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A Última Missão Da Sétima Cavalaria
Charley Brindley
Uma unidade da Sétima Cavalaria está em uma missão no Afeganistão quando seu avião é atingido por algo. Os soldados saltam do avião danificado, mas quando os treze homens e mulheres chegam ao chão, eles não estão no Afeganistão. Uma unidade da Sétima Cavalaria está em uma missão no Afeganistão quando seu avião é atingido por algo. Os soldados saltam do avião danificado, mas quando os treze homens e mulheres chegam ao chão, eles não estão no Afeganistão. Não apenas estão a quatro mil milhas de seu destino original, mas parece que retrocederam dois mil anos no passado, onde forças primitivas lutam entre si com espadas e flechas. O pelotão é lançado em uma batalha onde devem rapidamente escolher um lado ou morrer. São arrastados por uma maré de eventos tão poderosa que sua coragem, engenhosidade e armas são testadas até os limites da durabilidade e da força.


A Última Missão
da
Sétima Cavalaria

por

Charley Brindley

charleybrindley@yahoo.com

www.charleybrindley.com

Editado por
Karen Boston
Website https://bit.ly/2rJDq3f

Arte da capa e contracapa por

Niki Vukadinova

n.vukadinova@gmail.com

Traduzido
por
Leticia Santos

© 2019 Charley Brindley, todos os direitos reservados

Impresso nos Estados Unidos da América

Primeira Edição Janeiro 2019

Este livro é dedicado a
Charley Brindley II

Alguns dos livros de Charley Brindley
foram traduzidos para:
Italiano
Espanhol
Português
Francês
e
Russo

Outros livros de Charley Brindley
1. Oxana’s Pit
2. Raji Book One: Octavia Pompeii
3. Raji Book Two: The Academy
4. Raji Book Three: Dire Kawa
5. Raji Book Four: The House of the West Wind
6. Hannibal’s Elephant Girl Book One: Tin Tin Ban Sunia
7. Hannibal’s Elephant Girl: Book Two: Voyage to Iberia
8. Cian
9. Ariion XXIII
10. The Last Seat on the Hindenburg
11. Dragonfly vs Monarch: Book One
12. Dragonfly vs Monarch: Book Two
13. O Mar De Tranquilidade 2.0 Livro Um: Exploração
14. The Sea of Tranquility 2.0 Book Two: Invasion
15. The Sea of Tranquility 2.0 Book Three: The Sand
Vipers
16. The Sea of Tranquility 2.0 Book Four: The Republic
17. The Rod of God, Book 1: On the Edge of Disaster
18. The Rod of God, Book 2: Sea of Sorrows
19. Do Not Resuscitate
20. Henry IX
21. Qubit’s Incubator
22. Casper’s Game
Em Breve
22. Dragonfly vs Monarch: Book Three
23.The Journey to Valdacia
24. Still Waters Run Deep
25. Ms Machiavelli
26. Ariion XXIX
27. The Last Mission of the Seventh Cavalry Book 2
28. Hannibal’s Elephant Girl, Book Three
Confira no fim deste livro detalhes sobre os demais livros

Índice
Capítulo Um (#ulink_c009288f-2c99-5517-8248-67f3f9eae570)
Capítulo Dois (#ulink_187efd67-6aed-5ab7-aa75-d83df17b6948)
Capítulo Três (#ulink_ac7cf078-aa8e-5339-b866-b6ab85326f17)
Capítulo Quatro (#ulink_02cdc5de-4fab-5e44-ac65-147f14430605)
Capítulo Cinco (#ulink_8af3a64e-33fb-5b08-a9ba-bd546a197034)
Capítulo Seis (#ulink_013a9e07-c2a2-521d-a2b8-dbad83409a78)
Capítulo Sete (#ulink_ece004f6-9b1b-54a7-9545-b10d1a0b306a)
Capítulo Oito (#ulink_6ea19c90-5751-5953-9b43-f6f448f5f392)
Capítulo Nove (#ulink_3adfebed-e747-5c7b-b07d-15ef91305053)
Capítulo Dez (#ulink_e05f5238-e515-5cf3-a0c3-53f33d5a02f3)
Capítulo Onze (#ulink_0f4fd91f-4126-5c98-9845-5b3080678fd2)
Capítulo Doze (#ulink_af3c7d14-64af-5491-8c03-2c5cf1ddc7d0)
Capítulo Treze (#ulink_9b3e0b15-1d41-537c-84b2-5682f048a4e5)
Capítulo Quatorze (#ulink_8ab36f01-6bf9-58c3-838b-23f09a177f2c)
Capítulo Quinze (#ulink_e4b5908d-51bf-5506-9180-b864cadb86cf)
Capítulo Dezesseis (#ulink_6131f365-15c9-5d99-b998-1e258aa0a104)
Capítulo Dezessete (#ulink_e4e33779-d5d7-58e0-89b6-87351c375c6f)
Capítulo Dezoito (#ulink_ba74135c-bcaa-5f87-bf20-b2ed541f4753)
Capítulo Dezenove (#ulink_14bb43dc-aad4-5e0a-a9e1-af91ce7bc754)
Capítulo Vinte (#ulink_025e1708-9b85-587e-8467-b0e755ea6fec)
Capítulo Vinte e Um (#ulink_8e829339-d518-5a3e-a20c-7b8876032781)
Capítulo Vinte e Dois (#ulink_50f3c126-08ce-5c08-a02d-dad79275da3f)
Capítulo Vinte e Três (#ulink_4932103e-577b-5be8-aa7f-cd61c65ee2ef)
Capítulo Vinte e Quatro (#ulink_14102b03-bc2c-5fe9-83c8-1824e4b3f4b8)
Capítulo Vinte e Cinco (#ulink_46a5b4bd-1f2d-5db1-a771-72f12f46d381)
Capítulo Vinte e Seis (#ulink_1ec52409-62f7-5e75-bf60-29939ea97f02)
Capítulo Vinte e Sete (#ulink_a0f25bdb-a6d3-5726-b0f4-78248c8e6eed)
Capítulo Vinte e Oito (#ulink_06fd8d2b-6971-5736-98a6-3faa50f17ec2)
Capítulo Vinte e Nove (#ulink_9abdacc0-f2ab-50b6-a7a5-e6d76db540c0)
Capítulo Trinta (#ulink_5b1f8848-bb85-543b-b18f-5695008c2fbd)
Capítulo Trinta e Um (#ulink_4d7d2c01-b501-5689-9ad2-8960ad0edd01)
Capítulo Trinta e Dois (#ulink_8276bd49-abde-5be0-b865-058b6d7bd63c)
Capítulo Trinta e Três (#ulink_c4de7737-71d2-58c6-9976-670e4875f173)
Capítulo Trinta e Quatro (#ulink_99ca20cf-a8e7-58c4-bb74-78274586a31e)
Capítulo Trinta e Cinco (#ulink_3b565532-37b0-5235-b736-938a4832a926)
Capítulo Trinta e Seis (#ulink_4d1ebbaf-45a9-5864-bce1-44559ed01d38)
Capítulo Trinta e Sete (#ulink_fd9a8b20-880e-549f-a21a-824034387298)
Capítulo Trinta e Oito (#ulink_ccde0646-1f3c-5019-84a4-cd1cfc07cb4f)

Capítulo Um



O sargento-mestre James Alexander permaneceu na parte traseira do C-130, balançando com o movimento da aeronave. Ele observou seus doze soldados e se perguntou quantos sobreviveriam a esta missão.
Três quartos? Metade?
Ele sabia que eles estavam indo para uma briga com o Talibã.
Deus nos ajude. Aquele drone rachado vale a vida de metade dos meus? Ou mesmo de um?
Ele olhou para o Capitão Sanders, parado ao lado dele, também observando os soldados como se tivesse a mesma preocupação.
Uma luz vermelha piscou na antepara da frente. O mestre de carga viu e levantou sua mão direita, com os dedos afastados. O Capitão Sanders acenou com a cabeça para o mestre de carga.
“Beleza, Sétima Cavalaria! Cinco minutos até a zona de pouso”, disse aos soldados. “Montem, travem e carreguem.”
“Hooyah!” gritaram os soldados enquanto se levantavam e prendiam suas cordas estáticas ao cabo aéreo.
"Vamos descer e rolar, pessoal!", gritou o Sargento Alexander. "Verifiquem os cintos, mochilas, e paraquedas de seus companheiros.” Ele caminhou entre as duas fileiras de soldados. “Não se esqueçam de rolar quando chegarem ao chão. Quebre uma perna, e te deixaremos para trás esperando pelos helicópteros.” O sargento puxou os cintos do peitoral do soldado McAlister, testando as fivelas. "Ninguém me ouviu?", o sargento gritou.
"Sim senhor!", gritaram os soldados em uníssono. "Role quando bater no chão, e se quebrar um osso, estará indo para casa.”
O Primeiro Pelotão da Delta Company era uma unidade recém-formada que normalmente seria liderada por um primeiro tenente. O Capitão Sanders assumiu o comando quando o Tenente Redgrave foi dispensado por acusações de insubordinação e comportamento audacioso, ou, mais precisamente, ficar bêbado e ser desordeiro em serviço.
Outro motivo pelo qual o Capitão Sanders decidiu assumir o comando de Delta: quatro dos soldados eram mulheres. Uma diretiva recente vinda dos níveis mais altos do Pentágono permitiu que mulheres soldados servissem na linha de frente.
Todas as mulheres da companhia se voluntariaram para lutar ao lado dos homens. Sanders escolheu quatro mulheres com ótima condição física e resultados que se destacaram em todas as fases do treinamento de combate. Essas mulheres seriam as primeiras na Sétima Cavalaria a encarar o inimigo no campo de batalha, e o capitão queria saber em primeira mão de suas performances caso ele tivesse que escrever uma carta para uma família em luto.
A hidráulica guinchou conforme a porta traseira da aeronave se levantou e a plataforma se encaixou no lugar. Instantaneamente, o ar quente da cabine foi sugado para fora e substituído pela atmosfera fria de uma altitude de mil e quinhentos metros.



Alexander correu para o fundo, onde pegou um cinto na caixa de armas para ele mesmo se firmar. Ele e o capitão olharam para a camada de nuvens pesadas abaixo.
“O que você acha, Capitão?” Alexander perguntou.
O Capitão Sanders deu de ombros e virou para encarar seus soldados. Deu um tapa na lateral do seu capacete, perto da orelha direita, para verificar seu comunicador. O barulho tornava impossível ouvi-lo sem os seus comunicadores. Ele então falou em seu microfone.
“Todo mundo que está me ouvindo, faça sinal de positivo.”
Todos exceto dois dos soldados deram o sinal.
Alexander foi até o primeiro soldado que não respondeu. “Paxton, seu idiota.” Ele ligou a chave do comunicador do soldado. “O capitão está falando com você.”
“Ai, merda” disse Paxton. “Agora estou online, senhor.” E fez sinal de positivo.
“Seu comunicador está ligado?” Alexander perguntou à outra soldado.
“Sim, Sargento,” a soldado Kady Sharakova respondeu, “mas não está funcionando.”
Alexander checou a chave do comunicador dela. “Certo, Sharakova, está quebrado. Apenas preste atenção e faça o que o cara na sua frente fizer.”
“Certo, Sargento. Vamos arrebentar a cara de quem hoje?”
“Todas as caras feias.”
“Legal.”
Cicatrizes no rosto de uma mulher geralmente a marcam por desdém ou desprezo. No entanto, Kady Sharakova exibia sua desfiguração mais como um emblema de honra do que como uma marca de humilhação.
O soldado na frente dela sorriu e fez uma dancinha com as mãos. “Faça tudo que eu fizer.”
“Ah, cresça, Kawalski.” Kady bateu no capacete dele com um estalo de seu dedo indicador.
Alexander correu de volta para a plataforma.
O capitão falou em seu microfone. “Nós temos uma camada de nuvens abaixo, de muro a muro. O piloto disse que está muito perto do chão para ele atravessar, então teremos que pular por ela.”
“Hooyah,” um dos homens disse no sistema de comunicação.
“Vocês tiveram quatro saltos para praticar, mas esta será a primeira vez que A Sétima Cavalaria salta de paraquedas em combate. Vamos fazer isso certo para que eu não tenha que requisitar sacos para os corpos.” Ele olhava de um rosto amargo para o próximo. “O Talibã conseguiu derrubar uma das nossas mais novas aeronaves drone, o Global Falcon. Nós vamos pegá-lo de volta e capturar as pessoas que descobriram como hackear os equipamentos do drone.”
Ele puxou um mapa dobrado do bolso da sua jaqueta camuflada. Alexander se inclinou para ver o capitão passar o dedo por uma linha vermelha tracejada.
“Parece que nós temos uma caminhada de uns dez quilômetros a partir da zona de pouso.” O capitão estendeu o mapa para Alexander, que olhava ao longo das duas linhas de soldados. “Nós vamos cair na borda do Deserto de Registan. Nosso destino é uma série de colinas baixas e rochosas ao norte. O dispositivo de localização do drone ainda está funcionando, então vamos nos concentrar nisto. Não há árvores, arbustos, ou coberturas de qualquer tipo. Assim que atingirem a areia, tenham suas armas preparadas. Podemos cair direto em uma luta. Eu vou sair primeiro, seguido pelo caixote de armas.” Ele deu um tapinha na enorme caixa de fibra de vidro à sua direita. “Então eu quero todos vocês indo tão rápido quanto estariam se estivessem na fila para devorar um—”
A aeronave sacudiu violentamente à direita e se inclinou em um mergulho. O capitão foi jogado contra a caixa de armas, caindo inconsciente. Ele deslizou pela plataforma e pelo ar enquanto sua corda estática se esticava.
“Nós fomos atingidos!” um dos soldados gritou.
O metal da estrutura gemia conforme o avião era torcido para a direita, e então pareceu se estabilizar por um momento.
Alexander deu um jeito de abrir caminho até a cabine do piloto. Quando ele puxou a maçaneta, a porta voou, atingindo seu capacete e quase arrancando seu braço. Ele se empurrou pela entrada, se inclinando contra o vento que uivava pela porta aberta.
"Puta merda!"
Ele piscou, desacreditado do que via: Toda a parte da frente do C-130 tinha ido embora, incluindo os assentos do piloto e do copiloto. O assento do navegador ainda estava no lugar, mas estava vazio. Quando ele olhou através do buraco onde deveria estar a frente do avião, ficou apavorado ao vê-la rodopiando em direção ao topo de uma montanha irregular, não mais do que três quilômetros à frente deles.
“Todos para fora!” gritou em seu microfone. O soldados o encararam, paralisados, como se não entendessem suas ordens. “Pela parte de trás, AGORA!”



Ele correu para a traseira do avião, decidindo que era melhor liderá-los do que empurrá-los para fora. Era como estar em cima de um daqueles pisos malucos em uma casa de ilusões do parque de diversões, onde o chão ondula para cima, para baixo, e para os lados. Era impossível manter o equilíbrio com a aeronave deformada balançando e estremecendo no ar.
Enquanto o avião rodava, a lataria se rasgava, rangendo pela cabine como uma criatura viva sendo dilacerada. Alexander foi jogado contra um dos homens. Mãos fortes agarraram seus ombros, impedindo que ele rolasse pelo convés.
Na parte de trás do avião, ele se ajoelhou para destravar um dos cintos na caixa de armas. Quando a trava se soltou, ele agarrou o segundo cinto, mas a fivela estava presa, sendo puxada pela tensão. Enquanto ele lutava com a trava, uma mão segurando uma faca passou pela sua cabeça e cortou o cinto. Ele olhou para cima e viu o rosto sorridente da soldado Autumn Eaglemoon.
Eaglemoon deu um tapa na lateral de seu capacete, em cima da orelha direita. Alexander checou a chave do seu comunicador; estava desligada.
“Droga,” sussurrou, “a porta deve ter atingido.” Ele a ligou novamente. “Alguém consegue me ouvir?”
Vários soldados responderam.
A aeronave sacudiu para a esquerda, arremessando a caixa de armas pela traseira. A corda estática se esticou, puxando as cordas de abertura dos dois paraquedas laranjas da caixa.
Alexander sinalizou aos seus soldados para o seguirem enquanto ele pulava, mas assim que deixou a aeronave ele percebeu que havia esquecido de conectar sua corda estática ao cabo aéreo. Ele se virou de costas para ver seus soldados o seguindo como uma família de pintinhos verde militar seguindo sua mãe. Seus paraquedas ondulavam conforme se abriam um após o outro.
Deus, espero que todos consigam.
A asa direita do C-130 se soltou e girou em direção a eles. Metade dela havia se perdido, inclusive o motor de popa. O motor que restou pegava fogo, deixando uma trilha espiral de fumaça cinza.



