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Atropos
Federico Betti
O que liga uma série de homicídios ocorridos em Bolonha e na província? Trata-se de um serial killer ou outro? Descobri-lo será dever do inspetor de Polícia Stefano Zamagni e seus homens.


Federico Betti

Atropos
Publisher:
Tektime - Traduzionelibri.it
(http://www.traduzionelibri.it (http://www.traduzionelibri.it)).

Índice analítico

I (#ufde0a34c-5FFF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)
II (#ufde0a34c-6FFF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)
III (#ufde0a34c-7FFF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)
IV (#ufde0a34c-8FFF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)
V (#ufde0a34c-9FFF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)
VI (#ufde0a34c-10FF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)
VII (#ufde0a34c-11FF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)
VIII (#ufde0a34c-12FF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)
IX (#ufde0a34c-13FF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)
X (#ufde0a34c-14FF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)
XI (#ufde0a34c-15FF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)
XII (#ufde0a34c-16FF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)
XIII (#litres_trial_promo)
XIV (#litres_trial_promo)
XV (#litres_trial_promo)
XVI (#litres_trial_promo)
XVII (#litres_trial_promo)
XVIII (#litres_trial_promo)
XIX (#litres_trial_promo)
XX (#litres_trial_promo)
XXI (#litres_trial_promo)
XXII (#litres_trial_promo)
XXIII (#litres_trial_promo)
XXIV (#litres_trial_promo)
XXV (#litres_trial_promo)
XXVI (#litres_trial_promo)
XXVII (#litres_trial_promo)
XXVIII (#litres_trial_promo)
XXIX (#litres_trial_promo)
XXX (#litres_trial_promo)
XXXI (#litres_trial_promo)
XXXII (#litres_trial_promo)
236 (#litres_trial_promo)

Atropos



Titulo original: Atropos
Traducido por: Daniela Peruto







A todas as pessoas que não veem a hora de ler estas estórias























O homem desceu do ônibus da linha 19 na Praça Bracci, em San Lazzaro di Savena, chegou na banca de revistas, comprou uma cópia do 'Il Resto Del Carlino' e começou a folhear as páginas.
Sentou-se sobre um dos bancos nos lados da praça para ler o jornal e não encontrou notícias importantes: as primeiras páginas estavam todas ocupadas pela crônica, enquanto no seu interior encontrou aquelas dedicadas à economia e, ainda mais, as páginas locais com notícias do território bolonhês, da cidade até toda a província.
Deu uma olhada também nos anúncios publicitários, sem encontrar nenhum interessante.
Dobrou o jornal, mantendo-o sob o braço, se encaminhou ao longo da rua Emilia em direção à Imola.
Ao alcançar a entrada da banca no cruzamento com a rua Jussi, algumas centenas de metros mais adiante, empurrou a primeira porta pesada com a moldura de metal, depois a segunda, e entrou.
Àquela hora da manhã, havia pouquíssimo clientes e, alguns minutos depois de ter entrado, pode apresentar-se ao primeiro guichê de caixa que ficou livre, dos três que estavam abertos naquele momento.
“Bom dia”, o cumprimentou a funcionária, “em que posso lhe ser útil?”
“Gostaria de falar com o diretor, se não estiver ocupado.”
“Como quiser. Há algo errado?”, perguntou a mulher, que emanava um perfume frutado carregado, a ponto de ser quase nauseante.
“Não, não se preocupe. Pensava simplesmente em como investir da melhor forma e gostaria de falar com ele ou ela, caso seja uma mulher, para tomar uma decisão.”
“Para isto estão disponíveis os nossos consultores financeiros. Acho que o senhor pode tranquilamente falar com um deles: são todas pessoas especializadas. A não ser que deseje expressamente dar uma conservada com o diretor ou tenha motivos especiais para incomodá-lo”, explicou a mulher.
“Desejo expressamente falar com o diretor.”








































I








Aquele dia, Davide Pagliarini estava voltando da academia onde passava uma ou duas horas todas as tardes da semana, fora o fim de semana.
Morava sozinho, em um condomínio da rua Venezia em San Lazzaro di Savena.
Tinha tomado aquela decisão depois de um ano de noivado e um de convivência com a sua companheira. De comum acordo tinham dito chega, não teriam podido viver juntos para sempre porque, de forma diferente da que imaginavam inicialmente, parecia não terem realmente sido feitos um para o outro.
Ritmos de vida e pontos de vista muito diferentes no que se refere ao desenrolar do dia a dia e à utilização dos recursos financeiros.
E no final, tinham pensado bem, se cumprimentaram e cada um seguiu o seu próprio caminho.
Chegando na frente do portão do prédio, subiu as escadas e entrou em casa.
O seu apartamento se encontrava no primeiro andar de um prédio não tão alto e submerso no verde de um jardim privativo com plantas e árvores de vários tipos e uma cerca viva que delimitava a propriedade.
As vantagens eram três, pelo menos: a sombra produzida pelas árvores que significava abrigo das temperaturas elevadas do verão, um toque de preciosidade à residência e o fato que dificilmente um condomínio com jardim interno atraía os responsáveis pela distribuição de folhetos publicitários.
Apoiou no chão a bolsa esportiva que usava na academia e que continha geralmente uma muda de roupas e tudo que era necessário para a ducha; a abriu preparando-a para o dia seguinte, depois decidiu ler um pouco.
Gostava de romances de aventura de autores como Clive Cussler, mesmo se até alguns meses atrás lia habitualmente também thrillers e, em geral, estórias permeadas de suspense mas, depois do acidente na estrada em que tinha sido envolvido, tinha decidido que as teria deixado de lado até uma data a ser marcada.
Tinha sido sua culpa, isto era inegável e não podia perdoar-se: aquele acontecimento tinha com certeza deixado uma marca na sua psique.
Procurava de todas as formas não pensar nisso e, com frequência conseguia, mas quando menos esperava, a lembrança voltava a atormentá-lo.
Se tivesse só evitado ingerir aquele comprimido...
Mas foi atraído pela novidade. Tinham-lhe dito “Você vai ver como se sentirá. Vai fazer você chegar nas estrelas. Prove: pode tê-la também com desconto.”
E assim tinha experimentado, dizendo-se porém que não o faria nunca mais. Tinha sido só pela curiosidade de entender o que se experimentaria com aquela coisa.
Depois de sair da discoteca, onde ia às vezes para passar um sábado à noite diferente do comum e com a esperança de encontrar, quem sabe, pessoas novas que poderiam se tornar amigas ou também uma possível alma gêmea, apesar de saber ele mesmo que seria preciso tempo para iniciar um relacionamento deste tipo, foi para seu carro e se preparou para voltar para casa.
Depois de ingerir aquele comprimido efervescente (tome em um copinho, lhe tinha sido recomendado) havia passado ao menos uma hora e quando Davide estava nas avenidas do anel viário de Bolonha, na direção de casa começou a se sentir em alto astral, eufórico. Pisou fundo o pedal do acelerador porque sentiu a necessidade de descarregar aquela euforia de algum modo e o resultado foi aquele esperado, mas não tinha sido considerada a eventualidade de imprevistos devidos à velocidade excessiva.
Percebeu muito tarde um rapaz que estava atravessando a rua, na faixa de pedestres e o atingiu no lado esquerdo, derrubando-o no chão e arrastando-o por uma centena de metros.
Não tinha percebido absolutamente a presença dos pais e fugiu sem parar, o corpo cheio de adrenalina.
Todas as vezes que lhe voltava à mente aquele episódio, Davide Pagliarini fechava os olhos na esperança de afastar aquelas lembranças desoladoras e, geralmente conseguia, mas não sempre.
Quando percebeu que já era hora do jantar, fechou o romance que estava lendo naquele momento, recolocando-o sobre a mesinha de cabeceira e preparou um prato de massa.
A noite transcorreu tranquila e antes de meia-noite já estava dormindo.


























































