Читать онлайн книгу «Diamantes Não Choram» автора Dawn Brower

Diamantes Não Choram
Dawn Brower
Apesar de todo o sofrimento, Scarlett nunca deixou de amar JD, mas duvida que possa confiar nele novamente. Há muitos anos e incertezas entre eles para voltar. Justamente quando ela começa a ter esperança, algo mais ameaça destruí-la e ela precisará de JD mais do que nunca. Curar velhas feridas pode ser o bálsamo que Scarlett precisa para encontrar forças para sobreviver à agonia que a aguarda. A vida de Scarlett Oliver nem sempre foi fácil. Embora muitos acreditem que foi… As letras de suas músicas vêm de sua alma e a música que as acompanha do mundo ao seu redor. Ambos a ajudam a passar por alguns dos momentos mais difíceis de sua vida. Quando tinha dezoito anos, ela planejava se casar com seu verdadeiro amor, até que ele a abandonou no altar e fugiu com sua melhor amiga. Ela se jogou em sua música e construiu uma carreira que a maioria invejaria. Tudo parece ir bem até que o único homem que ela já amou retorna e sua própria presença pode destruir sua fachada cuidadosamente trabalhada. Jensen ”JD” Drake sempre amou Scarlett. Seu único arrependimento foi deixá-la para trás para perseguir seus próprios sonhos. Ele permitiu que ela acreditasse que a traiu para que fosse mais fácil para ele sair, mas nenhuma mulher jamais teve seu coração do jeito que ela tem. Agora um receptor do Sparkle City Suns, ele voltou para casa e pretende reivindicar o coração dela mais uma vez. Não será fácil, mas nada que vale a pena ter é. Apesar de todo o sofrimento, Scarlett nunca deixou de amar JD, mas duvida que possa confiar nele novamente. Há muitos anos e incertezas entre eles para voltar atrás. Justamente quando ela começa a ter esperança, algo mais ameaça destruí-la e ela precisará de JD mais do que nunca. Curar velhas feridas pode ser o bálsamo que Scarlett precisa para encontrar forças para sobreviver à agonia que a aguarda.

Dawn Brower
Diamantes Não Choram

DIAMANTES NÃO CHORAM
SPARKLE CITY LIVRO UM

DAWN BROWER

TRADUZIDO POR LAURA TRUAN
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são produtos da imaginação do autor ou são usados de forma fictícia e não devem ser interpretados como reais. Qualquer semelhança com locais reais, organizações, ou pessoas, mortas ou vivas, é completamente coincidência.
Diamantes Não Choram Copyright © 2019 por Dawn Brower
Todos os direitos reservados.
Arte da capa e edições de Victoria Miller
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida de nenhuma forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico, incluindo sistemas de armazenamento e recuperação de informações, sem a permissão por escrito do autor, exceto pelo uso de citações breves em uma resenha.
Publicadas por Tektime

AGRADECIMENTOS
Obrigada àqueles que me ajudaram a polir este livro. Elizabeth, você é minha número um. Você é sempre a melhor. Também obrigada mais uma vez à minha incrível editora e artista de capa, Victoria Miller. Você me faz uma escritora melhor e sem você, eu poderia não estar onde estou hoje.
Para minha mãe… todo dia eu desejo que você estivesse aqui e nunca paro de sentir sua falta.


PRÓLOGO
Scarlett Oliver levantou o rosto em direção ao céu, fechou os olhos e se deliciou com o sol. Sussurros ao vento encheram seus ouvidos, formando uma melodia suave em sua mente. Ela cantarolava a música por hábito, até que estivesse gravada em sua memória. Mais tarde, ela colocava no papel para sempre poder voltar a isso quando seu humor pedia. A música era como o mundo falava com ela, e ela, por sua vez, respondia.
– Você não tem um lugar em que precisa estar?
Suas pálpebras se abriram e ela encontrou o olhar de sua meia-irmã, Faith Pen. Seus cabelos pintados de preto eram cortados em estilo pixie que emoldurava seu rosto, e seus olhos verde-oliva quase brilhavam com malicia. Faith tinha a aparência de uma sininho sombria. Ela era baixa e pequena em todos os aspectos possíveis. Quase todo mundo se erguia sobre ela. Até a irmã gêmea fraterna de Faith, Ashlyn, era mais alta que ela. Onde Faith tinha cabelos escuros, os de Ashlyn eram castanhos claros, mas tinham o mesmo tom de olhos.
Scarlett sorriu suavemente. – Esta é a sua maneira de me dizer que estou deixando todo mundo esperando.
– Você deveria estar se arrumando. Você vai estragar sua maquiagem e cabelo aqui. – Faith passou a mão levemente pelo penteado elaborado em que o cabelo loiro morango de Scarlett estava preso. – Essas presilhas douradas e com diamantes parecem tão bonitas no seu cabelo. Entre antes que se arrependa de ter vindo pra cá. Você realmente quer ser esse tipo de noiva? Você sabe, aquela que chega atrasada para o próprio casamento.
Era o dia do seu casamento. Ela se casaria com o homem que sempre amara. Eles provavelmente deveriam esperar, mas não parecia certo. Quando JD propôs, ela disse sim, sem tomar um momento para pensar sobre isso. Ser esposa dele era um dos seus maiores sonhos e, em pouco tempo, isso finalmente aconteceria. Excitação misturada com nervosismo a preencheram. Borboletas dançavam em seu estômago, e seu coração batia mais rápido ao pensar no momento em que eles diriam seus votos.
– Se você insiste – disse Scarlett levemente. – Acho que vou me enfiar naquele vestido fofo que mamãe insistiu que era perfeito.
– Você nunca deveria ter deixado que ela te convencesse sobre isso. É o seu dia, e você deveria ter escolhido um vestido perfeito para você.
Faith já havia dito isso várias vezes para ela. Scarlett queria que todos fossem felizes, e era apenas um vestido. O importante era que, no final do dia, ela seria a Sra. Jensen Drake e JD sempre a amaria.