“Puta merda!” Alexander assistiu horrorizado a asa em chamas girando em direção às suas tropas. “Cuidado! A asa!”
Os soldados esticaram os pescoços, mas seus paraquedas sacudindo bloqueavam a visão do que estava acima. Como uma ceifadeira, a asa espiralou pelo ar, passando apenas três metros abaixo de um dos soldados.
“Joaquin!” o soldado gritou em seu comunicador. “Vire para a direita!”
O soldado Ronald Joaquin puxou sua linha de controle e foi se virando lentamente para a direita, mas não foi o suficiente. A ponta quebrada da asa pegou quatro das cordas do seu paraquedas e o desviou para o lado com um puxão violento. Seu paraquedas ruiu e ele foi arrastado pela asa, que ainda girava.
“Aperte a fivela para se soltar!” Alexander gritou em seu comunicador.
“Filho da mãe!” Joaquin gritou.
Ele batia na fivela do paraquedas enquanto era arrastado pela asa. Finalmente, ele agarrou a fivela e puxou para abrir e se livrar das cordas que o prendiam à asa. Ele caiu por dez segundos, então se virou para ter certeza de que estava livre da asa antes de acionar seu paraquedas reserva. Quando o paraquedas reserva se abriu, ele começou a respirar novamente.
“Ufa! Essa foi por pouco,” exclamou.
“Bom trabalho, Joaquin,” Alexander disse.
Ele observou a asa com o paraquedas sendo arrastado atrás dela enquanto caiam em direção às árvores lá embaixo. Ele então puxou a sua corda de abertura e escutou um woosh do pequeno paraquedas piloto que puxava o principal de sua mochila, e sentiu o solavanco do paraquedas principal se abrindo.
A asa deformada atingiu a copa das árvores na diagonal, cortando os galhos superiores e caindo no chão. Um fiapo de fumaça subiu e o tanque de combustível se rompeu, liberando uma nuvem de chamas e fumaça preta que ondulava acima das árvores.
Alexander observou o horizonte. “Que estranho,” ele disse enquanto rodava, tentando ver seus soldados e contar os paraquedas, mas não conseguia enxergar nada além do toldo do seu próprio paraquedas. “Quem está online?” gritou em seu microfone. “Respondam pelos números.”
“Lojab,” ouviu em seu comunicador.
“Kawalski,” Kawalski gritou. “Lá vai o avião, para o sudeste.”
O C-130 era seguido por uma trilha de fogo e fumaça como um meteoro enquanto se inclinava para as montanhas. Um segundo depois, explodiu em uma bola de fogo.
“Puta merda,” Alexander resmungou. “Ok, pelos números. Já contei Lojab e Kawalski.”
Ele contava os soldados conforme eles diziam seus nomes. Todos os soldados tinham um número designado; o Sargento Alexander era o número um, o cabo Lojab era o número dois, e assim por diante.
Mais alguns disseram seus nomes, e então restou o silêncio. “Dez?” chamou Alexander, “Droga!” Ele puxou sua linha de controle direita. “Sharakova!” gritou. “Ransom!” Sem resposta.
“Ei, Sargento,” Kawalski interferiu pelo comunicador.
“Sim?”
“O comunicador da Sharakova ainda não está funcionando, mas ela conseguiu pular. Está bem acima de você.”
“Ótimo. Obrigado, Kawalski. Alguém está vendo o Ransom?”
“Estou aqui, Sargento,” Ransom respondeu. “Acho que desmaiei por alguns minutos quando bati na lateral do avião, mas eu estou acordado agora.”
“Bom. Contando comigo, somos treze” continuou Alexander. “Todo mundo está online.”
“Eu vi três tripulantes do C-130 saírem do avião,” Kawalski disse. “Eles abriram os paraquedas bem embaixo de mim.”
“O que aconteceu com o capitão?” Lojab perguntou.
“Capitão Sanders,” Alexander chamou em seu microfone. Esperou um momento. “Capitão Sanders, está me ouvindo?”
Não houve resposta.
“Ei, Sargento,” alguém disse no comunicador. “Não íamos pular entre nuvens?”
Alexander olhou para baixo — a camada de nuvens não estava ali.
Era isso que estava estranho; nada de nuvens.
“E o deserto?” outro perguntou.
Abaixo deles não havia nada além de verde em todas as direções.
“Não se parece com nenhum deserto que eu já tenha visto.”
“Olhe só aquele rio ao nordeste.”
“Nossa, é enorme.”
“Para mim está parecendo mais a Índia ou o Paquistão.”
“Eu não sei o que aquele piloto andou fumando, mas certamente ele não nos levou para o Deserto de Registan.”
“Chega de conversinha,” interrompeu o sargento Alexander. Agora eles estavam abaixo de quatrocentos e cinquenta metros. “Alguém está vendo a caixa de armas?”
“Nada,” Ledbetter disse. “Não vejo em lugar nenhum.”
“Não,” Paxton disse. “Aqueles paraquedas laranjas deveriam se destacar que nem caras brancos no gueto, mas eu não estou vendo eles.”
Nenhum deles viu sinal algum da caixa de armas.
“Ok,” Alexander disse. “Mirem para aquela clareira, setenta graus ao sudoeste.”
“Certo, Sargento.”
“Estamos logo atrás de você.”
“Escutem, pessoal,” disse o Sargento Alexander. “Assim que chegarem ao chão, estourem os paraquedas e peguem seus cassetetes.”
“Uuuh, adoro quando ele fala safadezas.”
“Cala a boca, Kawalski,” ele disse. “Tenho certeza de que alguém nos viu, então estejam preparados para qualquer coisa.”
Todos os soldados planaram até a clareira e aterrissaram sem contratempos. Os três tripulantes que restaram da aeronave pousaram atrás deles.
“Esquadrão Um,” Alexander ordenou, “configurem um perímetro.”
“Entendido.”
“Archibald Ledbetter,” continuou , “você e Kawalski vão escalar aquele carvalho alto e montar um mirante, e também arrumem armas para os três tripulantes.”
“Certo, Sargento.” Ledbetter e Kawalski foram em direção aos tripulantes do C-130.
“Tudo quieto no lado leste,” Paxton disse.
“O mesmo aqui,” Joaquin completou do outro lado da clareira.
“Tudo bem,” disse Alexander. “Fiquem alertas. Quem quer que tenha nos derrubado certamente virá atrás de nós. Vamos sair dessa clareira. Estamos dando muita sopa aqui.”
“Ei, Sargento,” Kawalski sussurrou em seu microfone. “Tem duas pessoas indo na sua direção, e estão rápido.” Ele e Ledbetter estavam na metade do carvalho.
“Onde?”
“Atrás de você.”
O Sargento Alexander se virou. “É agora,” ele disse em seu microfone enquanto observava as duas pessoas. “Todo mundo fora de vista e preparem suas armas.”
“Eu não acho que eles estejam armados,” Kawalski sussurrou.
“Quieto.”
Alexander os ouviu vindo em sua direção de trás da moita. Ele se apertou contra um pinheiro e engatilhou sua Sig automática.
Um segundo depois, eles passaram correndo por ele. Eram um homem e uma mulher, desarmados, exceto por uma forquilha de madeira que a mulher carregava. Suas roupas eram apenas túnicas curtas e esfarrapadas, e eles estavam descalços.
“Não é o Talibã,” Paxton sussurrou pelo comunicador.
“Muito brancos.”
“Pra quê?”
“Muito brancos para serem paquistaneses ou indianos.”
“Eles continuam indo, Sargento,” Kawalski disse de sua posição na árvore. “Estão pulando troncos e pedras, correndo pra caramba.”
“Bem,” o Sargento disse, “eles definitivamente não estavam atrás de nós.”
“Eles nem sabem que estamos aqui.”
“Outro,” interrompeu Kawalski.
“O quê?”
“Tem outro vindo. Mesma direção. Parece uma criança.”
“Fiquem fora de vista,” o Sargento sussurrou.
A criança, um garoto de uns dez anos, passou correndo. Era muito branco e vestia o mesmo tipo de túnica curta que os outros. Ele, também, estava descalço.
“Tem mais,” disse Kawalski. “Parece uma família inteira. Estão se movendo mais devagar, trazendo algum tipo de animal.”
“Cabra,” completou Ledbetter de sua posição ao lado de Kawalski.
“Uma cabra?” Alexander perguntou.
“É.”
Alexander deu um passo e parou na frente da primeira pessoa do grupo — uma adolescente — e estendeu seu braço para pará-la. A jovem gritou e correu de volta pelo caminho de onde tinha vindo, e então desviou novamente, indo por outra direção. Uma mulher do grupo viu Alexander e também se virou para correr atrás da garota. Quando chegou o homem junto com sua cabra, Alexander apontou sua pistola Sig em seu peito.
“Podem parar por aí.”
O homem engoliu em seco, largou a corda, e saiu correndo o mais rápido que pôde. A cabra inflou o peito e tentou morder a manga de Alexander.
A última pessoa, uma garotinha, deu um olhar curioso a Alexander, pegou a corda pela ponta e levou a cabra embora, na direção que o pai dela havia ido.
“Esquisito,” Alexander sussurrou.
“Sim,” alguém disse no comunicador. “Muito esquisito.”
“Você viu o olhar deles?” Lojab perguntou.
“Sim,” a soldado Karina Ballentine respondeu. “Exceto pela garotinha, eles estavam apavorados.”
“Com a gente?”
“Não,” Alexander disse. “Eles estavam fugindo de outra coisa, e eu não pude pará-los. Eu poderia muito bem ser um índio da loja de charutos.”
“Uma imagem esculpida de vendedor de fumo nativo americano,” a soldado Lorelei Fusilier disse.
“O quê?”
“Não se pode mais dizer 'índio'.”
“Bem, merda. E que tal ‘idiota?’” Alexander disse. “Ofende alguma raça, credo, ou religião?”
“Credo e religião são a mesma coisa.”
“Não, não são,” Karina Ballentine disse. “Credo é um conjunto de crenças, e religião é a adoração de divindades.”
“Na verdade, preferimos ‘deficiente mental’ a ‘idiota.’”
“Você é deficiente de personalidade, Paxton.”
“Dá pra vocês calarem a boca!” Alexander gritou. “Eu me sinto igual a um maldito professor do jardim de infância.”
“Instrutor dos anos iniciais da infância.”
“Mentor de pessoinhas.”
“Jesus Cristo!” Alexander disse.
“Agora eu estou ofendido.”
“Tem mais vindo,” Kawalski interferiu. “Um monte, e é melhor ficar fora do caminho. Eles estão com pressa.”
Trinta pessoas passaram correndo por Alexander e os demais. Estavam todos vestidos da mesma forma; túnica simples e curta e sem sapatos. As vestimentas eram esfarrapadas e feitas de um tecido cinza e grosseiro. Algumas pessoas puxavam bois e cabras com eles. Alguns carregavam rudes ferramentas rurais, e uma mulher carregava uma panela de barro cheia de utensílios de cozinha feitos de madeira.
Alexander deu um passo a frente para agarrar um homem velho pelo braço. “Quem são vocês, e por que a pressa?”
O homem gritou e tentou empurrá-lo, mas Alexander segurou forte.
“Não fique com medo. Não vamos machucar vocês.”
Mas ele estava com medo; na verdade, ele estava aterrorizado. Ele continuou tentando olhar para trás, pelo ombro, tagarelando algumas palavras.
“Que diabos de língua é essa?” Alexander perguntou.
“Nada que eu já tenha ouvido,” Lojab disse, parado atrás de Alexander enquanto segurava seu rifle M16.
“Eu também,” Joaquin disse do outro lado de Alexander.
O homem olhava de um rosto para o outro. Estava obviamente assustado por conta destes estranhos, mas com muito mais medo de algo que estava atrás dele.
Muitos outros passaram correndo, e o homem sacudiu seu braço até ele se soltar e puxou seu boi com ele, tentando escapar.
“Você quer que eu faça ele parar, Sargento?” Lojab perguntou.
“Não, deixe ele sair daqui antes que tenha um ataque do coração.”
“As palavras dele definitivamente não eram língua pachto.”
“Nem árabe.”
“Ou urdu.”
“Urdu?”
“É o que os paquistaneses falam,” Sharakova respondeu. “E inglês. Se eles fossem paquistaneses, provavelmente teriam entendido seu inglês, sargento.”
“Sim.” Alexander observou as últimas pessoas desaparecerem na trilha. “Foi o que pensei. E eles eram muitos brancos para serem paquistaneses.”
“Oh-oh,” Kawalski exclamou.
“O que é agora?” Alexander perguntou.
“Elefantes.”
“Definitivamente estamos na Índia.”
“Eu duvido que a gente estivésse tão fora de curso,” Alexander disse.
“Bom,” Kawalski disse, “você pode perguntar para aquelas duas garotas onde estamos.”
“Que garotas?”
“Em cima dos elefantes.”

Capítulo Dois
“Noventa por cento dos indianos falam inglês,” Ledbetter disse.
“Ei, Apache,” Joaquin disse, “Lead Butt falou ‘indianos.’”
“Tudo bem; eles são indianos,” Eaglemoon respondeu.
“Por que não nativos do subcontinente asiático?”
Alexander balançou a cabeça em negação. “Nós não estamos na Índia. Provavelmente fazem parte de uma trupe de circo.”
“Sério? Bom, eles devem ter feito um show dos diabos para assustar assim todas aquelas pessoas.”
“Kawalski,” Alexander perguntou, “as duas mulheres estão armadas?”
“Sim.”
“Com o que?”
“Arco e flecha, e...”
Alexander encarou Joaquin, que ergueu as sobrancelhas.
“E o que, Kawalski?”
“Beleza. São duas gostosas.”
“O Kawalski acha que qualquer coisa com seios é gostosa,” Kady disse no comunicador.
“Que estranho, Sharakova; eu nunca achei que você fosse gostosa.”
“Você nunca me viu usando um vestido.”
“Obrigado Deus pelas pequenas alegrias.”
“A que distância elas estão, Kawalski?” Alexander perguntou.
“Cinquenta metros.”


