR aqui da casa.

CARA:

Cara, uma gatinha siamesa bonitinha, é a minha irmã.

Ela é a vaidosa da família.

Anda sempre toda arranjada, penteada e muito elegante e sempre à beira da nossa mãe.

Ela é a preferida da Mãe. Tudo o que ela faz está bem para a Mãe e ela adora dar-lhe graxa. Bleargh!





FROMAGE:

O meu irmão Fromage é um gato tigrado. Ele chama-se assim porque adora queijo, já que “fromage” em francês significa “queijo”.

O Fromage adora qualquer tipo de queijo, ponto parágrafo. Ele também se considera um grande especialista em queijos.

O Fromage é a mascote da nossa loja de queijo. Ele vai à loja com a Mãe todos os dias. Ele tem um grupo de fãs de pessoas em Londres que adoram queijo.

Ele acredita firmemente que ele é o segredo do sucesso da nossa loja de queijo. Fromage também é trapalhão e mete-se em todo o tipo de sarilhos. Se encontrarem alguma coisa partida na nossa casa, podem apostar o vosso último tostão que a asneira foi da autoria do Fromage!




CHARLOTTE:

A Charlotte é um hamster Roborovski e é a melhor amiga do Fromage.

Ela conheceu-o na nossa loja de queijo em Paris e decidiu vir connosco para Londres. A Charlotte adora o Fromage, apesar de todos os sarilhos em que ele se mete. Eu não entendo esta amizade entre o Fromage e a Charlotte. A Charlotte é inteligente e muito rápida, enquanto o Fromage é?... Bem, o Fromage é o Fromage.

O Fromage não se cala e a Charlotte gosta de o ouvir. Talvez seja esta a razão pela qual eles são tão amigos.

O Fromage também fica ciumento quando alguém tenta ficar muito amigo da Charlotte.

MISSY (MÃE):
A Mãe é um humano que nos pertence a todos. Os outros humanos chamam-lhe Missy, mas nós chamamos-lhe Mãe.

A Mãe toma conta da nossa loja de queijo. A loja fica no centro de Kensington, e foi construída à imagem da nossa conhecida loja de queijo em Paris. Nós deixamos a Mãe pensar que nós é que lhe pertencemos, quando na verdade ela é que nos pertence. Ela é o centro do nosso mundo, mas tem uma fixação com coisas que não nos interessam nada:

A nossa comida

A Mãe controla cuidadosamente, contra a nossa vontade, tudo o que comemos.

Não há miaus ou festas que a façam mudar de ideias enquanto ela prepara o jantar. Nem sequer olhares de adoração resultam.

Bolas!!! Bolas!!! E bolas!!!

A lista de comidas “NÃO, NÃO!” para nós, gatinhos

Nada de chantilly
Nada de bacon
Nada de gelados
Nada de pizza

Nada do que é bom!

A nossa higiene
A Mãe é obcecada com a limpeza! Quando menos esperamos – lá saca ela de uma das nossas escovas…

O Fromage tenta esconder-se sempre que a vê ir buscar as escovas.

Mas a Cara fica toda vaidosa e até ronrona quando a Mãe a escova, e os olhos dela brilham como duas safiras cintilantes – só para a Mãe.

O Fromage normalmente rosna-lhe um “Traidora!” e mete-se debaixo do sofá.

Mas acham que ela se importa?

NÃããããããão!

Eu também finjo que protesto, mas não consigo evitar gostar de sentir a escova a passar no meu pêlo. E, de qualquer maneira, ninguém consegue parar a Mãe quando ela entra em modo “limpar os gatos”.

E, sendo assim, porque não desfrutar do inevitável?

TIA FLORENCE:

A tia Florence é a tia humanóide da Mãe.

Não tenho problemas em admitir que a tia Florence me adora.

Ela é a única família que a Mãe tem para além de nós. A tia Florence costumava viver no chalé em que vivemos agora, em Kensigton, Londres. Neste momento a tia Florence vive na Provença, em França.

E AGORA QUE JÁ CONHECEM A MINHA FAMILIA, VAMOS PASSAR A COISAS MAIS INTERESSANTES!
Blá-blá-blá… Preâmbulo
Numa manhã de sábado em princípios de Dezembro:

A minha vida tornou-se tããããããoooo empolgante!

Foi por esta altura que comecei a escrever um diário!

E tu perguntas: porque é que um gato precisa de um diário???!!!

É simples.