– Poderia ser pior – disse ela e deu de ombros. – Quando você encontrar o homem dos seus sonhos e planejar o seu casamento, poderá se manter firme. Isso não é tão importante para mim.
Scarlett nunca se concentrou em coisas materiais. As pessoas em sua vida eram muito mais essenciais para ela do que quaisquer itens superficiais. Se a sua mãe ficara feliz em escolher o vestido, Scarlett também ficara feliz.
– Vamos lá – disse Faith e gesticulou em direção à igreja. – Você não quer que JD a veja antes do casamento. Isso dá azar.
Faith passou o braço em volta dos ombros de Scarlett e voltaram para a igreja, indo direto para o quarto que fora designado para Scarlett se preparar para o casamento. O noivo e os outros homens chegariam mais tarde quando fosse a hora da cerimônia. Ela olhou para um relógio próximo e franziu a testa. Seu estômago apertou quando o medo começou a preenchê-la. Na verdade… Eles devem chegar em breve. Havia algo errado? Ela deveria estar preocupada?
– Eu realmente fiquei ali mais tempo do que deveria.
– Eu tentei te contar – Reclamou Faith. – Vamos colocá-la neste vestido para que seu casamento comece na hora.
– Onde está Shayla? – Ela examinou a sala. Shayla era a melhor amiga de Scarlett e sua dama de honra. – Por que ela não veio me encontrar?
– Ela não estava aqui quando cheguei – disse a irmã. – Mas você conhece Shayla, ela provavelmente encontrou algo mais interessante para ocupar seu tempo.
Essa era a maneira de sua irmã dizer que Shayla era inconstante, mas sua melhor amiga aparecia quando importava. Ela não estava preocupada, sua amiga estaria lá para apoiá-la quando Scarlett se casasse com JD.
– Ela estará aqui. Você pode substitui-la e terminar de me ajudar? – Ela se virou para encontrar o olhar de Faith. – Por favorzinho?
– Claro, eu vou ajudá-la. Não é isso que eu tenho feito o tempo todo?
Faith foi até o outro lado da sala, pegou um cabide com o vestido e levou até Scarlett, pendurando em um gancho próximo, depois abriu o zíper, revelando um magnífico vestido de organza branco texturizado com o corpete drapeado e uma saia assimétrica com uma sobreposição frontal dividida. Scarlett esperava que ao concordar em usá-lo, fizesse sua mãe feliz, porque o vestido era um pouco ostensivo em sua opinião.
– Suponho que é um pouco bonito – disse Faith, mas seu tom sugeria que ela não acreditava em suas próprias palavras.
– Algumas pessoas provavelmente vão gostar. – Scarlett se levantou e rapidamente abraçou a irmã. – Ashlyn virá hoje?
Ela sempre foi mais próxima de Faith do que Ashlyn. Elas tinham interesses semelhantes, mas o cérebro de Ashlyn a levara para os estudos e ela colocara toda a sua energia na escola. No ritmo em que estava indo, ela terminaria o ensino médio em breve e depois estaria na faculdade antes que Scarlett decidisse o que queria fazer da vida. Ela murmurara algo sobre uma prova importante e que o casamento realmente não iria acontecer, então por que perder seu tempo vindo? Isso machucara os sentimentos de Scarlett, mas ela deu de ombros. Aquela era Ashlyn…
Ela também não queria realmente acreditar em suas palavras. A habilidade de Ashlyn permitia que ela visse coisas que os outros não viam. Onde Scarlett tinha habilidades clairaudientes, que ajudavam com sua música, Ashlyn tinha premonições menores e uma memória fotográfica. Faith tinha uma habilidade psicométrica e sabia ler auras e isso a fez não querer se aproximar de muitas pessoas. Suas habilidades psíquicas foram transmitidas do lado da família da sua mãe.
Faith puxou o vestido e a manteve de costas para Scarlett. – Ashlyn não vai participar. Ela não acha que o casamento ocorrerá.
Scarlett congelou.
– Ela ainda está dizendo isso?
Seu medo anterior se transformou em pavor. Ela não queria ouvir as premonições de sua irmã. Scarlett queria acreditar que nada iria interromper seu dia especial. Ela ainda acreditava.
– Ela teve uma de suas visões – disse Faith. – Elas nem sempre se tornam realidade. – As palavras saíram de sua boca rapidamente. – Você não pode deixar com que ela faça você duvidar de qualquer coisa. JD te ama.
Ele amava, e ela não deixaria Ashlyn arruinar seu grande dia. Ela soltou o ar que estava segurando. Podia parecer que ela e JD estavam se apressando para se casarem, mas ela acreditava que estavam tomando a decisão certa. Eles iam para a faculdade juntos e, um dia, voltariam para Sparkle City. Eles construiriam uma vida incrível juntos.
– Acho que é hora de colocar meu vestido.
Ela se despiu e ficou de sutiã e calcinha no quarto, depois virou-se para a irmã. Scarlett também não insistiria na ausência de Ashlyn. A irmã delas era teimosa. Todas eram na verdade, mas Scarlett nunca teria faltado no casamento de sua irmã. Doeu mais do que ela admitiria, que Ashlyn tivesse decidido ficar em casa. Mesmo que sua visão se tornasse realidade, o que não aconteceria, Ashlyn deveria ter vindo para apoiá-la. Ela precisava de suas irmãs em qualquer situação – boa ou ruim. Este era um dia especial para ela.
Faith sorriu e estendeu o vestido para ela. Scarlett pegou e colocou as pernas dentro. Uma vez puxado para cima, Faith o fechou no topo. O vestido combinava perfeitamente com ela, e até se sentia um pouco bonita usando-o. Ela se virou para se olhar no espelho. Isso estava realmente acontecendo. Em menos de uma hora, ela estaria na frente do pastor e se casaria com o homem que amava.
– O vestido ficou bem em você – disse Faith. – Talvez a mamãe saiba mais do que acreditamos.
– Talvez – disse Scarlett. – Não é o que eu escolheria para mim. – Era um vestido adorável e caro. – Não vamos dizer à mamãe que ela tem bom gosto. Isso pode lhe dar ideias.