“Por serem elefantes, até que estão bem quietos.”
“Provavelmente andando na ponta dos pés.”
“Fiquem quietos!” Alexander disse. “Pode ser uma armadilha. Estejam prontos para tudo.”
Quando os elefantes ficaram lado a lado com Alexander, ele não viu nenhum sinal de emboscada, e as duas mulheres não pareciam ameaçadoras. Ele saiu de trás da árvore e levantou sua mão em um gesto amigável.
“Olá.”
A mulher que estava mais perto dele soltou uma exclamação.
“Talvez essas pessoas nunca tenham visto capacetes do exército.”
Alexander tirou seu capacete e passou a mão pela cabeça quase careca. As mulheres se encararam e falaram algo que ele não conseguiu entender.
“Agora você está realmente assustando elas, sargento,” Kawalski disse. “Coloque de volta.”
“Muito engraçado.”
Elas olharam para baixo encarando Alexander, mas não tentaram parar os animais. O primeiro elefante tinha cerca de dois metros de altura até o ombro, e o outro era um metro mais alto, com orelhas do tamanho das portas de um caminhão de dezoito rodas. Ele era guiado por uma mulher jovem e magra de cabelo ruivo. A mulher que guiava o elefante menor era muito parecida, mas seu cabelo era loiro. As duas tinham uma espécie de emblema ou marca em seus rostos.
Alguns metros a frente, Lojab saiu de uma moita. Ele tirou seu capacete e fez uma reverência, então se endireitou e sorriu para a loira.
“Olá, madame. Aparentemente eu perdi o meu Porsche. Você pode me levar até o McDonald’s mais próximo?”
Ela sorriu, mas não disse nada. Ele a observou balançar para frente e para trás em um movimento fácil, fluido, perfeitamente sincronizado com os movimentos do elefante, como uma dança erótica entre mulher e fera. Lojab caminhou ao lado do animal, mas então percebeu que teria que correr para acompanhar.
“Para onde as senhoritas vão? Talvez poderíamos nos encontrar hoje à noite e tomar uma cerveja, ou duas, ou cinco.”
Ela disse três ou quatro palavras, mas nada que ele pudesse entender. E então voltou a prestar atenção no caminho à frente.
“Ok.” Ele parou no meio da trilha e assistiu ela esticar a mão para tirar um galho de árvore do caminho. “Te encontro lá, perto das oito horas.”
“Lojab.” Karina apareceu e parou atrás dele. “Você é patético.”
“O que você quer dizer? Ela disse pra encontrá-la hoje à noite no Bar e Churrascaria do Joe.”
“Ah, beleza. Em que cidade? Kandar? Carachi? Nova Delhi?”
“Vocês repararam na tatuagem delas?” Joaquin perguntou.
“Sim, bem nos rostos,” Kady disse.
Joaquin fez que sim com a cabeça. “Parecia o tridente do diabo com uma cobra, ou alguma coisa assim.”
“Elefante chegando,” Kawalski disse.
“Devemos nos esconder, sargento?”
“Por que se incomodar?” Alexander respondeu.
O terceiro elefante era guiado por um jovem. Seu longo cabelo arenoso estava preso para trás com uma tira de couro. Ele estava nu até a cintura, seus músculos bem definidos. Olhou para os soldados, e da mesma forma que as mulheres, carregava um arco e uma aljava de flechas nas costas.
“Eu vou tentar um pouco de espanhol com ele.” Karina removeu seu capacete. “Cómo se llama?”
O jovem a ignorou.
“A qué distancia está Kandahar?” Ela se voltou para o sargento Alexander. “Eu perguntei a ele qual a distância até Kandar.”
O guia do elefante falou algumas palavras, mas parecia se direcionar mais ao seu animal que a Karina.
“O que ele disse, Karina?” Lojab perguntou.
“Ah, ele não podia parar para conversar agora. Tinha uma consulta no dentista, ou algo assim.”
“Ah, claro.”
“Mais elefantes vindo aí,” Kawalski disse.
“Quantos?”
“Um rebanho inteiro. Trinta ou mais. Talvez vocês queiram sair do caminho. Eles estão espalhados.”
“Certo,” Alexander falou, “todo mundo deste lado da trilha. Vamos ficar juntos.”
O pelotão não se importou em ficar escondido enquanto assistiam os elefantes passarem. Os animais ignoraram os soldados enquanto agarravam galhos de árvore com suas trompas e os mastigavam ao mesmo tempo que caminhavam. Alguns dos animais eram dirigidos por mahouts, e outros vinham com os treinadores andando ao lado deles. Alguns elefantes menores seguiam o rebanho, sem ninguém cuidando deles. Todos eles paravam ocasionalmente, puxando tufos de grama para comer.
“Ei, Sparks,” Alexander disse.
“Sim, sargento?”
“Tente encontrar Kandar em seu rádio.”
“Eu já tentei,” Sparks respondeu. “Não consegui nada.”
“Tente de novo.”
“Isso.”
“Você tentou usar seu GPS T-DARD para ver onde estamos?”
“Meu T-DARD ficou louco. Ele acha que estamos na Costa Azul.”
“Costa Azul, é? Seria agradável.” Alexander olhou para seus soldados. “Eu sei que vocês foram ordenados a deixar seus celulares no quartel, mas será que alguém não trouxe um sem querer?”
Todos puxaram seus telefones.
“Jesus!” Alexander balançou a cabeça em negação.
“E é uma boa coisa, também, Sargento.” Karina empurrou seu capacete para cima e colocou o celular na orelha. “Com rádio e GPS na palma da mão, de que outra forma poderíamos descobrir onde estamos?”
“Não encontro nada.” Paxton bateu seu celular no tronco de uma árvore e tentou de novo.
“Provavelmente você não pagou sua fatura.” Karina digitava uma mensagem de texto com seus polegares.
“Nada aqui,” Joaquin disse.
“Estou ligando para o 9-1-1,” Kady disse. “Eles vão saber onde estamos.”
“Você não precisa ligar para o 9-1-1, Sharakova,” Alexander disse. “Isto não é uma emergência, ainda.”
“Nós estamos muito longe das torres de telefonia,” Kawalski disse.
“Bem,” Karina disse, “isso nos diz onde não estamos.”
Alexander olhou para ela.
“Não pode ser na Costa Azul, com certeza. Provavelmente tem setenta torres ao longo daquele pedaço da costa do Mediterrâneo.”
“Certo,” Joaquin disse. “Estamos em algum lugar tão remoto, que não há torre de telefonia em oitenta quilômetros.”
“Isso poderia ser noventa por cento do Afeganistão.”
“Mas estes noventa por cento do Afeganistão nunca se pareceram com isto,” Sharakova disse, apontando para os pinheiros muito altos.
Atrás dos elefantes vinha um comboio de carros de boi carregados com feno e grandes potes de barro cheios de grãos. O feno estava empilhado até o alto e amarrado com tiras de grama. Cada carro era puxado por dois bois pequenos, pouco mais altos do que um pônei Shetland. Eles trotavam em um bom ritmo, conduzidos por homens que caminhavam ao lado deles.



Demorou vinte minutos para que os carros de feno passassem. Eles eram seguidos por duas colunas de homens, todos vestindo túnicas curtas de diferentes cores e estilos, com saias de proteção de tiras grossas de couro. A maioria estava nu até a cintura, e todos eram musculosos e cheios de cicatrizes. Eles carregavam escudos feitos de pele de elefante. Suas espadas de dois gumes tinham cerca de sessenta centímetros e eram levemente curvadas.
“Parecem durões,” Karina disse.
“Sim,” Kady disse. “Aquelas cicatrizes são de verdade?”
“Ei, sargento,” Joaquin disse.
“Sim?”
“Você notou que nenhuma destas pessoas tem o menor medo das nossas armas?”
“Sim,” Alexander falou enquanto observava os homens passarem.
Eram cerca de duzentos soldados, e eles eram seguidos por outra companhia de combatentes, mas estes estavam a cavalo.
“Eles devem estar gravando um filme em algum lugar lá na frente,” Kady disse.
“Se estiverem,” Kawalski disse, “conseguiram um monte de atores feios.”
Eles viram mais de quinhentos soldados montados, que eram seguidos por um pequeno grupo de homens a pé, vestindo túnicas brancas que se pareciam com togas.
Atrás dos homens de branco vinha outro comboio. Os carros de duas rodas levavam grandes potes de barro, pedaços de carne crua, e dois vagões estavam carregados de porcos guinchando.
Um cavalo e seu cavaleiro vieram galopando da frente da coluna, no lado oposto da trilha do pelotão.
“Ele está com pressa,” Karina disse.
“Sim, e está sem estribos,” Lojab comentou. “Como é que ele fica na sela?”
“Eu não sei, mas aquele cara deve ter um metro e noventa.”
“Provavelmente. E olha só aquela fantasia.”
O homem vestia um peitoral de bronze gravado, capacete de metal com pelo vermelho de animal no topo, um manto escarlate, e sandálias extravagantes, com cordões de couro amarrados nos seus tornozelos. Sua sela era coberta por pele de leopardo.
Uma dúzia de crianças corria na beira da trilha, passando pelos carros. Eles vestiam sarongues curtos feitos de um tecido áspero e de cor morena, estendendo-se até os joelhos. Exceto por um deles, estavam nus acima da cintura e tinham a pele escura, mas não negra. Eles carregavam volumosas bolsas de pele de cabra, com tiras sobre seus ombros. Cada um segurava uma tigela de madeira em uma das mãos. As tigelas eram presas aos seus pulsos por um pedaço de couro.
Um dos meninos viu o pelotão de Alexander e foi correndo até eles. Ele parou em frente a Karina e inclinou sua bolsa para encher a tigela com um líquido claro. Com a cabeça baixa, e usando as duas mãos, ele estendeu a tigela para Karina.
“Obrigada.” Ela pegou a tigela e a levantou em direção aos lábios.
“Espere,” Alexander disse.
“O quê?” Karina perguntou.
“Você não sabe o que é isso.”
“Parece ser água, sargento.”
Alexander foi até ela, mergulhou o dedo na tigela, e tocou sua língua. Ele estalou os lábios. “Tudo bem, dê um pequeno gole.”
“Não depois de você ter enfiado seu dedo aí.” Ela sorriu para ele. “Brincadeirinha.” Ela tomou um gole, e então bebeu metade da tigela. “Obrigada, muito obrigada,” ela disse, e então e devolveu a tigela para o menino.
Ele pegou a tigela, mas ainda sem olhá-la; em vez disso, ele manteve os olhos fixados nos pés dela.
Quando as outras crianças viram Karina beber da tigela, quatro delas, três meninos e a única garota do grupo, se apressaram para servir água ao resto do pelotão. Todos eles mantinham a cabeça baixa, jamais olhando para os rostos dos soldados.
A menina, que aparentava ter cerca de nove anos, estendeu sua tigela para Sparks.
“Obrigado.” Sparks bebeu a água e devolveu a tigela para ela.
Ela o espiou, mas quando ele sorriu, ela jogou a cabeça para baixo novamente.
Alguém na linha de marcha gritou, e todas as crianças esticaram suas mãos, educadamente esperando as suas tigelas serem devolvidas. Assim que cada menino recebia sua tigela, corria de volta para seu lugar na trilha.
A menina correu de volta para seu lugar atrás do menino que havia servido água para Karina. Ele olhou de volta para Karina, e quando ela acenou ele levantou a mão, mas se deteve e voltou a correr ao lado da trilha.
Um grande rebanho de ovelhas passou, balindo e murmurando. Quatro meninos com seus cachorros as mantinham no caminho. Um dos cachorros — um animal grande e preto com uma das orelhas arrancadas — parou para latir para o pelotão, mas logo perdeu o interesse e correu para alcançar o grupo.
“Você sabe o que eu acho?” Kady perguntou.
“Ninguém liga para o que você acha, cara de cicatriz,” Lojab disse.
“O que, Sharakova?” Alexander olhou de Lojab para Kady.
A cicatriz de dois centímetros que corria pelo meio do nariz de Kady escureceu conforme seu pulso acelerava. Mas ao invés de deixar sua desfiguração amortecer seu espírito, ela a usou para encorajar sua atitude. Ela olhou para Lojab de uma forma que poderia esmorecer erva daninha.
“Chupa essa, Lojab,” ela falou, mostrou o dedo do meio e depois se dirigiu a Alexander. “Isso é uma reconstituição.”
“Do quê?” Alexander passou os dedos por cima de sua boca, disfarçando um pequeno sorriso.
“Eu não sei, mas você lembra daqueles shows da PBS onde os homens se vestiam com uniformes da Guerra Civil e se alinhavam para atirar de mentira uns nos outros?"
“Sim.”
“Aquilo é uma recriação de uma batalha de Guerra Civil. Aquelas pessoas estão fazendo uma reconstituição.”
“Talvez.”
“Eles tiveram muito trabalho para fazer dar certo,” Karina disse.
“Fazer o que dar certo?” Lojab perguntou. “Algum tipo de migração medieval?”
“Se é uma recriação,” Joaquin disse, “onde estão todos os turistas e suas câmeras? Onde está o pessoal da TV? Os políticos levando o crédito por tudo?”
“É,” Alexander disse, “onde estão as câmeras? Ei, Sparks,” prosseguiu em seu comunicador, “onde está seu Flappy Bird?”
“Você quis dizer a Dragonfly?” o soldado Richard ‘Sparks’ McAlister perguntou.
“Sim.”
“Está na maleta dela.”
“O quão alto ela pode voar?”
“Mais ou menos mil e quinhentos metros. Por quê?”
“Mande ela para cima para vermos o quão longe estamos do Deserto de Registan,“ Alexander disse. “Por mais que eu fosse adorar passar um tempo aqui e assistir ao show, nós ainda temos uma missão para completar.”
“Ok, Sargento,” Sparks disse. “Mas a maleta está na nossa caixa de armas.”

