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Tess
Andres Mann


Tess
O horror do tráfico humano
ANDRES MANN

Direito autoral © 2018 Andrew Manzini
Todos direitos reservados. Exceto conforme permitido sob a Lei de direitos Autorais dos EUA de 1976, nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, ou armazenada em um banco de dados ou sistema de recuperação sem a prévia permissão por escrito do editor. Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são produtos da imaginação do autor, ou foram usados de maneira fictícia. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, eventos ou locais, é mera coincidência.
Novel Green Publishing
Tradução portuguesa publicada pela Tektime


V 3
Traduzido para português por Marcella Lima


Para verdadeira Tess, minha inspiração para essa história.

Índice
Prefácio (#ulink_c6aa1984-00be-5457-b37c-a6faff926625)
Lista de personagens (#ulink_9e454da6-a0f8-54c2-87b1-6b5fa9028872)
1 - Cansada da mesmice (#ulink_3fda979d-fc71-50bc-b3d6-5eaf41f65b38)
2 - O vestido (#ulink_cd4d5486-aa96-554d-b5d0-2bf32c62dd95)
3 - Teoria da conspiração (#ulink_d7d3811e-23eb-5b0c-9cd0-00d878bcabb6)
4 - Tom nativo (#ulink_03f23cd7-e607-5fc7-b4e1-1c9567707045)
5 - Um convite para festa (#ulink_838f3bc2-b59c-5306-86be-6b175342b987)
6 - Tentando fazer o bem (#ulink_f4d1f6af-bfa3-5a2d-9b75-1ea95909af8f)
7 - Almoço em Paris (#ulink_6fa7e29d-d0d2-5f96-8d79-7b937d84d34d)
8 - Rezando pelas jovens (#ulink_3cd9d797-3732-5857-8f51-3e68a4259762)
9 - Investigando mais a fundo (#ulink_0a23c526-9886-533c-b3a2-d8e95f93be3c)
10 - Gentil persuasão (#ulink_715949b3-2b8a-5f3f-a2ec-ac2d8758cff0)
11 - Criando uma estratégia (#ulink_4b0a6b7b-1a17-57a2-9e60-cdcca5de9814)
12 - Em busca de legitimidade (#ulink_3529b08b-80f5-575d-b631-3d903b25a9d8)
13 - Um plano de ação (#litres_trial_promo)
14 - Presente de Deus (#litres_trial_promo)
15 - África negra (#litres_trial_promo)
16 - Comprando uma noiva (#litres_trial_promo)
17 - Alice (#litres_trial_promo)
18 - Droit du Seigneur (#litres_trial_promo)
19 - Um dia no mercado (#litres_trial_promo)
20 - Atividades indulgentes (#litres_trial_promo)
21 - Yasmin (#litres_trial_promo)
22 - Bom para ser usado (#litres_trial_promo)
23 - A estudante descontraída (#litres_trial_promo)
24 - Empresa nigeriana (#litres_trial_promo)
25 - Moscou Blues (#litres_trial_promo)
26 - Problemas domésticos (#litres_trial_promo)
27 - Partilhando a presa (#litres_trial_promo)
28 - Uma pequena noite de música (#litres_trial_promo)
29 - Bondage americana (#litres_trial_promo)
30 - O sol da Flórida (#litres_trial_promo)
31 - Açúcar mascavo (#litres_trial_promo)
32 - Uma verdade repugnante e desprezível (#litres_trial_promo)
33 - Calor mexicano (#litres_trial_promo)
34 - Diversão na Argentina (#litres_trial_promo)
35 - Brincando com meninos (#litres_trial_promo)
36 - A culpa é dos ancestrais (#litres_trial_promo)
37 - Trabalho sexual é trabalho (#litres_trial_promo)
38 - Brincando no deserto (#litres_trial_promo)
39 - Casa comigo (#litres_trial_promo)
40 - O grande tour europeu (#litres_trial_promo)
41 - Perguntas indagativas (#litres_trial_promo)
42 - Cinq à Sept (#litres_trial_promo)
43 - Um caso de deboche (#litres_trial_promo)
44 - Temores (#litres_trial_promo)
45 - Lambendo feridas (#litres_trial_promo)
46 – Negócio sério (#litres_trial_promo)
47 - Disputa na fronteira (#litres_trial_promo)
48 - Revisão de projeto (#litres_trial_promo)
49 - A vida continua (#litres_trial_promo)
50 - Encerramento (#litres_trial_promo)
Posfácio (#litres_trial_promo)
Sobre o autor: (#litres_trial_promo)
Referências (#litres_trial_promo)

Prefácio
Nossa história continua com Tess, Jake e a equipe tentando abordar o horror no mundo do tráfico humano e da escravidão sexual.
Este livro é uma obra de ficção. Qualquer semelhança dos personagens com pessoas reais é mera coincidência. Contudo, muito dessa história é baseada em eventos contemporâneos documentados, que foram relatados pela imprensa internacional.
Pessoas reais e figuras públicas mencionadas nesse livro, foram mencionados anteriormente por meio de informação comumente.
As opiniões e comentários políticos expressos neste trabalho são exclusivamente do autor.

Lista de personagens
Equipe de desenvolvimento de recursos estratégicos
(DRE)
• Tess Turner, uma piloto de helicóptero militar e Vice Presidente da companhia de serviços militares, DRE.
• Jake Vickers, casado com Tess. Um ex agente da CIA e Presidente da DRE.
• General Morgan Turner, aposentado. Pai da Tess e agora CEO da NTC, uma fabricante de sistemas de armas avançados.
• Carmen Cabrera, uma piloto de helicóptero, uma grande amiga de Tess e gerente geral.
• Nicola Orsini, companheiro de Carmen, um piloto italiano e especialista em sistema de armas e línguas.
• George Kimmel, profissional da inteligência militar.
• Ken Ross, um atirador de elite e gerente geral.
• Joe Slezak, gerente de tecnologia da informação.
• Galina Kutuzova, uma piloto de helicóptero russa e especialista em banco de dados.
• Alexander Ivanovich Tukhachevsky, Alex Tuck, um russo especialista em armas.
• Claudine Bisson, chefe do DRE em Paris.
• Ifeyinwa Idigbe Ukume, conhecida por Alice, uma detetive nigeriana.
• John Powers, especialista em armas.
Vilões
• Laurent Belcour, chefe da organização de desenvolvimento internacional (ODI).
• Bertrand Dubois, um cafetão que trabalha com Laurent Belcour, conhecido como Bert the Pimp.
• René Manville, gerente noturno de um luxuoso hotel na França.
• David Roquet, chefe de uma empresa de fabricação no norte da França.
• Bernard Jouet, um pequeno empresário, foi presidente de uma companhia de importação e exportação e ativo em um partido político local.
• Jean-Louis Laroche, um chefe de polícia sênior.
• Christophe Roussel, um advogado de grande escalão.
Vítimas
• Yasmin, uma arqueóloga síria, foi prisioneira do ISIS, posteriormente se tornou membro do DRE.
• Suchin Montri, uma prostituta tailandesa.
• Lucie Benoit, uma escritora francesa.
• Georgeta, uma prostituta de Bucareste, Roménia.
• Olga, uma sobrevivente de um círculo de tráfico de escravas sexuais.
• Sophie Broussard, uma prostituta francesa.

1 - Cansada da mesmice
Tess e Jake completaram o estágio final de treinamento de equipamentos, agora estavam prontos para aplicar a avaliação aérea final para os oito pilotos do Camboja.
Vestindo o traje aéreo do exército americano, Tess, Jake, Carmen e Nicola dirigiram-se para os dois helicópteros de ataque Apache na pista. Mesmo confiantes que os pilotos passariam no teste, eles estavam apreensivos. Muitas coisas ainda poderiam dar errado - falha de equipamento, um ataque de pânico de última hora ou simplesmente um erro. Quatro horas e meia depois, os helicópteros voltaram a base e se preparam para pousar.
- Obrigada aos céus! Tess murmurou para si mesma. Não tinha um único músculo em seu corpo que não doesse. Ela mal podia esperar para sair da cabine do piloto e esticar as pernas.
Arun, seu estudante co-pilot do Camboja, estava ocupado com a cabine acima dela. Ele estava no controle, cuidadosamente manobrando o helicóptero WAH Apache na beira da pista e esperando sua vez para pousar.
Tess assistia como Jake, no outro helicóptero, reduzia gradualmente a altitude em preparação para o pouso. Ela quase podia sentir o breve solavanco quando a aeronave pousou. Pouco depois de parar o motor, o piloto acionou as lâminas dobráveis do helicóptero, prendendo-as atrás do capô, uma ação como a dobra das asas de uma borboleta monarca.
Após o intenso treinamento no sistema, armamento, sensores e armaduras dos Apaches, Tess estava confiante nas habilidades de voo de Arun. - Leve a para baixo. - ela disse.
Tess não podia ver o rosto dele, mas suspeitava que era uma mistura de medo e excitação. Enquanto eles pairavam sobre o asfalto, ela de repente sentiu o vento aumentar. Isso era no Camboja, o que significa que tempestades repentinas dominavam o dia. - É irmão - ela disse - Essa não vai ser uma aterrissagem fácil.
Houve um baque! O helicóptero aterrissou com um forte solavanco e se estabeleceu na pista. A equipe em terra correu para proteger a máquina. Tess arrancou seu capacete e esfregou as têmporas. Nunca foi propensa a dores de cabeça, mas agora tinha uma. 'Bom, agora combina com as dores do resto do corpo. ' ela pensou.
Ela pulou para fora do helicóptero e, uma vez do lado de fora, ela checou com Arun como ele abriu o dossel. O homem não estava feliz. O pouso foi difícil e ele estava chateado com seu desempenho.
- Vamos, se anima Arun. Você não só fez um bom trabalho como também aprendeu uma lição valiosa: Sempre pousar contra o vento. Agora vamos dar o fora daqui!
Da mesma forma que ela caminhou dolorosamente para torre de controle, ela estava grata que o trabalho estava finalmente feito. Ela e sua equipe de DRE estavam no Camboja treinando pilotos sob um contrato da Agência de Cooperação de Segurança de Defesa dos EUA. O governo comprou dois helicópteros de ataque AH-64E Longbow Apache, equipamentos associados e apoio logístico.
Tess e Jake trabalharam nesse projeto com seus grandes amigos Carmen Cabrera e Nicola Orsini, gerentes gerais da DRE. Com seus capacetes debaixo dos braços, o casal, que estava exausto, caminhou até o carro alugado e, como de costume, Jake se ofereceu para dirigir. ' Tudo bem por mim.' pensou Tess.
Ela se acomodou no banco e fechou os olhos. - Isso está ficando ultrapassado pessoal. Já fazemos isto há oito anos e o trabalho tornou-se rotina. Eu queria que nós não tivessemos uma política da empresa exigindo que os gerentes participem dos projetos. Poderíamos ter deixado as tropas para fazer o trabalho.
- Tess, você é quem insistiu nessa regra. - disse Carmen. - Ao escalar gerentes em projetos, garantimos que permaneçamos em contato com o que está acontecendo no campo. A última coisa que precisamos é ficar preso atrás de uma mesa de escritório.
- Eu sei. - Eu acho que estou tendo cada vez mais dúvidas sobre o que fazemos, se é realmente nobre e correto. Afinal, tudo o que fazemos é ensinar pessoas como utilizar equipamentos que são projetados para matar. Eu estive pensando se poderíamos fazer algo um pouco mais inspirador.
- Nesse momento eu realmente não quero pensar sobre isso. - disse Jake. - Eu quero tomar um banho, preferencialmente com você, ter uma boa refeição e celebrar nosso aniversário.
Tess sorriu. - Você é um pervertido.
- Quem dera. Eu sou tão quieto quanto eles vêm.
- Sim, mas você é meu quietinho. E eu gosto muito disso.
Carmen não resisti a brincadeira. - Muito bem vocês dois. Arrumem um quarto. Agora eu tenho que convencer esse peso morto ao meu lado a fazer o mesmo.
Nicola se esticou. - Só se você fizer todo o trabalho e ficar em cima de mim, querida. Minhas costas estão me matando.
- Cuidado com o que você deseja, pode virar realidade. Todos riram.
A viagem durou apenas vinte minutos e eles chegaram ao Sofitel em Phnom Penh. Os dois casais se arrastaram para fora do carro e foram para suas respectivas suítes. O hotel era lindo. Eles tinham quartos fantásticos: espaçosos, impecáveis, ostentando uma enorme cama e uma varanda com vista para a piscina. Os funcionários do hotel sabiam do aniversário de Tess e Jake e insistiram em dar-lhes um bolo de lua de mel e uma seleção de lindos frutos.
Jake fugiu para o chuveiro. Enquanto Tess esperava que ele terminasse o banho, ela serviu meia taça de uísque single malte e se acomodou na varanda, apreciando o pôr do sol e sentindo o aroma das flores tropicais. Depois de dez minutos, ele saiu do chuveiro apenas com a calça do pijama.
- Sua vez querida. - ele disse, dando-lhe um beijinho na bochecha. Ela mancou em direção ao chuveiro e começou o ritual: Shampoo, condicionador, sabonete e esfoliante. Após o banho, depois de passar o creme de pele, ela vestiu uma linda camisola esmeralda. Se olhando no espelho, ficou satisfeita em ver que ainda estava decente. Muito bem na verdade.
Após um dia igual ao que eles tiveram, Tess e Jake estavam muito cansados para sair para jantar. Ela pode se contentar com serviço de quarto e um pouco de amor. Ela se levantou e procurou por alguma aspirina para aliviar as dores em seu corpo. Assim que entrou na sala, ela encontrou Jake esparramado e dormindo no sofá. 'Bem' ela pensou, 'Esse aniversário vai para o livro de história'. ' Nós estamos ficando velhos.' Exausta e aliviada, ela saiu de sua camisola e foi para debaixo dos lençóis.