A mãe delas, Enid Oliver-Penn, poderia ser… teimosa. Uma vez que tinha uma ideia, se recusava a deixar passar sem uma boa briga.
– Será o nosso segredo – Faith disse suavemente. – Você está pronta para isso?
– Nunca estive tão pronta para nada.
Uma batida ecoou pela sala.
– Deve estar na hora de começar. – Faith caminhou até a porta e a abriu. Um homem com cabelos castanhos e olhos dourados vestindo um terno escuro estava do outro lado. Harrison Thoreau, o melhor amigo de JD.
– Eu preciso falar com Scarlett – ele disse suavemente. O que ele estava fazendo lá? Ele não deveria estar com JD, se preparando para o casamento?
Faith franziu a testa e depois abriu a porta para permitir a entrada de Harrison. Scarlett estava vestida, então não havia motivo para fazê-lo ficar do lado de fora. Ele enfiou as mãos nos bolsos e não encontrou o olhar dela.
– Você veio falar comigo – disse Scarlett. – O que você precisava dizer?
Ela tinha uma sensação muito ruim de que não iria gostar, mas ao mesmo tempo, também precisava ouvir. Scarlett respirou fundo e se preparou para as palavras dele. Ele tirou as mãos dos bolsos e enfiou a mão dentro da jaqueta, tirando um envelope e entregando a ela.
– Isto é para você.
Ela levantou uma sobrancelha. – O que é isso?
– Abra – ele disse. Harrison desviou o olhar. – Não é para eu dizer…
Scarlett se aproximou para pegar o envelope, mas Faith entrou na sua frente, pegou o envelope de Harrison e respirou fundo.
– Não abra isso – ela disse a Scarlett. – Você não quer ler o que está aí.
Maldita Faith e sua capacidade psicométrica. Tinha que ser horrível se ela estava dizendo para não abrir. Faith não saberia o que a carta diria, mas conheceria os sentimentos da pessoa que a enviou.
– De quem é? – Ela perguntou. Ela não queria ouvir Faith. Ler a carta era tudo o que ela podia fazer neste momento. Scarlett tinha que saber o que o envelope continha. Bom ou ruim, ela tinha que enfrentar.
Scarlett se aproximou de sua irmã e arrancou o envelope dela. Ela tinha a sensação de que sabia o que havia dentro. Todos os avisos estavam lá. Ela até ouviu alguns sussurros na música ao seu redor, mas os ignorou. Ela não queria acreditar na tristeza que haviam predito. Ela abriu e leu a carta.

Scarlett,
Por favor, perdoe-me… mas não posso fazer isso. Somos jovens demais e quero fazer muito da minha vida. Fui recrutado para jogar pela liga Triple A do Starlington Sparklers. Não posso deixar passar esta oportunidade e não quero arrastá-la comigo. Talvez um dia possamos encontrar o caminho de volta para ficarmos juntos novamente. Entendo se você nunca mais quiser me ver. Eu não mereço você ou seu bom coração.
Sempre,
JD
Uma lágrima escorreu por sua bochecha. Isso não deveria acontecer. Por que ele esperaria tanto tempo para contar a ela? Planejaram o casamento por semanas. Na semana que vem, a faculdade começaria… Ela deixou a carta cair no chão. Ela tinha que sair desse vestido.
– Onde está Shayla? – Ela precisava de sua melhor amiga. – Ela ainda não veio? – Shayla saberia o que fazer a seguir.
Harrison congelou e depois lentamente começou a sair da sala. Algo assobiou em seu ouvido. Ela girou e encontrou o olhar dele.
– O que você não está me dizendo?
– Acho que você teve choques suficientes por um dia – disse Harrison. – Vou deixar você resolver tudo isso. A menos que queira que eu faça um anúncio ou algo assim.
– Oh Deus – disse Scarlett. O que Harrison não havia dito a atingiu imediatamente. Não havia carta explicando para onde Shayla foi. Teria sido um pouco brega dar isso a ela no dia do casamento. A sua melhor amiga fugiu com o noivo. – Por favor, diga que não é verdade.
– Eu gostaria de poder – disse Harrison. Sua voz estava cheia de remorso. – JD está cometendo um erro. Ele vai se arrepender disso um dia.
Scarlett permaneceu imóvel por vários batimentos cardíacos. Nada tinha saído como planejado. Nada seria o mesmo. Por que ela havia colocado tanta expectativa nesse dia? Por que confiara tanto em JD com a sua felicidade? Seu coração batia forte no peito e o quarto começou a girar. Ela estendeu a mão para se firmar contra a superfície sólida mais próxima e caiu contra Harrison. Ele fechou os braços em volta dela, segurando-a na posição vertical. Scarlett não choraria. Ela não desmoronaria. Essa dor no coração não a destruiria e ela seguiria em frente com sua vida. JD não seria o seu fim. Isso era um começo. Não o que ela esperava, mas um caminho diferente ao mesmo tempo.
– Não importa – disse Scarlett e se afastou de Harrison. Ela não aceitaria mais conforto dele ou de ninguém. Ela tinha que fazer tudo por si mesma. A independência era a chave para sobreviver. – Nada disso importa. Nada será o mesmo, e não quero que seja.
É hora de ela crescer e viver sua vida por si mesma. Ela depositou muita confiança em JD, e isso foi tolice da sua parte. É bom que ela soubesse agora, e não depois que se casassem. Ela teria arrependimentos então. Ela se virou para Faith e fez o possível para endurecer seu coração.
– Me ajude a sair deste vestido. Temos que ir fazer um anúncio.
– Eu posso fazer isso por você – Harrison repetiu sua oferta. – É o mínimo que posso fazer…
– Obrigada – disse Scarlett com uma voz monótona. Ela havia perdido toda a capacidade de sentir qualquer coisa. – Mas você já fez o suficiente. Por favor, saia agora.
Harrison girou nos calcanhares e saiu do quarto. Faith deslizou o zíper sobre o vestido de noiva. Scarlett deslizou para fora e jogou o vestido para o lado. Talvez mais tarde ela o queimasse, nunca mais queria ver o vestido ofensivo. Ashlyn tinha razão. Hoje não haveria casamento e era hora de enfrentar todo mundo. A irritava que sua irmã havia previsto exatamente isso e ela mesma havia decidido ignorá-la. Por que deveria ter acreditado em Ashlyn? JD nunca tinha falhado com ela antes.