Capítulo Três
Os soldados se reuniram em volta de Alexander enquanto ele abria seu mapa no chão.
“Qual a velocidade de voo do C-130?” ele perguntou para o aviador Trover, um tripulante da aeronave.
“Aproximadamente quinhentos e trinta quilômetros por hora.”
“Quanto tempo ficamos no ar?”
“Nós saímos de Kandar às quatro da tarde.” Trover conferiu seu relógio. “Agora são quase cinco, então cerca de uma hora voando.”
“Quinhentos e trinta quilômetros,” Alexander sussurrou enquanto desenhava um círculo ao redor de Kandar. “Uma hora ao leste nos levaria ao Paquistão. Neste caso, aquele rio que nós vimos é o Rio Indo. Uma hora ao oeste, e nós estaríamos dentro do Irã, mas não há grandes rios lá. Uma hora ao sudoeste é o Deserto de Registan, bem onde nós deveríamos estar, mas nada de florestas ou rios naquela região. Uma hora ao norte, e ainda estaríamos no Afeganistão, mas esse é um país árido.”
Karina olhou para seu relógio. “Que horas são aí, Kawalski?”
“Hum, cinco minutos para as cinco.”
“É, é isso que eu vejo aqui também.” Karina ficou quieta por um momento. “Sargento, alguma coisa não está se encaixando por aqui.”
“O que foi?” Alexander perguntou.
“Todos os relógios nos dizem que estamos no fim da tarde, mas olhe para o sol; está quase diretamente em cima das nossas cabeças. Como isso é possível?”
Alexander olhou para o sol, e em seguida para seu relógio. “Alguém me dê um tapa. Onde está Sparks?”
“Aqui, Sargento.”
“Verifique aquela informação do GPS novamente.”
“Ainda diz que estamos na Costa Azul.”
“Trover,” Alexander disse, “qual o alcance do C-130?”
“Cerca dequatro mil e oitocentos quilômetros sem reabastecer.”
Alexander batia no mapa com seu lápis. “A França está a pelo menos seis mil e quatrocentos quilômetros de Kandar,” ele disse. “Mesmo que o avião tivesse combustível suficiente para voar até a França–o que ele não tinha–nós teríamos que passar mais de vinte horas no ar–o que não passamos. Então, vamos parar com esta besteira de Costa Azul.” Ele olhou para seus soldados ao redor dele. “Tudo bem?”
Sparks fez que não com a cabeça.
“O quê?” Alexander perguntou.
“Não vê as nossas sombras?” Sparks perguntou.
Olhando para o chão, vemos muito pouco delas.
“Eu acho que agora são umas duas da tarde,” Sparks disse. “Nossos relógios estão errados.”
“Todos os nossos relógios estão errados?”
“Estou apenas falando o que eu vejo. Se realmente for cinco da tarde, o sol deveria estar ali.” Sparks apontou para o céu em aproximadamente quarenta e cinco graus acima do horizonte. “E as nossas sombras deveriam ser longas, mas o sol está lá.” E apontou direto pra cima. “Na Costa Azul, agora mesmo, é meio-dia.” Ele olhou para o rosto desconfiado de Alexander. “A França está cinco horas atrás do Afeganistão.”
Alexander lhe lançou um olhar fulminante. “Tudo bem, a única forma de resolver isso é encontrar nosso caixote de armas, pegar aquele seu brinquedo Flappy Bird, e mandá-lo lá para cima para ver onde diabos nós estamos.”
“Como vamos encontrar a caixa, Sargento?” Lojab perguntou.
“Vamos ter que encontrar alguém que fale inglês.”
“O nome dela é ‘Dragonfly,’” Sparks resmungou.
“Ei,” Karina disse, “lá vem mais cavalaria.”
Eles observaram duas colunas de soldados fortemente armados passarem montados a cavalo. Os cavalos os maiores que eles já haviam visto na vida, e os homens vestiam peitorais de ferro, junto com capacetes do mesmo estilo. Suas ombreiras e punhos eram feitos de couro grosso. Escudos circulares estavam pendurados em suas costas, e cada homem carregava uma longa espada, além de adagas e outras facas. Seus rostos, braços, e pernas exibiam muitas cicatrizes de batalha. Os soldados cavalgavam com freios e rédeas, mas sem estribos.
Demorou quase vinte minutos para a cavalaria passar. Atrás deles, o caminho estava livre até o ponto em que desaparecia, ao redor de um bosque de pequenos pinheiros-de-alepo.
“Bom,” Lojab disse, “finalmente, são os últimos.”
Alexander olhou pela trilha. “Talvez.”
Depois da passagem de quarenta elefantes, centenas de cavalos e bois, e mais de mil pessoas, a trilha havia sido reduzida a sujeira pulverizada.
Um soldado a cavalo galopava no lado oposto da trilha, vindo da frente da coluna. O pelotão observou o guia frear seu cavalo até derrapar para que parasse, e então se virar para cavalgar ao lado de um homem que havia acabado de fazer uma curva na trilha.
“Aquele deve ser o cara que está no comando,” Lojab disse.
“Qual deles?” Karina perguntou.
“O homem que acabou de sair da curva.”
“Poderia ser,” Alexander disse.
O homem era alto, e estava em um enorme cavalo de guerra preto. Vinte passos atrás dele estava o oficial alto com o manto escarlate que havia passado mais cedo, e atrás do oficial cavalgavam quatro colunas de soldados, usando brilhantes peitorais de bronze e capacetes combinando. Suas capas escarlates tremulavam na brisa.
O homem no cavalo de guerra trotava enquanto o vigia falava com ele. Ele não chegou a perceber a presença do mensageiro, mas pareceu escutar atentamente o que ele tinha a dizer. Após um momento, o homem no cavalo de guerra disse algumas palavras e enviou o mensageiro galopando para a frente.
Quando o oficial ficou lado a lado com a Sétima Cavalaria, seu cavalo se empinou para o lado conforme estudava o pelotão do Sargento Alexander junto com seu cavaleiro. O oficial demonstrou mais interesse neles do que qualquer um havia demonstrado.
“Ei, Sargento,” Karina falou em seu comunicador, “se lembra daquele general quatro estrelas que veio ao campo de Kandar mês passado para avaliar as tropas?”
“Sim, esse seria o general Nicholson.”
“Bom, sinto que eu deveria ficar em sentido e prestar continência para esse cara, também.”
O homem a cavalo estava sentado reto como uma vareta, e o seu capacete de bronze polido com um moicano vermelho de pelo de javali no topo fazia ele parecer ser ainda mais alto do que os seus um metro e noventa. Ele usava uma túnica assim como os outros, mas a sua era feita de um material vermelho parecido com seda, e era costurada com duas finas fileiras de pontos brancos. As tiras da sua saia de couro eram finalizadas em prata, e o punho de sua espada era ornamentado com prata e ouro, assim como a bainha de sua falcata. Suas botas eram feitas de couro trabalhado e iam até acima de suas panturrilhas.
Sua sela era coberta com pele de leão, e o cavalo usava um pesado peitoral, em conjunto com armaduras de couro nas suas pernas frontais e uma grossa placa de prata em sua testa. O cavalo era espirituoso, o homem tinha que manter as rédeas pressionadas para impedi-lo de sair galopando. O arreio do pescoço possuía uma dúzia de pequenos sinos, que chacoalhavam conforme o cavalo trotava.
“Ele tem, de fato, um certo ar de autoridade,” Alexander disse.
“Se alguém tivesse estribos,” Kawalski disse, “eu deveria ser esse cara.”
Um vigia veio galopando pelo caminho e virou seu cavalo para ficar ao lado do general. Com um movimento rápido do pulso, o general afastou seu cavalo do pelotão e escutou ao relato do escoteiro enquanto eles iam para longe de Alexander e seus soldados. Um momento depois, o general deu algumas instruções ao vigia e o enviou para frente.
O esquadrão de cavaleiros com capa vermelha mostrou mais interesse em Alexander e suas tropas que os demais soldados. Eles eram jovens, de até uns vinte e poucos anos, bem vestidos, e cavalgando bons cavalos. Não tinhamcicatrizes de batalha como os outros homens.
“Eles parecem um bando de segundos-tenentes covardes pra mim.” Lojab cuspiu no chão enquanto os observava.
“Igualzinho aos cadetes assim que saem da academia,” Autumn disse.
Atrás dos cadetes veio outro comboio com grandes carroças de quatro rodas. A primeira estava carregada com uma dúzia de baús pesados. As outras continham fardos de peles com muitos pelos, espadas reserva, lanças, e feixes de flechas, junto com muitos vasos de barro do tamanho de pequenos barris, cheios de frutas secas e grãos. Quatro carroças estavam carregadas até o alto com gansos, galinhas, e pombos piando em gaiolas. Elas eram puxadas por grupos de dez bois.
Assim como os carros, se moviam com rodas maciças, sem raios.
Depois das carroças vieram mais carros de duas rodas, carregados com pedaços de carne e outros suprimentos. Vinte carros apareceram nesse grupo, e eles foram seguidos por uma dúzia de soldados de infantaria carregando espadas e lanças.
“Uau, olhe só aquilo” Kawalski disse.
O último carro trazia algo familiar.
“Eles estão com a nossa caixa de armas!” Karina disse.
“Sim, e os paraquedas laranjas, também,” Kawalski disse.
Alexander deu uma olhada no vagão. “Filhos da mãe.” Ele se jogou na trilha e segurou os arreios dos bois. “Podem parar por aí.”
A mulher que guiava o carro lançou um olhar furioso para ele, depois estalou seu chicote, abrindo um corte no forro camuflado do capacete dele.
“Ei!” Alexander gritou. “Corta essa. Eu só quero o nosso caixote de armas.”
A mulher chicoteou novamente, mas Alexander segurou o chicote, enrolando o couro trançado em seu antebraço. Ele arrancou o chicote das mãos dela, e então avançou.
“Eu não quero te machucar, senhora.” Ele apontou para a caixa de fibra de vidro com o cabo do chicote. “Apenas estou levando o que nos pertence.”
Antes mesmo que ele pudesse alcançá-la, seis homens atrás do vagão desembainharam suas espadas e foram até ele. O primeiro forçou seu braço contra o peitoral de Alexander, empurrando ele para trás. Enquanto Alexander cambaleava, ouviu vinte rifles sendo engatilhados. Ele recuperou o equilíbrio e esticou sua mão direita.
“Segurem!”
O homem que empurrou Alexander apontava sua espada para a garganta do sargento, aparentemente despreocupado com a possibilidade de ser ferido pelos rifles M-4. Ele disse algumas palavras e balançou sua cabeça para a direita. Não foi difícil entender o que ele queria dizer; saiam da frente do carro.
“Ok, ok.” Alexander ergueu as mãos. “Eu não quero que vocês morram por uma caixa de armas.” Enquanto voltava para seus soldados, ele enrolou o chicote no cabo e enfiou em seu bolso de trás. “Abaixem suas armas, caramba. Não vamos começar uma guerra por causa daquela maldita caixa.”
“Mas, Sargento,” Karina disse, “todo o nosso equipamento está lá.”



“Nós vamos pegar de volta mais tarde. Não parece que eles descobriram como abrir—”
Um grito arrepiante veio do outro lado da trilha quando um bando de homens armados com lanças e espadas saiu correndo da mata para atacar o comboio.
“Bom,” Lojab disse, “esse deve ser o Ato Dois desse drama que não acaba nunca.”
Quando os invasores começaram a pegar pedaços de carne e jarros de grãos das carroças, a mulher sacou sua adaga e avançou em dois homens que subiam em sua carroça para pegar a caixa de armas. Um deles sacudiu a espada, fazendo um corte profundo no braço da mulher. Ela gritou, passou a faca para a outra mão, e o atacou.
“Ei!” Kawalski gritou. “Está rolando sangue de verdade!”
Os soldados do comboio correram para se juntar à batalha, agitando suas espadas e gritando. Um dos homens queestava na carroça pulou, arrastando a caixa de armas para o chão. Um soldado de infantaria tentou golpear a cabeça do homem, mas ele se esquivou, e depois avançou, apunhalando o soldado no estômago.
Mais uma centena de saqueadores saíram da mata, e ao longo de todo o caminho eles saltavam sobre as carroças, lutavam com os condutores, e jogavam suprimentos para seus companheiros no chão.
Os soldados do comboio corriam para atacar os saqueadores, mas eles eram muito mais numerosos.
Uma trompa soou três vezes, rápida e sucessivamente, de algum lugar à frente na trilha.
O saqueador na última carroça havia derrubado a mulher no chão do veículo, e agora ele levantava sua espada e a segurava com as duas mãos, se preparando para atravessar o coração dela.
Kawalski apontou seu rifle e atirou duas vezes. O homem na carroça cambaleou para trás, caindo nochão. Os olhos de seu colega desviaram do homem que agonizava para a mulher na carroça.
Ela se moveu como um gato selvagem, pegando sua adaga caída no chão da carroça e avançando sobre ele. O homem recuou sua espada e começou a movimentá-la de uma forma que arrancaria as pernas da mulher–mas uma bala da pistola de Alexander o atingiu no peito, derrubando-o em cima do caixote de armas.
Uma flecha deslizou pelo ar, passando a poucos centímetros da cabeça de Alexander. Ele jogou a cabeça para o lado e viu a flecha atingir umsoldado da infantaria na garganta.
“Se espalhem!” Alexander gritou. “Atirem o quanto puderem!”
O pelotão correu pela trilha e por entre os vagões, disparando seus rifles e pistolas reserva. Não era difícil distinguir os soldados dos saqueadores; eles vestiam peles de animais esfarrapadas, e seus cabelos eram secos e desgrenhados.
“Lojab!” Karina gritou. “Atacantes na sua esquerda. Se jogue para a direita!”
Lojab rolou no chão enquanto Karina atirava acima dele, atingindo um dos assaltantes no rosto, e Lojab atingiu outro com uma bala no peito.
“Tem mais vindo da mata!” Sparks gritou.
Um dos bandidos chutou o riflede Lojab. Ele rolou de costas e viu um segundo homem golpeando com a espada em sua direção. Ele puxou sua faca de combate e a levantou a tempo de bloquear o golpe da espada. O homem gritou e afastou sua espada enquanto o colega apontava sua espada para baixo, mirando o coração de Lojab. Lojab se desviou e a espada atingiu a terra, ele então ficou de joelhos e fincou sua faca na virilha do homem. Ele berrou, cambaleando para trás.
O bandido que restava tentou golpear a cabeça de Lojab, mas Karina havia recarregado, e ela o arrebentou com dois tiros no peito.
Lojab saltou sobre o homem que ele havia esfaqueado e cortou sua garganta.
Outros quatro saíram das árvores, gritando e brandindo suas lanças, correndo na direção de Sparks. Eles eram seguidos por dois homens armados com arco e flecha.
Sparks mirou e puxou o gatilho, mas nada aconteceu. “Meu rifle empacou!”
“Sparks!” Autumn gritou e jogou sua arma menor para ele. Ela esvaziou o carregador de seu rifle, atirando sem parar. Dois deles foram ao chão.
Sparks disparou a pistola, acabando com o terceiro.


Alexander, que estava a cinquenta metros de distância, se apoiou sobre um joelho, mirou cuidadosamente, e atirou no quarto homem que ia em direção a Sparks. O atacante cambaleou, apertou sua barriga, e caiu no chão.
Um dos arqueiros parou, preparou uma flecha, e mirou em Sparks. Sparks fez dois disparos. Uma das balas atingiu a cabeça do arqueiro, mas ele já havia lançado a flecha.
Sparks ouviu o baque, então encarou a flecha tilitando em seu peito. Ele esticou sua mão trêmula para puxá-la, mas o cabo quebrou, deixando a ponta fincada.
Autumn colocou um carregador cheio em seu rifle e matou o segundo arqueiro. “Têm mais vindo!” ela gritou.
Sparks olhou para cima e viu mais dois homens saindo da floresta, balançando suas espadas. Ele atirou em um deles na coxa ao mesmo tempo em que Autumn eliminou o outro. O assaltante ferido continuou se aproximando. Sparks disparou sua última bala da pistola, mas não acertou. O bandido se inclinou para Sparks, com sua espada descendo. Sparks rolou e atacou com a haste quebrada da flecha. O homem gritou quando a flecha cortou seu estômago. Ele caiu no chão, fazendo com que a flecha atravessasse seu corpo e saísse pelas suas costas.
O tiroteio ensurdecedor, juntamente com a visão de tantos saqueadores sendo mortos, inverteram a sorte da batalha. Os invasores fugiram de volta para a mata, deixando o que roubaram para trás no desespero para escapar. Os soldados do comboio correram em perseguição.
O oficial alto com o manto escarlate veio galopando pela trilha, seguido por uma tropa de cavalaria. Ele examinou o local, bradou uma ordem, e acionou à sua cavalaria para adentrar no bosque.
O oficial desceu do cavalo, e enquanto caminhava entre os corpos, um dos soldados da infantaria reportava a situação, falando entusiasmadamente e apontando em direção aos soldados de Alexander. O oficial balançava a cabeça e fazia perguntas enquanto olhava para o pelotão.
“Quem está com o kit de primeiros socorros?” Alexander gritou.
“Está na caixa de armas, Sargento,” Kawalski respondeu.
“Quebre-a,” Alexander disse. “Veremos o que podemos fazer por essas pessoas. Verifique a mulher na carroça primeiro. Ela está perdendo muito sangue.”
“Certo, Sargento.”
“Sparks, você está bem?” Alexander perguntou.
Sparks destravou seu colete onde a ponta da flecha se projetava. Ele conferiu se havia danos. “É.” Ele bateu os nós dos dedos em sua armadura. “Essas coisas funcionam muito bem.”
Karina estava sentadaem uma roda de carroça no chão, com seus braços apoiados nos joelhos e a cabeça nos braços.
“Ballentine!” Alexander correu até ela. “Você está ferida?”
Ela balançou a cabeça, mas não olhou para cima. Ele se ajoelhou ao lado dela.
“O que foi?”
Ela balançou a cabeça novamente.
“Se reportem pelos números, pessoal,” Alexander disse em seu microfone e sentou ao lado de Karina.
Todos responderam exceto Sharakova.
“Sharakova está bem aqui,” Sparks disse. “Ela acabou com seis dos bandidos.”
“Sparks, da pra você consertar o maldito comunicador da Sharakova?”
“Vou fazer o que posso.”
“Bom, faça antes que ela se afaste e acabe se perdendo.”
Karina tirou seu capacete e o largou no chão. “Foi fácil demais,” ela sussurrou.
Alexander esperou, em silêncio.
“Quando Kawalski atirou naquele primeiro na carroça,” Karina continuou, “e você no que estava no chão, eu entrei no modo automático.”
Alexander deu tapas em seu ombro.
“Sargento, eu nunca tinha matado ninguém.”
“Eu sei.”
“Como pode ser tão fácil? Esses caras não eram páreos para as nossas armas. Por que eu não tentei apenas parar eles em vez de explodi-los?”
“Karina—”
“Onde diabos nós estamos?” Karina perguntou. “E o que está acontecendo com a gente? Eu achei que isso era só um show elaborado até que o bandido cortou o braço da mulher e sangue de verdade começou a rolar. E aí aquele soldado teve as tripas abertas. A gente caiu em algum pesadelo surreal?”
“Eu não sei o que aconteceu com a gente, mas você reagiu exatamente como deveria. Todo o nosso treinamento foi exatamente para esse tipo de ataque. Você não tem tempo para analisar, considerar opções, ou mirar no joelho ao invés do coração. Menos de três segundos se passaram entre o primeiro tiro de Kawalski e a sua primeira morte. Você é uma soldado perfeita, não uma mulher de coração mole, pelo menos não no campo de batalha. É isso que de repente se tornou este lugar estranho, um campo de batalha. E adivinhe quem venceu a batalha? Aforça mais bem armada e treinada do mundo. Se não tivéssemos aberto fogo, aqueles saqueadores teriam vindo até nós com suas espadas e lanças depois que acabassem com aquelas outras pessoas.”
Karina levantou a cabeça e enxugou suas bochechas. “Obrigada, Sargento. Você está certo. A soldado em mim tomou controle, mas agora eu estou de volta, tentando colocar as coisas em ordem.”
“Ei, Sargento,” Kawalski interferiu pelo comunicador. “Eu preciso de ajuda com a ferida no braço dessa mulher.”
“Já vai.” Alexander se levantou e estendeu seu braço a Karina.
Ela se puxou para cima. “Eu vou.” Pegou seu rifle e seu capacete, deu um rápido abraço em Alexander, e depois correu em direção à última carroça.
“Eu também nunca matei ninguém,” ele sussurrou, “até hoje.”
“Você se saiu bem, Sargento,” o soldado Lorelei Fusilier disse no comunicador.
“Merda,” Alexander disse. “Eu sempre esqueço que essa droga de comunicador está ligado.”
“Sim, Sargento,” Sparks disse. “Você fez bem a todos nós.”
“Tudo bem, chega de conversa. Nós estamos em um desafio completamente diferente agora, então vamos verificar as coisas com muito cuidado. E fiquem atentos. No calor da batalha, nós escolhemos um lado; agora vamos descobrir se escolhemos o certo.”