2 - O vestido
Tess acordou de manhã depois de nove horas de sono. Ela virou-se para o lado da cama onde Jake deveria estar, mas ele não estava lá. Tudo o que ela viu foi um bilhete no travesseiro.
"Desculpe querida, mas eu simplesmente não consigo resistir a uma viagem para Angkor Wat. Não te acordei porque sei que uma caminhada na floresta não é seu estilo. Eu prometo voltar a tempo do nosso compromisso hoje a noite. Eu amo você."
'Ótimo, muito bem.' ela pensou. - Agora o que vou fazer hoje? A praia e a piscina estão fora de questão; não existe protetor solar suficiente no mundo para proteger minha pele tão delicada. Além do mais, quem vai passar o protetor nas minhas costas? Hmm, talvez eu deva descobrir o que a Carmen e o Nicola vão fazer.
Tess pegou o telefone e ligou para Carmen. - Hey, Jake me trocou por Angkor Wat. Vocês planejam fazer algo?
Carmen bufou: - Duvido muito. Nicola, o obcecado, me abandonou para ajudar com a manutenção no hangar. Aquele homem é incapaz de não colocar as mãos na massa. Então, estamos por nossa conta. Alguma ideia?
- Bem, eu estava morrendo de curiosidade para ver aquele vestido de noite que você tanto fala. - respondeu Tess. - Que tal eu dar um pulo ai e dar uma espiada?
Carmen suspirou: - Esse é o problema número dois. Não cabe.
- Como?! Tess gritou. - Estou a caminho. Ela rapidamente vestiu suas calças de seda, sua túnica e foi correndo para o elevador.
Carmem abriu a porta na primeira batida. Ainda de camisola, ela tinha um corpo que faria qualquer homem - e até mesmo algumas mulheres invejosas - desmaiar. Pequena, quando comparada com um metro e sessenta e cinco de altura de Tess. Carmen era ágil, musculosa e tinha seios que fariam qualquer cirurgião plástico chorar de inveja. Mas foi a expressão em seu rosto que fez Tess parar no meio do caminho. Carmen olhou como se estivesse prestes a chorar. Carmen chorando? Tess a conhecia há mais de dez anos, já passaram por poucas e boas, e nunca a viu derramar uma única lágrima. 'Estamos encrencadas.' pensou Tess. Delicadamente ela pegou o braço de Carmen e a levou para o sofá.
- Agora me diga, o que está acontecendo?
Carmen respirou fundo. - Acabei de receber o vestido por correio, e eu amei, mas não acomoda eles . - ela balançava suavemente os seios com as mãos.
- Ok. - Tess entrou no modo de resolução de problemas. - Deixe-me ver o vestido e vamos descobrir alguma maneira de fazer com que ele caiba. Carmen se levantou e foi até o armário do quarto. Ela voltou com uma roupa nas mãos e Tess quase caiu do sofá. O vestido era maravilhoso: uma gola alta arco-íris de chiffon e cetim, mangas compridas e uma separação entre o corpete e a saia envolvida por um fino cinto dourado.
‘Perfeito para mostrar a pequena cintura da Carmen’, pensou Tess. Foco; Temos um problema para resolver aqui. Ela pegou o telefone e ligou para recepção.
- Eu preciso de um bom alfaiate aqui AGORA. Dinheiro não é problema. Virou-se para Carmen e contou sua ideia.
- Eu acho que devemos eliminar essa parte da gola e fazer um lindo decote em 'V', dando liberdade para você se mover e mostrar um lindo colar.
Tendo trabalhado com ela por anos, Carmen já estava acostumada com as habilidades de Tess em resolver problemas. Ela poderia improvisar e desenvolver soluções em um piscar de olhos.
Alguém bateu na porta. - Estou indo. - disse Tess. Um pequeno homem, por volta dos seus cinquenta anos, estava parado a porta olhando para ela.
- Meu nome é Narin e eu sou o melhor alfaiate do Camboja. O homenzinho impecavelmente vestido endireitou-se, com o canto da boca levantado, sugerindo irritação, arrogância e desdém. Bem que ele poderia ser o Rei. Tess não lida muito bem com pessoas arrogantes, e se ela não estivesse desesperada em relação a resolver o problema do vestido, ela iria considerar seriamente em bater naquela criatura desagradável. Ela suprimiu seu infame temperamento e decidiu tolerar o homem, pelo bem de todos.
- Por favor, entre. Narin não se moveu, continuou parado igual uma pedra, seus olhos fixos numa visão deliciosa do corpo de Carmen quase nu. Bastou para Tess quase perder a paciência.
- Narin, faça o favor de trazer sua bunda até aqui. Nós temos um grande trabalho para você e tens apenas cinco horas para fazê-lo. O homem finalmente entrou no quarto e foi até a cama, onde o vestido se encontrava esticado.
- É um Roberto Cavalli! Eu o adorei desde o momento em que eu o vi na Vogue, e eu posso ver por que ele precisa de ajustes. Não há nenhuma maneira desse corpete caber nesses seios extraordinários. - disse ele enquanto espreitava o decote de Carmen.
Tess ignorou o fato do homem estar comendo Carmen com os olhos, e descreveu exatamente o que queria que fosse feito com o vestido.
- Eu preciso tirar as medidas dela... nua. - disse o alfaiate.
Carmen podia sentir o chão tremer e a temperatura subir. Tess estava apenas a um milímetro de estourar.
- Tess, tudo bem. Enquanto ele faz isso, me diz o que você vai vestir esta noite.
- Ah, o de sempre. Armani. Eu amo sua simplicidade e caimento. Meu vestido tem apenas uma camada simples, um decote canoa e as costas completamente nuas. É um vestido dupla face de seda, marfim- você me conhece; Eu gosto de coisas simples.
- Sim - disse Carmen. - É como achar que o presidente é apenas uma pessoa como qualquer outra.
O alfaiate Narin acabou de tirar as medidas e começou o trabalho.
- Quanto tempo até a primeira prova? Tess perguntou.
- Três horas. - o homem respondeu enquanto manuseava o tecido.
- Carmen, eu tenho uma ideia: Vamos para o spa relaxar- por minha conta.
- Ótimo. Eu com certeza poderia relaxar um pouco agora - respondeu Carmen com um largo sorriso. Ela vestiu umas calças de linho e um top de seda e foi.
O spa não era nada menos do que magnífico. Uma luz suave emanava de múltiplas camadas de lustres; paredes de mármore foram emolduradas com arte cambojana e pisos padronizados levavam a uma mesa ornamentada que deve ter vindo de um castelo francês.
Tess verificou com a recepcionista. - Nós só temos três horas, será que você consegue uma massagem, tratamento facial, manicure e pedicure pra gente nesse tempo?
- Claro. - A recepcionista respondeu com um sorriso padrão. - Por favor, deixe-me leva-las ao vestiário. Retirem suas roupas e coloquem o roupão que está pendurado lá. Um ajudante irá direciona-las para sala de massagem.
Cinco minutos depois, Carmen e Tess estavam deitadas, de de rosto para baixo na mesa de massagem mais suave que se pode imaginar. Os massagistas, um homem e uma mulher, se olharam e se direcionaram cada um a sua cliente. Para o desânimo de Carmen ela ficou com a mulher, e Tess com o homem. 'Hmm, tamanho importa sim.' ela pensou. Um hora depois, calmas e relaxadas, elas foram para outra sala impressionante.
O tratamento facial começou com toalhas quentes seguido por creme, máscara de oxigênio e terapia de ponto de pressão. O último machucou um pouco Tess, mas aliviou a pressão na área da sinusite; Voar em helicópteros e aviões faz isso com os humanos a bordo. A próxima fase era manicure e pedicure. Tess só queria pedicure, ela não permitiria ninguém tocar em suas mãos de pianista. Carmen queria tudo o que tinha direito.
Enquanto aproveitavam os mimos, elas discutiam sobre a formal recepção dada por seus anfitriões. Em circunstâncias normais, elas iriam preferir passar o tempo com seus companheiros, sem se importar em socializar de maneira obrigatória. Mas o evento foi em homenagem a eles, logo, eles foram obrigados a participar. Com um olhar pervertido, Carmen arqueou a sobrancelha para Tess e brincou - Eu consigo pensar em coisas muito mais prazerosas para fazer. Tess sorriu completamente de acordo. As duas ainda eram apaixonadas por seus maridos. Quando as unhas de Carmen finalmente secaram, elas se vestiram e voltaram para suíte para checar o andamento do vestido.
- O que diabos está acontecendo? Carmen gritou ao abrir a porta. A mobília foi empilhada nos cantos. A sala estava ocupada com duas máquinas de costura e três costureiras trabalhando no chão, completando na mão, a costura de uma fina trança de ouro para o novo decote.
- Graças a Deus que você está aqui! - Narin exclamou enquanto puxava Carmen pela mão. - Por favor, tire a roupa e experimente o vestido.
Carmen levantou o vestido com admiração. Sim, era diferente, e ainda assim o mesmo. Tudo o que ela conseguiu dizer foi: - Surpreendente. Segurando o vestido como se fosse a coisa mais preciosa na terra, ela correu para o quarto para experimenta-lo. Um grito de puro prazer encheu o ar. Narin sorriu, seu rosto ostentava um sorriso esplendoroso, como se estivesse contemplando uma obra-prima.
- Bem, deixe me ver. - disse ele.
Carmen saiu cautelosamente e encarou Tess. - O que você acha?
- Você está deslumbrante. - Tess finalmente respondeu. - Ok, o plano é o seguinte: Você vai devolver o vestido para o Narin terminar e, enquanto isso, nós vamos ao meu quarto escolher um colar.
Carmen concordou, dando risadinhas enquanto iam. Quando entraram na suíte de Tess, a secretária eletrônica indicava que tinha uma mensagem. Era Jake, dizendo que já estava na metade do caminho e deveria chegar logo.
Tess correu para o quarto e voltou com um pequeno estojo de joias de veludo preto. Carmen geralmente não usava joias, então isso era uma nova experiência para ela. Ela engasgou quando Tess abriu o estojo. O conteúdo brilhava e brilhava, uma peça mais impressionante do que a outra. Tess puxou cada peça de joia para fora e colocou em uma almofada de veludo.
- Jake me comprou isso na escala de Hong Kong a caminho daqui. Ele não fazia ideia do que me dar em nosso décimo aniversário de casamento, então ele gastou uma fortuna nessa joia da coroa. Às vezes você apenas não consegue controlá-lo.
- Claro, reclame sobre isso com outras mulheres. Você vai ter várias a seu favor. - Carmen brincou.
- De qualquer forma, qual dessas você gostaria de usar?
- Você escolhe Tess, eu simplesmente não consigo.
Tess, como sempre, tomou uma rápida decisão. Ela puxou um colar com uma fina corrente de ouro, uma safira rosa e azul deslumbrante envolto em diamantes pendurados.
Carmen assentiu com a cabeça de acordo, maravilhada com o cintilar da joia. - Bem, isto dará as pessoas uma boa desculpa para encarar os meus seios.
Tess riu. - Jake vai chegar logo, então eu tenho que entrar logo no banho para tirar todos esses cremes do meu corpo. Você pode ficar aqui até que eles terminem o vestido e arrumem o seu quarto.
- Não, obrigada. - Carmen respondeu com um olhar travesso. - Esse é o seu aniversário. Eu não quero interferir com quaisquer atos pervertidos que você tenha em mente. Ela abraçou Tess e saiu.
Jake chegou vinte minutos depois e correu para o chuveiro. Quando ele saiu, Tess ofereceu-lhe um Uísque, o qual ele ficou feliz em aceitar. Eles então foram para varanda. O tempo finalmente tinha arrefecido um pouco, e o cheiro das flores tropicais perfumavam o ar.
- Como foi Angkor Wat? Tess perguntou.
- Magnífico, valeu a pena a viagem; eu aprendi muito.
- Amanhã quero que você me conte tudo.
- Eu vou mostrar a você um monte de fotos que eu tirei.
- Eu não consigo acreditar que já fazem dez anos desde que nos casamos." disse Tess. - Parece que foi ontem.
Jake tomou um gole de sua bebida e sorriu. - Talvez tenha a ver com o fato de que somos da mesma opinião, ou melhor, que eu sempre faço o que você quer.
Tess, levantou-se e montou sobre Jake. - Pode ser porque eu sempre achei você sexy, Dr. Vickers? Ela correu as unhas pelo peito dele e em seguida deu-lhe um grande beijo na boca. Ela tomou seu rosto em suas mãos e manteve se a beijá-lo, lentamente, deliberadamente. Jake, como de costume, avidamente respondeu e envolveu seus braços ao redor dela.
- Você quer ver o que eu tenho você para o nosso aniversário? - ele perguntou.
- Você já me deu muito. Agora, eu quero você em cima de mim.
Jake era forte. Ele se levantou com ela ainda enrolada em torno dele e a levou para o quarto, onde ele a deitou. - Agora Sra Vickers, seu marido vai fazer amor com você.
- Que delícia.

3 - Teoria da conspiração
Carmen estava irritada. - Tess e Jake vão se atrasar e querem que a gente vá na frente para festa. Eu não quero ir sem eles! Eu preciso da Tess!
- Meu amor, você está tão linda que me deixa sem palavras. - Nicola disse, sorrindo. - Não se preocupe. Você tem a mim para te proteger dos olhares inevitáveis.
Carmen murmurou para si mesma - Eu não consigo resistir a esse homem. Ele pode encantar uma cobra na grama se quiser. - Ela lhe deu um beijo na bochecha e eles foram em direção ao salão de festas.
O objetivo social do governo era celebrar a aquisição e pleno funcionamento da nova aeronave. Desde que o evento foi anunciado como formal, Jake vestiu um smoking e Tess vestiu o seu vestido de noite Armani. Como era de se esperar, ela ficou deslumbrante no elegante vestido.
Eles chegaram ao salão, apresentaram seus convites e foram anunciados: - Coronel Jake Vickers e Major Tess Turner.
No piso inferior, muitos dos dignitários e suas esposas já estavam socializando. Vários casais ocidentais estavam se aglomerando, cumprimentando uns aos outros. Os pilotos Apache recém-formados correram para cumprimentar seus treinadores. Agora eles faziam parte da elite militar, e eles eram muito gratos a Jake e Tess por isso.
Um enorme piano Steinway chamou a atenção de Tess. Mesmo que ela tenha um Steinway em casa, ela raramente tinha a oportunidade de tocar o modelo D, um magnífico instrumento que foi a escolha de muitos artistas importantes para suas apresentações em concertos. Ela podia sentir seus dedos formigando. Jake acompanhou o olhar de Tess e percebeu que ela adoraria tocar esta noite.
General Atith Thuy, o oficial sênior do Camboja, aproximou-se deles e os cumprimentou. - É um prazer ver vocês de novo! Eu ouvi que você fizeram um trabalho incrível ao treinar os nossos pilotos e pessoal de manutenção! Gostaríamos de expressar nossa gratidão, então por favor, siga-me. Ele os levou até uma mesa florida onde havia uma caixa dourada em cima. - Tess, por favor, abra. - ele disse.
Tess retirou a tampa da caixa. No interior estavam duas lindas estatuetas de jade. Uma era a figura de Buda de Khmer e a outra era do rei Jayavarman VII, o construtor de Angkor Wat, em uma pose de meditação contemplativa. As estatuetas valiam uma fortuna considerável, Tess ficou sem jeito com a generosidade do governo.
- Nós não temos palavras para expressar o quanto nós somos gratos, tanto por sua bondade quanto pela oportunidade de trabalhar com sua equipe maravilhosa. - disse Tess.
O general sorriu e então eles mudaram de assunto. - Eu percebi que você estava admirando nosso piano. Nós o pegamos emprestado de Singapura para um concerto, amanhã teremos um renomado pianista se apresentando, Helmut Hoffman. Você toca?
- Sim. - ela respondeu - Eu gosto muito de tocar piano.
O rosto do general se transformou num enorme sorriso. - Que jeito esplêndido de começar essa festa! Você tocaria para nós?
Tess olhou para Jake e recebeu um sorriso em resposta. - General, eu ficaria honrada.
Tess caminhou para o Steinway, impressionada com seu tamanho e esplendor de ébano. Ela puxou o banco, sentou-se e testou os pedais. Ela então correu suas mãos suavemente sobre as teclas para sentir a resposta. Foi imediata e poderosa.
Tess sempre iniciava seus concertos com o Prelúdio de Bach e a Fuga em Dó maior, a primeira parte de Well-Tempered Clavier, uma composição lenta e sublime que tocaria a alma. O que ela tocou depois refletia seu humor no momento. Ela mudou para uma peça apaixonada e pensativa de Scriabin, o Etude Nº 12 em dó sustenido menor. Ela planejava parar por ali, mas os aplausos do público a persuadiram continuar a tocar.
Mais pessoas vieram para o salão de festa e tomaram os seus lugares nas mesas. Ela agora começou uma performance da primeira sonata para piano de Rachmaninoff. Ela preferiu tocar esta peça ao invés da mais conhecida, a segunda sonata. A música era mais pensativa, direta e poderosa. Ela também parecia ter sido composta para mostrar a sonoridade do piano de cauda. Inspirada por Goethe’s Faust, a música sugeria seu pacto com o demônio, que concordou dar tudo o que Faust desejava em troca de sua servidão no inferno. Cada passagem da composição sugere que os três personagens, incluindo Marguerite e Mephisto. Tess trouxe habilmente o lado macabro e sombrio da música com grande efeito. Os espectadores aplaudiram com entusiasmo, pedindo bis. Tess concluiu com uma emocionante e divertida peça de Albeniz Asturias. Quando os aplausos finalmente cessaram ela se levantou e se curvou em agradecimento.
As pessoas a rodeavam ansiosas para expressarem o apreço por seu talento. Parecia que eles estavam bem cientes de não tocar em suas mãos, mas estranhamente, os Europeus pareciam compelidos a tocar o resto dela. Desconfortável, ela olhou para Jake. Ele abriu caminho pela multidão, seguido pelo general, que agora estava acompanhado de um distinto cavalheiro de meia idade que vestia um smoking sob medida.
- Monsieur Laurent Belcour, chefe da organização de desenvolvimento internacional, ODI. Por favor conheça Major Tess Turner e Coronel Jake Vickers. Eles foram os responsáveis por treinar nossos pilotos e nos ajudaram com as aeronaves. Sem mencionar que eles nos proporcionaram um concerto inesquecível.
- Eu ouvi que você fez um trabalho encantador. - disse Belcour enquanto olhava para Tess e galanteamente tomou suas duas mãos e as beijou. -Isso faz com que eu queira ser um dos seus alunos piloto.
- Você é muito gentil, Monsieur Belcour. Nós estávamos apenas fazendo o nosso trabalho.
- Quem me dera que tivéssemos nos conhecido antes, Tess... Posso chamá-la de Tess?
- Claro, Monsieur Belcour, preferimos ser informais.
- Por favor, me chame de Laurent.
Belcour ficou só olhando, focado exclusivamente em Tess e ignorando totalmente Jake. Os olhos dele estavam devorando ela, fixo em seus seios e em seu ágil e lindo corpo.
- Como você entrou para este negócio Tess? Eu desconheço qualquer outra mulher tão bela que seja uma especialista em equipamento militar.
- Eu era uma piloto militar e venho de uma longa linhagem de soldados.
- Você deve ser parente do General Turner, estou certo?
- Sim, ele é meu pai. Ele agora é CEO da NTC, a fabricante de sistemas de armas avançados.
- Eu encontrei seu pai algumas vezes. Ele era um general brilhante e é ótimo no que faz agora. Eu, por outro lado, estou condenado a lidar com números na maior parte do tempo.
- Você é muito modesto Monsieur Belcour... Laurent, você tornou possível para esse país obter o sistema de helicópteros. Eles não conseguiriam sem você.
- Verdade, mas esse é o meu trabalho. Sou apaixonado por ajudar a melhorar os países em desenvolvimento. Ele fez questão de enfatizar apaixonado.
Belcour continuou dando em cima de Tess descaradamente, e ela foi ficando cada vez mais incomodada. Ela virou a cabeça para trazer Jake a conversa, mas ele tinha ido buscar uns drinks para eles. Por sorte, Nicola e Carmen apareceram para resgata-la. Depois de cumprimentarem uns aos outros e elogiarem suas aparências, Tess apresentou Carmen e Nicola a Belcour. Depois de um olhar apreciativo aos seios de Carmen, ele se virou para a Tess.
- Eu ouvi dizer que sua companhia está abrindo um escritório em Paris. Isso é surpreendente. Nós teremos a chance de nos ver outra vez.
- Como você sabe disso, Laurent? Nós não anunciamos isso ainda.
- Eu gosto de me manter informado. Eu estou muito feliz que você tenha decidido expandir na França. ODI é sediada em Paris também e organiza financiamentos para muitos países em desenvolvimento. Nós podemos facilitar os negócios da sua empresa ajudando você a obter contratos.
- Obrigada Laurent, mas até agora nós conseguimos nossos contratos graças a nossa boa reputação. Sinceramente, procuramos ajudar esses países, ajudando-os a selecionar e encomendar armamentos econômicos.
- Admirável. Estou ansioso para trabalhar com você num futuro próximo. Por favor me avise quando chegar a Paris. Eu insisto em lhe levar ao meu restaurante favorito e quem sabe mais... - Seus olhos continuavam fixos nela.
Tess ficou aliviada quando Jake apareceu com seus drinks e Belcour foi levado para conhecer outros dignitários.
Tess olhou para Jake. - Aquele cara me causa arrepios. Eu acho que ele mexeu comigo.
Jake sorriu. - Ele é um aristocrata francês. Está em seu DNA tentar seduzir as mulheres.
- É bom saber que você não está com ciúmes. Se fosse outro homem, teria acabado com ele.
- Não é necessário socar alguém. Eu admiro seu bom gosto para mulheres, contanto que ele mantenha as mãos longe de você.
Um ministro do governo pediu um brinde, agradecendo a todos por tornar realidade e concluir com sucesso a aquisição de armamento moderno.
Jake não pode resistir em sussurrar no ouvido de Tess. - Espero que ele saiba que com 35,5 milhões de dólares por cada helicóptero além de sistemas de apoio, ele poderia ter alimentado milhares de pessoas.
- Triste realidade, mas vamos dar a ele o benefício da dúvida. Hoje em dia eles precisam reforçar suas defesas. O Camboja está situado em uma área bem perigosa do mundo.
- Eu acho que sim. Agora, vamos tentar desaparecer.
Jake e Tess apertaram algumas mãos, agradeceram os anfitriões pelo convite e tomaram o caminho para o quarto.
Tess conseguia sentir que algo estava incomodando Jake. - Quer me dizer o que está passando pela sua cabeça?
- Eu acho difícil um figurão como Belcour voar para o Camboja para celebrar um projeto tão pequeno. Ele poderia ter enviado outra pessoa em seu lugar. Eu acho que há algo mais nisso.
Tess lhe deu um beijo na bochecha. - Jake. As vezes eu acho que você está vivendo uma teoria da conspiração.