Havia uma primeira vez para tudo. Na próxima vez, ela não descartaria uma das visões de Ashlyn, mas ela nunca perdoaria sua irmã. Ashlyn deveria estar aqui. Deveria saber que ela precisaria dela, mas escolheu ficar longe. Scarlett levantou a cabeça e saiu da sala. Este era um dia que ela nunca esqueceria. Seria um lembrete de que os felizes para sempre não eram para todos. Ela perdera a chance e teria que criar uma vida completamente diferente para si mesma.

CAPÍTULO UM
Dez anos depois…

Jensen “JD” Drake olhou pela grande janela do décimo andar do prédio em que estava parado por mais de uma hora. Sparkle City não mudou nos últimos anos desde que fora embora. Ele havia retornado algumas vezes antes, mas só para um jogo ocasional, e nunca deixara o estádio ou o quarto de hotel designado quando visitava sua cidade natal. Era provável que JD não esbarrasse em alguém, e preferia dessa forma. Ele cometera muitos erros que temia nunca ser capaz de consertar. Uma pessoa em particular tinha todos os motivos para odiá-lo ‒ Scarlett.
Fazer as pazes não seria fácil. Ele não queria encontrá-la antes que tivesse a chance de descobrir como realizar esse feito enorme. Ela era a única pessoa que rezava para que o perdoasse. Ele havia cometido um grande erro com ela. Estar em casa novamente… Trouxe de volta muita culpa e arrependimento. Ele odiava até as viagens rápidas para os jogos fora porque estava evitando seus demônios secretos. Agora, porém, ele não tinha outra escolha senão explorar a cidade. Era mais uma vez sua casa.
Mais cedo naquele dia, ele aceitou um acordo para se mudar para o Sparkle City Suns, e ele seria o novo receptor deles. Uma vez ele sonhara em jogar beisebol pelo Suns, ser parte da equipe e se casar com Scarlett Oliver, essas eram as únicas duas coisas que ele sempre quis, mas destruiu o último e não tinha chance de tê-la alguma vez em sua vida novamente. O que ela faria quando percebesse que ele retornara? Ela se importaria? JD não a culparia se nunca mais quisesse vê-lo novamente.
Ele não podia deixá-la monopolizar seus pensamentos. Era crucial que ele prestasse atenção ao que seu novo empresário tinha a lhe dizer. Algo sobre seus novos contratos.
– Você está me ouvindo? – Calvin Rooney perguntou, um pouco de irritação deslizou em sua voz enquanto falava.
JD virou-se para encará-lo. O homem mais velho tinha cabelos grisalhos e olhos castanhos quase tão escuros quanto uma forte xícara de café. Se seu empresário anterior não tivesse decidido se aposentar, JD não estaria no escritório de Calvin Rooney. Ele ainda não tinha certeza de que gostava do cara. Havia algo quase… viscoso nele. Além do pressentimento que sentiu na presença do homem, JD não tinha nenhum motivo para questionar suas habilidades. Ele negociara seu contrato melhor do que poderia ter antecipado. Então, ele deixou seus sentimentos de lado e continuou a trabalhar com ele. Pelo menos, até que ele lhe desse uma razão para não. – Minhas desculpas – disse JD suavemente. – Eu tenho muito em que pensar.
A temporada já havia começado. Em mais um mês, eles estariam no período de folga no All-Star. A escolha para a rodada principal terminaria em algumas semanas. Depois disso seria a rodada inicial. Ele esperava ainda ter a chance de fazer parte do time. Inferno, ele esperava muito mais do que isso, mas começaria a avançar em sua carreira. Scarlett… Bem, ela poderia socá-lo se eles se cruzassem, e ele mereceria. Sempre havia uma chance de ela não estar na cidade. Ela poderia estar em turnê ou algo assim. Ele não se incomodou em verificar porque estava com muito medo de saber.
– Seja como for – Calvin começou a dizer e efetivamente tirou JD de suas reflexões internas novamente. – Temos muito que rever antes de você ir. Eu tenho os contratos definitivos, e as cláusulas que pediu foram adicionadas. Tudo o que você precisa fazer é revisar as alterações, assinar e datar.
Com o movimento de uma caneta no papel, ele faria algumas mudanças em sua vida. Ele esteve livre de agentes antes deste contrato. Depois que assinasse, jogaria pelos Suns pelos próximos cinco anos. Eles não poderiam trocá-lo, a menos que ele concordasse. Ele gostou da ideia de consistência e de não ter que se mudar, tanto que já estava procurando um lugar permanente para morar. Ele odiava morar em hotéis e mal podia esperar para sair do hotel atual.
– Mostre-me onde assinar – disse JD e acenou com a mão para o documento sobre a mesa. – Eu quero acabar logo com isso.
Ele queria sair do escritório e dirigir por Sparkle City. Talvez guiado pela memória, visitar todos os seus lugares favoritos. No entanto, todos esses lugares trariam de volta o que ele havia perdido… Scarlett. Deus, ele tinha sido tão tolo.
Calvin apontou para alguns pontos. – Aqui estão as disposições que você exigiu para iniciar.
JD passou o olho para se certificar de que estavam certos, em seguida, assinou suas iniciais. – Parece tudo certo.
Seu agente pegou o contrato e virou para a última página, depois apontou novamente. – Assine aqui.
Depois que assinou e datou, JD jogou a caneta sobre a mesa. – Se isso é tudo…
– Por enquanto – respondeu Calvin. – Podemos revisar quaisquer acordos de endosso que venham mais tarde.
– Parece bom – disse JD. – Então eu vou embora. Me ligue quando ou se ouvir alguma coisa.