Capítulo Quatro
Karina ajoelhou ao lado de um soldado da infantaria, cuidando de um corte em sua coxa. A espada tinha ido até o fim, mas se ela conseguisse limpar a ferida e estancar o fluxo de sangue, ele iria se recuperar.
Deitado no chão e apoiado em seus cotovelos, o homem ferido a observava. Os outros soldados foram coletar armas no campo de batalha, e ela conseguia ouvi-los executando os atacantes que estavam feridos — cortando suas gargantas ou enfiando a espada em seus corações. Era bárbaro, nojento, e fazia sentir raiva, mas não havia nada que ela pudesse fazer sobre isso; então, ela apenas tentou afastar os sons enquanto trabalhava.
Ela finalizou os pontos da ferida e pegou o spray de bandagem líquida, mas antes que ela conseguisse aplicar, o homem gritou enquanto uma espada descia, perfurando seu coração.
“Seu filho da mãe idiota!” Ela se levantou em um pulo, afastando o outro soldado. “Você acabou de atacar um dos seus próprios homens.”
Ele cambaleou para trás, mas se apoiou em sua espada, retirando-a do corpo do homem. Karina olhou para o homem que havia sido apunhalado; sua boca estava aberta, proferindo um silencioso e débil clamor por ajuda enquanto seus grandes olhos olhavam para o céu. Então seus olhos se fecharam e seu corpo cedeu.
“Eu poderia ter salvado ele, seu idiota ignorante.”
O soldado riu e deu um passo em direção a ela, sua espada ensanguentada apontando para o estômago dela.
“Eu tenho a mira na testa dele, Karina,” Kawalski disse no comunicador. “Apenas me diga quando, e eu explodo a cabeça dele.”
“Estou com os olhos no coração dele,” Joaquin disse.
“E eu na veia jugular,” Lorelei Fusilier disse.
“Não,” Karina disse. “Esse merda é só meu.”
“Sukal!” uma mulher gritou atrás de Karina.
O homem olhou através de Karina, depois de volta para ela, ainda com aquele sorriso de esguelha no rosto.
Karina não conseguia ver quem era a mulher—ela tinha que manter seus olhos nos dele. “O que aconteceu com seus dentes, Sukal?” ela perguntou. “Alguém arrancou eles pra você?”
Sukal empunhou sua espada como uma cobra fazendo um feitiço em frente a uma vítima hipnotizada.
“A menos que você queira comer essa espada, é melhor você tirar ela do meu caminho.”
Ele se movia para frente. Ela se abaixou, rodopiou, e bateu em seu pulso com a mão, jogando sua espada para o lado. Sukal aproveitou a oportunidade de movimento para girar a espada e trazê-la novamente para a frente dela, mirando em seu pescoço.
Karina se jogou no chão, rolou, e espetou seus tornozelos. Ele caiu bruscamente, mas rapidamente se levantou.
Ela também estava de pé, em posição defensiva, pronta para seu próximo ataque.
Ele foi até ela, querendo seu coração.
Ela se insinuou para uma lado, empurrando a espada dele, mas foi para o outro e deu soco em seu olho.
Sukal cambaleou mais fincou sua espada na terra para se firmar. Ele agarrou a arma com as duas mãos, levantou-a acima de sua cabeça, e, berrando feito um touro furioso, correu para ela.
Karina ergueu seu joelho esquerdo e o torceu para os lados enquanto empurrava seu pé para a frente em um chute de caratê que levou sua bota de combate tamanho trinta e oito bem até o estômago dele.
Sukal se curvou, soltando a espada. Em seguida caiu de joelhos, abraçando seu estômago enquanto tentava forçar ar de volta para seus pulmões.
Karina encarou o homem ofegando por um momento, e então se virou para ver quem estava atrás dela. Era a mulher de cabelo escuro que eles haviam visto em um dos elefantes. Ela veio marchando em direção a Karina e Sukal, obviamente muito brava, e parou em frente a Sukal, com seus pés separados e as mãos nos quadris. Ela falou rapidamente, gesticulando em direção ao homem morto. Karina não precisou de um interprete para que saber que ela estava brigando com Sukal por matar o homem ferido.
Sukal estava começando a respirar novamente, mas ele permaneceu de joelhos, olhando para o chão. Não parecia nenhum pouco arrependido; provavelmente apenas estava esperando ela acabar de gritar com ele.
A mulher descarregou sua raiva, então se abaixou, pegou a espada de Sukal, e a jogou o mais longe que pode. Ela fez um último insulto que terminou com uma palavra que soou como, “Kusbeyaw!” Depois ela sorriu para Karina.
A palavra poderia ter significado “idiota,” “estúpido,” ou “merdinha,” seja lá o que fosse, certamente não era um comentário lisonjeador.
“Olá,” Karina disse.
A mulher disse alguma coisa, e quando ela percebeu que Karina não compreendia, tocou dois dedos em sua boca,depois em seu peito, e apontou para Karina.
“Tudo bem.” Karina observou Sukal escorregando. “Eu dei um bom chute naquele kusbeyaw.”
A mulher sorriu, e em seguida começou a falar, mas foi interrompida pelo oficial alto, aquele com o manto escarlate. Ele estava a dezoito metros de distância, e sinalizou para a mulher ir até ele. Ela tocou o braço de Karina, sorriu, e foi até o oficial.
Karina olhou ao redor do campo de batalha. Os soldados do comboio haviam pegado todas as armas e objetos de valor dos saqueadores. As mulheres e crianças foram tirar as roupas dos mortos, o que não parecia grande coisa; a maior parte era pele de animal desgastada.
“Eu acho que, neste lugar, tudo tem algum valor.”
“Parece que sim,” Kady disse. “Bom trabalho com aquele escroto, Sukal. Eu nunca vi alguém tão surpreso quanto ele ficou quando seu pé atingiu ele bem no estômago.”
“É, aquilo foi bom. Mas se eu não tivesse acabado com ele, eu acho que a garota do elefante teria conseguido. Ela estava irritada.”
“Eu me pergunto o que ela disse pra você.”
“Eu acho que ela estava querendo dizer que sentia muito por Sukal ter matado o cara que eu estava cuidando. A ferida era bem feia, mas eu acho que teria se recuperado.”
“Ballentine,” o sargento Alexander disse no comunicador. “Você e Kawalski ficam de guarda na caixa de armas. Eu vou dar uma caminhada em direção ao fim desta coluna para ver o quão longa ela é.”
“Certo, Sargento,” Karina disse.
O sargento olhou para a soldado parada ao lado dele. “Sharakova,” ele disse, “venha comigo.”
“Copiado.” Sharakova jogou seu rifle sobre os ombros.
“Bom trabalho com aquele cretino, Ballentine,” o sargento disse. “Espero que você nunca fique brava comigo daquela forma.”
“Hooyah!” Kawalski disse. Ele foi acompanhado por vários outros.

Capítulo Cinco
Depois que Alexander e Sharakova voltaram da caminhada de inspeção, o pelotão carregou a caixa de armas para a beira da mata, onde eles montaram duas fogueiras e abriram as rações operacionais.
“Enquanto comemos,” Alexander disse, “mantenham seus capacetes no lugar e suas armas à mão. Antes de escurecer, vamos configurar um perímetro e fazer rodízio para vigiar. Serão duas pessoas por noite. Agora, vamos falar sobre o que vimos e ouvimos hoje.”
“Quem eram aquelas pessoas?” Kady perguntou.
“Quais deles?” Alexander perguntou.
“Os saqueadores.”
“Eu não sei quem eles eram,” Autumn disse, “mas eles eram ferozes.”
“E asquerosos,” Kady disse. “Vestindo aquelas peles de urso, eles pareciam cachorros.”
“Sim,” Lori disse, “cachorros, quase isso mesmo.”
“Olhem aquilo,” Kawalski disse. “Aquelas pessoas ainda estão atravessando. Quantos ainda faltam, Sargento?”
“Nós caminhamos por aproximadamente um quilômetro,” Alexander disse. “Atrás deste grupo de homens, tem um grande rebanho de cavalos e gado. E depois as pessoas que seguiam o exército. Mulheres, crianças, velhos, e vários comerciantes com suas carroças cheias de vestes. Atrás deles vem um monte de maltrapilhos. É como uma cidade inteira se movendo.”
“Me pergunto para onde estão indo,” Kady disse.
“Me parece,” Alexander respondeu, “que eles estão indo na direção daquele rio que nós vimos. Fora isso, não tenho a menor ideia.”
“Ei,” a soldado Lorelei Fusilier disse, segurando um dos pacotes de ração. “Alguém pegou o menu sete?”
“Sim,” Ransom disse. “Bolo de carne.”
“Você tem tempero amanteigado?”
“Talvez. O que você tem pra trocar?”
“Molho verde picante.”
Todos riram.
“Boa sorte tentando trocar essa porcaria,” Karina disse.
“Você pegou o menu vinte,” Kawalski disse, “né, Fusilier?”
“Sim.”
“Então você tem torta de cereja e mirtilo.”
“Não, essa eu já comi.”
“Aqui, Fusilier,” Alexander disse, “pode ficar com o meu tempero. Eu odeio essa coisa.”
“Obrigada, Sargento. Você quer o meu molho?”
“Não, pode ficar com ele. Alguém consegue chutar quantos soldados tem aquele exército?”
“Milhares,” Joaquin disse.
“Eu acho que são mais de dez mil,” Kady disse.
“E uns trinta elefantes.”
Karina havia acabado de comer, e agora ela usava seu iPad.
“Lá vem os seguidores,” Kawalski disse.
Enquanto as mulheres e crianças passavam, muitos falavam com os soldados de Alexander, e algumas crianças acenaram. Todos pareciam de bom humor, apesar de estarem andando, provavelmente, o dia todo.
Os soldados da Sétima não conseguiam entender a linguagem, mas eles retribuíam os cumprimentos.
“Sabe o que eu acho?” Kawalski disse.
“O quê?” Alexander mordeu um pedaço de mortadela.
“Que as notícias da nossa vitória sobre aqueles bandidos se espalharam até o fim da fila. Você notou como eles estão sorrindo e começando a nos tratar com um pouco mais de respeito?”
“Pode ser.”
Uma grande carroça de quatro rodas passou, com um homem e uma mulher sentados em um monte de peles na parte da frente do veículo. Dois bois puxavam a carroça. A mulher sorriu olhando para os soldados, e o homem estendeu sua mão em saudação.
Joaquin respondeu o cumprimento. “Esse é o primeiro cara gordo que eu vejo.”
Karina ergueu os olhos de seu iPad. “É, eu também.”
“O que você está lendo, Karina?” Kady perguntou.
“Meus livros didáticos. Estou fazendo uma graduação em veterinária técnica”
“Você está online?”
“Quem me dera,” Karina disse. “Eu tentei conectar novamente, mas não tem sinal. Tenho todos os meus livros em um microchip.”
Dois cavaleiros vieram ao longo do caminho, da frente da coluna. Quando viram o pelotão, saíram da trilha e desceram dos cavalos
“Ei,” Kawalski disse, “são as garotas dos elefantes.”
Karina abaixou seu iPad e foi cumprimentar as duas mulheres. Alexander, Kawalski, Lojab, e Kady a seguiram.
As mulheres ficaram ao lado de seus cavalos, segurando as rédeas. Elas pareciam hesitantes, inseguras sobre como se aproximar dos estranhos. Suas roupas eram similares às das outras mulheres na trilha, mas o pano tinha uma textura mais fina, e o corte era mais ajustado. As cores cinza e bege, com alguns enfeites vermelhos, pareciam novas e vivas. Suas roupas consistiam em túnicas curtas sobre calças não muito apertadas, e suas sandálias de couro tinham borlas como ornamentos em torno dos tornozelos.
Karina estendeu sua mão para a morena. “Olá, é bom te ver novamente.”
A mulher sorriu e apertou a mão de Karina, em seguida, disse algumas palavras.
Karina balançou a cabeça. “Eu não entendo sua língua.”
A loira disse alguma coisa para Kady.
“Você não sabe falar inglês?” Kady perguntou.
A outra mulher falou novamente, e depois a loira disse alguma coisa.
“Você sabe o que elas estão fazendo, Sargento?” Kawalski perguntou.
“Falando muito e não dizendo nada?”
“Eu acho que estão tentado diferentes línguas com a gente.”
“É, bom,” Lojab disse, “eu acho que elas são idiotas. Por que elas não falam inglês igual a todo mundo?”
“É tudo grego pra mim,” Kady disse.
Alexander olhou para Kady. “Você pode estar certa. Ei, Spiros,” ele falou em seu microfone.
“Sim, Sargento?” o soldado Zorba Spiros respondeu.
“Onde vocês estão?”
“Estou bem aqui, na outra fogueira.”
“Vem aqui, rápido.”
Spiros logo estava parado ao lado de Alexander. “Uau, elas são sexy.”
“Você é grego, não é?” Alexander disse.
“Meus pais são.”
“Tente falar um pouco de grego com elas.”
“Eu não falo muito bem.”
“Você pode tentar, ‘Olá, onde diabos nós estamos?’”
Spiros disse duas palavras, parou, olhou para o chão, depois para as árvores. “Um…” ele falou, e então fez uma pergunta em grego.
As duas mulheres o encararam por um momento, em seguida olharam uma para a outra. A que estava na direita fez uma pergunta para Spiros.
“O quê?” Spiros disse, estendendo suas mãos, com as palmas pra cima.
A outra mulher fez a mesma pergunta.
“O que é, Spiros?” Alexander perguntou. “Elas estão falando grego?”
“Sim, mas…”
“Mas o quê?”
“Não é igual o grego que eu aprendi. É meio que…um dialeto diferente ou algo assim.”
A primeira mulher fez outra pergunta.
“Eu acho que elas perguntaram que língua eu falei, e aí ela perguntou se nós viemos da Ibéria.”
“Pergunte o quão longe estamos de Kandar,” Alexander disse.
Spiros perguntou, e a da esquerda respondeu. “Ela perguntou, ‘Quão longe de onde?’ Elas nunca ouviram falar de Kandar.”
A mulher disse algo a mais.
“Ei…” Spiros encarou a loira.
“O que foi?” Alexander perguntou.
“Eu acho que elas estão falando Linear B.”
“Linear o quê?”
“Linear B,” Spiros disse.
“Espera um pouco,” Karina disse. “Linear B nunca foi uma linguagem falada. Era uma forma antiga do grego escrito.”
“Você quer dizer,” Kawalski disse, “que elas não estão falando grego moderno?”
“Sim,” Spiros disse. “Você se lembra, no ensino médio, de ler Os Contos de Cantuária e certas partes estarem escritas em inglês medieval?”
“Sim,” Alexander disse.
“Se alguém falasse com você nesse inglês antigo, você teria dificuldade em entender, mas algumas palavras são as mesmas que usamos hoje. É isso que eu estou escutando, algumas palavras em grego que eu compreendo, mas muitas são grego antigo.”
A mulher com o cabelo castanho tocou o braço de Spiros e fez uma pergunta.
Spiros pareceu surpreso, e então balançou a cabeça. “Não.”
“O que ela disse?” Alexander perguntou.
“Ela perguntou se nós somos romanos.”