Desde que deixámos Paris e chegámos a Londres que eu tive a minha primeira aventura de detectives.
Desde essa altura que sonho em me tornar o melhor gato detective do mundo.

Maior celebridade do mundo dos gatos detectives



O meu diário é importante para tornar o meu sonho realidade. Que melhor maneira podia haver de não perder de vista os meus casos resolvidos do que manter um registo das minhas aventuras?

Decidi então que já era o melhor gato detective de Londres.
Disso não havia dúvidas!

A minha fama ia espalhar-se rapidamente para o resto do país e depois para além-fronteiras, até à cidade onde nasci, Paris, em França.

Imaginei os meus amigos gatos em Paris a ouvirem histórias da famosa gata detective.

Eles iam ficar admirados quado percebessem que era eu!

Alguns diriam que “estava destinado a ser assim” e reconhecer-me-iam como um super especialista gato detective – um gato detective “par excellence”!
Outros iam ficar invejosos e diriam que “foi sorte”.

Mas não havia dúvida – até os gatos invejosos iam ter que reconhecer um gato detective mundialmente famoso!

Esgueirar-me com um caderno em branco da secretária da Mãe enquanto ela estava distraída foi super fácil.


As aventuras de Inca, a Fantástica Gata Siberiana, o gato detective mais famoso do planeta, seria uma obra-prima – um grande sucesso – um best-seller!

Quem é que conseguiria resistir a histórias felinas como as minhas?

Sim – os meus poderes de dedução iriam levar-me ao estrelato.

Esta era a melhor altura para começar, já que o Natal estava à porta. Havia um sentimento de excitação e antecipação no ar.

Sem dúvida! O Natal era a minha festa preferida do ano. O cheiro a pinheiro cortado, as decorações brilhantes e, acima tudo, os nossos presentes debaixo das luzinhas brilhantes da nossa árvore de Natal.

Eu contei à Cara e ao Fromage sobre o meu diário e eles só quiseram saber que papel é que ELES iam ter nele.

“Veremos”, foi tudo o que lhes prometi.

Ainda ouvi um murmúrio de “espertalhona!” da Cara, que fingi ignorar.
Isto era o MEU diário e EU é que decidia o que escrever nele.

Por isso, toma lá!

Qual espertalhona, qual quê!

Nem pensar que vou deixar a minha irmã e o meu irmão mandar no meu diário. Estou mesmo a ver no que ia dar:

Do Fromage: um relambório interminável sobre o seu amado queijo francês!


Da Cara: o último grito em cachecóis e como andar sempre na moda!!!!

A sonhar acordada, imaginei como uma multidão de cães faziam uma vénia à minha inteligência superior.

YESSS!
Eu ia ser Inca, o gato detective par excellence!

Nunca nenhum gato tinha sido tããão adorado pelo público.



Bravo, Inca!



Dezembro

12 Dias Até Ao Natal
Domingo, Já Muito Tarde:

De repente, tive uma sensação estranha, como se alguém estivesse a observar-nos.

Missy, a nossa Mãe, tinha acendido a lareira e a madeira estava a crepitar alegremente. A casa estava quente e confortável, mesmo com o frio tremendo que fazia lá fora.

Era uma noite normal para a família Inca. A Cara, o Fromage, a Charlotte e eu estávamos sentados à volta da lareira com a Mãe, o jovem humanóide que nos pertence.

Eu pensei que estivesse a imaginar coisas, que nos estivessem a observar, e sacudi a cabeça para me acalmar.

Mas aquela sensação voltou.

Como não queria assustar os outros, fui espreitar cuidadosamente pela janela. Não havia nada lá fora – só escuridão, com alguma luz vinda da enorme Lua lá em cima.
Dei duas ou três voltas e sentei-me de novo, virada para a janela, para o caso de entrarem por lá EXTRATERRESTRES para nos atacar.

Os meus olhos estavam a começar a fechar-se quando vi uma sombra a mover-se do lado de fora da janela. Abri-os logo muito outra vez e olhei lá para fora. Mas não vi nada. Só a calma de uma noite muito escura.

De repente, vi dois olhos verdes brilhantes a fixar-me.


O meu coração parou!

Seria um demónio?
Seria um dragão que come fogo?
Seria uma cobra rastejante?
Estaria o meu maior pesadelo prestes a tornar-se realidade? Seriam os extraterrestres que nos iam atacar?