Ele não esperou para ver se Calvin responderia à sua última declaração. Até onde estava interessado, tinham terminado aqui, e ele tinha coisas muito melhores para fazer. JD saiu do escritório e seguiu para sua motocicleta – uma Harley Davidson Street 750 em “vermelho perverso”. Era a sua compra mais recente. Agora que ele morava em uma cidade com um clima bonito o ano todo e pretendia aproveitá-lo.
JD soltou o capacete do encosto do banco e o deslizou por cima da cabeça, prendendo-o no lugar. Ele se sentou na moto e ligou o motor, depois partiu em direção à praia. Uma caminhada no calçadão parecia uma boa ideia. Algo sobre o oceano sempre o acalmava, e seus nervos podiam usar um bom bálsamo, já que estava em ruínas desde que concordou em vir jogar para o Suns. Depois que tivesse tempo para esfriar e aliviar sua inquietação, faria o que vinha evitando desde que chegara à cidade há uma semana. JD procuraria Scarlett e veria como estava a sua agenda de turnês.
Ele não tinha certeza se ansiava que ela estivesse em casa ou fora por semanas. De qualquer maneira,  precisava saber para se preparar. Ele estava orgulhoso dela e de tudo que ela havia conquistado, mas também não podia deixar de se sentir um pouco vazio por dentro. Ele deveria ter estado com ela quando ela alcançou todos os seus objetivos. JD nunca deveria tê-la abandonado e deixado que ela descobrisse tudo sozinha. Ele foi o maior idiota que já viveu na terra. Deus. Ela não deveria perdoá-lo, mas ele a queria desesperadamente. Ele sentia a sua falta…
Estava na hora de enfrentar Scarlett. Ele lhe devia uma explicação e um enorme pedido de desculpas. Se tivesse sorte, ela o perdoaria, mas de alguma forma, ele duvidava que ela fosse tão generosa. Eles tinham que ter alguma ilusão de paz, se queriam morar na mesma cidade.


Scarlett estava em casa por duas horas inteiras e sentiu a necessidade de caminhar na praia. Os sussurros que a guiavam queriam que ela fosse, e nunca a haviam guiado errado antes. Aquelas vozes que ouviu entregar maravilhosas melodias para escrever suas canções e tinham a ajudado a construir uma carreira muito bem sucedida. Além disso, ela poderia aproveitar algumas horas para si mesma e talvez até um pouco de meditação. Ela estava se sobrecarregando e, no ritmo que estava mantendo, acabaria hospitalizada.
Ela… odiava estar em casa.
Havia muitos lembretes do amor que ela havia perdido. Scarlett nunca se recuperara verdadeiramente de ser abandonada no altar. A traição de JD a havia assustado e, por causa disso, ela tinha problemas para deixar alguém entrar. Confiar não era fácil, e ela se manteve apegada a independência com tudo que tinha. Ela nunca permitiria que alguém a machucasse novamente como JD o fez.
Ela entrou com o carro em um estacionamento próximo e desligou o motor, depois saiu do Corvette vermelho cereja. Ela não tinha colocado o capô, mas poderia quando voltasse para a casa. Scarlett adorava ter o vento soprando nos cabelos, isso a ajudava a se sentir viva e livre. Ela pegou o seu chaveiro e se dirigiu para o calçadão.
As ondas atingiram a costa com um spray de espuma branca e depois voltavam para o mar. A areia branca brilhava à luz do sol, e ela apostava que estaria escaldante para caminhar com os pés descalços. Ela estava tentada a descobrir, mas manteve seus sapatos e ficou no calçadão como planejado. Se fosse mais longe, chegaria a ponte azul que ficava no final do calçadão, isso levaria para o quebra-mar que mantinha algumas das maiores ondas de atingir a costa. Ela sempre gostou de caminhar ao longo do quebra-mar de pedra e aço. Ela gostava especialmente quando as ondas estavam mais agitadas e parte do spray salgado a ensopava.
Scarlett enfiou as mãos nos bolsos do jeans e atravessou a ponte. O mar estava tranquilo e ajudou a acalmá-la. Ela não sabia pelo que devia estar nervosa, mas não conseguia se livrar do sentimento. Já havia várias pessoas atravessando a ponte. Alguns estavam indo em direção ao quebra-mar, e outros estavam voltando para a praia. Ela ignorou a maioria deles, não querendo que ninguém a reconhecesse. Era a hora dela para si mesma.
Quando alcançou o quebra-mar, parou na beira e olhou para a água azul escura e suspirou. Ela se inclinou contra a grade e fechou os olhos. Scarlett respirou fundo e ouviu o vento. Uma melodia suave já estava se formando em sua mente…
– Scarlett ? – Um homem disse.
Aquela voz era familiar. Memórias que Scarlett queria esquecer, que acreditava ter enterrado profundamente, voltaram à tona. Sua risada ecoou em sua mente. Esse tom rouco da voz dele tinha se derramado sobre ela, quando ele sussurrara palavras doces, insinuações impertinentes, e prometera amá-la para sempre. Seu coração batia mais rápido, e ela achou difícil respirar e expirar. A dor atingiu seus pulmões quando ficaram sem oxigênio.
Isso não poderia estar acontecendo. Agora não. Ela tinha que estar enganada… Ele não poderia estar em Sparkle City. Tudo bem,  era possível, mas ela não o via há uma década. Ele fez o possível para evitá-la, e ela fez o mesmo. Lentamente, ela deixou suas pálpebras se levantarem, e  virou-se para olhar na direção com a qual a voz tinha vindo. Scarlett não iria surtar. Ela não faria. Ele ainda era tão bonito quanto ela se lembrava; não, mais ainda.
Ele tinha uma barba no queixo que o tornava mais sexy. Ele tinha uma cicatriz na testa que deveria ter diminuído seu fascínio, mas isso o tornava mais atraente. Seus cabelos escuros estavam despenteados como se ele tivesse penteado com os dedos  ou alguém tivesse feito isso por ele. Ela reprimiu aquela pontada de ciúmes com a ideia dele com outra mulher. Ele não era mais dela e nunca mais seria.
– JD – disse ela. Sua voz mal estava acima de um sussurro. Ele estava realmente lá, e ela teria que falar com ele. Não… ela não precisava. Scarlett não devia nada a ele.