Capítulo Seis
“Busque a Apache,” Kawalski disse. “Ela pode falar 'nativo americano' com elas.”
“Sabe de uma coisa, Kawalski?” Alexander disse.
“Tá legal, já sei. Cale a boca.”
“Ocasionalmente, Kawalski,” Alexander disse, “você tem uma faísca de inteligência.” Ele falou em seu microfone, “Soldado Autumn Eaglemoon, ao centro.”
Autumn correu para onde estavam Alexander e os demais, parados observando as duas mulheres. “Se elas não entendem inglês, Sargento, com toda certeza não vão entender Apache.” Ela estava ouvindo a conversa em seu comunicador.
“Não,” Alexander disse. “Mas na festa de aniversário do Kawalski, quando tocou ‘Born This Way,’ você se levantou e cantou a música em linguagem de sinais.”
“Sim, mas a essa hora eu já estava dois-terços bêbada.” Ela olhou para as duas mulheres. “Eu não posso falar em língua de sinais com essas pessoas.” Olhou de volta para Alexander. “A menos que você tenha uma garrafa de aguardente escondida na sua mochila.”
“Apenas tente, Eaglemoon. Se não funcionar, tentaremos outra coisa.”
“Tudo bem, você é o chefe.” Ela entregou seu rifle para Alexander e largou sua mochila no chão. “Já que você não tem álcool, vou ter que improvisar. Agora, deixe me ver.” Ela fez um movimento com a mão, indicando todos em seu pelotão. “Nós,” Ela juntou suas mãos na forma de um pássaro e as flutuou pelo ar, “voamos alto no céu.” Ela ergueu as mãos acima de sua cabeça e as colocou em forma de paraquedas, depois as desceu. “Nós pulamos de nosso avião e flutuamos até o chão.”
As duas mulheres assistiam atentamente aos movimentos de Autumn. A morena pareceu perplexa, mas a loira foi em direção a Autumn. Ela tocou seu braço, disse algumas palavras, e apontou para um corvo voando no céu. Então repetiu os sinais de Autumn e terminou com um olhar de dúvida, como se estivesse perguntando se estava correto.
“Sim,” Autumn respondeu. “E agora,” ela ergueu seus braços e estendeu as mãos, palmas para cima, enquanto encolhia os ombros e olhava para os lados, como se estivesse procurando por algo, “nós estamos perdidos.”
A loira encarou Autumn por um segundo, então esticou a mão ao redor para incluir todos no pelotão. “Nov evtamos perdidov?” Ela disse e repetiu o sinal de Autumn para estar perdido.
Autumn fez que sim.
A loira balançou a cabeça, chegou até Autumn, e colocou um braço ao redor de seus ombros. Ela falou algumas palavras e foi para trás, mantendo sua mão no braço de Autumn. Apontou todos os soldados de Alexander, e depois todos do seu povo enquanto falava algumas palavras.
Autumn interpretou o que acreditava que a mulher estava dizendo, “Seu pelotão e o meu povo…”
Ela fez um movimento de juntar em direção ao pelotão.
“Não, espera,” Autumn disse. “Ela quis dizer que o seu povo está se reunindo com o nosso povo…”
A mulher falou e apontou para seu olho, e depois para o pelotão.
Ela e Autumn trocaram mais sinais, mas Autumn não estava falando; apenas observando e respondendo com suas mãos.
Depois de um momento, Autumn segurou a mão da mulher. “Autumn,” ela disse, levando a mão da mulher até o seu peito.
“Autumn?” a loira perguntou.
“Sim.”
“Autumn.” Ela colocou sua mão em seu próprio peito. “Tin Tin Ban Sunia.”
“Tin Tin Ban Sunia. É um nome bonito.”
Tin Tin Ban Sunia levou Autumn até a outra mulher. “Liada,” ela disse enquanto juntava as mãos das duas mulheres. “Autumn,” ela disse para Liada.
“Liada,” Autumn disse. “É um prazer conhecê-la.”
As três mulheres andaram em direção aos cavalos, para longe do pelotão.
Liada sorriu. “Autumn.” Ela disse mais algumas palavras.
Autumn tocou a bochecha de Tin Tin. “Isso não é uma tatuagem.”
“O que é?” Kawalski perguntou no comunicador.
“Está cicatrizado, parece muito com uma marca.”
“Ela foi marcada?” Kawalski perguntou. “Como uma vaca?”
“Sim, e pela aparência da cicatriz, foi feita há muito tempo atrás. É tipo uma forquilha, com uma cobra enrolada ao redor do eixo. E também tem uma flecha atravessando o eixo.”
Tin Tin sorriu e virou o rosto de Liada para o lado.
“Liada tem uma igual,” Autumn disse. “As duas foram marcadas quando crianças.”
Tin Tin falou com Liada usando linguagem de sinais para ajudar Autumn. Ela apontou para o pelotão e tocou o ombro de Autumn. Liada apontou para Alexander. As três olharam para ele. Elas estavam a uns trinta metros de distância. Conforme Alexander se contorceu sob o olhar delas e passou o rifle de Autumn para sua outra mão, Kawalski riu.
“Para com isso, Kawalski,” Alexander disse.
“Ok, Sargento.” Kawalski sorriu.
“Ele é Alexander,” Autumn disse para Liada.
“Alder…” Liada disse. “Alexder?”
“É, esse é difícil. Apenas o chame de ‘Sargento.’” Ela sorriu. “Sargento.”
“Sargento?” Liada perguntou.
“Sim, o nome dele é ‘Sargento.’”
Tin Tin e Liada conversaram entre si por um momento, repetindo a palavra “Sargento” diversas vezes.
Liada bateu no capacete de Autumn com as costas dos dedos e levantou os ombros.
“Ah, isso aqui?” Ela destravou o cinto e tirou o capacete, soltando seu longo cabelo. Ela o entregou para Liada. “Capacete.”
“Capacete?” Liada pegou e o olhou por completo.
Tin Tin se aproximou para tocar no cabelo de Autumn. Ela sorriu e disse algo enquanto passava os dedos pelos fios pretos até a altura da cintura.
“Obrigada,” Autumn disse, “mas deve estar uma bagunça.”
Ela pegou uma escova num bolso interno de sua jaqueta, colocou o cabelo sobre seu ombro, e começou a escová-lo. Tin Tin Ban Sunia ficou fascinada com a escova de cabelo. Ela disse algo para Liada.
“Ai, Deus,” Kawalski disse no comunicador. “E lá vamos nós. Primeiro cabelo, depois elas vão falar sobre maquiagem. E depois disso, serão as roupas.”
Liada encarou o capacete, inclinando sua cabeça para o lado e levantando uma sobrancelha.
“Eu acho que a Liada está nos ouvindo,” Karina disse.
Autumn jogou seu cabelo para trás novamente e estendeu sua escova para Tin Tin, que sorriu e tentou escovar seu cabelo, mas ele estava muito emaranhado.
“Aqui,” Autumn disse, “deixe eu te mostrar.” Ela trouxe o cabelo de Tin Tin para a frente e começou a escovar pelas pontas . O cabelo dela era quase tão longo quanto o de Autumn. “Sabe de uma coisa? Algumas mulheres matariam por um cabelo naturalmente enrolado.”
Autumn e Tin Tin continuaram conversando e usando sinais enquanto Autumn escovava o cabelo de Tin Tin, mas o pelotão já não as ouvia mais.
“Eu acho que você perdeu o controle dessa vez, Sargento,” Kawalski disse.
Alexander concordou.
Tin Tin apontou para o pelotão e fez uma pergunta. Autumn ergueu seu braço direito e apontou para o sudeste. Ela fez um movimento de subida e descida com a mão, como algo muito distante depois das colinas. Então entregou a escova para Tin Tin para liberar as mãos e perguntou em sinais, “O que é esse lugar?”
Tin Tin falou, mas o pelotão não conseguiu ouvir o que ela dizia. Autumn tocou a manga da túnica de Tin Tin, sentindo o material. Tin Tin perguntou sobre o zíper na jaqueta de Autumn.
“O que foi que eu disse?” Kawalski falou. “Já estamos nas roupas. O batom não deve estar muito longe.”
“Kawalski,” Karina disse, “você nem sabe o que é importante na vida, não é?”
“Bem, aparentemente é cabelo, roupas, e maquiagem. Parece que a Apache esqueceu sobre ‘Onde estamos?’, ‘Quem são vocês?’, e ‘Qual é a de todos aqueles elefantes?’”
Liada levou o capacete em direção ao seu ouvido, obviamente curiosa. Ela olhou para Autumn, levantando as sobrancelhas.
“Claro, pode colocar.” Autumn fez um movimento em direção à cabeça de Liada.
“Ei, Sargento,” Lojab disse. “Está vendo aquilo?”
“Vai ser interessante,” Alexander respondeu.
“Ela consegue nos ouvir?” Sparks perguntou.
“Claro, se o comunicador da Apache estiver ligado.”
“Oi, docinho,” Lojab disse.
Quando metade do pelotão começou a falar ao mesmo tempo, Liada soltou uma exclamação e arrancou o capacete. Ela olhou dentro, depois em volta do capacete, e por fim o estendeu para Tin Tin, dizendo alguma coisa para ela. Tin Tin olhou dentro do capacete, mas balançou a cabeça.
Autumn se inclinou para perto do microfone. “Se vocês forem falar com as senhoritas, façam um de cada vez. Se não vão deixá-las assustadas.” Ela sinalizou para Tin Tin colocar o capacete enquanto ela colocava seu cabelo para trás.
Tin Tin entregou a escova para Liada, e depois colocou cuidadosamente o capacete, inclinando sua cabeça para o lado e escutando. Ela arregalou os olhos.
“Sargento?”
“Sargento?” Liada perguntou enquanto começava a escovar seu cabelo como ela havia visto Autumn fazer para Tin Tin.
Tin Tin deu um tapa na lateral do capacete, acima do ouvido direito. Ela disse algo para Liada, então as duas olharam para Alexander, que sorriu e deu um tapa na lateral do seu capacete também. Autumn apontou para o pequeno microfone embutido no forro do capacete e fez um movimento de falar com a sua mão.
Tin Tin falou no microfone. “Tin Tin Ban Sunia.”
“Sargento,” Alexander disse.
Tin Tin sorriu. “Liada,” ela falou e apontou para sua amiga.
“Liada,” o sargento disse.
“Autumn,” Tin Tin disse.
“Sim, Autumn Eaglemoon.”
“Sim,” Tin Tin repetiu. “Autumn Eagle Mon.” Ela sorriu para Autumn.
“Ei, Sargento,” Lojab disse. “Eu vi ela primeiro. Deixa eu falar com ela.”
Tin Tin olhou ao redor procurando de onde vinha a nova voz. Alexander apontou para Lojab.
“Lojab,” ele disse em seu microfone.
“Lojab,” Tin Tin disse.
“Oi, Tin Tin.” Lojab acenou.
Ela acenou e sorriu. “Perdi porch mcdonal.”
Lojab riu. “Perdi meu Porsche.”
“Perdi meu porch.”
“Bom,” Lojab disse.
“Bom.”
Liada disse algo para Tin Tin, que removeu o capacete e o entregou para Liada. Liada então devolveu a escova para Tin Tin e colocou o capacete.
“Sargento?”
“Liada,” Alexander disse.
Lojab foi em direção de Tin Tin, retirando seu capacete. Seu cabelo loiro estava raspado. Ele tinha um pouco mais de um metro eoitenta, e um corpo forte e musculoso. Suas mangas estavam dobradas, exibindo uma tatuagem de Jesus em uma Harley no seu bíceps esquerdo. Jesus sorria, com sua auréola sendo levada para trás com o vento.
“Lojab perdi meu porch,” Tin Tin disse e deu risada.
“Você aprende rápido, Tin Tin.”
Lojab estendeu sua mão para ela. Ela olhou para sua mão, se aproximou para segurá-la, mas pareceu mais interessada em outra coisa. Ela passou a mão pela sua cabeça.
“Isso é um cabelo raspado,” Lojab disse.
“Raspado.” Ela tocou sua barba, que ele não fazia há dois dias. “Raspado?”
“Sim.” Lojab apontou em direção as árvores. “Você dar uma caminhada comigo?”
“Lojab,” Autumn disse, “seu tosco. Você a conheceu dois minutos atrás, e já está tentando levar ela para a moita.”
“O que é que tem, Apache? Se ela está querendo…”
“Ela não tem ideia do que você quer fazer com ela.”
“Então por que ela está sorrindo?”
“Eu não sei, Lojab,” Autumn disse. “Talvez ela esteja tentando fazer amizade com um idiota?”
“Por mais que eu odeie acabar com essa festinha,” Alexander disse enquanto caminhava até eles, “alguém sabe onde nós estamos?” Ele tirou seu capacete.
“Sargento,” Tin Tin disse. “Capacete?”
“Claro,” Alexander disse. “Divirta-se.”
“Liada?” Tin Tin falou no microfone depois de ter colocado o capacete.
“Tin Tin,” Liada respondeu. Elas se afastaram, ainda conversando e aparentemente testando o alcance do sistema de comunicação.
“Nós estamos em um lugar chamado Gália—” Autumn começou.
“Gália?” Karina disse conforme se aproximava, retirando seu capacete. “É isso que elas disseram, ‘Gália?’”
“Sim,” Autumn respondeu.
“Sargento,” Karina disse. “Gália é um nome antigo para França.”
“Sério?” Alexander disse. “Qual o nome daquele rio?”
“Eu não consegui descobrir como perguntar isso,” Autumn disse, “mas eu acho que eles estão planejando cruzá-lo. E mais uma coisa…”
“O quê?” Alexander exclamou.
“Elas não têm nenhuma concepção de anos, datas, sequer de horas.”
Alexander observava Tin Tin e Liada se comportando como duas crianças com um brinquedo novo. “Estranho,” ele sussurrou. “E aparentemente, elas também nunca ouviram falar de comunicação sem fio.”