4 - Tom nativo
Agora eles podiam relaxar de verdade, Jake alugou um Tuk Tuk, uma scooter motorizada com o espaço do motorista na frente, e uma pequena cabine coberta na parte de trás para os passageiros. Ele entrou no Tuk Tuk junto com Tess, Carmen e Nicola. O motorista os levou para um passeio bem tranquilo pelos pontos turísticos de Phnom Penh. Eles viram as atrações mais comuns: O palácio real com um templo de prata e o Museu Nacional, construído no estilo clássico Khmer pelos franceses durante a era colonial no final do século XIX. Eles também visitaram o Monumento da Independência, que foi construído na década de 1950, mas também foi construído no antigo estilo Khmer. Os colonos franceses deixaram a sua marca, com várias moradias, igrejas francesas, avenidas com o estilo de arte e decoração Phsar Thom Thmei.
De volta ao hotel, os casais tiveram um excelente jantar e, pela manhã, aproveitaram o brunch com champanhe Veuve Clicquot do hotel. Eles haviam acabado de colher ostras que haviam sido trazidas da França, foie gras terrine e até raclette. Eles estavam desfrutando de um paraíso francês nos trópicos, bem diferente da vida dos cambojanos que eles viram caminhando durante o passeio pela cidade.
Tess estava perfeitamente feliz, se deliciando com a piscina, usando máximo que podia de protetor solar e comendo nos restaurantes do hotel, mas sabia por experiência que sua indulgência não duraria. Como previsto, no dia seguinte, Jake convenceu Tess e o outro casal a irem até a cidade para vivenciarem o cenário local.
Eventualmente eles acabaram entrando em um restaurante nativo. Ao visitar um novo lugar, Jake, o aventureiro gourmet, avidamente procura pratos nacionais, e este lugar era perfeito para saborear pratos exóticos. Típico do seu MO, Jake adquiriu um conhecimento prático da língua em apenas algumas semanas, e ao mesmo tempo aprendeu sobre a cozinha local. Agora ele queria provar a comida, uma atividade que geralmente alarmava Tess. Ela era mais conservadora em suas preferências culinárias. Tess realmente amava Jake, até ele a arrastar para lugares que ela considerava estar bem longe de ser um restaurante civilizado e se aprofundar na busca de uma comida local autêntica. Em momentos como este, ela simplesmente suportava e tolerava o entusiasmo desenfreado do marido por novas lugares e sabores.
Jake começou a informar seus amigos sobre os destaques da cozinha Khmer. Ele começou a descrever os pratos que estavam em exibição sobre um balcão no restaurante. - Este é o peixe Amok. - Ele disse apontando para um dos pratos que estava a mostra. - Eles basicamente colocam o peixe em uma espuma. É suposto ter um gosto muito melhor do que aparenta.
Seus companheiros não pareciam estar convencidos, mas ele continuou compartilhando o que tinha aprendido. - Os cozinheiros adicionam slok ngor, uma erva local que trás um sutil amargor. Eles misturam essa combinação com leite de coco fresco e kroeung, um curry de erva-cidreira, raiz de cúrcuma, alho, cebolinha, galangal e gengibre chinês. Eles geralmente vaporizam em uma folha de bananeira, enquanto outros fazem uma versão fervida que é mais parecida com um curry de peixe com sopa do que com uma musse.
Mal eles haviam começado a considerar suas opções de prato, Tess e Carmen já estavam tentando não vomitar. Nicola parecia seguir pelo mesmo caminho. Jake concluiu, baseado na reação das mulheres, que aquele prato não era uma opção, então ele continuou a descrever o próximo.
Tess agora estava quase melancólica. - Eles tem um bom e simples bife, ao ponto e com batatas cozidas?
Carmen acrescentou, - Eu vi um restaurante mexicano a caminho daqui? Eu poderia comer uma enchilada verde.
Eram nessas ocasiões em que Tess desejava que Jake não possuísse uma memória fotográfica infalível. Juntamente com sua paixão pelo que ela considerava gostos estranhos, suas inclinações culinárias nunca deixavam de incomodá-la.
O entusiasmo de Jake era inabalável, ele animadamente apontou para um prato estranho. - Eu não acho que conseguiríamos encontrar isso hoje a noite. Continuando, formigas vermelhas fritas com carne e manjericão. Eles usam insetos de vários tamanhos, alguns quase não se consegue ver e outros tem quase uma polegada de comprimento. Estes são fritos com gengibre, erva-cidreira, alho, cebolinha e carne em fatias finas. Eles então adicionam pimenta, tomando cuidado para não subjugar o delicado sabor azedo que as formigas transmitem à carne. Este prato é servido com arroz e, se tiver sorte, você também receberá uma porção de larvas de formiga na sua tigela.
Jake olhou para Tess com a esperança que ela pelo menos considerasse experimentar o prato.
- Jake, se você cogitar isso eu lhe garanto um divórcio!
Carmen parecia enjoada e Nicola rapidamente sugeriu uma lasanha, ou pizza, num restaurante italiano. - Nós passamos por um, até que parecia decente.
Com um suspiro de decepção, Jake finalmente sugeriu Ang dtray-meuk — lulas grelhadas. - Não tem como errar escolhendo qualquer coisa que seja em porção espetada numa vara. Eles temperam com suco de limão ou molho de peixe e depois o assam em espetos de madeira. Para finalizar eles servem com um molho feito de alho, pimenta fresca, molho de peixe, suco de limão e açúcar. Vendedores de frutos do mar carregam pequenos fornos de carvão em seus ombros e cozinham a lula enquanto caminham pela praia.
Tess tomou uma rápida decisão. - Sim, vamos pedir isso. Ela continuava relutante em comer ali, mas pelo menos ela estava familiarizada com lula. Ela experimentou na França e eram saborosas. Aliviados, eles sentaram em uma mesa na varanda do restaurante, felizes por terem sido poupados de ouvir o resto da variedade de pratos oferecidos no local. O olhar agressivo de Tess não deu muitas opções a Jake, então eles pediram as bebidas.
- Graças a Deus as apresentações acabaram. - Tess falou depois de um pequeno gole do seu uísque single malt. - Ensinar os pilotos a como pilotar helicópteros nesse calor e com essa umidade, é o pior do que no deserto do Iraque.
Jake não estava prestando atenção. Seus olhos estavam cobiçando os pratos, que para ele eram proibidos, que os garçons serviam.
O jantar chegou, Tess teve que admitir que as lulas estavam excelente.
Então Jake sugeriu que eles experimentassem Cha houy teuk, uma sobremesa de geleia. Ele informou ao grupo que era feita de agar, uma gelatina derivada de algas marinhas. Pra começar, Tess não gostava de cremes e coisas moles, mas se obrigou a suportar a empolgação de Jake enquanto contava sobre a receita. - A geleia é combinada com sagu, feijão mungo branqueado e creme de coco, servido em uma tigela com uma colher de gelo raspado.
- De qualquer forma, você deve experimentar. Tess exibia um olhar ameaçador para Jake, caso ele ousasse pedir essa estranha combinação para ela. Nicola e Carmen escolheram um flan.
O jantar acabou e os casais começaram a caminhada de volta para o hotel. As ruas estavam movimentadas, a maior parte das pessoas aproveitavam seus jantares nos restaurantes. No caminho, eles passaram pelo bairro de sexo mais famoso de Phnom Penh, era chamado Edifício Branco. Se chamava assim por ter uma estrutura sinistra, decadente, branca acinzentada, que se estendia por vários quarteirões da cidade. Jake informou aos seus companheiros que, de acordo com suas pesquisas, as inquilinas daquele bairro eram prostitutas, muitas das quais tinham sido expulsas de bordéis menores porque estavam demasiado velhas ou desgastadas.
- O que você quer dizer com velha? Tess perguntou. - Eu vejo, na sua maioria, jovens.
- Nessas áreas, prostitutas na adolescência e 20 anos, não são mais tão úteis. Elas não tem outro lugar para ir a não ser aqui, a maioria não tem educação ou habilidades para outros trabalhos.
Tess não conseguia acreditar m seus olhos. A ideia de que uma mulher de 20 anos era considerada velha e que um edifício tão grande fosse dedicado à prostituição, a deixava chocada. Carmen estremeceu. A cena era pior do que o sul de Los Angeles, o duro lugar onde ela cresceu.
Eles continuaram descendo a rua, nas sombras do terrível prédio, passaram por vendedores que estavam vendendo frutas, partes de bicicletas e nozes seca. Todos os olhos estavam neles. Um homem em uma moto os observava perto demais.
De repente, eles ouviram um grito. Um cara estava segurando uma jovem mulher pelos cabelos, batendo nela repetidamente. Ela estava resistindo com toda sua força e arranjou um jeito de escapar, mas ele a alcançou e retomou o ataque.
As pessoas nas varandas e os pedestres agiam como se nada estivesse acontecendo. Esse tipo de espetáculo não parecia ser incomum. O homem continuava a bater na garota até que Tees decidiu fazer algo a respeito. Ela correu até eles e chutou o homem bem no estômago. Ele foi momentaneamente afastado da vítima, mas rapidamente se recuperou e contra-atacou com movimentos de artes marciais bem treinados. Tess o viu chegando e recorreu a sua pirueta alta, esmagando o homem na cabeça com o pé e derrubando o homem no chão. Sempre que podia, Tess evitava usar as mãos. Ela mais do que compensou essa limitação empregando o resto de seu corpo para destruir os adversários. Tendo sido uma piloto de helicóptero, ela recebeu uma formação fundamental em artes marciais, tendo sido reforçada por conta própria.
Do lado de fora da briga, Carmen e Nicola ficaram parados, olhando totalmente despreocupados. - Parece que Tess esta furiosa hoje. Melhor nos afastarmos. - Carmen sugeriu. Jake se acomodou apoiado em uma parede, acendeu um cigarro e observou o balé que Tess fazia com a precisão de seus movimentos. Ele não estava preocupado com a segurança dela. Tess podia ser letal quando provocada, ou quando ficava com raiva do mau comportamento das pessoas.
O agressor agora estava inconsciente com seu rosto em uma poça no meio da rua. A mulher que foi agredida estava sentada no chão, encostada em uma árvore, chorando. Tess e Carmen foram até ela e a ajudaram a levantar. Todo mundo na rua continuou a fazer o que estavam fazendo, indiferentes e alheios ao tumulto.
Jake tentou se comunicar com a jovem usando o pouco que tinha aprendido da língua local. Ele estava certo que o nome dela era Suchin Montri e que o homem, que agora estava no chão, era seu cafetão. Ela parecia estar aterrorizada ao pensar que teria que enfrentá-lo novamente. Então Tess e o resto do pessoal chamaram um taxi e levaram a jovem para o hotel com eles. Ela abraçou Carmen e Nicola e assegurou que ela e Jake iriam tomar conta da garota. - Apenas aproveitem o resto do dia. Nós nos vemos amanhã.
Uma vez no quarto, Tess ajudou a menina a tomar um banho e quando ela saiu lhe emprestou uma de suas camisolas. Jake pediu comida através do serviço de quarto e deixou a mulher se recompor. Eles conseguiram fazer com que ela comesse um pouco.
Jake conseguiu de alguma forma se comunicar com Suchin, percebendo que agora eles possuíam um problema. O que fazer com uma jovem prostituta que estava em perigo de ser severamente espancada, ou pior, por seu cafetão? Eles decidiram dar um passo de cada vez. Primeiro, ela precisava descansar. Eles a deitaram em uma das camas do quarto e Tess a deu um sedativo.
Sunchin dormiu, mas foi atormentada por pesadelos. Ela chorava e gemia durante o sono e teve que ser confortada várias vezes. Depois de uma noite agitada para todos, Jake perguntou a mulher o que ela gostaria para o café da manhã e pediu pelo serviço de quarto. O garçom entregou a comida no quarto e não piscou o olho ao ver dois ocidentais hospedando uma mulher local em seu quarto. Aparentemente, esses acordos eram comuns.
Jake, lentamente, tentou descobrir o que aflingia Suchin durante a noite. Hesitante, a jovem mulher disse-lhe o que ela sonhou. Ela estava sendo perseguido por homens. Eles a pegaram e jogaram-a em um quarto imundo, infestado de baratas. Ela sabia o que iria acontecer a seguir: Eles iriam torturá-la — chicoteá-la com cabos de metal, trancá-la numa jaula, choque com um fio elétrico solto — e depois iriam estupra-la. Não era realmente um sonho. Suchin realmente passou por isso.
A menina continuou. Sua mãe a vendeu para um bordel quando ela tinha sete anos de idade. Durante anos, cafetões forçaram Suchin para mais de 20 homens por dia. Se ela não fizesse o que mandavam, ou se ela tentasse fugir, ela era severamente punida. Queimada com um ferro quente, coberta de insetos que a mordiam e pior. - Eu quero morrer. - Ela disse. Ela teve relações sexuais com centenas de homens pelo tempo que ela tinha dez anos de idade.
Tess ficou chocada. - É difícil acreditar que uma mãe venderia sua própria filha para uma vida de escravidão.
Jake acessou a enciclopédia que se disfarçava como seu cérebro. - Camboja é uma nação fraca e corrupta que ainda esta se recuperando do genocídio cometido pelo regime Khmer, nos anos 70. O terror não pára por aqui. Mais de 12 milhões de pessoas são agora vítimas de prostituição forçada em todo o mundo. Compra e venda de seres humanos é um negócio global de US $ 32 bilhões.
Tess ligou para recepção e pediu para eles enviarem um tradutor. Um homem chamado Aran Mookjai apareceu na porta em quinze minutos e Jake rapidamente negociou o pagamento.
Suchin sentou na cama e começou a falar sobre a história da sua vida, Aran estava traduzindo as palavra dela. Ela lembrou de um infância feliz, com pais amorosos, três irmãos e uma casa fora da cidade. A família era dona de um campo de arroz. Seu pai até planejou que as crianças frequentassem a escola.
Infelizmente, seu pai morreu quando ela tinha cinco anos de idade. - Depois disso minha mãe mudou. - Sunchin disse. - Ele estava muito infeliz. Ficamos desamparados. Eventualmente, a família mudou-se para uma cabana. Quando Suchin tinha sete anos, sua mãe a vendeu, dizendo que ela seria uma empregada doméstica em uma casa. Suchin sentiu que era seu dever obedecer.
Aran explicou. - No Camboja as filhas são como propriedades. Elas estão lá como um meio de sustento para família.
Suchin continuou a contar. - Eles me trancaram em quarto. Eu chorei tentando abrir a porta. No dia seguinte, um homem disse, 'Eu tenho um cliente para você'. Eu não sabia o que ele queria dizer com isso, mas eu sabia que não era nada bom. Eu me recusei a ir. Então ele me levou para outro quarta, para me punir. - Ela parou por um momento. - Ele me fez beber a urina do homem, me amarrou e me cobriu com formigas mordedoras. Ele também me bateu. Finalmente, eu disse sim.
Suchin ficou desconfortável em contar sua história. Ela falou em pequenas explosões sem emoção. É como se ela tivesse se tornado outra pessoa contando sua própria história.
O primeiro cliente de Suchin era - Um homem asiático com um olhar maléfico. - Ela lembrou. Ela mudou de ideia e se recusou novamente a servi-lo. Furioso, seu cafetão levou a tortura a outro nível. Ele esmagou um punhado de pimenta quente com o pé e enfiou em sua vagina. - A dor era terrível. - Ela disse. - Eu não conseguia falar. Logo depois, o cliente colocou um preservativo e a estuprou, desfrutando de seus gritos.
Suchin não sabe se o cliente pagou uma taxa alta por sua virgindade. O tradutor acrescentou voluntariamente que, na maior parte da Ásia, você poderia ter sexo com garotas por tão pouco quanto 5 dólares. Jake observou que o preço para estuprar uma garota foi inferior aos nove dólares que ele pagou num táxi do aeroporto para o hotel.
Aran continuou. - Aqui, as virgens costumam custar mais. Depois da primeira vez, não é incomum os cafetões costurarem as meninas, as vezes até sem anestesia, assim elas vão gritar de dor na próxima vez e enganar os clientes.
Posteriormente, se Suchin não cumprisse sua cota de homens por dia, o cafetão a punia dando choques com um fio elétrico solto. - Várias vezes eu me sentia tão cansada que eu não conseguia sair da cama. Os homens simplesmente vinham até mim, um depois do outro, como uma gangue de estupradores. - Ela disse. - Eu parecia estar morta, eu queria morrer.
Aran olhou para Tess, suspirou e murmurou. - Esse é o Camboja.
- Qual a obsessã por virgens? - Tess perguntou.
- Alguns homens acreditam que o sexo com uma mulher virgem traz sorte ou boa saúde. Os estrangeiros que fazem isso, normalmente são pedófilos ou homens que querem por pra fora suas fantasias violentas. Eles sabem que podem ir embora sem serem punidos aqui. Prostituição e tráfico humano são proibidos, mas os policiais são pagos para olharem para o outro lado.
Finalmente, Suchin disse que ela decidiu fugir. - Eu não me importave se o cafetão fosse me matar. Prefiro morrer do que viver daquele jeito. Uma noite, depois de um cliente ir ao banheiro, ela viu sua chance. Ela saiu correndo e chegou à entrada do prédio, onde o cafetão a pegou. Ele arrastou-a para a sala de tortura, onde a amarrou com braços abertos e chicoteou-a com uma bengala até que ela sangrasse, em seguida, esfregou pimentas quentes em suas feridas. Depois disso ele a vendeu para outro bordel.
Enquanto ela falava, uma tempestade vespertina chegava, quebrando o calor. Ela olhou para o aguaceiro por um minuto e descreveu em silêncio sua segunda tentativa de fuga. As coisas aconteceram da mesma forma. Ela foi capturada, espancada e vendida para outro bordel.
Tess perguntou, - O que lhe deu coragem para fugir de novo?
- Eu sabia que se ficasse eu ficaria doente e morreria. - Ela disse. - Eu não tinha nada a perder. Então, uma noite, quando seu guarda tinha deixado a porta, ela fugiu de novo. Desta vez ela conseguiu chegar a rua. Ela correu o mais rápido que conseguia até que seu cafetão a alcançou e começou a bater nela. Isso foi quanto Tess interveio e sem dúvidas mandou o homem para o hospital.
Jake pagou o tradutor e o acompanhou até a porta do quarto. Tess foi se sentar na varanda, com uma bebida na mão, chateada com tudo o que ela tinha acabado de ouvir de Suchin. Jake foi para o banheiro tomar um banho. Ele tirou sua roupa e se virou. Ele viu Suchin de pé, nua na frente dele.
- O que você esta fazendo Suchin?
- Eu sou sua senhor. É a única coisa que posso fazer para agradecer sua generosidade.
- Suchin - Jake enquanto vestia seu roupão de banho. - Você não tem que fazer isso. Nós não estamos cuidando de você esperando algo em troca. Apenas queremos fazer o que for melhor para você.
- Por favor, me aceite Sr. Jake - Suchin implorou. - Eu não tenho mais nada a oferecer.
Jake colocou o roupão nela e pegou em suas mãos. Ele a levou até Tess, que continuava sentada na varanda.
- Eu acho que temos um problema Tess. Ela acha que tem que nos pagar com seu corpo.
Tess se levantou e abraçou a jovem desanimada.
- Suchin, nós entendemos que nunca ninguém fez nada por você, mas agora é diferente. Você esta segura agora. Nós vamos garantir sua segurança e cuidado. Jake traduziu. Suchin chorou. Ela não conseguia entender o que estava acontecendo. Como alguém não iria querer algo em troca?
Tess pegou a jovem pelas mãos e a sentou, tentando conforta-la. Era óbvio que a garota estava completamente desorientada e que talvez ela quisesse voltar para onde ela veio, sem nenhuma razão, mas porque era a única coisa que ela sabia fazer.
- Eu acho que devemos achar um lugar para Suchin ficar para que ela possa escapar dessa situação. Deve haver um abrigo ou instituição que ajude as prostitutas deixar essa vida.
- Isso não é a Europa ou os EUA. - Jake alertou. - Eu não tenho visto muitas evidências do funcionamento dos serviços sociais aqui. Jake, no entando, foi até seu computador e procurou por informações. Surpreso, ele achou algo que poderia ajudar. Ele descobriu uma propaganda de uma conferência católica no Camboja. Vários ministérios estavam no país, incluindo o Catholic Relief Services, os Jesuit Refugee Services e Jesuit Services, a Comunidade Maryknoll de irmãs, sacerdotes e missionários leigos, salesianos e a Escola Técnica Dom Bosco.
Ele ligou para um dos números. Logo em seguida, eles levaram Suchin para um convento. Irmã Theresa, a Madre superior, recebeu eles e listou todos os serviços que as instituições religiosas estavam tentando realizar no país.
Após uma xícara de chá, ela contou-lhes o que aconteceu. Durante a Guerra do Vietnã, os americanos que estavam perseguindo os Viet Cong, realizaram mais de 43.000 ataques aéreos dos EUA contra o Camboja, lançando dois milhões de toneladas de bombas. Alguns estudiosos atribuíram a ascensão do Khmer Rouge a devastação que os ataques causaram. A calamidade permitiu que eles atraíssem o apoio inicial dos aldeões rurais. O Khmer Rouge então desencadeou um reinado de terror e genocídio no país, além de iniciar sua própria guerra contra o Vietnã, provocando muitos anos de instabilidade e sofrimento até tempos recentes. O Khemer Rouge, como organização, eventualmente se auto-destruiu. A população no Camboja que sobreviveu só está começando agora a juntar os pedaços que restaram das cidades, vilarejos e famílias.
- Você não deve se deixar distrair pelas belas fotografias dos templos antigos de Angkor Wat ou por algumas construções novas. - Irmã Theresa adicionou. - Embora a beleza do Camboja seja muito real, assim também é a vida dolorosa de muitas das pessoas pobres.
Jake e Tess se sentiram envergonhados. Eles fizeram um acordo com o convento, em troca de prover abrigo e reabilitação para Suchin, eles receberam uma generosa doação. Eles disseram a Suchin que quando ela estivesse pronta, eles a ajudariam a começar uma vida normal. Tanto Tess quanto Jake estavam se virando para ir embora quando Suchin, com lágrima nos olhos, abraçou os dois.