II










Ao se acordar, de manhã cedo, para conseguir tomar o café da manhã com calma antes de ir para o trabalho, Stefano Zamagni não pensava de forma alguma que aquele dia iria ser tão aflitivo.
Tomou antes uma ducha, depois preparou uma xícara de café que acompanhou com algumas fatias de pão torrado, depois saiu.
Chegou à Central de Polícia às 8:30 h, depois de aproximadamente meia hora de caminho no meio do tráfego da rua Emilia, no trecho que liga San Lazzaro di Savena, onde morava, e Bolonha.
Odiava os engarrafamentos nas estradas, principalmente se gerados por uma massa de pessoas apressadas para chegar ao trabalho.
Por que não saem um pouco mais cedo?, se perguntava às vezes, mas sem nunca encontrar uma resposta sensata.
Ao chegar no escritório, sobre a sua escrivaninha o esperavam várias mensagens cartáceas, algumas das quais escritas por ele próprio na noite antes, como lembretes.
Leu rapidamente, depois as jogou no cesto de lixo.
“Come vai, inspetor?”, lhe perguntou um agente simples de passagem.
“Bem, obrigado”, respondeu cordialmente. “E o senhor? Tudo bem? ”
“Sim, obrigado.”
“Perfeito. Então, lhe desejo um bom dia e vamos esperar que seja tranquilo até à noite.”
“Vamos esperar”, concordou o agente, despedindo-se.
Poucos minutos depois, o capitão da Seção de Homicídios se apresentou no escritório de Zamagni e, pelo ar que emanava, não parecia ser uma visita de cortesia.
“Olá Zamagni, preciso de você”, disse sem preâmbulos.
“Devo me preparar para o pior?”, perguntou o inspetor.
“Espero que não seja nada complicado, mas certamente será algo desagradável. Recebemos um telefonema de uma pessoa que disse ter chegado na casa da filha e a encontrou sem vida.”
“Teria preferido começar o dia de forma diferente”, disse Zamagni, “Sabe-se alguma informação a mais? Ou seja, referente a esta pessoa que chamou.”
“A senhora disse que chegou à casa da filha e ela não abriu a porta apesar da campainha ter sido tocada várias vezes, assim a senhora que parece tinha as chaves do apartamento, voltou para sua casa, pegou as chaves e quando abriu a porta, a encontrou estendida no chão da sala de estar”.
“Entendo.”, disse Zamagni e, depois de uma breve pausa, disse: “Por que teria sido um homicídio? Não poderia ter morrido por causas naturais? Um acidente?”.
“Não sei”, respondeu o capitão, “Acho que a melhor coisa a ser feita é ir para o local e tentar entender algo mais em relação ao que aconteceu... A senhora que telefonou está esperando a nossa chegada e eu lhe disse para ficar à disposição, para qualquer coisa.”
“Certo.”, concordou Zamagni, “Vou verificar agora.”

A garota estava ainda na posição em que a mãe a tinha encontrado, estendida no chão.
“Não toquei em nada, posso garantir”, disse a senhora, depois que lhe foi mostrada a carteira da Polícia, como para desculpar-se imediatamente de algo que não tinha feito.
“A senhora se saiu muito bem", lhe respondeu Zamagni. “Posso saber o seu nome?”
“Chiara. Chiara Balzani.”, se apresentou. ”E ela é minha filha”, adicionou, voltando-se para o corpo da garota, como se ainda estivesse viva.
“Entendo. Poderia me dizer também o nome de sua filha, por favor?”
“Oh... claro, me desculpe. Estou ainda sob choque pelo que aconteceu. Ela se chama... se chamava... Lucia Mistroni.”
“Obrigado.”, disse Zamagni, depois acrescentou: “Posso saber por qual motivo, a senhora não hesitou em chamar a polícia? Quero dizer, a morte poderia ter sido devida a um infarto ou alguma outra causa natural, não?”. E, dirigindo-se ao agente Marco Finocchi que o acompanhava: “Anote tudo.”
O agente acenou com a cabeça.
“A sua pergunta é legítima, mas parece que a minha filha, já há um tempo, recebia telefonemas ameaçadores. Por isso, pensei logo em uma morte não natural e assim os chamei.”
“Telefonemas ameaçadores? E sabe quem seria o autor das chamadas?”
“Não, mesmo se sempre tive dúvidas ou a convicção, se preferir, e era a mesma que tinha também a minha filha, de que quem a chamava era um seu ex-namorado", explicou a mulher. “A sua relação tinha terminado, vamos dizer, de forma não tranquila, tinham discutido gravemente. No último período do namoro deles, brigavam com frequência.”
“Entendo”, concordou Zamagni, “Precisaremos saber tudo sobre sua filha. Idade, que trabalho tinha, as suas paixões, endereços e nomes dos seus amigos. E este seu ex-namorado? Sabe nos dizer o seu nome? Qualquer informação que saiba sobre ele. E... uma coisa mais: atualmente, sua filha estava casada? Noiva? Solteira? Sabe, não podemos excluir nenhuma pista”
“Pelo que eu sei, agora Lucia estava solteira.”
O inspetor fez uma breve pausa para olhar um pouco ao redor.
O apartamento, situado no primeiro andar de um prédio de construção recente na periferia de Bolonha, parecia refinado, daqueles modernos, com uma decoração bem minimalista e combinações criadas com bom gosto. Nas janelas, havia cortinas e, durante o dia, a luz do sol iluminava perfeitamente cada espaço.
“O apartamento era de propriedade da sua filha?”, perguntou o agente Finocchi.
“Sim, claro.” Pelo que parecia, à senhora Balzani parecia uma pergunta supérflua.
O apartamento tinha sido pago completamente pela filha, explicou a mãe.
E tinha explicado também que Lucia Mistroni tinha um cargo bem importante na empresa onde trabalhava, embora sua filha nunca lhe tivesse dito que tipo de trabalho fazia.
“Então? Pode nos dizer o nome do ex-namorado da sua filha?”, perguntou Zamagni.
“Sim, me desculpem.”, disse a senhora Balzani, “A pessoa que procuram se chama Paolo Carnevali. Se não se mudou, mora na rua Cracovia, ao lado do Parque dei Cedri, no número... 10, acho”.
“Perfeito. Por enquanto, lhe agradecemos, senhora. Lembre-se que qualquer informação que puder nos dar, poderá ser útil para a investigação. E também uma outra coisa: a Polícia Científica irá verificar cada centímetro deste apartamento, na esperança que isso possa servir a encontrar o culpado deste crime, motivo pelo qual nos próximos dias não será absolutamente possível entrar aqui. Iremos isolar a área em seguida.”
A senhora concordou, compreensiva.
“Farei o possível para encontrar o assassino.”
Despediram-se e desceram novamente para a rua. O inspetor Zamagni e o agente Finocchi voltaram para o escritório da Central de Operações.



















































