Capítulo Sete
“Eu queria que essa merda tivesse rodas,” Kawalski disse.
“Para de reclamar, Kawalski,” Autumn disse, “e segure a sua ponta.”
“Ah, eu estou segurando a minha ponta, e provavelmente vou ter que segurar a sua também.”
O restante do pelotão vinha atrás dos quatros soldados que carregavam a caixa de armas.
“Para onde estamos indo, Sargento?” Lojab perguntou. Ele estava na frente do lado esquerdo, na frente de Kawalski.
Alexander estevava atrás, no lado esquerdo, com Autumn a sua frente. “Vamos seguir até o rio.”
“Eu não fui recrutado para ser escravo de ninguém,” Lojab murmurou sob ofegos, mas todo mundo ouviu.
“Estamos todos fazendo a mesma porcaria,” Autumn disse.
“Sim, e se todos nós reclamássemos, nosso destemido líder faria algo a respeito.”
“Tipo o que, Lojab?” O sargento perguntou.
“Tipo tirar a gente daqui.”
“Você tem alguma ideia de como fazer isso?”
“Você que é o sargento, não eu,” Lojab disse. “Mas eu vou te dizer, se eu estivesse no comando, não estaríamos seguindo um bando de homens das cavernas, pisando em merda de elefante e carregando essa caixa grande pra caramba.”
“Você está certo, eu sou o sargento, e até que você fique no meu lugar, eu darei as ordens.”
“Sim, senhor. Sargento, senhor.”
“Por que você não simplesmente cala a boca, Lojab?” Autumn disse.
“Ei,” Kawalski disse, “olha só quem está vindo.”
Liada estava a cavalo pelo lado da trilha, vindo da frente da coluna. Ela montava um cavalo vigoroso de pelo caramelo. Quando ela viu o pelotão, atravessou e guiou seu cavalo na direção deles. Ela estava sem nada nas costas, seu arco e sua aljava estavam penduradas por uma tira de couro no ombro do cavalo. Assim que ficou lado a lado com a tropa, ela desceu do cavalo, deixando as rédeas ao redor do pescoço dele. Ela caminhou até Alexander, equanto seu cavalo a seguia.
“Sargento?” ela disse, “boanoite.”
“Oi, Liada,” Alexander disse. “Como vai você nesta manhã?”
“Como vai nesta manhã?”
“Bom,” o sargento disse.
“Bem.” Ela caminhou até Autumn. “Autumn Eaglemoon nesta manhã?”
“Bem,” Autumn disse.
“Bom.”
Ela deu um tapa na lateral da caixa, e perguntou com sinais para onde eles estavam indo. Com sua mão livre, Autumn fez um movimento de água e apontou para frente.
“Rio.”
“Rio,” Liada disse. Ela fez um movimento de levantar com as duas mãos.
“Sim, está pesado.” Autumn enxugou o suor de sua testa.
“Pesado.” Liada usou as das mãos para sinalizar a eles que soltassem a caixa.
“Ei, pessoal. Ela quer que a gente coloque no chão.”
“Meu voto é sim,” Kawalski disse enquanto eles saiam do caminho e colocavam a caixa no chão.
Liada pegou um dos puxadores e tentou levantar. “Pesado.” Ela enxugou o suor da testa e fez alguns sinais para Autumn.
“Ela quer que a gente espere aqui,” Autumn disse. “Só não sei para que.” Ela falou com Liada. “Ok.”
“Ok,” Liada disse, em seguida pulou de volta em seu cavalo e saiu galopando, em direção à frente da coluna.
“Que montadora que ela é,” Lojab disse.
“E você viu o jeito que ela subiu naquele cavalo?” Kawalski disse. “Dois passos rápidos, e ela jogou a perna sobre as costas dele como se fosse um pônei.”
“Sim,” Lojab sussurrou enquanto a observava sair fora de vista em uma curva da trilha. “O que eu não faria com uma mulher dessas.”
“Meu Deus,” Autumn disse. “Vocês podem parar de ficar babando? Parece que nunca viram uma garota andar a cavalo antes.”
Os homens encaravam o lugar em que Liada estava a alguns segundos atrás.
“Ah, eu já vi garotas andando a cavalo antes,” Lojab disse. "Mas precisavam de um cara para ajudá-las a montar, e isso com a ajuda de um estribo. E conforme o cavalo corria, elas iam pra cima e pra baixo igual a bolas de basquete só que com rabo de cavalo.”
“A Liada simplesmente desliza,” Kawalski disse, “e ela cavalga como se fosse parte do cavalo.”
“Autumn,” Kady disse, “você acha que esses caras já tiveram algum encontro com uma mulher de verdade?”
“Claro, com uma mulher inflável de verdade,” Autumn disse.
“Sim, 8,95 no eBay,” Kady disse.
“É só encher de ar, e ela já está pronta,” Autumn disse. “Sem pagar bebidas, ou jantar; apenas pular na cama.”
“Ah é?” Lojab disse. “E o jeito que vocês garotas ficam doidas por causa daquele oficial alto, feio feito um porco, o de Chapeuzinho Vermelho?”
“Uuuh, Rocrainium,” as quatro mulheres disseram ao mesmo tempo, e começaram a dar risada.
“Rocrainium?” Kawalski disse. “Como sabem o nome dele?”
“Ah, nós temos meios para descobrir.” Autumn fez alguns sinais de onda com as mãos, e as outras fizeram o mesmo, seguindo com mais risadas.
“Ei,” Lojab disse, “ela está vindo.”
Liada vinha m direção a eles na lateral da trilha, passando por um rebanho de gado. Ela era seguida por uma carroça puxada por bois. Rapidamente, eles pararam em frente do caixote de armas e Liada desceu do cavalo.
Alexander foi olhar a carroça; estava vazia. Ele olhou para a mulher que estava lá. Ela permaneceu com os braços cruzados, olhando fixamente para ele. Então ele viu a bandagem em seu braço e se lembrou do corte profundo que eles trataram.
“A ferida de espada,” sussurrou.
Kawalski foi até o lado da carroça. “Olá.”
A mulher olhou para Kawalski, e seu rosto se iluminou. Ela se ajoelhou na carroça e esticou seu braço para ele ver. Ela disse alguma coisa, mas ele não entendeu.
“Sim, parece que está tudo bem.” Ele correu os dedos pela bandagem.
Ela falou novamente.
“Ei, Apache,” Kawalski disse, “vem aqui me dizer o que ela está falando.”
Autumn e Liada foram para ficar ao lado de Kawalski. A mulher disse algo para Liada, que sinalizou para ela, e então para Kawalski. Liada tocou dois dedos em seus lábios, em seguida em seu peito, e apontou para ele.
“Ela quer te agradecer por cuidar do braço dela,” Autumn disse.
“Como se diz, ‘De nada?’”
“Toque seu coração, então estenda sua mão, com a palma para cima.”
Kawalski fez o sinal para ela. Ela sorriu e disse alguma outra. Kawalski olhou para Autumn, que olhou então para Liada.
Liada disse para a mulher, “Kawalski.”
“Kalski,” ela disse. E sem olhar para o sargento, ela apontou para ele e fez uma pergunta para Liada.
“Sargento,” Liada disse.
A mulher falou com Liada, que deu risada. A mulher disse a mesma coisa novamente, junto com a palavra “Sargento” duas vezes.
Liada deu de ombros e falou com Autumn. “Cateri diz Sargento, um…” Ela fez mais alguns sinais.
Autumn sorriu. “Cateri, eu gosto desse nome. Sargento, Kawalski, conheçam Cateri.”
“O que a Cateri tem a dizer sobre mim?” Alexander perguntou.
“Bom,” Autumn disse, “ela disse que você pode colocar sua caixa na carroça dela, e acompanhar andando.”
“Maravilha. Diga a ela que a caixa é do Kawalski. Ela vai descer, ajudar a colocar a caixa, e provavelmente deixar ele dirigir.”
“Ok,” Autumn falou com Cateri. “O sargento disse que vai ser uma maravilha.”
“Ah, tanto faz,” Alexander disse.
“Ok,” Liada disse, e em seguida falou com Cateri.
“Ok,” Cateri disse. Ela apontou para Alexander, e depois para a caixa de armas.
“Certo,” o sargento disse, “vocês ouviram a chefe, vamos carregar.”
Enquanto eles subiam o caixote, Liada subiu em seu cavalo.
“Eu acho que a Cateri gosta de você, Sargento,” Kawalski disse enquanto empurravam a caixa para dentro da carroça.
“Sério? Se é assim que ela se comporta gostando de mim, como ela me trataria se me odiasse?”
Lojab caminhou até Liada e segurou o freio de seu cavalo. “Como você está, docinho?”
Liada sorriu para ele, e então olhou para Autumn.
Autumn, parada atrás de Lojab, colocou a língua para fora e fez uma cara de nojo. Depois levantou seu pé como se fosse chutar a bunda de Lojab.
Liada deu risada.
Lojab resmungou com o sorriso de Autumn. "Pergunte a ela onde as pessoas vão para tomar uns drinks,” ele disse.
“Ok,” Autumn respondeu. “Fique de olho nela para ver o que ela acha.”
Lojab olhou para Liada. Autumn apontou o dedo indicador da mão direita para Liada, e o da mão esquerda para Lojab. Ela colocou os dois dedos juntos, um em cima do outro, e ficou balançando eles para cima e para baixo . Por fim, ela fez que balançava um bebê em seus braços.
Liada enrugou sua testa por um momento, mas depois seu rosto ficou mais leve e ela deu risada.
Os outros, que assistiam a pantomima, se esforçavam para não dar risada.
“Qual é a graça?” Lojab olhou para Autumn, e depois para os outros que tentavam se controlar. Até Cateri reconheceu a graça.
“Autumn,” Liada disse e sinalizou para que fosse até ela.
Ela se abaixou para perguntar algo , e depois Autumn sussurrou para ela.
Liada sorriu. “Kawalski,” ela disse e deu uns tapas nas costas do cavalo, atrás dela. “Carona?”
Kawalski olhou para ela, apontou para seu peito, e então para ela.
Ela balançou a cabeça.
“Toma.” Kawalski entregou seu rifle para Autumn. “Segura isso.”
Ele tentou jogar a perna pelas costas do cavalo mas não conseguiu. Liada ofereceu sua mão. Ele segurou e se puxou para cima, atrás dela.
“Pega,” Autumn disse, jogando o rifle para ele.
Liada olhou para ele enquanto ele pendurava a espingarda sobre o ombro.
“Ok,” Kawalski disse.
Ela bateu os calcanhares na barriga do cavalo. Quando o cavalo saltou para frente, Kawalski quase caiu para trás, mas ele agarrou Liada pela cintura para se segurar.
“Aquele filho da mãe magrelo,” Lojab disse. “O que é que ela viu nele?”
Autumn deu de ombros, e ligou o seu comunicador. “Ei, Kawalski.”
“O-o-o-quê?”
“Você está quicando”
“Que dr-o-o-o-oga.”
Os demais deram risada.
Alexander observou Liada e Kawalski saírem de vista, por uma curva na trilha. “Cateri,” ele disse.
Ela olhou para ele.
“Eu acho que isso é seu.”
Ele puxou o chicote do seu bolso e jogou para ela. Ela agarrou o chicote e o desenrolou do cabo sem tirar os olhos dele. Alexander então deu um passo para trás, e ela sorriu e estalou o chicote sobre a cabeça dos dois bois. Como eles não se mexeram, ela bateu as rédeas em seus traseiros. Os bois se abaixaram em protesto mas depois avançaram. O pelotão ia atrás da carroça.

* * * * *

Liada diminuiu a velocidade quando chegaram às carroças de suprimentos.
“O que tem naqueles baús?” Kawalski disse, apontando para quatro caixas de madeira em uma das carroças.
Liada olhou para as caixas e disse alguma coisa para ele.
“Ei, Apache,” ele disse no comunicador. “Como se diz, ‘O que tem naquelas caixas?’ em linguagem de sinais?”
“Desculpa, homem branco, você está sozinho.”
“Nossa, obrigado. Seja o que for, deve ser valioso. Tem seis soldados atrás, e seis na frente.”
Liada continuou a falar e apontar coisas enquanto eles passavam por uma carroça cheia de carnes, jarros de vinhotâmara, e fardos de pele. Quando chegaram às carroças carregadas com jarros de barro cheios de grãos, eles ouviram três toques curtos de uma trombeta. Liada pôs seu cavalo para galopar, e logo eles ouviram gritos em algum lugar a frente. Chegando perto da curva na trilha, eles viram que o comboio estava sob ataque.
“Cachorros!” Kawalski gritou no comunicador. Ele e Liada desceram do cavalo enquanto ela pegava seu arco e flecha, então ele puxou seu rifle e abriu fogo.
“Quantos?” Alexander perguntou enquanto ele e os outros corriam.
“Muitos!”
Kawalski atirou em um dos assaltantes que corria em sua direção, balançando uma espada. A bala atingiu o homem no peito, fazendo com que ele virasse para o lado e caísse no chão.
Liada disse alguma coisa, e Kawalski olhou para ela. Ela curvou seu arco e deixou a flecha voar. Ele acompanhou a trajetória da flecha para vê-la atingir um saqueador no peito. Ele caiu, agarrando o cabo da flecha.
Mais deles saíam da mata, ao longo de toda a trilha. Os soldados corriam para atacá-los, usando suas lanças primeiro, e quando estavam perto, golpeando com suas espadas.
“Kawalski!” Liada gritou.
Ele viu mais dois saqueadores vindo da mata no outro lado da trilha e atirou em dois homens que haviam subido em uma carroça. Ele inclinou seu rifle para a esquerda, mirando em outros três que corriam em sua direção, mas quando ele puxou o gatilho, o carregador estava vazio.
“Liada!” ele gritou. “Aqui!”
Ele retirou o carregador vazio e pegou outro em seu cinto. Liada lançou uma flecha, atingindo o pescoço de um dos homens.
Kawalski apertou o pino, empurrando um cartucho para dentro do compartimento, mas os dois homens estavam quase em cima deles. Então ele decidiu largar o rifle e pegar sua pistola Sig.
Liada atirou sua última flecha, atingindo um homem no lado, mas ele continuava indo.
Kawalski disparou um tiro, matando o outro homem.
Liada pegou o rifle do chão e o usou para bloquear a espada que ia até a cabeça de Kawalski. Kawalski então agarrou a espada do invasor, empurrou sua pistola no estômago do homem, e atirou. O homem tropeçou para trás, abraçando seu estômago.
Kawalski arrancou a espada da mão do moribundo e a levantou para afastar outro bandido que apontava um machado para ele. Ele ouviu Liada gritar, mas ele não podia respondê-la—o homem com o machado vinha para cima dele de novo. Kawalski ergueu a espada, mirando no pescoço do homem, mas atingiu seu braço, fazendo o machado ir ao chão. Enquanto o homem lutava pelo machado, Kawalski sentiu um golpe em suas costas. Ele cambaleou, derrubando sua pistola.
Liada agarrou o rifle pelo cano, e usando-o como um bastão, ela se defendeu de outro atacante.
Um assaltante foi até Kawalski, com uma espada cheia de sangue. Kawalski ergueu sua espada para bloquear o golpe. As duas espadas se chocaram. Kawalski perdeu o controle sobre a espada e caiu de joelhos. Ele alcançou a faca em seu cinto enquanto o assaltante levantava a espada para mais um golpe.
Liada balançou o rifle, atingindo o homem por trás em sua cabeça.
Kawalski se desviou enquanto ele caia. Enquanto ficava de joelhos, ele viu um saqueador indo até Liada por trás. Ele pegou sua pistola da terra e disparou duas vezes, atingindo o homem na perna com seu segundo tiro. Quando o homem caiu, Liada o golpeou com o rifle.
Mais assaltantes saiam da mata, gritando e golpeando com suas armas.
Liada largou o rifle e pegou uma espada cheia de sangue no chão. Sem tempo para chegar até seu rifle, Kawalski agarrou Liada pelo braço, puxando ela para perto.
“De costas,” ele disse e colocou ela com as costas junto às suas. “Vamos levar alguns com a gente.”
Liada disse algo, e ele soube que ela havia entendido.
Conforme os saqueadores vinham de todos os lados, Kawalski atingiu mais dois com sua pistola. Ele tirou o carregador vazio e enfiou outro no compartimento, mas antes que ele pudesse atirar, ele ouviu uma salva de tiros.
“Lá vem a cavalaria!” Kawalski gritou.
Liada deu um grito. Kawalski atirou por cima do ombro dela, matando um homem que estava quase em cima deles.
“Kawalski!” Alexander disse no comunicador. “Para a terra!”
Kawalski envolveu Liada em seus braços, puxando ela para o chão. Balas voavam por suas cabeças enquanto o pelotão de Alexander derrubava os assaltantes.
Eles não estavam com tanto medo dos disparos quanto estavam no dia anterior, mas quando eles viram tantos de seus homens caindo pelos tiros, alguns deles correram para a floresta. Logo, todos estavam em retirada, com alguns feridos mancando atrás deles. Esses eram aniquilados pelos soldados que irrompiam no campo de batalha de todas as direções.
Kawalski ficou de joelhos e ajudou Liada a se levantar. Ele colocou seu cabelo para trás e limpou a sujeira de seu rosto.
“Você se machucou?”
Ela sorriu enquanto ele procurava por feridas. Havia muitos cortes e hematomas em seu rosto e braços, mas nada sério. Suas mãos estavam cheias de sangue, mas era dos invasores. A saia de sua túnica estava rasgada no lateral, da cintura até o joelho, mas sua perna estava apenas arranhada.
Kawalski tentou ficar em pé, mas caiu de joelhos novamente. “Acho que estou um pouco zonzo.”
Liada colocou as mãos em seu pescoço, conferindo se havia feridas. Ela passou as mãos pelos seus ombros, pelos braços e ao redor de sua cintura. Ela soltou uma exclamação quando viu sangue fresco em sua mão. Ela examinou suas costas.
Ele a ouviu dizer algo enquanto colocava o braço ao redor de seus ombros para deitá-lo no chão. Ela ficou ao seu lado, inclinou-se perto de sua boca, e falou no microfone do capacete.
“Autumn, Autumn!”
“Estou chegando,” Autumn disse correndo em direção a eles.
Ela ficou de joelhos, colocou os dedos no rasgo ensanguentado da camiseta de Kawalski, e puxou para rasgar mais. Autumn respirou fundo. “Que droga, Kawalski.”
“O que…” Ele desmaiou.