5 - Um convite para festa
Jake e Tess tinham um voo marcado para manhã seguinte, por isso foram direto para o quarto arrumar as malas. Assim que passaram pela recepção, eles pegaram as mensagens deixadas pelos membros de suas equipes operacionais de todo canto do mundo. No topo estava um envelope. A elegante carta que estava dentro foi escrita por Laurent Belcour, convidando para se juntar a ele em uma pequena festa em sua suíte.
- Jake, aquele cara me causa arrepios. Vamos ignorá-lo.
- Eu acho que deveríamos ir Tess. Ele é muito importante para ser ignorado. Ele financia, pelo menos, metade dos nossos projetos. -
Tess suspirou em desistência.
Eles se vestiram para a ocasião e foram recebidos por uma assistente na suíte de Belcour, uma mulher muito atraente, que compartilhou que seu nome era Julie. Ela rapidamente os levou para dizer olá ao anfitrião. Ao vê-los, Belcour deu um sorriso caloroso, agarrou a mão de Tess e beijou-a galantemente. Desta vez, ele também fez questão de apertar a mão de Jake.
Belcour estava animado. Ele os apresentou para várias pessoas, a maioria mulheres locais por volta dos seus vinte anos. Cada uma delas era de tirar o fôlego.
As mulheres pareciam ser cultas e sofisticadas, facilmente conversavem em inglês e francês. Um por um, eles se retiraram com Belcour para um quarto, emergindo com smartphones nas mãos e conversando com seus contatos. Alguns homens asiáticos fizeram o mesmo: Alguns minutos a sós com Belcour e em seguida ligaram para alguém.
Belcour finalmente voltou para reencontrar seus convidados. Seis casais ocidentais se juntaram à festa, parecendo notavelmente semelhantes: os homens eram de meia idade e as mulheres pareciam ser significativamente mais jovens. ‘Aquele um por cento com suas esposas troféus’, pensou Tess.
Após reparar em Jake e Tess, os novos convidados fizeram questão de cumprimentá-los. Todos eles tinham ouvido Tess tocar piano, todos elogiaram sua performance. Lorde e Lady Clements falaram sobre o castelo deles no País de Gales, um lugar grande e triste que eles não pareciam gostar muito. Ela preferia visitar lugares mais bonitos e agradáveis em qualquer outro lugar.
- Estamos encantados de passar a maior parte do nosso tempo em Singapura - a senhora disse. - De alguma maneira é um pouco britânico e ainda moderno. Ela aparentemente estava se referindo ao antigo estatuto da ilha como uma colônia britânica.
O próximo casal veio de Chicago. Eles também eram bastante ricos e convidaram Tess e Jake para visitá-los caso estivessem por perto.
Em seguida, um casal francês abordou Tess e Jake. Eles estavam surpresos e encantados com a fluência deles em francês. - É espetacular que vocês dois entendam a importância de falar francês. - disse a Baronesa Arnault. - A maioria dos americanos não se encomodam em aprender a língua. O francês costumava ser o idioma preferencial da diplomacia por um longo tempo. - acrescentou.
'Não mais', pensou Jake. 'A França tem sido quase irrelevante nos assuntos mundiais desde a Segunda Guerra Mundial.'
Jake e Tess fizeram o seu melhor para serem encantadores, mas tinham a sensação de que a festa era mais do que apenas um meio de entretenimento. Jake suspeita de que ele e Tess estavam sendo examinados e entrevistados para participar de uma espécie de clube social. Todo mundo na festa parecia se conhecer.
Belcour era o centro das atenções. As pessoas estavam disputando para conseguir falar com ele. Conforme o líquido fluía, o volume das conversas aumentava. Tess pressentia uma atmosfera de antecipação na multidão, como se eles estivessem esperando que algo acontecesse.
- Tess, vamos embora daqui. - Jake disse. - Estou com um pressentimento que algo estranho esta acontecendo.
Tess olhou para ele intrigada. Ela não se importava em ir embora, mas ela não detectou nada de estranho. Logo ela percebeu que estava errada.
Belcour os pegou na saída. - Por favor, não vá. Nós gostaríamos muito que vocês se juntassem ao nosso grupo. Todo mundo está impressionado com vocês e gostariam que vocês experimentasse os prazeres que todos nós perseguimos. Vocês seriam um ótimo complemento.
Tess agora estava realmente muito intrigada. - Que prazeres?
- Vocês vão ver. Belcour respondeu enquanto pegava sua mão e a beijava enquanto olhava para ela com seu olhar irritantemente sedutor.
Um dos homens da festa, que poderia ter sido um associado de Belcour, fez um comunicado. - Mesdames et Senhores, Senhoras e Senhores, eu sou Bertrand Dubois, seu anfitrião. Que a diversão comece.
A multidão olhava em direção a uma linda mulher asiática que tinah acabado de entrar na sala. E com um movimento natura ela despiu o roupão, revelando seu corpo nu. A multidão aplaudia em admiração.
- Precisamos de um cavalheiro para apresentar e demonstrar a arte de fazer amor com esta encantadora dama.
A mulher nua não reagiu, permanecendo imóvel. Um homem da audiência foi em direção a ela, oferecendo seus serviços.
A plateia se fez confortável, alguns homens afrouxando a gravata, as mulheres com os olhos fixos no casal prestes a começar uma performance no divã.
Tess olhou para Jake, seus olhos arregalados. - Jake, eles vão fazer um show de sexo!
O homem que se ofereceu para demonstrar suas proezas sexuais tirou as roupas e se aproximou da mulher nua. O resto do grupo começou a remover suas próprias roupas também. Alguns dos casais começaram trios com as mulheres asiáticas.
Jake afirmou o óbvio. - Isso não é apenas um show de sexo. Isso é uma orgia, como todo mundo participando.
Eles foram em direção a saída, mas estava bloqueada. Uma dupla de gigantescos guardas estava na frente da porta. Jake e Tess estavam prestes a começar uma briga quando Belcour correu para eles, sorrindo.
- Tess, Jake, vocês são lindos e talentosos. Todos concordaram que vocês deveriam ser convidados a participar do nossoo grupo. Por favor, fiquem e experimentem os prazeres que estão disponíveis apenas para poucos.
- Monsieur Belcour. -disse Tess indignada. - Não não estamos interessados nesse tipo de experiência.
- Por que não Tess? Somo um grupo elitista livres para perseguir nossos prazeres. Homens e mulheres da mais alta qualidade clamam para se juntar a nós para experimentar o que oferecemos. Todos aqui é lindos e ansiosos para agradar aos outros de qualquer maneira que desejarem. Eu adoraria te mostrar o que posso fazer para melhorar sua vida amorosa, e isso não precisa terminar aqui. Nós fazemos isso pelo mundo inteiro. Olhe atrás de você, isto não é um espetáculo incrível?
Tess estava chocada com o que Belcour tinha acabado de contar. Ela se virou e percebeu que todos já tinham tirado as roupas. Eles estavam agora deitados em colchões que foram trazidos para a sala.
Belcour continuou. - Tess, Jake, vocês são um casal maravilhoso. Façam amor um com o outro agora até se sentirem confortáveis para começarem a se divertir com os outros. Eu asseguro que esta será uma experiência incrível que vocês vão apreciar pelo resto de suas vidas.
Jake pegou Tess pelas mãos. - Nós precisamos ir.
- É uma pena. - Belcour observou, visivelmente desapontado. - Pensem nisso, ok?
Tess e Jake se aproximaram da porta. Os guardas continuavam em pé, imóveis feito estátuas de pedra, impedindo a saída. Jake olhou para eles. - Por favor, saiam.
Os guardas não pareciam levar a sério, até que Tess chutou um deles na virilha. Jake ajudou, socando o outro guarda no estômago. Os dois homens pareciam um saco de batatas.
Tess se virou e olhou para Belcour, encarando o óbvio. - Estamos indo embora. Agora.
Belcour concedeu. - Por favor, pensem nisso. Eu os verei em Paris mês que vem.
'Nos seus sonhos' Tess pensou.
Conforme eles desciam o corredor, cinco lindas garotas asiáticas passaram por eles, a caminho da suíte de Belcour.
- Eu acho que o grupo precisa de mais variedade. - Jake observou.
***
Na manhã seguinte, Tess e Jake estavam sentados na sala de estar do aeroporto, esperando para embarcar no avião de volta para os EUA, Carmen e Nicola já haviam partido.
Jake observou um grupo de mulheres locais formando uma fila para um voo para Paris. - Eu tenho certeza que aquelas mulheres são as mesmas de ontem a noite, as que chegaram na festa de Belcour quando estavamos saindo.
Tess fechou sua revista. - Você tem certeza?
- Claro que eu tenho certeza. Eu sempre lembro de tudo.
- Triste, mas verdade. - Tess brincou. - As vezes você é muito esperto para o seu próprio bem. Não seja paranóico.
- Dê uma boa olhada nelas. É o mesmo grupo que se juntou a festa quando estávamos indo embora.
Tess agora reconheceu, pelo menos, algumas das mulheres. - Eu acho que você está certo. Parece que Belcour está exportando essas meninas para Europa.
Dois homens em ternos caros se juntaram ao grupo de mulheres. Belcour e Bertrand Dubois. As mulheres pareciam animadas em torno deles.
Jake falou no ouvido de Tess. - Eu estaria disposto a apostar que esses dois são cafetões de classe mundial.
- Se esse for o caso, será que elas sabem o que as espera? - Tess perguntou.
- Elas provavelmente sabem que vão trabalhar como prostituas na Europa. Eu acredito que elas serão usadas como cortesãs de classe alta.
Tess olhou para Jake com desdém. - Cortesã. Isso soa como algo exótico. Quem sabe o que va acontecer com elas depois que chegarem lá.
Jake olhou para Tess suplicantemente. - Não me diga que agora você quer se envolver e consertar o que quer que seja que eles estão fazendo?
Tess normalmente fica irritada quando é desafiada. - E se eu disser? Apesar de seus títulos grandiosos, esse babaca do Belcour é basicamente um cafetão. Ele está usando as mulheres para entreter seus comparsas. Deve haver algo ilegal envolvido.
- Talvez, mas você não é policial. Tess, as vezes você tem dificuldade em não ultrapassar os seus limites. Você não tem autoridade legal para intervir, e se você for a polícia, você vai precisar de provas. Um advogado inteligente vai fazer picadinho de uma alegação não comprovada, e você ganhará a inimizade de um homem importante. Eu preciso lembrar que a organização dele fornece financiamento a muitos de nossos clientes para que eles possam comprar armas e, por sua vez, nos contratem para ensiná-los a usá-las?
- Lá você vai sendo prático novamente. Esse é o problema com nosso mundo. Tudo, eventualmente, se resume a dinheiro.
- IIsso é verdade, e você também pode viver com isso. Eles estão embarcando no avião. Vamos nos sentar e tentar relaxar. Este vai ser um longo voo.
Tess estava irritada com Jake agora. Ele sempre insistia em olhas as coisas de maneira lógica.