III










Não era grande coisa, mas agora talvez tivessem encontrado uma pista a ser seguida, na espera de saber os resultados das análises no apartamento de Lucia Mistroni.
Lá pela hora do almoço, o inspetor Zamagni, acompanhado por Marco Finocchi, se apresentou ao número 10 da rua Cracovia, para falar com Paolo Carnevali.
Tocaram a campainha sem receber resposta, esperaram alguns minutos e conseguiram entrar no prédio com a chegada de uma senhora anciã que voltava de um passeio com seu cachorro.
“Podemos entrar, senhora?”, perguntou Zamagni.
“Não aceitamos vendedores porta a porta, desculpe. Por isso, se são dois desses, podem até poupar o cansaço e mudar de destino.”
“Estamos procurando o senhor Carnevali. A senhora o conhece?”
“Quem está procurando por ele?”, quis saber a mulher, provavelmente irritada por ter que ficar conversando com desconhecidos.
“Precisamos falar com ele. Não é nossa intenção lhe causar nenhum aborrecimento ou fazer-lhe algum mal físico”, explicou o inspetor, mostrando a carteira de identificação.
“Oh, pelo amor de Deus...”, foi a reação da anciã, “O que andou fazendo aquele rapaz? Parecia-me uma pessoa tranquila.”
“Não se preocupe”, a tranquilizou o agente Finocchi, “Queremos só falar com ele.”
“Assim sendo, acho que a esta hora esteja trabalhando”, explicou a mulher.
“E quando poderemos encontrá-lo? Sabe a que horas ele volta?”
“A menos que tenha compromissos particulares depois do trabalho, geralmente, o encontro às 18 - 18:15h todos os dias da semana. Saio com Toby para o passeio noturno e quando volto ele está estacionando ou subindo as escadas.”
“Saberia nos dizer que carro tem o senhor Carnevali?”
Nós a abordávamos um tanto despreparada, explicou a senhora, porque não era de forma alguma especialista em carros. Os únicos meios de transporte que conhecia bem eram os ônibus, usando-os para ir de casa até o centro da cidade no domingo à tarde.
“Nós a agradecemos igualmente, senhora.”, disse Zamagni, “Voltaremos à noite.”
Os dois saudaram a senhora e Toby, que não a teria seguido sem ao menos que um deles lhe tivesse feito algum carinho e voltaram para o carro com o qual chegaram.
Não teria feito sentido esperar tantas horas antes que Paolo Carnevali chegasse, assim decidiram que iriam para a Central de Operações e Zamagni teria aproveitado para ouvir eventuais novidades da Científica e do patologista que estava encarregado de realizar a necropsia.

Os seus pais estavam realmente felizes por ele, o viam contente e estavam orgulhosos com parentes e amigos da família.
Além de ir para a escola, fazia ainda alguma coisa de útil e produtiva, pelo pouco que pudesse juntar.
Não será tanto, mas para um rapaz que estuda é sempre melhor que nada.
Era assim que falavam do trabalho que o seu filho tinha conseguido.
Parece que não é o único e assim conheceu também outras pessoas da mesma idade com as quais às vezes sai para passear, se encontrar no Jardins Margherita ou na Praça Maggiore no sábado à tarde, se divertir e, às vezes, fica fora para jantar com eles.
Com aquele pouco que ganha, consegue também permitir-se a fazer isso, sem que nós tenhamos que dar nosso dinheiro.
Era um trabalho simples, tratava-se só de fazer panfletagem. E quem não teria sabido fazer uma coisa desse tipo? Bastava distribuir os folhetos publicitários pelas ruas. Nos condomínios, nos locais públicos ou mesmo só nas ruas e estava feito. Não era solicitado mais nada, nenhuma obrigação de qualquer tipo.
Fácil, fácil como beber um copo de água.
E era aquilo que fazia todas as tardes, uma hora ou ao máximo duas por dia, só nos dias no meio da semana, depois de ter ido à escola e ter terminado os deveres. O fim de semana iria descansar, divertir-se e gastar uma mínima parte do dinheiro ganho: como rapaz diligente que era, tinha acertado com os pais para que ficassem com a metade; agora que tinha a possibilidade, queria contribuir com as despesas da casa, dentro do possível.
Continuava assim com o seu trabalho, com a típica leveza da sua idade, sem sequer se perguntar para o que estava fazendo publicidade.






















































IV










À noite do mesmo dia, às 18:30h, o inspetor Zamagni e o agente Finocchi voltaram à rua Cracovia para falar com Paolo Carnevali.
Tocaram a campainha e depois de alguns minutos foram ao seu apartamento.
“Fui avisado há pouco da sua chegada.”, explicou o homem. “Eu estava esperando vocês. Por favor, fiquem à vontade na sala de estar.”
Sentaram-se ao redor de uma mesa retangular de dimensões médias e, depois das apresentações, Zamagni começou a falar.
“Desculpe-nos pelo horário. Não sei se está acostumado a jantar cedo. Assim, é nossa intenção tirar-lhe pouco tempo.”
“Não têm que se preocupar”, respondeu Carnevali. “Além do mais, gostaria de saber o motivo desta sua visita.”
“Gostaríamos de falar de Lucia Mistroni.”
“O que ela fez? Aconteceu alguma coisa com ela?”
Parecia não saber de nada do que tinha acontecido à sua ex-namorada ou, se também o sabia, o escondia bem.
“Esta manhã, a mãe dela a encontrou morta no seu apartamento.”
Paolo Carnevali fechou os olhos por alguns instantes, depois os reabriu e disse: “Eu sinto muitíssimo. Como aconteceu? Descobriram já alguma coisa? Imagino que, se estão aqui, para dar um nome ao culpado seja ainda cedo.”
“Já estamos trabalhando nisso”, explicou Zamagni, “Por enquanto, sabemos só que sua mãe foi à cada da filha e, não recebendo nenhuma resposta, voltou para pegar a sua cópia de chaves. Quando abriu a porta do apartamento, Lucia Mistroni estava estendida no chão.”
Pelo menos no momento, não disse nada em relação aos telefonemas ameaçadores.
“Espero que possam encontrar rápido o culpado. Por que vieram falar comigo? Eu não via Lucia desde que nos deixamos, há alguns meses atrás.”
“Temos que seguir todas as pistas e aquela de ex-namorado é uma.”
“Como lhes disse, eu não sei de nada. Não via Lucia há alguns meses.”
“Sabemos que ultimamente brigavam com frequência”, disse o inspetor.
“Quem lhes contou isso foi a mãe dela?”
“Sim.”
“Entendo. Tudo bem, no último período de noivado brigávamos, mas isso não significa que eu seja o culpado.”
“Não queremos afirmar isso. Como lhe disse, temos que seguir todas as pistas que possa nos levar ao responsável do que aconteceu. Por que brigavam?”
Houve uma breve pausa, na qual Paolo Carnevali meditou, antes de responder: “Poderemos dizer que cada pretexto eram suficiente para iniciar uma discussão animada entre nós dois. A relação, por qualquer motivo, tinha tomado este caminho nos últimos meses. Brigávamos também pelas coisas mais banais.”
O agente Finocchi ficava tomando nota, sinalizando qualquer mínima coisa.
“Entendo.”, disse o inspetor. “Há pouco tempo, parece que a senhorita Mistroni estava recebendo telefonemas ameaçadores. Tem ideia de quem os pudesse fazer? O que sabia, há alguém capaz de chegar a tanto? Alguém que conhecesse Lucia e com o qual teria acontecido alguma coisa especialmente desagradável.”
“Não sei como ajudá-los, sinto muito.”
Ao quanto parecia, do senhor Carnevali não teríamos obtido nada, pelo menos por enquanto.
“Certo. Caso se lembre de alguma coisa relativa à senhorita Mistroni, chame-nos e peça para falar comigo.”
O homem concordou.
“Ah, uma última coisa.”, disse o inspetor Zamagni despedindo-se, antes de descer as escadas, “Fique à disposição.”












































