Ela se virou para ir, mas ele estendeu a mão e agarrou seu braço, impedindo-a de dar outro passo. Scarlett se virou e olhou para ele. – Me deixe ir.
– Por favor, não vá – disse ele. Sua voz estava rouca de emoção, mas ela não tinha certeza do motivo. – Eu… – Ele engoliu em seco. –  Há algumas coisas que você precisa saber.
– Eu não preciso – ela insistiu. – Se tiver algo a ver com você, é melhor guardar para si. O que quer que houvesse entre nós terminou quando você me deixou no altar. – Deus, era tão difícil dizer isso em voz alta. – Agora, gentilmente retire suas mãos de mim, e nós podemos partir em paz.
Ele a soltou e colocou as mãos no bolso. – Eu cometi um erro. —Sua voz fluiu com remorso, e ela quase acreditou nele.
Ela bufou com as palavras dele e riu de uma forma um pouco maníaca. – Um erro? – Scarlett balançou a cabeça em descrença. – É isso que você está chamando ao me abandonar e fugir com a minha melhor amiga?
– Não foi assim… – Ele soltou um suspiro frustrado. – Nunca houve nada entre mim e Shayla. Eu nunca faria isso com você.
– Não – disse ela com nojo. – Você me deixou enfrentar todos os nossos amigos e familiares sozinha. – Ela deu um passo à frente e apontou o dedo indicador no peito dele algumas vezes. – Você fugiu como um covarde e perseguiu seus sonhos. Nem uma vez considerando o que eu queria.
Ela o cutucou novamente. – Você me deixou acreditar no pior de você, para tornar sua vida mais fácil. – Ela olhou para ele. – Mas você quer saber o que? Nada disso importa. Eu segui em frente, e você também deveria. Se você me vir de novo, faça-me um favor e não se preocupe em falar comigo. Não dou a mínima para suas explicações ou sua versão confusa de um pedido de desculpas.
Com essas palavras, ela se afastou dele. Por que os sussurros disseram a ela para ir à praia? Ela não queria ver JD, e com certeza não desejava ter uma conversa com ele. Uma parte dela se perguntava se ele estava de volta a Sparkle City para sempre. A outra parte dela temia a ideia disso. Se ele voltasse para casa, havia uma boa chance de se encontrarem novamente. Isso significaria mais oportunidades para eles terem discordâncias e interações embaraçosas.
O que ela fez para merecer isso? Talvez devesse voltar em turnê. Pelo menos, ela seria salva de reviver sua pior mágoa.

CAPÍTULO DOIS
Uma onda de calor tinha atingido Sparkle City, fazendo Scarlett querer hibernar em seu apartamento e relaxar sob o doce alívio que os deuses do ar condicionado traziam, até que isso passasse. Infelizmente, não podia. Ela tinha uma vida, e não podia ignorá-la porque queria se esconder do mundo. A verdade era que ela temia que, se saísse, poderia inadvertidamente cruzar o caminho com JD novamente.
As notícias de seu contrato com o Suns era tudo o que quem amava beisebol falava, e se ela tinha entendido o que o apresentador havia dito na noite anterior ‒ ele estaria em Sparkle City pelos próximos anos. Havia algumas maneiras seguras de continuar a evitá-lo, por exemplo, mudar ou ficar em turnê até cair morta.
Nenhuma dessas opções a atraia. Ela não deveria ter que mudar nada em sua vida. Scarlett não tinha sido a pessoa errada na situação. JD havia deixado a cidade com sua melhor amiga, então deveria ser ele a evitá-la. Não importava quantas vezes dissesse esse fato, ainda sentia o peito apertar e desenvolvia a incapacidade de respirar toda vez que pensava em JD morando em Sparkle City mais uma vez. Ela tinha que controlar sua reação a ele. Ela esperava que, com o tempo, pudesse agir de forma indiferente. Até então, fingiria que ele não existia da melhor maneira possível. Ela provavelmente falharia miseravelmente.
Scarlett respirou fundo e sentou-se para calçar os sapatos, tinha um almoço com as irmãs e não podia faltar. Era raro que as três tivessem tempo de se encontrar, e ela não deixaria que sua ansiedade por JD a impedisse de ter uma boa tarde com suas irmãs. Ela queria sentir algo além de ansiedade. Talvez até encontrar aquela parte de si mesma em que se agarrou na última década. A parte que a ajudou a seguir em frente após a traição de JD.
Scarlett passou as mãos sobre a túnica vermelha escura e olhou para o quarto. Ela usaria botas. Aquelas com salto de sete centímetros que ela geralmente usava apenas no palco. Eles eram de camurça preta e subiam até seus joelhos e combinavam bem com jeans, mas ficavam ainda melhor com uma saia curta. Ela mordiscou os lábios. Ela se atreveria a usá-la?
Scarlett entrou no quarto e vestiu uma minissaia preta. Ela manteve a túnica vermelha, que passava pela bunda e parava no meio do caminho até a bainha da saia. Ela deslizou as botas e as fechou, depois foi ao espelho até o chão para se admirar. Uma roupa como essa era uma armadura corporal. Isso a ajudava a canalizar sua presença no palco. A pessoa que ela era quando os fãs estavam gritando seu nome enquanto cantava um de seus maiores sucessos. Ela estava pronta.
Ela pegou sua bolsa de uma mesa próxima e as chaves no gancho acima da mesa, em seguida, saiu pela porta. Demorou alguns minutos para alcançar o carro na garagem. Scarlett se sentou no banco do motorista e se preparou para sair. Mudar de roupa fora a coisa certa a fazer. Isso lhe deu a coragem que lhe faltava desde que encontrara JD. Ela dirigiu seu Corvette para um café próximo e estacionou. Scarlett saiu do carro e caminhou em direção às mesas ao ar livre. As duas irmãs já estavam sentadas e examinando o cardápio. Ela foi até a cadeira vazia e sentou-se nela.
– Pensei que você talvez não aparecesse – Ashlyn murmurou por trás do menu.
– Você quer dizer que não sabia? – Scarlett disse sarcasticamente.