O meu coração começou a bater furiosamente:


Vi uma pata cinzenta, grande e forte a esticar-se na minha direcção e o pelo das minhas costas eriçou-se como um porco-espinho prestes a atacar.

E, depois, percebi que a aquela figura gorducha na janela, que aparecia e desaparecia, era só a cara do nosso amigo Monk!

Expirei então lentamente e os batimentos do meu coração voltaram gradualmente ao seu ritmo normal.


Monk é um Russo Azul com pernas compridas e olhos grandes verde-dourados, que tem um pelo sedoso e cuidado e é muito bonito – para quem gosta de gatos mais gorduchos. Ele usa sempre com um laço vermelho vivo.

Monk é um gato bem esperto.
Vamos a ver se me explico bem. A maior parte dos gatos é naturalmente inteligente. Mas eu já tinha reparado que o Monk é muito mais inteligente do que a maior parte dos outros gatos que eu conheço. Acho que podemos chamar-lhe um gato nerd.

Monk vivia na casa ao lado da nossa com o Solo (um detective mundialmente famoso), o seu assistente Hobbs, e um cão grande chamado Terrance.

Terrance era o melhor amigo do Monk e também ele um grande cão detective.

Levantei-me devagar para não incomodar os outros, saltei pela janela e fui ter com o Monk debaixo de um arbusto denso que separa a nossa casinha do parque que fica na frente da casa enorme dele.

“O que é que se passa, Monk?”, ronronei baixinho.
O Monk, que normalmente é um gato calmo e descontraído, parecia bastante abalado.

Ouvi um som como se fossem campainhas e o pêlo do meu pescoço, que já tinha voltado ao normal, voltou a eriçar-se quando senti o quão perturbado ele estava.

“Tudo OK?”, miei, tentando abafar o meu próprio pânico.

O Monk engoliu em seco e respondeu no seu costumado miau lento, fazendo um esforço para controlar o medo.

“Vocês, gatinhos, têm de vir hoje à noite até minha casa. O Terrance tem novidades, e bastante inesperadas”, murmurou ele.

Prometi-lhe que íamos lá ter assim que a Mãe adormecesse.

Apressei-me a regressar para junto dos outros para lhes dar as novidades, ao mesmo tempo que me perguntava o que poderia perturbar tanto alguém normalmente tão calmo como o Monk.


Domingo Durante A Noite:

A noite estava escura como breu quando nos esgueirámos para casa do Monk. Comparado com o nosso chalé, o Monk vivia numa casa enorme e muito chique. Mas nós adorávamos a nossa casinha e não a trocávamos por nada deste mundo.



Atravessámos a grande cozinha silenciosamente, e o Fromage parou para cheirar uma taça de natas muito tentadoras que o Hobbs tinha deixado para o Monk.
“Anda, Fromage”, silvou a Cara. “O Monk não vai ficar contente se comeres da comida dele sem lhe perguntar primeiro.”

“Nem penses, Cara, o Monk é meu amigo!”, respondeu o Fromage, ao mesmo tempo que punha a língua de fora à Cara.


Mas mesmo assim ele veio atrás de nós, não sem antes olhar melancolicamente para trás, para o prato cheio de natas.

O Monk e o Terrance estavam juntos, sentados numa sala aquecida, em frente a uma lareira enorme, onde a lenha ainda crepitava.

No início, a amizade entre o Monk e o Terrance tinha-me surpreendido.



Como é que um gato esperto como o Monk podia ser tão amigo de um cão?

Mas fui obrigada a mudar de ideias depois que conhecer melhor o Terrance.

Nós, gatos, tínhamos uma má opinião dos cães. Mas o Terrance é alguém de quem até nós, gatos, aprendemos a gostar e respeitar.

Para ser sincera, a nossa opinião sobre cães tinha mudado gradualmente.

Nunca tínhamos tido muito contacto com cães antes de chegar a Londres. Também nunca tínhamos querido ter. Tínhamo-los sempre tratado como animais terríveis e peludos e um bocado malcheirosos.

Mas agora era diferente. Agora tínhamos dois amigos cães com quem andávamos regularmente.

O Terrance e o Polo!

O Terrance era um cão forte, um Golden Retriever com um pêlo comprido dourado. Apesar do seu olhar um bocado piegas e da sua língua cor-de-rosa, babada e sempre ao dependuro, ele é muito esperto.

Ele era famoso por ter ajudado o Solo a resolver muitos casos.