V










“Posso pagar com cartão?”, perguntou a mulher.
“Certamente”, lhe respondeu a funcionária da academia.
“Ótimo. Qual ficha devo preencher para me inscrever?”
“Veja aqui. Preencha em todas as suas partes e, se tiver dúvidas, pergunte.”, falou a loira por trás da bancada. “Escreva em maiúsculas.”
A outra mulher concordou e pegou a caneta que encontrou presa a um cordãozinho.
“Mariolina Spaggesi? Estou lendo certo?”, perguntou a funcionária.
“Sim.”
“E mora na rua San Vitale no número 12, correto?”
“Exatamente.”
“Bom. Diria que está tudo perfeitamente legível.”
Depois lhe entregou uma folha onde estava especificado o regulamento da academia.
Mariolina Spaggesi o dobrou, colocou na bolsa e saindo, saudou a outra mulher, para depois retomar o caminho de casa.
Não via a hora de começar: há tanto tempo tinha se prometido frequentar uma academia, na modalidade livre, sem ter a obrigação com horários e, finalmente, naquele dia tinha tomado a decisão de parar.
Passava na frente quase todos os dias porque estava no caminho que ligava sua casa com o local onde trabalhava e, geralmente, preferia fazer um passeio que usar os meios públicos. Considerava que fossem precursores de doenças como a gripe e, no fundo caminhar, como sempre é dito, faz bem à saúde.
Aquela noite chegou em casa e depois de ter pego a correspondência e ter jantado rapidamente com uma pizza entregue à domicílio, foi dormir às 21:00 horas, cansadíssima pelo árduo dia de trabalho, adormeceu rapidamente.
Quando se acordou na manhã seguinte, durante o café da manhã, verificou a correspondência que na noite antes tinha apenas depositado sobre a mesinha da sala de estar.
Alguns folhetos publicitários, um cartão postal enviado por uma amiga que estava de férias no norte da Europa e um envelope branco com selos, com os dizeres X MARIOLINA SPAGGESI e o endereço escritos em letras maiúsculas.
Não sabia quem fosse o remetente, porque era evidente que não quis fazê-lo saber ou porque, quem sabe, se teria feito reconhecer de algum modo dentro do próprio envelope ou por algum outro motivo que Mariolina ignorava.
Apoiou a xícara de café com leite sobre a mesinha e abriu o envelope, com curiosidade por aquilo que poderia ser o conteúdo.
Como era leve e, em geral, na aparência, parecia que não contivesse nada.
Na realidade, havia algo dentro e, exatamente um cartão de visita. O texto dizia:

MASSIMO TROVAIOLI
Diretor de Marketing
Tecno Italia S.r.l.



Na parte inferior do cartão de visita havia um contato telefônico empresarial, um celular, presumidamente empresarial e um endereço de e-mail pessoal.
Com as mãos trêmulas, Mariolina deixa o envelope cair no chão e o cartão voou por alguns segundos, antes de se apoiar no chão. Releu uma segunda vez tudo, depois do que se sentou para procurar entender o que estava sentindo.




















































































VI










Os resultados das análises da Polícia Científica no apartamento de Lucia Mistroni e da necropsia no seu corpo, com muita rapidez chegaram e quase com os mesmos tempos de espera.
Na casa da garota, aparentemente, não foi encontrado nada de especialmente interessante, pelo menos depois de uma primeira verificação.
Mantenhamos ainda os isolamentos até a conclusão desta estória, tinha determinado Zamagni, porque sabia que a poluição da cena de um crime teria boas probabilidades de enganar as investigações e atrasar a solução. E ainda, teria podido sempre ter a necessidade de voltar naquele apartamento para posteriores verificações.
O apartamento tinha parecido completamente em ordem, sem nada que estivesse fora do lugar. Isto podia significar que o culpado daquele crime não procurasse nada em especial quando foi para a casa de Lucia.
E, além do mais, a fechadura da porta de entrada estava no lugar, sem sinais de arrombamento.
Assim, provavelmente Lucia Mistroni conhecia o seu assassino.
A necropsia não tinha evidenciado sinais de briga marcados. A mulher tinha batido a cabeça, talvez de modo letal e, por consequência, tinha provavelmente caído no chão.
“Aquilo que temos até agora não nos leva a lugar algum”, disse o inspetor Zamagni falando com o capitão Luzzi no seu escritório.
“Proponho procurar melhor entre os seus parentes, os seus amigos e conhecidos”, disse o capitão. “No mínimo, conseguiremos obter algumas informações a mais relativas à garota.”
“Concordo.”
“Peça ajuda ao agente Finocchi. Dividam as tarefas, para ganhar tempo. Voltem juntos na mãe dela depois, com base naquilo que lhes dirá, falem com as pessoas que conheciam sua filha.”
Terminada a conversa, Zamagni e Finocchi saíram para ir falar novamente com a mãe de Lucia Mistroni.
O tráfego nas ruas aquela manhã estava insuportável, mesmo assim conseguiram chegar ao destino em um tempo ainda razoável. A senhora tinha lhes dado seu próprio endereço um pouco antes de sair do apartamento da filha no dia antes.
Quando a mulher viu os dois policiais, estava voltando para casa depois de ter passado na quitanda.
Fez com que se acomodasse e lhes perguntou se queriam algo para beber.
“Muito gentil”, agradeceu o inspetor, “Aceito, obrigado, um copo de água.”
“Pode ser o mesmo para mim também, obrigado”, disse Marco Finocchi.
A mulher colocou água nos dois copos de vidro, até grandes, e os ofereceu aos seus hóspedes.
“Precisamos novamente da sua ajuda”, disse o inspetor depois de ter tomado um gole.
“Podem falar.”
“Conseguiria nos fazer uma lista de todas as pessoas que a sua filha conhecia? Estou me referindo a parentes, amigos e conhecidos. Ao que se refere ao ambiente de trabalho, é suficiente que nos diga o nome da empresa.”
A mulher pegou uma folha de papel, começou a escrever e, depois de terminar, os dois policiais perceberam que teriam bastante coisa para fazer para falar com todos no menor tempo possível.
Zamagni recebeu a folha, dobrou e a colocou no bolso.
“Desde a última vez que nos vimos, lembrou de alguma coisa que a senhora acredita possa nos ajudar no nosso trabalho?”, perguntou depois.
“No momento não, mas não me esqueci. Assim que tiver algo para vocês, não vou hesitar em chamá-los.”
“Agradecemos.”, disse Marco Finocchi.
“Agora é melhor ir embora, senhora. O trabalho nos espera.” Esta vez tinha sido o inspetor Zamagni a falar.
Os dois policiais se levantaram quase que no mesmo instante, cumprimentaram a mulher e saíram.
A folha que a mulher lhes tinha dado, perceberam, estava bem detalhado: para cada nome da lista, era especificado o tipo de conhecimento ou parentesco e, para aqueles que o sabia, tinha indicado também o endereço.
Zamagni decidiu que iriam começar com os nomes dos quais tinham as informações completas e deixariam aos agentes que trabalhavam no escritório a tarefa de completar a lista com os dados que faltantes.
O inspetor se ocuparia dos parentes e o agente Finocchi ficaria com os amigos.
Antes de iniciar o duro trabalho de coleta de informações, passaram novamente pela delegacia de polícia e Zamagni aproveitou para tirar duas cópias da lista que a mulher tinha feito: uma cópia ficou com o agente Finocchi, uma outra dada ao agente encarregado em procurar os dados faltantes e Zamagni recolocou no bolso a original.















