Às vezes, o dom de Ashlyn era irritante como o inferno. Uma pequena parte dela realmente não perdoou sua irmã por ter a visão que destruiu a vida de Scarlett. Ela sabia que, no fundo, Ashlyn não tinha culpa, mas os sentimentos nem sempre eram racionais.
– Era cinquenta e cinquenta – disse ela como se a pergunta de Scarlett tivesse sido real. – Minhas visões não são infalíveis.
Faith estendeu a mão sobre a mesa e colocou a mão no braço de Scarlett e balançou a cabeça silenciosamente. Scarlett suspirou e fez o que Faith queria. Não adiantaria atacar Ashlyn verbalmente. A maior parte disso passaria reto pela sua cabeça.
– Então, algo novo? – Scarlett disse o mais levemente que pôde.
– Além de sua amor perdido retornando a Sparkle City – disse Ashlyn em um tom de improviso. – Não. Apenas trabalho para mim. Embora eu tenha tido um caso interessante com a polícia na semana passada.
Scarlett mal conseguiu não revirar os olhos. Ashlyn havia terminado o doutorado há um ano. Ela tinha dupla formação, se formou em história e psicologia e começou a trabalhar na universidade local, ensinando ambos os assuntos. Com seus dons e educação, ela também se tornou um bem valioso para a aplicação da lei. Faith tinha comprado um bar e o transformado em uma boate de sucesso. Ela, muitas vezes, convidada cantores em ascensão como entretenimento ao vivo.
Suas irmãs eram muito diferentes, e havia momentos em que Scarlett não se identificava com nenhuma delas. Em vez de incentivar Ashlyn a discutir sua gloriosa carreira como consultora do Departamento de Polícia de Sparkle City – DPSC, ela voltou sua atenção para Faith.
– Como está o clube? Você teve alguma apresentação interessante ultimamente?
– Eu tenho um hoje à noite. Você deveria ouvi-lo cantar. – Faith colocou o cardápio em cima da mesa. – Ele tem uma voz maravilhosa.
Ela não entrava no clube de Faith com muita frequência. Era um caos quando ela aparecia, especialmente sem aviso prévio. Havia muitas pessoas esperando que Scarlett aparecesse. Era bom para os negócios de Faith, mas às vezes a irritava. Ela queria que sua irmã tivesse sucesso, então fazia sua parte e passava uma noite ocasional lá.
– Interessante. É alguém que eu possa conhecer?
– Talvez – respondeu Faith. – Você conhece Thatcher Wyatt?
– Você quer dizer o vocalista do Harrowed Souls? Uma das maiores bandas de rock do sul que já existiu? Quem não conhece ele? – Scarlett era fã de Harrowed Souls desde que percebeu que a música existia. Ouvi-los a inspirou a seguir a música como carreira. Claro, era útil que seu dom a ajudou a criar algumas melodias incríveis para acompanhar as letras que ela escrevia. – Por favor, me diga que ele vai cantar no seu clube.
– Não – Faith disse com um rápido movimento de cabeça. – Desculpe por aumentar suas esperanças. Na verdade, é o filho dele, Remington Wyatt.
– A voz dele é tão espetacular quanto a do pai?
Ashlyn abaixou o cardápio e olhou para Scarlett e Faith. – Parem com essa conversa ridícula neste minuto. Temos coisas mais importantes a discutir.
Scarlett discordou. Para ela, não havia nada mais importante do que descobrir todos os detalhes sobre Remington Wyatt.
– Agora não, Ash. Qualquer visão que penetre em seu cérebro pode esperar até outra hora. – Ela se virou para Faith e disse. – Diga-me tudo sobre ele. Só me lembro que ele é dois anos mais velho do que eu. Não é um pouco tarde para começar uma carreira musical? – Ela completara 28 anos algumas semanas atrás, o que faria Remington ter por volta dos trinta.
– Ele é legal, lindo e muito talentoso. Não faço ideia porque ele não começou mais cedo, talvez estivesse com medo de se perder na sombra do pai.
– Seria difícil viver com isso.
Ela odiaria ser sempre comparada a um de seus pais. Não que ela conhecesse o pai, sua mãe nunca havia lhe dito seu nome. Casou-se com Bartolomeu Penn logo após Scarlett nascer, e ele foi o único pai que Scarlett já conhecera. Sua mãe disse que era melhor se ela não soubesse nada sobre o homem que era seu pai biológico. Isso não impediu Scarlett de se perguntar quem ele era ou se seria capaz de convencer sua mãe a dizer a verdade. Ainda assim, ela se sentia um pouco mal por Remington Wyatt. Seu pai era super talentoso.
– Talvez eu vá ao seu clube hoje à noite. – Sua curiosidade estava tirando o melhor dela.
O telefone de Scarlett vibrou no bolso. Ela franziu a testa e puxou para fora e depois suspirou quando leu a mensagem de texto.
– O que é? – Faith perguntou. – Más notícias?
Ela balançou a cabeça.
– Não – ela respondeu e colocou o telefone em cima da mesa. – Apenas meu agente. Ele está tentando me convencer a participar de uma festa que está dando para um de seus novos clientes. Ele está convidando todas as pessoas que ele representa.
– Existe uma razão para você não querer ir? – Faith perguntou enquanto inclinava a cabeça para o lado. – Você não socializa o suficiente, eu acho que seria bom você ir.
– Primeiro, você tenta me fazer visitar o seu clube, e agora você está me empurrando para um evento que eu prefiro não participar ? – Scarlett levantou uma sobrancelha. – Por que você está tão interessada na minha vida social?
Ashlyn bateu a mão na mesa com impaciência.
– Eu acho que a resposta é óbvia. Ela está preocupada que você tenha uma recaída agora que JD está por perto.
Scarlett não voltaria a ser a pessoa que costumava ser. Ela lutou muito para se tornar quem ela era agora. JD não teria tanto efeito em sua vida. Ela se recusava a permitir-lhe tanto controle sobre suas decisões.
– E notei que você não respondeu à minha pergunta – disse Faith. – O que há nesta festa que você quer evitar?
Ela encolheu os ombros.