6 - Tentando fazer o bem
De volta a Nova York, Tess estava desfrutando da tarde descansando na varanda de seu apartamento, apreciando a vista de arranha-céus iluminados e a faixa de luz de milhares de carros percorrendo as ruas da cidade.
Jake trouxe um copo de conhaque para ela e sentou ao seu lado. Tess tomou um gole. - Isso é estranho. É difícil de acreditar que um homem instruído como Belcour está envolvido nesse tipo de vulgaridade.
- Ele não vê isso como vulgaridade. - Jake constatou. - Ele apenas considera que o que ele está fazendo é uma forma de entreterimento para pessoas que podem pagar por isso. Obviamente todos eles tem muito dinheiro e, eventualmente, eles ficam entediados, então começam a procurar formas alternativas de excitação.
- Nós temos dinheiro e ainda conseguimos fazer algo de útil.
- Nós ainda não estamos entediados.
Tess socou levemente o ombro de Jake. - O que você quer dizer com ainda? Você está sugerindo que, eventualmente, você ficará entediado?
Jake sorriu. - Tess, não tem como ficar entediado vivendo com você. Você é tão linda e sempre tem algo mais com você.
Tess socou o ombro dele de novo, dessa vez com um sorriso. - Aliás, o que fazemos com Suchin a longo prazo? Nós não podemos deixar ela simplesmente voltar para uma vida no bordel.
- Eu ainda não tenho certeza de como podemos ajudar daqui. Jake coçou a cabeça. - Suchin é apenas uma em um milhão de garota na mesma situação. Não há dúvida de que estamos lidando com um sistema de escravidão. O problema é que a prostituição forçada é tão difundida, e quase institucionalizada, que seria necessário um esforço multinacional para resolver o problema. Do jeito que está, os governos asiáticos apenas falam sobre o controle do tráfico. Em sua maioria eles ignoram o que está acontecendo, porque, de um modo perverso, a escravidão sexual contribui não oficialmente para o seu Produto Nacional Bruto. Não são apenas os cafetões que lucram, mas a polícia e as autoridades locais também. Eu tenho quase certeza que os policiais aceitam suborno para olhar para o outro lado. Ser pago por cafetões é considerado como uma forma de complementar seus salários. Além disso, há uma importante indústria do sexo turístico. Pessoas do mundo inteiro vão para Ásia para terem acesso as vantagens de um serviço de sexo barato e sem restrições.
Tess ficou chocada. Sua educação privilegiada não a preparou para enfrentar a dura realidade daquela situação que ela testemunhou. Típico do seu comportamento orientado para a ação, ela propôs fazer algo sobre isso.
- Eu acho que tenho uma solução. Tess proclamou triunfante. - Vamos estudar a criação de uma organização de resgate gerida por mulheres que foram resgatadas de uma vida de prostituição. Eu não sei vamos conseguir a cooperação do governo, mas temos que tentar.
Jake balançou a cabeça. - Tess, você tende a querer resolver todo tipo de problema que vê. Isso é muito grande para nós, especialmente porque eu não acho que vamos conseguir uma aprovação oficial para criar essa organização.
- Isso é o que todos dizem. - Tess respondeu. - Parece que todo mundo aceita as coisas ruins que acontecem porque é muito complicado fazer algo sobre. Sempre vão existir obstáculos. Tudo o que temos que fazer é trabalhar para desviar deles.
- Tess, você tem que entender que estamos lidando com um problema em escala mundial aqui. Essas coisas acontecem em todo lugar da Ásia, Europa e América do Sul, até mesmo nos EUA. Nós não podemos simplesmente dar um jeito nisso, o problema é muito maior do que podemos lidar. Até mesmo o governo fica frustrado devido a sua incapacidade de evitar o comércio de escravidão sexual e tráfico humano em geral.
- Eu pensava que escravidão era coisa do passado.
- Não é bem assim. A escravidão hoje em dia é muito mais ampla e abrangente do que já foi no passado. Ela existe pelo mundo inteiro, de maneiras inimagináveis, desde as péssimas condições, como vimos no Camboja, até a escravidão sexual, pornografia, prostituição de alto nível e comércio sexual voluntário.
Tess balançou a cabeça de um lado para outro, frustrada. - Jake, nós gastamos a maior parte do nosso tempo e esforços ensinando os exércitos a usar armas e aeronaves que, no total, custam bilhões de dólares. Talvez nós devêssemos focar em algo mais positivo. Nós temos alguns recursos e muitas pessoas talentosas. Talvez devêssemos pensar em uma nova missão.
Jake tocou no canto interior dos olhos, claramente cético. - Esses são sentimentos admiráveis Tess. Mas eu tenho certeza que você sabe que, quando ensinamos as pessoas a usar armas, nós ganhamos dinheiro com isso. Como nós vamos financiar essa missão humanitária que você está propondo? Eu odeio parecer cínico, mas no final, você vai precisar de dinheiro para fazer as coisas. Nós estamos lidando com situações que nem o governo consegue lidar direito.
- Os governos têm suas próprias prioridades, e lidar com a miséria de pessoas sem privilégios, aparentemente, não é uma delas. Você sempre deve escolher o que é mais importante. Eles fazem os movimentos, fazem algo, mas sempre é insuficiente para resolver os problemas. Eu acho que devemos criar um plano que envolva o governo e organizações de serviço social em uma abordagem coesa e abrangente para remediar a escravidão sexual .
- Ótimo, mas o meu ponto de vista ainda é válido. Como nós vamos financiar esse empreendimento? Você mesma disse que o governo tem um senso de urgência precário para lidar com esses problemas.
- Jake, eu acho que nós podemos fazer a diferença se nós discutirmos esse conceito com a ONU e outras agências.
- A ONU já está com as mãos cheias. De qualquer forma, eles são extremamente limitados pelo fato de que seu financiamento vem dos países membros que podem ou não estar interessados em resolver os problemas.
- Eles têm divisões como a UNICEF que parece fazer um trabalho razoavelmente bom.
- Talvez, mas nós estamos lidando com um problema muito maior e complicado aqui. Não há nenhuma hipótese de nós conseguirmos lidar com algo dessa magnitude sem um financiamento significativo. Um governo prefere gastar bilhões de dólares na construção de estradas, barragens e armas, ao invés de proteger as pessoas marginalizadas. Foi sempre assim, só que agora é ainda pior.
- Você está certo Jake, mas alguém precisa abordar essa questão e ser um coordenador central de atividades para pelo menos remediar alguns desses problemas. Eu, você e nossa equipe podemos nos tornar o núcleo de um esforço para lidar com a praga da escravidão. Não seríamos apenas benfeitores, mas sim uma organização que tenha capacidades sofisticadas e experiência militar para ser usada conforme necessário. Eu sei que não existe uma organização como essa no mundo inteiro, mas não quer dizer que nós não podemos torná-la realidade.
Jake colocou as mãos atrás da cabeça e esticou. Sua mente brilhante estava já trabalhando, analisando os vários cenários e estratégias que poderiam fazer para essa abordagem funcionar.
- Você acha que conseguimos envolver o seu pai nisso? Como um general aposentado e agora CEO, ele deve ter contatos que possam nos ajudar.
- Eu receio que meu pai esteja mais interessado em vender armas caras para qualquer um que possa pagar, mas ele tem um coração. Ele pode estar disposto a ajudar não só a solicitar fundos, mas também a obter algum apoio do governo.
- Tudo bem Tess, mas nós não podemos pedir a nossa equipe para mudar radicalmente o foco de trabalho sem o consentimento deles. Eu acho que nós deverímos fazer uma reunião com eles e explicar o conceito. Para o plano ter chances de ser bem sucedido, eles tem que acreditar na ideia. A propósito, me reservo o direito de permanecer cético. Isso soa como uma iniciativa que Don Quixote iria amar. Ele tinha o coração no lugar certo, mas acabou lutando contra os moinhos de vento.
- Eu sempre amei o seu otimismo Jake. - Tess sorriu sarcasticamente. - Mas pelo menos, eu sei qeu você dará o seu máximo. Ela se levantou, sentou no colo dele e lhe deu um longo e demorado beijo.
Jake amava Tess. Ele saboreou os lábios dela e enterrou o nariz em seu peito, sentindo seu perfume maravilhoso.
- Você sabe mesmo como persuadir um cara.
- Cala a boca e tira a roupa.
Quando Tess falava daquele jeito, Jake sempre obedecia.