Se havia alguma coisa que eu respeitava nele, era ele ser tão popular, tanto com os animais como com os humanóides bípedes que nos rodeavam.

A sua expressão meia tonta e a língua babada não mudavam isso nem um bocadinho.

Eu adorava ser popular assim.

O Terrance costumava acompanhar o Solo e o Hobbs para todo o lado.

O Solo tinha posto o Terrance numa escola para cães muito famosa. Ele não se tinha arrependido, pois Terrance tinha tido as melhores notas na Academia Canina de Busca e Salvamento. O Terrance era um bom colaborador da agência de detectives de Solo.

Eu estava morta por saber o que é que o Terrance andava a fazer.

O Terrance abanou a cauda quando nos viu e deu-nos um sorriso de boas vindas. O Monk saltou da sua cadeira favorita e veio receber-nos.

“Alguém quer natas frescas?”, ronronou ele na sua voz grave.

“Obrigada, NÃO”, respondeu a Cara antes que o Fromage ou eu pudéssemos dizer alguma coisa, “nós jantámos antes de vir.”

O Fromage olhou para ela fixamente.
Conhecendo bem o meu irmão, e sabendo que ele estava a preparar-se para começar uma briga, eu mudei rapidamente de assunto.

“Terrance, o que se passa?”, miei.
“Há novidades importantes acerca do Raoul, o pai desaparecido do Polo!”, disse o Terrance, depois que toda a gente se sentou no lugar do costume na biblioteca.

Tenho de vos falar sobre o nosso amigo Polo e o triste estado em que está a sua família.

O Polo é um pequinês. Ele é baixinho e não é muito maior do que eu.

Nós conhecemos o Polo quando nos mudámos de Paris para Londres no Verão passado. Curiosamente, havia uma amizade especial entre ele e a Charlotte.

Tinha havido alguns ciúmes entre o Fromage e o Polo por causa da Charlotte. Foi um alívio quando esses ciúmes passaram à história.

O Polo pertencia à Señora Conchita Consoles, a quem toda a gente chamava Senõra, uma cantora de ópera reformada.



A Señora tinha perdido o seu marido, Raoul, quando ele desapareceu ao escalar o Monte Evereste nos Himalaias. Desde essa altura, e até nós chegarmos, ela tinha estado muito triste.

Ela estava a recuperar-se pouco a pouco da perda de Raoul. Mas nós sabíamos que tanto a Señora como o Polo sentiam terrivelmente a falta do Raoul.

Tornámo-nos bons amigos quando ajudámos o Polo durante o mistério do colar de diamantes desaparecido da Señora.

O desfecho tinha sido surpreendente, mas fantástico, apesar do susto que foi o desaparecimento do Fromage e o sítio muito estranho em que o colar foi descoberto.

Foi nessa altura que o bichinho das investigações me mordeu. Eu estava morta por me envolver noutro caso e tornar-me uma detective famosa de direito próprio.

O Terrance continuou a contar a sua história em latidos graves.

“O Solo chegou a casa com novidades que, se se confirmarem, vão deixar o Polo felicíssimo.”

“O Solo tem um amigo que trabalha para os Médicos Sem Fronteiras no Nepal.”



“Numa viagem recente a Londres, o jovem médico disse ao Solo que tinha ouvido falar de um estrangeiro, ferido, que estava a ser tratado por alguns habitantes locais numa aldeia perto dos Himalaias.”

“A breve descrição que lhe deram fizeram-no pensar que se possa tratar de Raoul, o marido da Señora.”

“Nós vamos aos Himalaias para confirmar esta informação, uma vez que o Solo não pode ter a certeza se é mesmo Raoul, o dono do Polo.”

“Se a Señora ou o Polo ficam a saber disto e afinal é outra pessoa, eles vão ficar muito desiludidos.”

“O mais importante é evitar que tanto a Señora como o Polo saibam oq eu se passa até termos a certeza de que este estrangeiro é o Raoul”, disse o Terrance.

“Não te preocupes, nós vamos fazer tudo para que isto não chegue aos ouvidos do Polo”, disse eu, olhando para o Fromage e a Charlotte com um olhar severo.

“A última coisa que eu quero é desiludir o Polo. Ele é nosso amigo”, disse a Charlotte, olhando para o Fromage e franzindo os seus olhinhos pequeninos.
“Também eu”, murmurou o Fromage, um pouco acanhado. Eu respirei de alívio.