VII










O ônibus estava lotado àquela hora da manhã: muitos estudantes estavam indo para a escola e enchiam a maior parte dos lugares sentados. O homem não tinha, em todo caso, problemas em ficar de pé, porque sabia que o trajeto que deveria fazer seria bem breve.
Quando chegou na parada mais próxima ao destino que tinha que ir, desceu e andou ao longo da calçada.
Atravessou o anel viário e começou a percorrer a Strada Maggiore em direção ao centro da cidade. Depois de aproximadamente quinhentos metros, virou à direita para chegar na rua San Vitale e entrou em uma loja de flores sob o pórtico.
“Bom dia.”, falou, “Estou avaliando a compra de algumas flores. Entregam também a domicílio, não?”
“Sim”, respondeu a garota.
“Certo.”
“Em quais flores estava pensando?”
“Crisântemos”, respondeu o homem, “Um belo maço de crisântemos.”
A garota ficou uns instantes sem dizer nada, considerando consigo mesma o pedido, depois começou a preparar o maço.
“É possível falar com o dono?”
“Ele não está no momento.”
“Quando posso encontrá-lo?”
“Geralmente, ele passa na loja durante a tarde, ao anoitecer.”
“Todos os dias?”
“Normalmente sim, a menos que não tenha algum compromisso particular, que não o permita.”
“Obrigado pela informação e pelas flores. Pode guardá-las aqui até esta noite?”
“Claro.”
“Bom, então até esta noite.”
“Vocês se conhecem?”, perguntou a garota, referindo-se ao seu chefe e ao homem que o estava procurando. “Se falar com ele, quem sabe posso adiantar para ele que o senhor passou por aqui e que passará no fim do dia.”
“Não se preocupe, não é um problema. Posso passar tranquilamente mesmo sem que adiante nada para ele.”
A garota concorda e quando o homem já tinha saída por alguns minutos, voltou a pensar no seu comportamento estranho.
Naquela noite, sem que a garota tivesse contado previamente sobre a visita do homem àquela manhã, este último e o dono da loja de flores falavam por aproximadamente uma hora no bar ao lado da loja.
Quando os dois se afastaram, o dono da floricultura voltou para a loja, pegou o maço de crisântemos e o colocou no quartinho de fundo do local.
















VIII










O inspetor Zamagni e o agente Finocchi dividiram as tarefas: um teria contatado os amigos de Lucia Mistroni, enquanto o outro teria falado com os parentes.
Para o momento, a coisa mais importante era encontrar informações relativas à garota e as pessoas com as quais tinha mais contato.
Eventuais desenvolvimentos teriam chegado sucessivamente como lógica consequência.
Começaram de manhã cedo, telefonando a cada uma das pessoas para programar os encontros: isto teria servido, além de obter informações úteis, também para conhecê-las e ter uma primeira ideia sobre tudo.
Stefano Zamagni conseguiu encontrar, no mesmo dia, Dario Bagnara e Luna Paltrinieri.
Ambos, lhe disseram, eram amigos de antiga data da garota morta e ambos ficaram sem palavras depois que receberam a notícia.
O senhor Bagnara era um agente imobiliário que trabalhava em uma filial na Rua Della Barca.
Ele o inspetor marcaram se encontrar no escritório do primeiro, onde Zamagni chegou pontual apesar do tráfego.
“Olá, o senhor é Dario Bagnara?”, perguntou Zamagni.
“Sim, sou eu.”
“Prazer em conhecê-lo. Sou Stefano... Zamagni.”
“Bom dia. Em que posso ajudá-lo?”, perguntou o agente imobiliário. “Para mim foi um grande golpe. Ainda estou abalado. Gostaria de ajudá-lo na medida que me seja possível.”
“Obrigado”, disse Zamagni, “Poderia me dizer de onde conhecia Lucia Mistroni e há quanto tempo se conheciam.”
“Há muito tempo”, respondeu Bagnara, “Éramos colegas no ensino médio.”
“Entendo. Assim, posso imaginar que se conheciam bem.”
“Sim, com certeza.”
“E depois que terminaram a escola? Continuaram a se ver habitualmente?”
“Sim, mesmo se não com uma frequência constante. Organizávamos algumas noitadas juntos, entre amigos. Eu, ela e Luna, uma outra nossa colega de escola. Isso quer dizer que a frequência com a qual nos víamos não era constante porque, pelo menos desde que começou a namorar com Paolo, acontecia frequentemente que saíam eles dois sozinhos.”
“Quando se viram pela última vez?”
“A semana passada. Éramos nós três. Geralmente, quando nos encontrávamos, Paolo não estava.”
“Por que não?”, perguntou o inspetor.
“Por escolha compartilhada. Queria que fosse uma saída entre amigos, sem namorados ou namoradas.”
“Paolo também... Carnevali, quer dizer?.. Ele também concorda com esta ideia?”
“Sim, acho eu. No início, ele não estava muito de acordo com o fato que nos víssemos nós três sozinhos, talvez por ciúme... não sei dizer. Depois, porém, ultimamente, parece que aceitava sem problemas.”
“Entendo. Antes falou de... Luna?”
“Sim, Luna Paltrinieri. Falou com ela também?”
“Não ainda, mas tenho um encontro com ela daqui a uma hora no bar onde trabalha.”
Dario Bagnara acenou, concordando.
“Ela também é uma boa garota.”
Naquele momento, entrou uma potencial cliente, que perguntou se poderia falar com alguém da agência imobiliária. Estava procurando um apartamento à venda.
“Só um minuto e falarei com a senhora”, respondeu Bagnara e, voltando-se para Zamagni: “Se desejar, posso pedir à senhora que volte mais tarde.”
“Não se preocupe, fique à vontade. Nos veremos logo.”
O agente imobiliário agradeceu Zamagni e, enquanto o inspetor saía, pediu para a cliente se acomodar.