7 - Almoço em Paris
Tess e Jake abriram um escritório em Paris em um prédio comercial que oferece todo tipo de serviço para empresas, incluindo salas de reuniões bem equipadas, máquina de café, banda larga e acesso 24 horas. A instalação estava bem localizada na Place Vendôme, estrategicamente situada ao lado do distrito financeiro de Paris, em frente ao mundialmente famoso Ritz Hotel e a poucos minutos a pé do Tuileries Gardens e do Louvre. Era perto de estações de metrô e restaurantes, cafés, bares e lojas.
O DRE estava agora envolvido em mais do que treinamento militar para os países em desenvolvimento. Eles agora estavam lidando com tarefas especializadas que incluíam testes e comissionamento de aeronaves. Parte do trabalho era ajudar os clientes a preparar propostas para apresentar as organizações internacionais de fundos, para que eles pudessem comprar armas e aeronaves. Uma grande parte desse financiamento vinha da organização internacional de desenvolvimento, ODI, que pertencia a Laurent Belcour.
Após o episódio de orgia no Camboja, Tess esperava evitar lidar com Belcour pessoalmente, por isso tinha delegado grande parte do trabalho de coordenação ao seu pessoal. Eles estavam progredindo, até que houve um impasse. Belcour exigiu encontrar Tess pessoalmente para discutir o negócio. Ele enviou uma mensagem para o escritório dela, junto com um lindo buquê de rosas, perguntando se ela lhe daria o prazer de sua companhia durante o almoço, para que eles pudessem discutir o financiamento dos projetos. Tess procurou uma desculpa, mas Belcour permaneceu inflexível. Só haveria acordo se ela se encontrasse com ele para discutir os termos dos projetos. Jake estava fora por uns dias, então ele não poderia ajuda-la. Relutante, Tess aceitou ir almoçar com Belcour.
Um taxi levou Tess ao L’Arpège, um dos restaurantes mais elegantes e caros de Paris. O Maître d', prontamente, levou-a a uma mesa. Conforme Tess se aproximava, Belcour se levantou e abriu um enorme sorriso. - Tess, é um prazer vê-la novamente!
Tess apertou a mão dele, mas Belcour não conseguiu resistir, segurou a mão de Tess e beijou, assim como fez na primeira vez que eles se encontraram no Camboja.
- Eu estou tão feliz em lhe ver. Já faz muito tempo. Agora que você está aqui, eu pretendo compensar o tempo perdido.
- Monsieur Belcour, estou aqui para falar de negócios, eu agradeceria se nos mantivéssemos falando sobre o trabalho.
- Tess, está é a França. É de bom tom desfrutar da companhia um do outro antes de mergulhar em questões de trabalho. Vamos olhar o menu. Você prefere vinho ou champanhe para acompanhar a refeição?
- Monsieur Belcour, eu geralmente não bebo no almoço.
- Eu insisto que você me chame de Laurent. Você não quer me deixar triste, não é?
- Tudo bem, Laurent. Podemos ir para o que importa agora?
- Eu não sonharia em falar de negócios sem desfrutar de um excelente almoço. Gostaria que eu pedisse por nós dois?
Tess viu que essa reunião não ia a lugar nenhum se não concordasse com o desejo do homem de se socializar. - Sim, já que não tem outro jeito, Laurent. Por favor, pode pedir.
- Esplêndido! Laurent chamou o garçom e fez o pedido.
- Então, como é o seu novo escritório em Paris? Eu aprovo. A França é um lugar perfeito para fazer negócios em vários países africanos.
A comida chegou. Lauren pediu uma seleção maravilhosa de deliciosos pratos franceses. A seleção incluía escargot empanado, costela de cordeiro assada com timo recheado com cebola assada; fricassee de feijão polo com manteiga, tomate de ameixa e uma paste de azeitona Nicoise.
Tess não estava com fome. Ela queria fugir Belcour logo que possível. Infelizmente, ela sabia que uma rápida reunião estava fora de questão.
- Santé. Belcour levantou uma taça de vinho celebrando o almoço. Eles tomaram um gole.
- Tess, eu gostaria de fazer as pazes devido ao nosso pequeno desentendimento no Camboja. Sinceramente, lamento ter deixado você desconfortável.
- Não vou julgar o seu estilo de vida, Laurent. Ao mesmo tempo, você deve perceber que uma orgia não é como uma xícara de chá para todo mundo. Jake e eu nos sentimos emboscados. De qualquer maneira, isso não é coisa nossa.
- Eu entendo. Como vocês americanos costumam dizer, 'Foi mal.' Eu deveria ter sido mais sensível, mas eu garanto que não foi minha intenção ofender. Muitas pessoas ilustres e talentosas desfrutam de entretenimentos além do normal.
Tess estava tentando manter a calma e não bater no homem do outro lado da mesa. Infelizmente, ela não podia se indispor com ele. Sem o seu consentimento, o financiamento do projeto não seria possível.
- Eu estou bem com isso, Laurent; cada um na sua.
- Perfeito. Agora, vamos aproveitar nossa refeição.
Laurent era um encantador emblemático. Ele encheu Tess de elogios e a impressionou com seu conhecimento de praticamente tudo que existe na face da Terra. Tess permaneceu relativamente quieta, pegando sua comida, ansiando pela hora que ela poderia ir embora.
Quando a sobremesa chegou, Laurent tocou as mãos dela novamente. Tess tentou retirá-la, mas ele a segurou.
- Tess, eu a convidei para almoçar para discutir algo além de negócios.
- Você não quer falar sobre o financiamento dos projetos?
- Já está feito. Sou um homem de palavra. Os fundos para o seu projeto da Nigéria estão agora disponíveis para serem usados. Então, não há nenhuma necessidade de falar sobre isso. O que eu quero falar é algo de natureza muito mais agradável.
Tess enconlheu os ombros dela, ficando automaticamente na defensiva. - O que você tem em mente Laurent?
- Tess, eu gostaria de ter a honra de lhe pedir para se tornar minha amante. Você é uma mulher linda, e eu estou convencido que nós iriamos nos dar muito bem.
- Laurent, você é um homem atraente, mas você sabe que eu sou casada e que eu amo o meu marido.
- Claro que sim, e eu amo a minha esposa também. Isso não impede o encontro com um amante regularmente.
- Laurent, eu sei que a França é um pouco mais liberal sobre algumas coisas mas, eu não vejo como adultério pode ser algo bom.
- Você faz o prazer parecer algo sujo. Não é só na França. Muitos de nós acreditam que ter um amante ajuda a aliviar e até mesmo evitar o tédio conjugal. Na verdade fortalece relacionamentos. Muitos casais têm uma compreensão de que cada um tem o direito a um tempo privado para fazer o que quiserem. Minha esposa concorda, apenas no caso de você estar se perguntando.
Tess estava ficando cada vez mais desconfortável e estava lutando para evitar o resto da conversa sem ofender Belcour.
- Fico feliz que isso funcione para vocês Laurent, e estou lisonjeada pela sua proposta, mas eu não consigo fazer isso. De qualquer forma, eu não passo muito tempo em Paris. Tess instantaneamente reconheceu que ela tinha cometido um erro. Ela praticamente admitiu que ela poderia estar receptiva a um caso, se não fosse pela questão geográfica.
- Ah, mas essa é a beleza do arranjo que proponho. Eu também não pasos muito tempo em Paris. Eu viajo por todo o mundo, como você. Seria fantástico para encontros em lugares diferentes. Seria maravilhoso encontrar com sua amante, não importa onde você esteja.
- Laurent, eu quero dizer que eu amo o meu marido, Jake. Eu simplesmente não posso fazer o que você propõe.
- Seria um grande presente para o seu marido encorajá-lo a arranjar uma amante também. Iria apimentar o casamento e garantir a longevidade.
Tess agora estava mexendo em sua bolsa, querendo fugir, Belcour percebeu. - Tess, por favor, mantenha a mente aberta. Eu sou um ótimo amante e iria adorar você, encher de jóias e honrá-la como uma parte preciosa da minha vida.
- Obrigada pelos elogios Laurent, mas eu continuo não me sentindo confortável com a proposta. Eu respeito quem você é, mas eu tenho uma mentalidade diferente. O que você está sugerindo é inaceitável pra mim. Me desculpe.
- Você vai, pelo menos, pensar nisso? Não desista da oportuidade de melhorar muito a sua vida. Eu ficaria desolado por não vê-la regularmente.
- Laurent, eu tenho certeza que não faltam mulheres bonitas que aceitariam sua proposta. Eu só não sou uma delas. Vamos continuar amigos.
- Eu estou tão feliz que você disse amigos. Talvez isso possa se tornar em algo mais no futuro.
Tess forçou um sorriso e se levantou. - Obrigada pelo almoço Laurent. Vejo você por aí, tenho certeza. Ela pegou sua bolsa e começou a caminhar para fora.
- Pense nisso Tess.
'Pervertido', Tess pensou.

8 - Rezando pelas jovens
Tess e Jake tem uma filha adotiva, Aara. Com 14 anos de idade, a menina foi crescendo com uma espetacular beleza exótica. Nascida no Iraque, ela era delicada, com um cabelo preto brilhante, grandes olhos castanhos, pele de oliva e um jeito refinado que a diferenciava das outras crianças na escola. Ela também era extremamente inteligente, falava inglês, francês, turco e árabe, e era obcecada por livros. Por ser tímida e seus talentos serem intimidadores, ela não tinha muitos amigos.
Aara amava Tess e Jake. Infelizmente, eles tinham que viajar muito em missões pela companhia militar. Aara sentia falta deles e tornou-se cada vez mais introvertida e deprimida. Ela estava indo para uma escola particular na cidade de Nova York. Carol, que tinha sido babá do pequeno Morgan e uma guarda-costa pessoal, que a levava para as aulas e geralmente cuidava dela. Quando Tess e Jake estavam fora, Aara ficava com o pai de Tess, General Turner. Ele gostava muito da criança, mas ela sempre o fez lembrar de Morgan, o neto que ele adorava e tragicamente perdeu.
Um dia, a guarda-costa ficou presa num engarrafamento devido a um acidente e não conseguiu buscar Aara quando ela saiu da escola. Agitada, ela não seguiu as regras, ir para a sala do diretor e esperar Carol. Em vez disso, sentou-se num banco em frente à escola. Ali, ela foi abordada por Jorge Lopez, um veterano da mesma escola.
Jorge foi simpático e era muito bonito. Ele sentou com ela e superou sua timidez ao falar sobre coisas em geral. Ele compartilhou seus sonhos de viajar e um dia ter seu próprio apartamento. Ele ainda a contou que também tinha pais ausentes, que não prestavam muita atenção nele. Logo Aara se abriu e compartilhou do mesmo sentimento. Jorge declarou que isso queria dizer que eles eram almas gêmeas, e que, em breve, eles deveriam ficar juntos. Aara só tinha 14 anos e não levou essa proposta muito a sério. Ao longo de algumas semanas, Jorge fez questão de procurá-la durante os intervalos escolares e continuou a investigar sua angústia e infelicidade na adolescência. Ele continuou falando sobre a atração crescente que ele sentia por ela. Ele então contou que iria se formar em algumas semanas e que queria que ela fosse com ele para Houston, onde eles iriam encontrar um apartamento e viver felizes para sempre.
Aara não estava feliz com a ausência prolongada de seus pais adotivos, e estava passando pela confusão e aflição de crescer. Contudo, sendo tão inteligente, ela percebeu que havia algo em Jorge que não fazia sentido. Sim, ele era lindo e charmoso, mas por que ele estaria interessado numa garota tão mais jovem? Ela também observou ele falando com outras garotas, também muito mais jovens que ele.
No dia antes da formatura, Jorge declarou seu amor eterno a Aara e implorou que ela fosse com ele no dia seguinte. Aara não estava convencida. Ela amava seus pais adotivos e sabia que eles tinham passado pelo inferno para conseguir adotá-la, então, quando eles chegassem em casa, ela contou a Tess e Jake o que Jorge estava pretendendo.
Quando era confrontada com ameaças, Tess tinha dificuldade em controlar o seu temperamento. De várias maneiras, ela era como um vulcão em erupção, a raiva crescia gradualmente até ela, finalmente, explodir. Jake a conhecia muito bem e fez o que normalmente funcionava. Ele a abraçou para acalmá-la um pouco. Então ele falou com Aara. - Querida, quem é esse menino? Você já o viu nas aulas alguma vez? Ele também fala com outras garotas do mesmo jeito?
Aara disse tudo a eles, inclusive a insistência de Jorge para que eles fugissem juntos. Tess a abraçou, não querendo mais largar e Jake ligou para escola e insistiu em encontrar o diretor na manhã seguinte. Então ele ligou para Joe Slezak, do departamente de TI, e pediu para que ele fizesse algumas pesquisas para ele.
Tess e Jake apareceram na hora marcada e perguntaram ao diretor da escola se ele sabia alguma coisa sobre Jorge. O diretor só sabia que ele era um veterano que estava prestes a se formar. Sua família tinha emigrado legalmente da Colômbia, e trabalhavam em uma rede de supermercados.
Tess foi direto ao ponto. - Nós temos razões para acreditar que esse jovem rapaz está tentando seduzir jovens garotas a abandonar suas famílias e fugir com ele.
O diretor pareceu relutante em tomar qualquer medida devido a falta de provas. Então Jake apresentou uma investigação preliminar conduzida por sua firma. - Não é verdade que três garotas, estudantes dessa instituição, fugiram e nunca mais foram vistas?
- Sim, mas não quer dizer que houve qualquer coação ou que Jorge tenha algo a ver com isso. As adolescentes são altamente sensíveis e vivem fazendo coisas estúpidas.
- A polícia se envolveu?
- Sim, eles investigaram mas não conseguiram achar nada, então eles simplesmente abandonaram o caso. Eles disseram que tinham muitos casos de crianças desaparecidas e não tinham recursos suficientes para acompanhar todos eles.
- E os pais?
- Eles obviamente ficaram chateados, com os corações partidos, mas eles não foram capazes de achar as crianças.
Tess se levantou. - Muito obrigada senhor. Nós manteremos contato.
Jake e Tess voltaram para o escritório e pegaram Ken Ross na calçada. Ken era um atirador habilidoso que tinha se juntado a DRE desde o início. Ele foi a várias missões e logo se tornou um dos gerentes principais. Ele era muito engenhoso, forte, inteligente e sempre pode ser confiável em situações difíceis.
No caminho de volta para o colégio, Jake explicou o plano rapidamente. - Não vamos conseguir mais nada com a polícia, então teremos que lidar com esse problema nós mesmos. Eu disse a um amigo meu, que é um investigador na cidade, que estamos fazendo nossas próprias investigações, então temos um pouco de permissão para nos envolvermos nisso. Em troca, ele quer que eu lhe dê o que conseguirmos. Aqui está uma foto de Jorge. Eu quero pegá-lo e ter uma conversinha com ele.
Eles estacionaram o carro na entrada da escola e permaneceram dentro até que eles vissem Jorge falando animadamente com uma jovem garota. Jake foi até o jovem, agarrou-o pelo pescoço e o jogou dentro do carro. Ken colocou uma fita adesiva sobre a boca do garoto e guiou o grupo até um local tranquilo no Central Park. Todos saíram do carro e Ken pegou uma corda.
Jake forçou Jorge a sentar em uma pedra e ficou encarando ele. Ele então arrancou a fita adesiva. O garoto estremeceu, mas não ficou intimidado. - Eu não sei quem são vocês, mas eu vou gritar se vocês encontarem mais um dedo em mim.
- Isso é o que vai acontecer. - Jake disse. - Nós iremos lhe perguntar algumas coisas e você irá nos contar exatamente o que queremos saber. Depois disso nós podemos deixar você ir... ou podemos começar algumas atividades nada prazerosas. Eu sugiro que você leve isso a sério.
- Eu não tenho que falar merda nenhuma. Jorge gritou. Tess não tinha mais paciência para os absurdo que o punk dizia e o chutou no estômago, como um do que estava por vir. Ele caiu no chão, com as mãos aonde Tess tinha chutado. Como de costume, Jake fez um show para conte-la. Então fez Jorge se sentar novamente enquanto ele tentava recuperar o fôlego. Ele agora assumiu um comportamento paterno. - Tudo bem Jorge. Por favor, por que você quer fugir com Aara?
- Aara é infeliz e ela me ama. Eu só quero levá-la e fazê-la feliz.
Tess bateu-lhe novamente. Jake interveio. - Jorge, eu não posso conter essa senhora pra sempre. Se você não nos contar o que sabe, você vai acabar como comida para cachorro.
- Vá para o inferno!
- Tudo bem, vamos fazer do seu jeito. Jake sinalizou para Ken, que rapidamente amarrou os pés de Jorge, jogou a corda pelo galho de uma árvore e puxou, suspendendo-o de cabeça para baixo. Então ele amarrou o final da corda em um galho mais baixo.
Jake resumiu a conversa. - Jorge, você tem que entender uma coisa. Nós não temos muito tempo, e nós temos que resolver nosso mal entendido rapidamente. Então, eu vou lhe perguntar algumas coisas e você irá responder de maneira civilizada.
Jorge estava juntando forças para gritar quando Ken amassou um pano em sua boca. Então Jake puxou uma faca e fez uma apresentação, demonstrando em seus dedos o quanto ela estava afiada. Jorge arregalou os olhos. Ele parou de lutar.
- Muito bem Jorge. Agora, por favor, me conte o que aconteceu com as três garotas que desapareceram da escola. Eu consigo ver que você era amigo de todas elas. Jake se agachou e retirou o pedaço de pano da boca de Jorge. A criança gritou até que Tess ficou impaciente e o chutou na cara, arrancando sangue do seu nariz. Desde que o rapaz estava de cabeça para baixo, ele começou a engasgar com o sangramento.
Jake continuou. - Jorge, eu realmente quero encontrar uma maneira de lhe proteger dessa senhora malvada. Você precisa falar comigo, então essa é a minha primeira pergunta. Por que você estava tentando persuadir Aara a fugir com você?
Sufocando devido ao sangue escorrendo de seu nariz, Jorge ainda estava lutando. - Porque ela odeia vocês e eu a amo!
Tess estava realmente irritada agora. Ela chutou o menino nos rins. O golpe o silenciou por um minuto.
Jake retomou seu inquérito. - Jorge, agora você vai me dizer o que você fez com as três garotas que desapareceram. Ele não conseguiu uma resposta.
Jake pegou a faca e testou novamente o quanto estava afiada, só que dessa vez no rosto de Jorge. Ele desenhou uma linha fina em sua bochecha, que começou a sangrar imediatamente. - Tudo bem Jorge, você realmente precisa me dizer o que aconteceu, ou eu vou começar a cortar você em tiras. O que aconteceu com as garotas? Para enfatizar seu pedido, Jake o apunhalou ligeiramente na coxa.
Jorge agora entrou em pânico. - Pare, eu vou contar. Apenas pare.
- Excelente Jorge. Então, o que aconteceu com as garotas?
- Você pode me por no chão?
- Ainda não. Veja só, essa senhora é a mãe de Aara e eu estou preocupado que ela perca a paciência e quebre todos os ossos do seu corpo.
Sufocando, Jorge tentou responder. - Um homem me paga uma comissão para que eu entregue lindas jovens a ele. Eu as levo para uma casa no Queens e as entrego ao meu contato e seus capangas. Eles me pagam mil dólares cada e seguimos nossos caminhos.
Tess sentiu o vulcão em sua cabeça prestes a explodir. - E você já se perguntou o que eles fazem com as garotas? Você simplesmente vai embora?
- Meu trabalho é fornecer o que eles querem. Qualquer coisa além disso, não é da minha conta.
Tess não pode resistir em chutar o outro rim do rapaz. Jorge engasgou, se contorcendo em dor.
Jake retomou seu inquérito. - Tudo bem Jorge. Agora, tudo o que você tem que fazer é me dizer o nome do homem que você entregou as meninas, e eu desço você.
- Eu não sei o nome de ninguém. Eles nunca me falaram.
Jake olhou para Ken, que começou a abrir as calças de Jorge. Ele colocou as luvas de borracha e puxou o mebro flácido do menino para fora. Jake então passou a faca para ele. Ken cortou as calças e as cuecas dele, abrindo espaço para o trabalho.
- Eu preciso torná-lo consciente de algo, Jorge. Ken aqui é era um homem das forças especiais. Ele passou muito tempo na África. Lá, ele aprender um hábito peculiar praticado pelos nativos. Quando eles não conseguem a resposta certa de uma pessoa que não quer cooperar, eles cortam fora suas partes íntimas e enfiam em suas bocas. Então eles o deixam sangrando até morte.
Ken bateu no escroto de Jorge, indicando que ele estava pronto para prosseguir.
Jorge se debateu e murmurou. - Você está maluco. As pessoas não fazem essas coisas por aqui.
Jake se compadeceu. - Geralmente não, mas meu amigo aqui é um pouco traumatizado por suas experiências de combate. Então, eu realmente acho que ele está morrendo para remover seus genitais.
Ken cortou um pouco mais.
- Tudo bem, eu conto pra vocês. Só desçam daqui.
- Eu ficaria feliz em fazer isso , assim que você me der os nomes.
- O nome do cara é Duboi, Bertrand Duboi.
Tess se encostou contra o carro. Dubois, o homem que estava com Laurent.
- Viu Jorge, não foi tão difícil. Ken, desça ele.
Ken cortou a corda e Jorge caiu no chão como um saco de batatas.
Jorge ficou de joelhos, sangrando e desgrenhado. Ele finalmente se levantou e tentou puxar o que sobrou de suas calças. Ele estava visivelmente abalado.
- Mais uma coisa Jorge. Você tem que vir comigo até a polícia. Eu aposto que eles também vão quere ouvir sua história.
- Vai se foder! Eu vou contar a eles o que vocês fizeram comigo.
- Como você quiser, faça. Claro que eles não vão acreditar em você, ao invés disso eles vão ter várias perguntas e você irá responder a todas elas. Então você irá a julgamente e depois para a cadeia por um longo tempo.
- Os policias não estão autorizados a fazer o que vocês fizeram. Eu não vou contar nada a eles.
Tess deu-lhe outro chute no estômago. - Não, eles não vão bater em você, mas eu te garanto que nós iremos voltar e bater em você caso você não fale. Então, por favor, seja honesto e confesse seus pecados aos policiais.
Ken agarrou Jorge e o jogou no porta malas do carro, lamentavelmente, batendo a porta em sua cabeça. No caminho da delegacia, Jake ligou de volta para Joe Slezak, do departamento de TI. - Você conseguiu Joe? Todo o processo foi gravado no smartphone de Jake.
- Com certeza chefe. Eu vou transferir a versão final para o seu telefone antes que você chegue na delegacia.
Eles dirigiram até a delegacia e entregaram o delinguente para um dos amigos de Jake, Peter Abbot, um sargento da força-tarefa de tráfico humano da cidade. Jake também baixou um áudio da conversa que teve com Jorge, uma versão editada e impecável que omite qualquer sugestão de coerção, e entregou para Peter.
- Agora que nós já temos uma boa ideia de quem está sequestrando as garotas, nós vamos ter uma conversinha com Dubois no Queens.
- Não se preocupe Jake. Eu já verifiquei isso. Ele e sua gangue deixaram o país a uma semana. Eles estão na Bélgica agora, mas nós temos um deles ná cadeia.
- E as garotas desaparecidas?
- Nós organizamos uma força tarefa e vamos seguir as pistas. Com sorte, nós seremos capazes de encontra-las.
Jake voltou para o carro e contou a Tess e Ken que era inútil ir até o Queens. Tess ainda estava furiosa. - Com que frequência esse tipo de coisa acontece? Eu não consigo acreditar que as autoridades ignoram o sequestro de pessoas jovens.
- Eles não ignoram. O problema é que eles não tem recursos suficientes para lidar com essa situação. Agora, se Dubois também está envolvido no sequestro das garotas, isso provavelmente quer dizer que ele está as levando para os bordéis. As garotas são jovens e bonitas, e eu tenho certeza que ele esta lucrando muito com isso.
- Eu tremo só de pensar que ele poderia ter levado Aara. Nós temos muita sorte por ela ser tão esperta.
- Pode ter algo mais nisso. Dubois está conectado a Belcour. Eu não ficaria surpresa se isso fosse parte do seu império do sexo.
- Agora Belcour foi longe demais. - Tess disse, rapidamente assumiu seu jeito de guerra. - Eu irei atrás dele e vou coloca-lo no lugar que ele merece, bem longe.
- Eu concordo com você, mas não vai ser fácil. Nós temos que provar uma conexão direta entre eles.
- Jake, eu não estou brincando. Nós vamos atrás desse bastardo e vamos matá-lo.
- Calma Tess. Nós vamos garantir que ele tenha aquilo que merece.
Jake e Tess chegaram ao seu apartamento e ouviram uma música a tocar. Eles correram para a porta e invadiram o lugar. Aara estava praticando suas lições de piano. Ela brilhou de alegria quando olhou para eles. Tess a abraçou e a beijou.
- Querida, a partir de agora, você nunca mais vai ficar sozinha. Você vai vir conosco para Paris.
Aara sorriu. - Legal.