Terrance deu-nos mais pormenores.

Ele ia acompanhar Solo e Hobbs na viagem até ao Nepal. Eles iam apanhar o avião de Inglaterra para Katmandu, a capital do Nepal, onde iam alugar um carro para ir até aos Himalaias. De lá iriam a pé até à aldeia, com a ajuda de um guia local.

O Terrance disse-nos que a parte da viagem que iam fazer a pé era perigosa e difícil, Iam ter de andar por caminhos estreitos em encostas montanhosas.

Mas o Solo estava decidido a fazê-lo porque o Raoul era seu amigo. Se o Raoul estivesse vivo, ia fazer toda a diferença do mundo para a Señora se ela pudesse vê-lo outra vez.

“E não só para a Señora”, disse a Charlotte, numa voz fininha.
“Também para o Polo. Ele adorava o Raoul! Afinal, ele é o pai dele”, suspirou Charlotte com o seu narizinho a tremer.

Prometemos ao Terrance não dizer uma palavra ao Polo acerca da razão que os levava a viajar até ao Nepal.

“Quando é que partem?”, perguntei.

“Amanhã”, ladrou o Terrance.

“O Hobbs está a fazer as malas. Ele já comprou os bilhetes de avião para o Nepal. Eu vou agora tomar as minhas vacinas para poder viajar para fora do país.”

De repente lembrei-me de uma coisa – e o Natal?

Nós tencionávamos festejar o Natal todos juntos em casa do Solo. A Señora, o Polo, os empregados deles, o Senhor e a Senhora Applebee, que eram parentes do Hobbs e muito simpáticos, e a Mãe andavam a planear o jantar de Natal há semanas.

“Se tudo correr bem, estaremos de volta antes do Natal”, disse o Terrance.

Eu senti um arrepio na espinha quando vi o olhar pensativo que os dois velhos amigos, Monk e Terrance, trocaram entre si.

Lembrei-me do que o Terrance tinha dito acerca da última parte da viagem, que era muito perigosa e extremamente arriscada.

E eu aqui, a pensar na festa de Natal, enquanto a família do Monk ia viajar por algumas das estradas mais perigosas do mundo para ajudar a Señora e o Polo, dois bons amigos nossos.
Que egoísta que eu sou!

Não admira que o Monk estivesse em pânico quando me visitou nesse dia.

Ele parecia ter-se acalmado, mas devia estar ansioso por ver a sua família fazer uma viagem tão perigosa – e a perguntar-se se eles regressariam sãos e salvos.

Os Himalaias! Hmmmm… pensei eu. Nunca tinha ouvido falar desse sítio. Eu, que normalmente gostava de saber tudo, estava perplexa.

“Onde é que isso fica?”, perguntei ao Terrance.

Ele foi até à secretária do Solo e trouxe-nos um livro com fotografias dos Himalaias.

Que paisagem extraordinária! Imensas montanhas com o cume coberto de neve. Aquele lugar era enorme e tinha um ar muito inóspito. Eu imaginava como devia ser gelado…

Eu imaginei o Terrance observando os Himalaias, pronto para os conquistar.

“Solo não acha que esta seja a melhor altura do ano para visitar os Himalaias, já que entre Novembro e Março é extremamente frio”, ladrou o Terrance

“Mas, por outro lado, o Solo também não quer esperar nem mais um dia, no caso de o Raoul estar vivo e a precisar de cuidados médico.

Nós vamos de avião directos a Katmandu”, concluiu o Terrance.



“Vai ser difícil para ti ficares sozinho, Monk?”, perguntou a Cara com o seu miado suave.

“O Lance vem até cá. O Solo ligou-lhe ontem à noite e pediu-lhe para tomar conta da casa até eles voltarem”, respondeu Monk, piscando os olhos.

“Quem é o Lance?”, perguntou o Fromage.

“Um familiar afastado do Solo”, disse o Monk.

“É um rapaz novo, sempre metido em biscates. Ele fica cá quando o Solo e o Hobbs estão a trabalhar num caso.”

“Ele não é má pessoa, mas eu tento manter-me afastado dele. Normalmente ele fica por aqui a ver televisão enquanto come sem parar, e tem umas ideias meio malucas para ganhar dinheiro”, miou o Monk.
11 Dias Até Ao Natal

Segunda-Feira De Manhã:

Nós fomos até casa do Monk para nos despedirmos dos nossos amigos que iam partir para os Himalaias.