Na hora marcada, Stefano Zamagni chegou no bar de Luna Patrinieri, na rua Andrea Costa, relativamente próxima à agência imobiliária onde trabalhava o senhor Bagnara.
“Olá, a senhorita é Luna?”, perguntou Zamagni quando não havia clientes.
“Sim, sou eu.”
“Inspetor Zamagni.”
“Prazer em conhecê-lo. Gostaria de um café?”
“Muito, obrigado.”
A garota lhe preparou o café e o serviu com um envelope de açúcar branco de cana-de-açúcar bruta e um de mel.
Bebendo o café amargo, Zamagni disse: “Precisaria falar com a senhorita de Lucia Mistroni.”
“Farei todo o possível para ajudá-lo.”
“Obrigado. Assim, poderia me contar como era o seu relacionamento com a ela? Sei que eram colegas de escola, no ensino médio.”
“É verdade. Quem lhe falou isso, se posso perguntar-lhe?”
“Falei agora a pouco com o senhor Bagnara. Foi ele que me disse que os três estudavam juntos na escola. Espero que não seja um problema.”
“Entendo. Então, não é um problema.”
Zamagni bebeu o último gole de café e a garçonete, depois de ter arrumado a xícara, pratinho e colherzinha no cesto da lavadora de pratos, contou ao inspetor que, efetivamente, eles três eram colegas de escola, tinham se encontrado em sintonia desde início do primeiro ano de escola e tinham mantido a amizade também depois de terem passado no exame de conclusão do ensino médio. Cada um com o próprio trabalho, conseguiam se ver pelo menos uma vez por semana, durante o fim de semana.
“Falando em trabalho, saberia me dizer onde trabalhava a senhorita Mistroni? A sua mãe não conseguiu ser precisa.”
Disse o nome da empresa e que trabalhava como chefe de escritório de marketing exterior, depois acrescentou: “Peço que me desculpe, mas falar dela agora me entristece muitíssimo.”
E começou a chorar.
“Eu a entendo e sinto muito, obviamente, pelo que aconteceu. Nós, infelizmente, temos que continuar a fazer o nosso trabalho e encontrar o culpado.”
“Eu sei”, disse a garota, consentindo. “Espero que o encontrem logo.”
“Espero.”
“Obrigada.”
“De nada”, disse Zamagni. “Podemos contar com a sua ajuda a qualquer momento?”
“Claro.”
“Muito bem”, agradeceu o inspetor. “Por enquanto, diria que pode ser suficiente. Passarei por aqui assim que houver a necessidade novamente de falar com você.”
“Eu vou lhe esperar.”
Zamagni se despediu da garota com um sorriso e saiu do bar ainda com viva esperança de chegar à solução do caso.
Ainda faltavam dois amigos de Lucia Mistroni a serem interrogados, no entanto, tinha recebido uma outra informação nova: logo iriam fazer uma visita também ao seu empregador.
Durante o trajeto de carro para o seu escritório, Stefano Zamagni perguntou-se como estaria indo a busca de informações pelo agente Finocchi.




















































































IX










O agente Finocchi cuidou em falar com os parentes de Lucia Mistroni.
A mãe tinha indicado só o irmão Atos, um tio e uma prima.
Verificou que todos já tinham sido informados da desgraça pela senhora Balzani e, quando o agente conseguiu falar com o irmão, este começou a chorar dizendo que não tinha parado do momento em que soube da notícia.
Morava sozinho na rua San Felice, em um apartamento pequeno mas funcional.
“Posso falar com o senhor sobre sua irmã Lucia?”, perguntou Marco Finocchi depois de se apresentar.
“Claro, fique a vontade.”
Sentaram-se na sala, com a luz da manhã que iluminava o local através dos vidros da janela.
“Como eram as relações entre vocês dois?”, quis saber o agente.
“Diria ótimas, mesmo se ultimamente não nos víamos sempre porque eu estive muito ocupado com o trabalho.”
“Entendo. Trabalha com que, se posso perguntar-lhe?”
“Instalo máquinas automáticas. Estou sempre me movimentando e toda vez fico fora de casa por pelo menos uma semana.”
“Deve ser um trabalho interessante, pelo menos pelo fato de viajar e ver sempre lugares novos.”
“Seria se eu pudesse ter um pouco mais de tempo para poder andar por aí um pouco, em vez de ficar fechados dentro de uma empresa montando uma máquina automática de manhã à noite. O único divertimento que temos é à noite, quando vamos jantar e provamos a gastronomia local.”
“Com certeza, um trabalho desafiador”, disse Finocchi, “Quando se viram pela última vez, o senhor e a sua irmã?”
“Há aproximadamente duas semanas atrás.”
“Em uma ocasião especial?”
“Não. Eu tinha acabado de chegar de uma viagem e no domingo decidimos jantar juntos. Uma pizza para nos contar um pouco as novidades.”
“E como lhe pareceu, naquele dia? Tranquila, ou tinha algo que não ia bem? Estava, por acaso, preocupada com alguma coisa?”
“Ela me contou dos telefonemas que recebia. Eles lhe davam medo, também porque não entendia de quem poderiam vir.”
“Não tinha a mínima ideia de quem pudesse ser?”
“Não.”
“Não apresentou a denúncia à polícia?”
“Não sei lhe responder.”
“Entendo.”
“Posso lhe perguntar por que está em casa a essa hora? Geralmente, neste horário trabalha-se.”
“Esta é uma semana, digamos assim, tranquila, sem viagens e quando trabalho aqui faço turnos. Até sexta-feira, vou trabalhar das duas da tarde às dez da noite.”
“Certo. Peço que fique à disposição no caso de precisarmos ainda da sua ajuda.”
“Farei qualquer coisa que possa ajudá-los a encontrar o culpado.”
“Eu lhe agradeço.”
O agente Finocchi se despediu do irmão de Lucia Mistroni e saiu de volta para a rua.
À noite, iria encontrar o tio e a prima da garota.

Marcaram se encontrar no Comando da polícia. Luigi Mistroni, a filha Laura e a esposa Antonia Cipolla foram encaminhadas para uma sala de espera e, assim que o agente Finocchi voltou, começaram a falar.
“Desculpem eu ter incomodado vocês na hora do jantar. Em todo caso, não iremos demorar”, disse o agente.
“Sem problemas”, disse o tio de Lucia.
“Estamos falando um pouco com todas as pessoas mais próximas, com maior contato de sua sobrinha”, explicou Marco Finocchi dirigindo-se ao casal. “Pretendemos reunir o maior número de informações possíveis porque poderiam nos ajudar a resolver o caso.”
“Nós estamos à disposição para lhe ajudar, pelo pouco que poderemos fazer.”
“Muito obrigado”, disse Finocchi, depois fez uma pausa perguntando a todos três se gostariam de beber algo, água, um café, mas recusaram dizendo que depois de ter terminado com a polícia, iriam jantar.
“Certo. Em primeiro lugar, poderiam me dizer como eram as relações de vocês com Lucia?”
Foi a tia responder por todos: “Boas, mesmo se não nos víssemos todas as semanas. Sabe... cada um tem seus próprios compromissos. Lucia era muito ocupada por causa do trabalho, por isso acontecia mais do que outra coisa de nos ouvir quem sabe ao telefone ou ver-nos no fim de semana.”
O marido e a filha concordaram, confirmando ao agente que o que a senhora Antonia era verdade. A outra hipótese era que, no caso em que um dos três fosse o culpado, estavam todos de acordo para se proteger um ao outro.
“Há quanto tempo não viam Lucia?”
“Eu... a algumas semanas”, disse a prima Laura. “Tínhamos ido dar uma volta no centro, em Bolonha, um sábado à tarde, para nos distrair um pouco e porque nos tinha dito sobre os telefonemas que recebia e sentia a necessidade de ficar com alguém de quem confiava.”
“Então, tinha contado também a vocês sobre os telefonemas.”
“Ela nos falou durante um almoço de família, há duas ou três semanas atrás”, explicou o tio.
“Entendo”, disse Finocchi. “Sabem se havia alguém, que vocês conheciam, que pudesse ter tido algum desentendimento com Lucia? Ou com quem tivesse pelo menos brigado?”
“Não conseguimos lembrar de ninguém”, disse a senhora Cipolla depois que tinham se consultado em voz baixa por alguns instantes.
“Obrigado. Por enquanto, diria que possa ser suficiente. Peço que fiquem à disposição. Agora, podem ir jantar.”
Saudaram-se. Pouco depois que os tios e a prima de Lucia Mistroni saíram do Comando de polícia, o agente Finocchi se preparou para voltar para casa.





