9 - Investigando mais a fundo
De volta a Paris, Tess estava furiosa com os avanços de Belcour. O homem não desistia, repetidamente ligando e enviando flores, incessantemente a convidando para sair. Ele simplesmente não conseguia aceitar o não. Ela agora estava preocupada que ele continuasse tentando recrutar ela e Jake para seu clube do sexo pelo preço de fazer negócios. Além disso, ela e Jake estavam suspeitando fortemente que Laurente Belcour estava por trás da armação do sequestro de sua filha, talvez para por um preço por ela.
Agora Tess estava aos prantos, desejando que ela tivesse acesso a um helicóptero Apache para que ela pudesse explodir aquele homem. Seu comportamento agressivo pode ser relacionado ao fato dela ter sido criado como um homem, porque ela estava destinada a ser uma piloto de helicóptero de ataque. Ela tinha amolecido um pouco depois de se casar com Jake, mas ela ainda tinha que lutar para controlar seu temperamento quando lidava com o mal e a injustiça. Isso a tornava muito perigosa, porque ela possuía habilidades extraordinárias de luta.
Jake escutou as reclamações dela pacientemente até ela se acalmar, e depois a atualizou sobre algo que ela precisava saber. - Nós temos um problema. Nossos projetos militares dependem dos nossos clientes conseguires fundos necessários para pagar pelas armas que precisam e pelos nossos serviços. Eu acabei de descobrir que três compras foram adiadas devido a problemas técnicos na empresa de Belcour, a ODI. Eu ajudei nossos clientes, pessoalmente, a preparar os pedidos de financiamento e eu tenho certeza que não há nenhum problema com os requerimentos. Eu posso apostar que Belcour está tentando nos pressionar suspendendo os fundos da ODI.
- Ótimo. O que faremos agora?
- Eu acho que está na hora de nos render. Eu pedi a Joe Slezak e sua equipe de TI para investigar Belcour. O homem é proeminente na comunidade empresarial e financeira internacional, mas ele também parece ter uma reputação de ser uma homem com muitas mulheres.
- Você pode repetir isso? Já testemunhamos suas inclinações.
- Tem que ter algo mais. - Jake continuou. - Eu acho que ele também está envolvido em negócios ilegais como o tráfico humano.
- Você só pode estar brincando. Como ele pode fazer isso? Ele não é só um grande financiador, mas também um nobre frances de uma família conhecida.
- Ser famoso não o isenta de ser um depravado. Historicamente, vários aristocratas europeus são conhecidos por participarem de organizações que envolvem sexo. Parece que ele está continuando a tradição, por assim dizer.
O que faremos agora?
- Eu pedi a Joe e sua equipe de TI para conduzir uma investigação preliminar sobre as atividades ilegais de Belcour. Talvez possamos encontrar algo que podemos usar contra eles.
O que Joe descobriu?"
- Não muito mais do que nós já sabemos. Ele nos pediu para contratar um especialista nesse tipo de investigação. Ele diz que encontrou uma mulher russa que é excelente para essas coisas. Eu disse-lhe para ir em frente e trazê-la a bordo.
- O governo francês já não está investigando Belcour?
- Os franceses estão investigando ele porque existem alegações que ele pode ser um cafetão, o que é ilegal na França. Infelizmente, Belcour tem muitos contatos e a polícia tem que lidar cuidadosamente com esse caso.
- Nós temos autorização legal para investigá-lo?
- Eu entrei em contato com Etienne Joubert, um investigador francês que já estava de olho em algumas transações financeiras suspeitas vindas da ODI. Eu pedi a ele para que nos deixasse participar informalmente dos inquéritos. Ele sabe de nossas capacidades e disse que nossa ajuda seria muito bem vinda, mas ele disse que tem que ser extraoficialmente, porque seus chefes não permitiriam que forasteiros se envolvessem em tal investigação. De qualquer maneira, a única razão que ele está disposto a cooperar conosco é porque ele precisa de ajuda, e tal não é provável que venha das autoridades francesas.
O telefone tocou. Jake atendeu e disse para quem estava do outro lado da linha para entrar.
Joe Slezak entrou no escritório de Jake com uma mulher a tiracolo. - Jake, Tess, eu gostaria de apresentá-los a Galina Kutuzova. Ela tem sido de grande ajuda em nosso projeto.
Galina parecia uma atleta russa. Alta e musculosa, ombros e braços atléticos, um cabelo loiro obsceno e um rosto duro, sugerindo força e possivelmente ameaça. Ela tinha um físico incrível, estava vestindo um macacão e ostentando uma atitude beligerante em relação a seres menores. Ela apertou, firmemente, a mão de Jake e mal tocou as mãos de Tess.
- É um prazer conhecer vocês. Joe disse que vocês são os melhores chefes que alguém poderia ter.
- Nós preferimos nos considerar como membros da equipe. - Tess respondeu com seu sorriso gracioso de sempre.
Jake começou a maquinar com seu cérebro, que mais parecia uma enciclopédia. - Você está de alguma forma relacionada ao marechal Kutuzov, que lutou nas campanhas otomanas e contra Napoleão em Borodino?
Galina não estava a espera que um americano soubesse tanto a respeito da história da Rússia. - O Marechal Mikhail Illarionovich Golenischev-Kutuzov foi um parente distante. Ele é considerado um herói na história da Rússia.
- Fascinante. - Jake respondeu.
Visto que Jake estava prestes a discutir detalhadamente todas as batalhas em que Kutuzov esteve, Tess interveio. - Eu entendo que você fez um trabalho fantástico ao achar informações pertinentes sobre Monsieur Belcour.
- Joe pode fornecer as informações para vocês.
- Aham. - Joe concordou. - Não Galina. Nessa companhia, nós insistimos em dar os créditos as pessoas que fizeram algo. Não é habitual para o chefe levar crédito pelo trabalho de seus subordinados. Por favor, prossiga e nos explique o que temos.
Galina levantou sua sobrancelha, surpresa. Então ela apresentou toda a informação que havia conseguido. - Eu fiz uma pesquisa global tanto de Belcour quanto da IDO, que ele é dono. Encontrei informações atuais sobre as atividades da organização, incluindo as estatísticas financeiras. A maior parte do que eles fazem, é financiar projetos de infra-estrutura para nações em desenvolvimento. Eles também financiam compra de armas. Tudo parece ser legítimo. O quadro de diretores inclui titãs da indústria e ministros de város países. Mas isso não é o que é interessante.
- Por favor, continue. - Jake encorajou.
- Parece que Belcour é conhecido por participar de certas atividades que são consideradas questionáveis. Ele é conhecido por participar de grupos exclusivos que envolvem atividades sexuais com prostitutas e outros voluntários. Esses eventos ocorrem em várias capitais, não só na Europa mas na América e na Ásia também. O interessante é que vários casais ricos escolhem participar dessas festividades.
- Sim, nós já estamos familiarizado com esse fato. Parece que Belcour não se importa em esconder sua particioação nesses eventos.
Galina olhou para eles, ligeiramente irritada com a interrupção. - Tem mais. Belcour tem vários associados, a maioria no Reino Unido e França, que recrutam prostitutas na América, Ásia, Rússia, Bulgária e Reino Unido. Eles também tem uma operação significativa na Argentina, oficialmente coordenada por um americano. Entretanto, não há evidências que Belcour seja qualquer coisa além de participante. Ele parece apenas aparecer regularmente nessas noitadas. Ele parece ser insaciável e apreciar sexo violento. Ele também tem várias amantes pelo mundo inteiro. Em Paris e Londres, ele tem tem alguns apartamentos privados que ele utiliza para esconder seus encontros de sua esposa.
Jake colocou os braços atrás da cabeça. - Tudo bem, parece que o homem tem uma libido descontrolada, mas isso não significa muito, contando que ele não esconde suas atividades em relação a isso.
Galina continuou. - Ainda tem mais. Parece que o recrutamento se estende a aquisição de jovens universitárias e crianças. Essa parte se concentra mais no Reino Unido.
Tess quase caiu da cadeira. - Estudantes e crianças? Eu ouvi direito?
- Sim, tanto do sexo feminino quanto do sexo masculino. Além disso, parece que as crianças são arrancadas de lares adotivos e, em alguns casos, raptadas.
- Parece qu Belcour e Bertrand Dubois levam a sério o fornecimento de todo e qualquer tipo de serviço. - Tess brincou.
- Existe alguma evidência que indique que Belcour esteja envolvido pessoalmente nesses esquemas de tráfico humano, particularmente de jovens?
- Superficialmente...Não. Mas se você der uma boa olhada em como esses grupos funcionam, existe uma coisa em comum: Cada uma dessas operações é comandada por Bertrand Dubois, que não é um empregado oficial da organização financeira de Belcour. No entanto, ele está sempre ao lado de Belcour. Parece que ele é o cafetão chefe desse empreendimento.
- Então é possível que esse cafetão sirva como uma cobertura para Belcour, que é o verdadeiro cérebro dessa operação? Jake perguntou.
- É mais do que isso. - Galina adicionou. - Enquanto Belcour parece ser apenas um participante entusiasmado, na verdade, ele embolsa uma porcentagem significativa da taxa que as pessoas pagam para participarem dessas festas. Eu descobri uma conta que ele utiliza para depositar esses fundos.
Tess parecia cética com a informação. - Eu não consigo acreditar que Belcour faça isso apenas por dinheiro. Ele é de uma antiga e nobre família, donos de dois castelos na França e líder de uma das organizações financeiras mais respeitadas do mundo. Além disso, há rumores que ele vá concorrer a presidência na França. Por que ele se arriscaria a fazer dinheiro com atividades tão sórdidas?
- Pode ser apenas por diversão. - Jake advertiu. - Ele descobriu como fazer dinheiro explorando pessoas. Pode ser algo simples, como alimentar seu ego.
- Isso é monstruoso! - Tess exclamou. - Eu não posso acreditar que ele está saindo impune disso.
Galina pareceu pensativa por um momento, então puxou um relatório anexo. - Eu tenho aqui uma lista das pessoas que participam dessa... vamos chamar de noitada. Esses eventos parecem estar em três categorias. A primeira consiste na procura de prostitutas que são fornecidas para os empresários que fazem negócios com Belcour. A segunda consiste em festas liberais assistidas por casais ricos que pagam pelo privilégio. Esses eventos são vendidos como uma forma superior de entretenimento. E a terceira é simplesmente planejar festas de sexo envolvendo homens e prostitutas, a maior parte sendo na Argentina. Há também encontros com alguns homens em particular e algumas mulheres que usam os estudantes universitários, tanto masculinos como femininos, e pièce de résistance, o abuso de crianças. O cé é o limite.
Tess se levantou, revoltada. - E como nós pegamos esse bastardo? Como podemos provar que ele esta profundamente envolvido nisso?
- Não será fácil. - Jake ressaltou. - Tenha em mente que algumas das elites do mundo são parte integrante destas atividades. Pelo que sabemos, políticos, juízes e chefes de polícia podem ser participantes. Poderíamos entrar em um conflito, enfrentando um monte de pessoas influentes assiduamente defendendo seus próprios interesses. Para complicar, isso ocorre em vários países. Eu não tenho idéia de como podemos abordar isso sem cutucar o enxame.
- Pode haver uma maneira de começar. - Galina interrompeu. - Belcour foi acusado por uma mulher francesa, uma escritora chamada Lucie Benoit, de tentar raptá-la, mas o caso foi descartado por falta de evidências. Mas ela não deixou isso barato, ela escreveu um livro sobre a terrível experiência. Antes da publicação, Belcour ameaçou processá-la por difamação, então, ela transformou o livro em um romance, mas os fatos permaneceram os mesmos. Ninguém foi enganado. Belcour a processou novamente e o processo ainda está em aberto em Paris.
Agora Tess estava pensando em um plano de ação. - Falar com ela pode ser uma boa maneira de começarmos.
Jake encerrou a reunião. -Joe e Galina, eu gostaria de agradecer a vocês pela pesquisa e pelas informações fornecidas em um espaço tão curto de tempo. Vocês fizeram um trabalho extraordinário.
A formidável Galina quase corou. - Apenas fazendo o meu trabalho, senhor. Nós vamos continuar olhando. Foi um prazer conhecer vocês.
Joe e Galina deixaram a sala.
Tess olhou para Jake. - Eu preciso de uma bebida.
- Eu também.
***
Caminhando de volta para o departamento de TI, Galina não poderia deixar de comentar sobre o que ela viu. - Joe, Jake e Tess não são muito novos para comandarem uma empresa como essa? Parece que eles se dariam melhor como supermodels. Ele parece um Deus e Tess pertence a capa da Vogue. Isso é muito confuso.
Joe sorriu. - Galina, você esteve no exército russo e acabou sua carreira como piloto de helicópter, certo?
- Sim, mas depois fui transferida para a guerra cibernética.
- As duas pessoas que você acabou de conhecer poderiam desestabilizar um país se assim quisessem. Jake é um brilhante ex agente da CIA com uma memória fotográfica. Ele se lembra com cem por cento de precisão cada fato de que ele ja viveu em sua vida. Ele também é um pensador e excelente estrategista. A bela Tess pilota todo o tipo de helicóptero no exército, inclusive o Apache, Kiowa e Blackhawk. Ela esteve em dezenas de operações de combate e liderou o que é provavelmente o único combate entre helicópteros no ar registrado. Ela também acabou fisicamente com um general iraquiano sem usar as mãos, ao invés disso ela usou os pés. Ela pode ser tão feroz que a chamamos de Valquíria, junto com sua amiga Carmen, que também é uma obra de arte. Acredite em mim, você vai preferir ter eles como amigos ao invé de inimigos. A propósito, Tess também é uma clássica pianista, brilhante.
- Interessante. Eu acho que nós vamos ter bons momentos com esta equipe.
- Você nem imagina.