O Solo e o Hobbs tinham imensa bagagem espalhada pelo hall de entrada. Eles iam levar os casacos de inverno e as botas para os manterem quentes nas montanhas altas dos Himalaias.

O Terrance tinha um casaco de malha polar bem quentinho e umas botinhas para proteger as patas dele das pedras afiadas e do frio.

Também se viam tendas robustas e uma caixa grande de mantimentos enlatados suficientes para duas semanas.

Coisas como frutas e vegetais e outros produtos que só se podem comer frescos iam ser comprados pelo guia deles no mercado, antes de fazer a viagem a pé.

O Terrance tinha comida enlatada especial e uma grande embalagem de biscoitos para cão.

O Fromage tinha-me dito que, quando a Mãe tinha sabido da viagem deles, tinha vindo trazer-lhes um bocado grande de queijo francês, bem embrulhado em papel de alumínio, para eles levarem na viagem.
Ele cheirou o queijo através da caixa e declarou que ele estava bem embalado lá dentro.

O Monk fez uma careta quando a sua família se preparou para partir.

Conhecendo o Monk há tempo suficiente, eu sabia que ele estava preocupado com a segurança da sua família, embora o escondesse. Ainda assim, a sua expressão, normalmente calma e bem-humorada, estava tensa.

“Fica bem, amigo, estaremos de volta antes que tenhas tempo de sentir a nossa falta”, disse o Terrance ao Monk.

“Não te preocupes muito com o Monk. Prometo-te que vamos fazer-lhe companhia até tu voltares”, sussurrei eu ao Terrance quando o Monk não estava a olhar.

“Toma conta de ti e traz toda a gente de volta sã e salva, de preferência incluindo o Raoul. Isso ia deixar o Polo doido de alegria”, acrescentei.

“Obrigado, Inca. Tivemos muita sorte por vocês se terem mudado para a casinha aqui ao lado”, ladrou o Terrance, enquanto me dava aquele sorriso meio de lado com a língua cor-de-rosa ao dependuro.

Pouco depois chegou um táxi preto e grande. O Lance, que tinha chegado entretanto, juntamente com o Hobbs e o taxista, carregaram o carro com a bagagem, e lá foram eles começar a sua viagem até ao Nepal.



Eu virei-me na ombreira da porta para olhar para o Lance.

Ele era um rapaz novo com cabelo castanho claro e olhos de um azul vivo. Estava vestido de maneira descontraída com umas calças de ganga e uma camisola e tinha, no seu todo, um ar de quem não leva nada muito a sério.

O Lance estava a observar a Cara de perto, levantando-a bem alto no ar, e pela cara dela dava para perceber que ela não gostava de estar a ser transportada por este estranho.

Depois ele virou-se para mim e levantou-me do chão para me examinar atentamente.

Perguntei-me qual seria a causa deste interesse repentino em NÓS, já que ele estava a ignorar completamente o Fromage.
Debati-me nos seus braços e escapei para o chão.

“Como te atreves a pegar em mim e examinar-me como se eu fosse uma cobaia num laboratório?”, pensei com os meus botões.

Fiquei com a sensação de que o Lance estava a tramar alguma.
“Vamos voltar para casa”, disse eu aos outros, para evitar estar perto do Lance mais tempo do que o estritamente necessário.

Depois de convidar o Monk para vir passar tempo connosco sempre que ele quisesse, deixámo-lo e ao Lance e corremos para casa, já que a Mãe devia estar a chegar para fazer o jantar.

Nós adorávamos fazer corridas. Eu sou pequena mas também sou rápida. Eu consegui ganhar tanto à Cara como ao Fromage e ser a primeira a meter a cabeça pela porta.
O Fromage tinha decidido não ir à loja de queijo nessa manhã, já que ele queria despedir-se do Terrance.

Mas até um dia longe da sua amada loja de queijo era demasiado para o Fromage.


Segunda-Feira De Manhã:

A Mãe estava a trabalhar no seu computador portátil, sentada com as pernas cruzadas no confortável sofá.

A Cara e o Fromage tinham tomado posse do tapete em frente ao sofá, e a Charlotte estava aninhada em cima do cachecol de lã do Fromage.
Sentada no meu lugar nas costas do sofá, atrás da Mãe, olhei para a minha família, e dei um grande bocejo. Como chefe do Reino Inca, este era o meu lugar favorito. E eu também gostava de ler o que a Mãe estava a escrever no computador.







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