X










Na manhã seguinte, o capitão Luzzi pediu à Zamagni e Finocchi uma atualização em relação ao caso de Lucia Mistroni.
“Estamos interrogando amigos e parentes”, explicou o inspetor, “depois teremos que ouvir também o empregador da garota. Não deve se excluir que o culpado pode ser um colega dela.”
“Os pais que eu ouvi”, acrescentou o agente Finocchi, “insistiram sempre na questão dos telefonemas ameaçadores que a garota parece estava recebendo. Parece que tinha muito medo, pelo menos do quanto me fez entender a prima.”
“Bom, vamos continuar a procurar e vão logo encontrar as pessoas que ainda devem ouvir.” concluiu Luzzi.
Zamagni e Finocchi concordaram, depois saíram pela rua para ir falar com o empregador e os dois amigos que ainda estavam na lista que a mãe de Lucia Mistroni lhes tinha dado.
O inspetor começou com Beatrice Santini, que cuidava de uma mercearia na rua San Felice.
Quando chegou no estabelecimento comercial não havia ninguém.
“Incomodo?”
“O que deseja?”, perguntou a senhora.
Zamagni lhe mostrou a carteira de identificação, depois acrescentou que gostaria de falar com ela sobre Lucia Mistroni.
“Foi um grande golpe para mim. A notícia me foi dada pela mãe dela”, disse Beatrice Santini, que não parecia surpresa com a visita de um inspetor de polícia.
“Entendo. Poderia me explicar como soube exatamente?”
“Soube por acaso. Tinha ido na casa de sua filha porque queria conversar um pouco. Não a encontrei e, fiquei um pouco no portão de entrada, porque não sabia se realmente fosse a casa dela ou se, quem sabe, estava demorando a atender, vi sua mãe passando. Perguntou-me porque estava ali, se estava procurando por Lucia e se não sabia ainda o que tinha lhe acontecido. Cai das nuvens, não sabia de nada. Fiquei muito mal e quando me disse que a polícia estava fazendo investigações a esse respeito, acrescentou também que lhe tinha dado uma lista de pessoas que conheciam Lucia, parentes e amigos mais próximos, por isso eu estava esperando uma sua visita.”
“Entendo. Como eram o seu relacionamento com Lucia?”
“A gente concordava em muitas coisas. Geralmente, Lucia nunca brigava com ninguém, era uma pessoa com um caráter excepcional.”
Zamagni acenou com a cabeça.
“Por acaso sabe se tinha acontecido alguma coisa com ela ultimamente que poderia ter influído na sua vida privada?”
“Não. Nada que eu saiba.”
Um cliente entrou, pediu uma carteira de cigarros e quando saiu, Zamagni também se despediu dela.
“Por enquanto, diria que é suficiente. Peço que fique à disposição e, no caso de lembrar de algum detalhe que considere importante, entre em contato conosco.”
Enquanto ela concordava, ele deixou o número de telefone do Comando.
“Pode perguntar por mim. Sou o inspetor Zamagni.”
“Certo.”

O último contato deixado pela mãe de Lucia Mistroni era o de Fulvio Costello, um empregado dos correios na rua Emilia, no bairro Mazzini.
Quando o inspetor Zamagni chegou no destino, havia pouca gente, assim pode perguntar sem problemas quem era o responsável do escritório e, sucessivamente, poder falar um pouco com o seu empregado.
O responsável falou por alguns instantes com o homem para lhe explicar a situação, depois Fulvio Costello se ausentou do guichê e saiu para falar com Zamagni.
“Desculpe-me pelo incômodo. Sou o inspetor Zamagni. Gostaria de trocar algumas palavras com o senhor, sobre Lucia Mistroni.”
“Meu Deus, o que aconteceu com ela?”, perguntou o homem, sem saber dos últimos acontecimentos.
“Passou dessa para uma vida melhor. Desculpe-me ter que dizer isso neste contexto. Supomos que não tenha sido uma morte natural.”
O empregado do correio ficou alguns segundos em silêncio, depois perguntou se tinham ideia sobre o culpado.
“Infelizmente ainda não, mas estamos trabalhando duro para encontrá-lo o mais rápido possível.”
“Entendo. Espero que aconteça logo.”
“Nós também o esperamos”, disse Zamagni, “Agora, gostaria de lhe fazer algumas perguntas, se não for incomodá-lo.”
“Faça, por favor.”
“Obrigado. Antes de tudo, gostaria de saber como se conheceram, o senhor e Lucia.”
“Durante uma viagem ao Canadá, por acaso.”
“Compreendo. E mantiveram contato.”
Costello concordou.
“Ouviam-se sempre?”, perguntou o inspetor.
“Não todas as semanas, mas nos ouvíamos frequentemente.”
“Há quanto tempo se conheceram?”
“Dois anos.”
“E posso lhe perguntar se por acaso aconteceu alguma vez algo diferente da amizade, entre vocês dois?”
“Por que me pergunta isso?”
“Precisamos de informações para resolver um caso como esse e as procuramos por toda parte.”
“Entendo. Mas, de qualquer forma, não.”
“Certo. E tem por acaso alguma ideia em relação a alguém que pudesse ter algum motivo para matá-la? Ou algum acontecimento que ocorreu que pudesse ter levado a um desfecho deste tipo?”
“Não”, respondeu o homem, depois de ter pensado um minuto. “Infelizmente, sobre isso não lhe posso ser de grande ajuda. No caso de me lembrar de alguma coisa, eu lhe contarei.”
“Muito obrigado.”
O responsável pelo correio se dirigiu para a porta. “Fulvio?”
O homem se voltou e disse: “Acho que agora eu tenho que voltar ao trabalho.”
“Certo.”, disse Zamagni, compreendendo a situação, “Peço apenas que permaneça à disposição e não hesitar em nos contatar caso se lembrasse de algo que poderia nos ser útil.”
“Sem problemas”, disse o empregado.
O inspetor concordou, depois se despediu e saiu novamente para a rua.
Agora, faltava só ouvir o que teria contado o empregador da senhorita Mistroni, depois talvez teria conseguido bastante material com o qual poderia começar a preparar alguma hipótese e raciocínio.








XI










Davide Pagliarini lutava para tirar da cabeça aquele incidente. Sonhava com ele à noite, como um pesadelo recorrente e, com certeza, não gostaria que acontecesse.
Idiota, repetia para si mesmo, eu sou um idiota, eu matei um jovem rapaz!
Estava no aguardo de julgamento, esperando através de um bom advogado, conseguir pelo menos reduzir a pena. Enquanto isso, vivia mergulhado no remorso.
No meio da manhã daquele dia a campainha de casa tocou.
“Quem é?”, perguntou ao interfone.
“Uma carta registrada. Tem que assinar.”
O carteiro.
Pagliarini desceu para a entrada do prédio, assinou, pegou o envelope e voltou para o seu apartamento.
O emitente era o Tribunal de Bolonha.
Assunto: aviso de comparecimento.
Abriu o envelope e descobriu que deveria se apresentar depois de duas semanas exatas às dez e que, se não tiver encontrado pessoalmente um advogado para a defesa, lhe seria dado um de ofício.
Apoiou o envelope na mesinha da sala, depois ligou para o seu advogado de confiança.
“Estamos no epílogo”, disse Pagliarini, depois que a funcionária encaminhou a chamada para o escritório do advogado.
“Basta permanecer calmos e você vai ver que saltaremos fora.”
O advogado já sabia de todo o caso, pois a tinha contado telefonicamente o próprio Pagliarini no dia antes quando tinha acontecido o incidente.
Vão me condenar, tinha dito, não tenho nenhuma carta para jogar, em minha defesa.
O advogado tinha tentado, também aquela vez, tranquilizar o seu cliente dizendo-lhe que teria encontrado algo que o teria ajudado pelo menos a chegar a uma pena reduzida, se não até mesmo só ao pagamento de uma multa. Mesmo se percebia que teria sido uma coisa pouco agradável de contar aos parentes da vítima.
Vamos conseguir, repetiu o advogado, vai ver que conseguiremos.
Logo o teria descoberto: aquele dia estava para chegar e Davide Pagliarini estava muito preocupado, apesar das palavras do seu advogado.
Concordaram para se encontrar no dia seguinte e falar melhor pessoalmente.