10 - Gentil persuasão
De volta a Nova York, a primeira coisa que Tess fez foi apresentar suas idéias, sobre a luta contra o tráfico sexual, para os principais membros de sua equipe. Ela esperava conseguir o apoio de todos para poder usar parte do lucro para financiar esse novo empreendimento. Isto era necessário porque os membros chave da equipe recebiam parte da compensação em ações da empresa e eram membros do Conselho. Jake e Tess também esperavam que grande parte da equipe estivesse interessada em se envolver pessoalmente nessa missão.
O grupo começou a reunir em torno da mesa de reunião. Todos já tinham trabalhado juntos anteriormente, suas risadas e brincadeiras quando se sentaram para a apresentação evidenciaram um genuíno sentimento de camaradagem.
Tess abraçou Carmen, essa amizade vem do tempo em que elas voaram juntas em missões de combate no Iraque. Nicola Orsini, o amor de Carmen, era um piloto italiano e um especialista em aeronaves europeia e sistema de armas. Ele era um amigo próximo de Jake, e geralmente os dois trabalhavam juntos na maioria dos projetos. O resto da equipe era composta por especialistas militares com incríveis habilidades e experiência.
Tess abriu a reunião. - Eu estou muito feliz em ter todos vocês aqui hoje. Hoje nós iremos discutir a viabilidade de criar uma nova divisão. Jake e eu vamos apresentar um novo plano que visa reorientar um pouco o foco da nossa empresa.
George Kimmel, um profissional superior de inteligência militar, levantou a mão. - Eu achei que a companhia estava indo bem do jeito que está.
- Sim, a companhia está indo bem. - Tess respondeu - Mas hoje nós queremos discutir um novo foco, além do serviço militar.
Os membros da equipe se entreolharam intrigados.
Tess continuou. - Quando Jake e eu completamos nossa missão no Camboja, nós nos envolvemos, inadvertidamente, com uma jovem garota que estava fugindo do seu cafetão. Eu consegui desencorajar o homem de persegui-la.
A equipe toda riu. - E sobrou alguma coisa do rosto dele depois disso?
As habilidades de Tess em artes marciais são lendárias. E todo mundo se lembrou dela batendo no general iraquiano Amir al-Saadi, em plena luz do dia, quando ele humilhou o grupo dela na Jordânia. Ele acabou passando um ano inteiro no hospital para reconstruir seu rosto. O apelido dela tornou-se Tess a Valquíria, alguém com quem você não quer ter problemas.
- Vamos lá pessoal, dá um tempo!
O grupo continuou a rir.
Tess retomou a sua apresentação. - De qualquer forma, Jake e eu acabamos ajudando essa garota e aprendemos muito sobre a escravidão sexual, não só no Camboja mas também na Tailândia, Indonésia, China e outros países asiáticos. O que nós não estávamos esperando, é que esse horror não se limita apenas a Ásia. Ocorre em todo o mundo, inclusive na América do Sul, México, Europa e nos EUA também.
George interrompeu. - Eu vi em primeira mão o que acontece no exterior, e eu concordo que é terrível. Infelizmente, esses abusos são tão generalizados que parece ser impossível para qualquer um fazer qualquer coisa sobre.
- É exatamente por isso que estamos aqui. Tess continuou.
- Jake e eu estámos trabalhando com o meu pai, General Turner, para estabelecer uma divisão da companhia cuja a missão é combater a praga do tráfico e exploração sexual. Nós esperamos que no final dessa apresentação, alguns de vocês sejam voluntários a participar dessa operação.
Alexander Ivanovich Tukhachevsky, ou Alex Tuck para encurtar, era um especialista em armas russas da DRE. - Parece que estamos mordendo mais do que podemos mastigar. - Ele constatou. - Os traficantes de seres humanos são altamente organizados e geralmente se safam explorando a indiferença do governo e usando propinas para fazer com que a polícia e as autoridades desviem o olhar.
- Tudo isso é verdade. - Tess disse. - Mas eu decidi fazer algo sobre isso. Nós vamos pedir para ONU patrocinar e legitimar nossa missão, para que a gente possa trabalhar pelo mundo todo. Nosso objetivo é dificultar o trabalho deles, esperamos reduzir o tráfico sexual oferecendo abrigo e reabilitação as vítimas através de agências governamentais.
Joe Slezak, o magro mago do computador, mergulhado em uma lata de seus amados cajus, que ele levava consigo para todo lugar. - Eu estou feliz que a gente escolheu um projeto fácil dessa vez. As pessoas na sala riram.
- Joe tem toda razão. - Tess admitiu. - Vai ser uma tarefa difícil. Nós iremos conversar novamente após encontrarmos o pessoal da ONU.

11 - Criando uma estratégia
Tess e Jake preparam um plano preliminar para ser revisado pelo pai de Tess, General Morgan Turner, aposentado, atualmente CEO da NTC, uma indústria de fabricação de armas. Quando Tess e Jake entraram em seu escritório, o general bateu as mãos na mesa e deu um grande sorriso. Ele se levantou e deu a volta na mesa.
- Aqui estão as minhas pessoas favoritas. - Ele disse enquanto abria os braços e abraçava os dois ao mesmo tempo. - Estou feliz que vocês voltaram. Eu senti a falta de vocês, assim como Aara.
- Nós também sentimos sua falta pai. Parece que o negócio de armas está vivo e bem.
- De fato. Nossos clientes tem um apetite insaciável por brinquedos de guerra caríssimos. Eu vi os relatórios e sua empresa também está indo muito bem. Estou surpreso que você esteja considerando uma mudança de foco.
- Pai, nós sentimos que precisamos repensar o que estamos fazendo. Vender armas e treinar soldados em como usá-las apenas ajuda a desviar recursos do governo às custas das necessidades humanas de seu povo. Gostaríamos de fazer algo sobre isso. É por isso que lhe enviamos nosso plano, para você dar uma olhada. Esperávamos que nos pudesse ajudar a começar as coisas.
O general mexia sua caneta, um pouco nervoso, olhando com menos entusiasmo. Ele considerava Jake brilhante, equilibrado e pensativo, mas também sabia que, quando Tess decidia fazer alguma coisa, Jake acabava inevitavelmente apoiando-a, independentemente de suas próprias dúvidas.
- Tess, se você quer abordar o tráfico humano, tenho certeza de que Jake ajudou você a pensar na magnitude e nos obstáculos que você enfrentará. Pelo que eu sei, é uma situação quase que impossível de se controlar. Várias organizações pelo mundo tentam fazer algo a respeito, mas na melhor das hipóteses eles conseguem apenas desestabilizar superficialmente e aumentar a conscientização. Eu suponho que a maioria das pessoas querem fazer algo, mas eles reconhecem que o problema é difícil de lidar, então não fazem muito para ajudar a corrigi-lo. Em qualquer caso, a maioria das vítimas são pobres e desprivilegiadas, então há uma tendência em ignorar o que está acontecendo.
Jake se juntou à conversa. - Tudo isso é verdade Morgan. É por isso que propomos abordar a tarefa em etapas. Em primeiro lugar, montamos ou ajudamos as organizações existentes a criar refúgios para as pessoas que vamos ajudar a escapar dessa vida de escravidão. Depois, vamos trabalhar com organizações do governo e da polícia para ir atrás dos cafetões e traficantes. Um dos maiores incentivos para o tráfico humano, é que são poucos os criminosos que correm o risco de serem punidos. No máximo, o mais notório dos traficantes condenados ficaria com dois anos de prisão ,ou menos. A maioria dos traficantes sai impune disso. Eles conhecem muito bem a lei e usam isso como vantagem. Estamos falando de atividades muito lucrativas com um risco relativamente pequeno. Só para ter uma ideia, cafetões e criminosos envolvidos em prostituição forçada, conseguem fazer mais de 80 mil dólares por vítima, por ano e em qualquer lugar. Ao contrário das drogas, vender pessoas se resume a usar um recurso renovável que pode prender um indivíduo na vida por anos.
- O que você esta propondo fazer com a sua organização já não esta sendo feito?
Tess entrou na conversa. - Além de trabalhar com a organização de abrigos, nós trabalharíamos com a polícia aqui e no exterior, para ir atrás dos traficantes e ter certeza que haverão consequências se eles persistirem em continuar com o tráfico. Nosso time tem uma vantagem única, que é uma habilidade militar significante, que virá a calhar uma vez que a gente coloque o plano em prática.
O General ainda estava cético. - Por que você acha que os governos estrangeiros iriam legitimar o seu envolvimento nessas questões? Eles são mais propensos a te olhar com desconfiança, para não mencionar que você tem que superar problemas significativos de subornos e corrupção.
- Tudo o que você está dizendo é verdade. - Tess disse. - A única maneira de trabalhar sem impedimentos é operar sob a proteção de uma organização respeitada, talvez a ONU.
- Jake é um especialista na ONU Tess. Tenho certeza de que ele explicou que a eficácia da ONU é extremamente limitada. A maior parte do tempo suas mãos estão atadas pela política, e pelo fato de que eles têm que persuadir os países membros para fazer o trabalho pesado por eles.
Jake interrompeu. - Tudo o que precisamos é o patrocínio de uma organização global que pode legitimar nossas operações. A ONU só precisa reconhecer que temos autorização para agir sob sua proteção.
- Você sabe que mesmo que a gente chegue até a ONU e apoie esse empreendimento, é improvável que ela financie a operação.
Jake concordou. - Nós sabemos disso. Inicialmente, nós precisamos de patrocinadores, possivelmente grandes corporações e indivíduos ricos que querem parecer preocupados e comprometidos com os direitos humanos. Em seguida, precisamos de governos para apoiar a operação. Isso pode acontecer se nós mostrarmos resultados. Primeiramente nós vamos focar em objetivos mais modestos e se obtivermos sucesso, nós podemos persuadir entidades governamentais a fazer mais com um financiamento limitado da legislação.
O General se levantou. - Eu sei que vocês dois estão conscientes do desafio. Francamente, eu continuo desacreditado que vocês consigam mudar radicalmente como o mundo lida com o tráfico humano. Por outro lado, se alguém pode fazer as coisas acontecerem, é você e a sua equipe. Se você conseguir que eles embarquem nessa, eu vou começar a organizar o suporte financeiro através dos meus contatos de negócio, alguns deles tem uma certa influência com a ONU.
- Obrigada pai. Nós não poderia pedir mais de você. Eu te amo. Tess lhe deu um beijo na bochecha.
O General sentou-se novamente. - Boa sorte para vocês. Mantenha-me informado.

12 - Em busca de legitimidade
Tess e Jake desceram de um táxi em frente ao prédio das Nações Unidas em Nova York. Eles ergueram os olhos para o prédio alto e quadrado que abrigava a Assembléia Geral, o Conselho de Segurança e as várias agências que trabalhavam para promover o trabalho da organização. Jake não estava impressionado.
- Você está olhando um monumento para futilidade, uma instituição fraca por design. - Ele disse enquanto olhava para as bandeiras das nações exibidas em frente ao prédio.
- Você não acha que está exagerando um pouquinho? Tess respondeu. - Eles fazem algumas coisas boas.
- É verdade, contanto que essas coisas não fiquem no caminho dos objetivos reais dos membros das Nações. Até onde eu sei, tudo o que temos aqui é um fórum onde os representantes dos países do terceiro mundo votam alegremente e consistentemente contra os interesses dos Estados Unidos, que por acaso pagam a maior parte do projeto. Tudo o que vejo é um bando de diplomatas tagarelando e aproveitando seus privilégios sem esperar realizar muita coisa importante.
- Jake, você é a imagem do otimismo.
Eles pegaram um elevador e foram conduzidos até uma sala de conferências. Jordan Smythe, um amável funcionário, recebeu-os e pediu-lhes para sentar-se ao redor da mesa.
- Eu entendo que sua organização gostaria de ajudar com o problema mundial do tráfico humano. Confesso que achei bastante intrigante o interesse de vocês nesta questão. Afinal, a organização de vocês, a DRE, é conhecida como uma companhia de serviços militar.

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