– Não há nada me impedindo. – Além da necessidade de evitar situações sociais em geral. – Eu nem sei o nome do novo cliente. Calvin falhou em fornecer todos os detalhes. No que diz respeito a ele, tudo o que precisamos saber é quando e onde. Ele apenas quer se destacar, ele faz isso para todos os seus clientes.
– Então não há razão para você ignorá-lo, não é? – Faith ergueu uma sobrancelha. – Se você quiser, eu posso ir com você. Isso facilitará para você?
Ela mordeu o lábio. Ela deveria levar a irmã? Como isso pareceria para todos? Scarlett odiava tomar decisões assim, e as duas irmãs sabiam disso. – Tudo bem. Eu irei, mas não preciso que você me acompanhe.
– Se você mudar de ideia, me ligue. – Faith sorriu e então encontrou o olhar de Ashlyn.
Havia algo que não estavam dizendo a ela. Será que Ashlyn teve outra visão, e decidiu não contar, ou melhor, compartilhá-la apenas com Faith? Ela deveria insistir, mas não queria lidar com nada disso agora.
– Vou manter isso em mente – disse Scarlett a Faith. – Mas duvido que precise de uma companhia.
– Então não tem problemas se você mandar uma mensagem de volta ao seu agente, confirmando que vai comparecer. – Ashlyn assentiu com o telefone. – Vá em frente. Nós esperaremos.
Deus. Às vezes, as irmãs eram um incômodo. Scarlett pegou o telefone e digitou uma mensagem rápida para Calvin. – Pronto, você está feliz?
– Sim – respondeu Faith. —, nós estamos.
Scarlett se levantou e sorriu para as duas.
– Agora eu realmente preciso ir. Foi adorável passar um tempo com vocês.
Quando ela saiu da mesa, aquele sorriso desapareceu. Talvez ir ao clube de Faith mais tarde e ouvir Remington Wyatt ajudasse a aliviar parte de sua ansiedade.


JD entrou no clube, Meu Álibi, e procurou uma mesa vazia, mas não havia nenhuma. Havia uma grande pista de dança na frente de um palco no outro extremo do clube. À esquerda havia várias mesas altas que as pessoas poderiam ficar em volta e apoiar suas bebidas. À direita, havia um punhado de mesas com cadeiras ao redor. A maioria estava ocupada. Uma área VIP estava à esquerda do palco. Ele poderia entrar lá se desse o nome ao segurança. JD não tinha certeza de que ele queria o incomodo, então suspirou e foi até o bar para pegar uma cerveja.
Ele bateu na superfície de madeira, tentando chamar a atenção do bartender, mas ela o ignorou ou não estava realmente o vendo. Ele não sabia dizer qual dos dois. Sua paciência estava se esgotando, e ele não entendia por que seu melhor amigo, Harrison, o tinha convencido a se juntar a ele no clube. Era um lugar agitado. Havia tantas pessoas lá que era difícil atravessar a multidão.
Não era onde ele escolheria para sair.
JD ficava mais confortável em um ambiente íntimo e com muito menos pessoas. Ele odiava lidar com enxames de pessoas. Para piorar a situação, não conseguiu nem localizar Harrison. Ele reclamaria com o amigo quando o encontrasse. Ele bateu na bar mais uma vez e a barwoman virou-se para encará-lo. JD respirou fundo. Porra. Era a irmã mais nova de Scarlett, Faith. Ele iria matar Harrison. Seu amigo tinha que saber que Faith trabalhava neste bar em particular.
JD esperava evitar qualquer membro da família de Scarlett. Pelo menos até que tivesse a chance de realmente falar com ela. Um dia ela teria paciência para ouvi-lo, mas levaria muito mais tempo se sua família a advertisse.
Faith foi até ele e levantou uma sobrancelha.
– Corajoso, entrar no meu clube, JD. O que você está fazendo aqui?
O clube dela? Tipo, ela era dona do lugar? Porra.
– Não foi minha ideia – disse ele. – Harrison me arrastou para cá. Eu não tinha ideia de que você era a proprietária.
Ela encolheu os ombros. – O que eu posso conseguir para você?
– Sua melhor cerveja – disse ele. – Eu não ligo para que tipo.
Ela se afastou e se inclinou para abrir uma pequena geladeira. Faith pegou uma garrafa marrom escura e abriu a tampa, depois a levou até ele. – São dez dólares.
Ele assobiou. – Essa é uma garrafa cara de cerveja.
– É o custo JD adicional – ela respondeu suavemente. – Você quer se divertir no meu lugar, você tem que pagar pelo privilégio.
Ele riu levemente e puxou vinte da carteira. JD poderia lidar com o pagamento da quantia que ela queria, desde que abrisse o caminho para permanecer no clube. Harrison pode ter tido uma boa ideia. Se Faith possuía o bar, isso significava que havia uma boa chance de Scarlett aparecer. Ele suspeitava que era isso que mantinha o lugar estourando.
– Fique com o troco – disse ele, irritado. JD pegou sua garrafa e a saudou. – Obrigado.
Agora, vamos encontrar esse meu amigo e perguntar a ele por que ele queria estar no Meu Álibi. Não poderia ser para que JD pudesse ter a oportunidade de passar algum tempo de qualidade com Scarlett. Especialmente porque ele duvidava que houvesse muita qualidade aqui.
Ele foi em direção ao palco do outro lado do bar. Havia um cara no palco que cantava com uma voz rouca. Seu cabelo era escuro, provavelmente castanho, mas ele não podia diferenciar a partir do bar. O palco estava cercado por várias mulheres babando sobre o idiota. Ele era bom, mas, na sua opinião, tinha ouvido melhor.

Конец ознакомительного фрагмента.
Текст предоставлен ООО «ЛитРес».
Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=51381196) на ЛитРес.
Безопасно оплатить книгу можно банковской картой Visa, MasterCard, Maestro, со счета мобильного телефона, с платежного терминала, в салоне МТС или Связной, через PayPal, WebMoney, Яндекс.Деньги, QIWI Кошелек, бонусными картами или другим удобным Вам способом.