Quando Pagliarini e o advogado se encontraram no escritório deste último, em primeiro lugar fizeram um resumo do caso.
“Tinha saído da discoteca. Quando me encontrava nas avenidas do anel viário de Bolonha estava eufórico, pressionei o pedal do acelerador até o fim, sem perceber a velocidade que estava indo. Quando cheguei no cruzamento, onde o semáforo estava verde, atingi um rapaz que estava atravessando a rua na faixa de pedestres.”
“Aquela pessoa estava atravessando a rua, mesmo sabendo que naquele momento não deveria ter feito isso. O semáforo para pedestres devia estar vermelho, imagino.”
Pagliarini acena com a cabeça, esperando que a sua lembrança fosse real e não ofuscada pelas drogas.
“Então, viu, já encontramos um ponto à nossa vantagem.”
“Certo”, disse Pagliarini, “mas como faremos com o fato que eu dirigisse depois de tomar um daqueles malditos comprimidos? Maldição, eu nunca tomei elas, cai na conversa daquele fulano lá dentro, aquele que me deu ela. Ele me disse 'Você vai ver que se sentirá melhor' e eu me deixei convencer.”
O advogado meditou por alguns instantes.
“A questão do comprimido não depõe a seu favor”, disse, por fim, “mas de qualquer modo conseguiremos sair disso. Tem que confiar em mim.”
“Esperamos. E o que deverei fazer nestes dias? Alguma coisa em particular? Serve uma minha declaração?”
“Por enquanto não. Você dirá tudo no tribunal. Tente permanecer tranquilo e verá que tudo vai se resolver.”
“Conto com a sua experiência.”
“Muito bem. Agora, volte para casa e relaxe. Eu o contatarei de algum modo.”
“Agradeço muito.”
“De nada. É o meu trabalho.”
Depois de se despedirem, o advogado começou a pensar em como levaria adiante aquele caso no tribunal e Davide Pagliarini voltou para casa. Iria seguir o conselho que lhe tinha sido dado: relaxamento absoluto até o dia da audiência.


























































XII










De manhã cedo, naquele mesmo dia, Mariolina Spaggesi ouviu a campainha tocar, foi para o interfone e perguntou quem era.
“Flores para a senhora”, foi a resposta.
“Suba”, disse a mulher, começando a fazer suposições sobre o possível remetente daquele agradável presente.
Quando viu o florista com o maço de flores na mão, mudou de expressão.
“E..e..entre por favor”, disse, balbuciando, ao homem que estava à sua frente. Parecia que já o tinha visto, talvez era o florista que ficava um pouco afastado da sua casa, ao longo da mesma rua.
“Apóie ali em cima.”
O homem ultrapassou a entrada do apartamento, seguiu as indicações que acabara de receber, depois cumprimentou rapidamente dizendo que deveria voltar correndo para a loja porque estava sozinho e tinha deixado só um aviso na porta de entrada para informar aos clientes que iria voltar em poucos minutos.
Mariolina Spaggesi voltou a fechar a porta e foi rapidamente na direção do maço de flores que acabou de lhe ser entregue.
Um maço de crisântemos?, pensou.
Viu que sobre a película que envolvia as flores tinha sido colado um envelope de papel com os dizeres PARA MARIOLINA.
Abriu o envelope e dentro encontrou apenas um cartão de visita.

MASSIMO TROVAIOLI
Diretor de Marketing
Tecno Italia S.r.l.



A mulher sentiu um princípio de desmaio e teve que se sentar para evitar cair realmente.
Virou o bilhete e viu que no verso estava escrito ATÉ LOGO! com uma esferográfica.
Depois de alguns minutos se levantou da cadeira, pegou um copo e o encheu de água duas vezes. Precisava beber.
Enxaguou o copo, depois foi ao banheiro, refrescar o rosto.
Como podia ser?
Por uma crença popular que lhe tinha sido passada de alguma forma, ela havia sempre associado os crisântemos aos defuntos, e Massimo Trovaioli...
Pegou o telefone e discou 113.
“Estou sendo... perseguida...”, conseguiu dizer, quando alguém do outro lado da linha, lhe respondeu.
“Fique calma, senhora”, disse o agente ao telefone. “e se explique melhor.”
“Eu... estou sendo perseguida... por um morto!”
“É impossível. Tem certeza que está bem?”
“Sim. Sim, eu estou bem”, disse ela. “Estou sendo perseguida... por um morto!”, gritou.
“Onde mora?”, perguntou finalmente o agente, tentando ser rápida, “Vou mandar alguém.”
A mulher deu o próprio endereço e concluiu o telefonema implorando que fossem rápidos.
Quando chegaram dois agentes de patrulha, encontraram Mariolina Spaggesi em pânico.
“Tente tranquilizar-se, senhora. Gostaríamos que nos contasse tudo que está acontecendo”, explicou um dos dois agentes.
A mulher contou a eles do envelope recebido alguns dias antes e as flores recebidos aquela manhã.
“Quem é Massimo Trovaioli?”, perguntou um agente.
“O meu último ex.”
“E ele poderia ter alguma coisa contra você? Quando se deixaram, isso aconteceu de uma forma ruim?”
“Ele está... morto!”, gritou a mulher. “Ele é o... morto... que me persegue!”
Spaggesi continuava gritando, enfatizando sempre a palavra morto toda vez que a pronunciava.
“Desculpe-nos”, disse o outro agente, “Não nos está claro ainda este detalhe. Deve nos desculpar. Sentimos muito.”
“Não faz mal”, responde a mulher, depois de um momento de silêncio no qual tentou relaxar os nervos.
“Viu quem lhe trouxe estas flores?”, lhe foi perguntado, quando os dois agentes ficaram certos de ter passado o momento de impasse.
“Pareceu-me... o florista... aquele aqui em baixo, ao longo da rua San Vitale, mas não tenho certeza. Quando estou na rua, ando sempre tão rápido e não olho muito para as lojas.”
“Iremos verificar”, lhe garantiu um dos dois agentes de patrulha, voltando-se depois para o colega com um olhar de acordo. “Você, no entanto, deve permanecer calma. Vai nos prometer isso?”
“Vou tentar”, respondeu a mulher. “Vou tentar.”
“Bom. Nós nos empenharemos logo para esclarecer esta questão. Provavelmente foi um mal entendido.”
“Estou com medo”, disse a Spaggesi, “Façam alguma coisa, por favor”, implorou, como se não tivesse escutado as últimas palavras dos dois agentes.
“Tente se tranquilizar e beba um copo de água.”
O agente mais próximo da torneira da água, pegou o copo que encontrou ali ao lado, o encheu e o ofereceu à mulher.

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