Capítulo Oito
“Alguém está sentindo falta de um cinto?” Sharakova perguntou no comunicador.
“Não.”
“Não.”
“Não,” Alexander respondeu. “Por quê?”
“Estou vendo um cinto em um dos cachorros mortos.”
“Que tipo de cinto?”
“Americano. Edição do exército,” Sharakova disse. “Igualzinho ao que estou usando.”
“Onde você está, Sharakova?” Alexander perguntou.
“Uns noventa metros a frente, à esquerda.”
“Não deixe que peguem os pertences dele antes de eu chegar aí.”
“Certo, Sargento.”
Alguns minutos depois, os demais assistiam o sargento tirar o cinto do homem morto. Ele examinou, então entregou para Joaquin.
“Tem que ser o cinto do capitão,” Joaquin disse.
“Você acha que capturaram ele?” Kady perguntou.
Alexander encarou o cinto por um segundo. “Não tenho ideia.”
“Precisamos da Apache,” Joaquin disse.
“E Liada,” Kady Sharakova completou.
“Ei, Eaglemoon,” Alexander disse no comunicador. “Onde vocês estão?”
Sem resposta.
“Ela deve estar sem o capacete,” Lojab disse.
“Eles colocaram o Kawalski na carroça da Cateri,” Lori disse, “e levaram ele para o campo principal, pelo rio.”
Alexander olhou ao redor, observando as mulheres e crianças pegarem as roupas dos mortos. “Vamos dar o fora daqui antes que eles venham até a gente.”

* * * * *

No campo principal, Alexander fez uma contagem e viu que todos estavam presentes.
“Não se afastem, pessoal. Vamos permanecer juntos até descobrirmos o que vai acontecer.”
Ele caminhou até a sombra de uma árvore e sentou ao lado de Kawalski, que estava enrolado em um cobertor térmico Mylar. Autumn estava lá, ajoelhada ao lado do inconsciente Kawalski, checando sua pressão arterial. Liada e Tin Tin Ban Sunia estavam atrás dela, observando tudo que ela fazia.
Lojab pegou um maço de Marlboro no bolso de sua jaqueta e se encostou em uma árvore enquanto acendia. Ele exalava fumaça pelo nariz e observava as pessoas ao redor de Kawalski.
“O que você acha, Eaglemoon?” Alexander tirou seu capacete e correu a mão pela cabeça.
Ela tirou o estetoscópio do ouvido e entregou-o para Liada. “Ele perdeu muito sangue, e a ferida é profunda. Nós limpamos e demos pontos, e eu dei a ele uma dose de morfina.”
Liada colocou o estetoscópio no ouvido como ela havia visto Autumn fazer, em seguida abriu o cobertor e colocou a ponta em baixo da camisa desabotoada de Kawalski. Seus olhos arregalaram com o som das batidas de coração. Autumn havia se acostumado a usar as mãos enquanto falava, para incluir Liada e Tin Tin. As duas mulheres pareciam acompanhar a conversa, pelo menos até certo ponto.
“A pressão arterial está boa, e o pulso está normal.” Autumn ficou quieta por um momento enquanto assistia Tin Tin tentar usar o estetoscópio. “Eu acho que não houve dano em nenhum órgão. Parece que a espada passou por baixo da borda do colete à prova de balas e perfurou até o fim, logo acima do osso do quadril.”
“Você fez tudo que podia por ele,” Alexander disse. “Quando o efeito da morfina passar, provavelmente ele vai acordar.” Ele entregou o cinto para Autumn. “Precisamos da ajuda de Liada com isso.”
“De quem é?”
“Nós pegamos de um dos assaltantes mortos.” Alexander a observava compreender a suspeita.
“Ai, meu Deus! O capitão.”
“Ele podem ter aprisionado ele, ou–”
“Liada,” Autumn disse.
Liada olhou para ela.
“Este cinto,” ela o estendeu para Liada, “é igual o meu.” Autumn mostrou o que estava em sua cintura. “E o do Kawalski.” Ela apontou para Kawalski. “E o do Sargento.”
Alexander mostrou seu cinto para ela.
“Mas este aqui, nosso homem está perdido.”
“Perdido?” Liada perguntou.
“Sim,” Autumn respondeu. “Nosso homem, igual ao Rocrainium.”
Tin Tin removeu o estetoscópio dos ouvidos. “Rocrainium?”
Alexander olhou por sua tropa. “Spiros, nos ajude com a Tin Tin.”
O Soldado Zorba Spiros ajoelhou ao lado de Autumn. “E aí?”
“Estou tentando falar para ela que o capitão Sanders é um oficial igual ao Rocrainium.”
Spiros falou com Tin Tin usando seu grego falho. Ela pegou o cinto de Liada.
“Vocês homem Rocrainium?” Tin Tin perguntou para Autumn.
“Sim.”
“Ele perdido para vocês?”
Autumn fez que sim.
“Cinto vem onde?”
“Um dos saqueadores estava com o cinto do nosso Rocrainium.”
Ela tentou usar sinais e movimento para indicar a batalha e os assaltantes mortos. Spiros ajudou como podia.
“Vocontii,” Tin Tin disse para Liada, e mais alguma coisa.
Liada concordou. “Vocontii.”
Tin Tin e Liada conversaram por um minuto.
“Um, aquele bandidos lá…” Liada tentou sinalizar o que ela queria dizer.
“Os bandidos são Vocontii?” Autumn perguntou.
“Sim, sim,” Liada e Tin Tin disseram juntas. “Vocontii.”
Autumn observou as mulheres enquanto elas falavam mais alguma coisa.
“Autumn espera com Kawalski,” Liada disse conforme ela e Tin Tin se levantavam.
“Certo.”
Tin Tin entregou o estetoscópio para Autumn, em seguida as duas correram para o outro lado do acampamento.
“Autumn,” Alexander disse, “pelo que eu vi daqueles…como eles se chamam?”
“Vocontii.”
“Pelo que eu vi deles, não acho que deveríamos ter muita esperança de encontrar o capitão Sanders vivo.”
“Você não deixaria ele para trás, deixaria, Sargento?” Ela se aproximou para tocar seu braço. “Nem se a esperança for mínima.”
“Abandone ele,” Lojab disse. “Ele consegue se virar sozinho.” E cuspiu no chão. “Nós precisamos dar o fora aqui.”
“Não.” Alexander encarou Lojab por um segundo, então se virou para Autumn. “Eu nunca deixaria ninguém para trás, assim como o capitão jamais nos deixaria. Mas esses Vocontii são tão primitivos e brutais, não consigo ver alguma razão para eles o manterem vivo. Se eles estiverem segurando ele por um resgate…” Ele olhou pelo ombro de Autumn, então apontou para aquela direção.
“Ah, não,” Autumn disse. “É o Rocrainium.” Ela ficou de pé e tentou se limpar. Tin Tin e Liada caminhavam ao lado dele. “Elas acharam que eu estava falando dele.”
“Bom,” Lojab disse, “isso vai ser interessante.”
As duas mulheres quase tinham que correr para alcançar a passada larga de Rocrainium. Logo, eles pararam diante de Alexander e Autumn.
“Autumn, Sargento,” Liada disse, apontando para eles. “Rocrainium.”
Alexander era alto, um pouco maior que um metro e oitenta, e ele precisava olhar para cima para ver Rocrainium. Ele esticou sua mão.
“Sargento,” Rocrainium disse. Ele sorriu e se aproximou para apertar as mãos. Depois ele disse, “Autumn” e apertou a mão dela também.
“Um, Rocrainium,” Liada disse, “ir…” Ela tentou sinalizar mas não estava conseguindo. Ela perguntou alguma coisa para Tin Tin Ban Sunia.
“Rocrainium,” Tin Tin disse, “ir soldados vocês Rocrainium.”
“Você quer dizer,” Autumn disse, “que seus soldados vão procurar nosso Rocrainium?” Isto foi dito com sinais tanto quanto com palavras.
“Sim, ir agora.”
“Ah, que bom.” Havia um alívio óbvio no rosto de Autumn. “Obrigada, Rocrainium.” Ela segurou a mão dele com ambas as suas mãos. “Muito obrigada. Mal posso te dizer o quão aliviada eu estou. Nosso capitão—”
“Eaglemoon,” o sargento disse, “você está forçando a barra.”
“Ah.” Ela recolheu as mãos. “Desculpa.” Seu rosto ficou vermelho sob o bronzeado. “Sinto muito. Eu não sei o que–”
“Apenas cale a boca,” Alexander disse.
Ele tocou seu coração, então esticou sua mão, palma para cima. Rocrainium respondeu com uma palavra, então olhou ao redor procurando por alguém. Seis dos jovens com capa escarlate vinham atrás de Rocrainium, e agora estavam parados por perto. Ele apontou para dois deles, e quando eles se aproximaram, Rocrainium deu a eles algumas instruções.
Os dois homens olharam rapidamente para Autumn, e depois saudaram Rocrainium com os punhos no peito. Eles se apressaram para seguir as ordens.
“Eles devem ser oficiais júnior,” Alexander disse.
“Provavelmente,” Autumn disse.
“Nós ir,” Tin Tin disse, “encontrar vocês homem.”
Autumn tocou seu coração, então esticou sua mão, palma para cima. “Obrigada.”
“Aquela Tin Tin é brilhante” Alexander disse enquanto ele e Autumn caminhavam de volta para Kawalski.
“Sim, as duas são.” Autumn ajoelhou ao lado de Kawalski. “Elas aprendem a nossa linguagem e nossos modos mais rápido do que eu aprendo o delas.” Ela checou a bandagem na ferida dele.
“Você acha que nós precisamos trocar a bandagem do braço da Cateri?” Alexander perguntou.
Autumn olhou para ele. “Sim, acho que você deveria checar.” Ela sorriu.
“Esse sorrisinho é desnecessário, e eu checaria a bandagem se eu não achasse que ela vai usar o chicote em mim.”
“Ela só te acertou ontem porque ela achou que você estava tentando tomar a carroça dela.”
“Ei, olha só aquilo,” Alexander disse.
Autumn viu duas colunas de soldados da cavalaria deixando o campo; uma indo para o sul, ao outra para o norte. Cada grupo era liderado por um dos jovens oficiais.
“Uau,” Autumn disse. “Eles falaram sério sobre encontrar o capitão Sanders.”
“Eu acho que o Rocrainium é o segundo no comando,” Alexander disse. “E aquele outro oficial que nós vimos ontem no cavalo preto deve ser o chefe.”
“Eu me pergunto qual o nome dele.”
“Você vai ter que perguntar para Tin Tin. Aqueles Vocontii devem ser uma ameaça constante. Eles atacaram duas vezes nos últimos dois dias, e cada vez que nós os derrotamos, eles correm para a mata, e se reagrupam para outro assalto.”
“Como guerrilheiros.”
“O que teria acontecido na batalha de hoje se não estivéssemos lá?” Alexander perguntou.
“Devem haver mais de quinhentos deles, e com os soldados e carroças espalhados em fila, os assaltantes são muito eficazes.”
“Eles apenas pegam tudo o que conseguem das carroças,” Alexander disse, “e quando os soldados e a cavalaria chegam, eles fogem com qualquer coisa que possam carregar.”
“Você percebeu que essas pessoas usam um tipo de trombeta para alertar todo mundo?”
“Sim.” Alexander observava Autumn ajustar o cobertor ao redor dos ombros de Kawalski. “Eu acho que três disparos significa, ‘Estamos sob ataque.’”

* * * * *

Eles não tiveram notícias do capitão Sanders pelo resto do dia.
O pelotão se estabeleceu em uma rotina, e, permanecendo em pequenos grupos, eles exploraram o campo. As pessoas que seguiam o acampamento haviam organizado um mercado rudimentar em uma seção perto do centro do campo. Depois do almoço, Joaquin, Sparks, Karina e Sharakova partiram em direção ao mercado para ver o que tinham a oferecer.
“Ei,” Lojab gritou atrás deles, “onde vocês estão indo?”
“Ao mercado,” Sparks respondeu.
“Cala a boca, Sparks,” Sharakova sussurrou.
“Legal,” Lojab disse, “Eu vou com vocês.”
“Maravilha,” Sharakova sussurrou para Karina. “O presente de Deus para a Sétima Cavalaria irá nos agraciar com sua personalidade brilhante e sua ofuscante astúcia.”
“Se eu der um tiro nele,” Karina disse, “você acha que o sargento me mandaria para o Conselho de Guerra?”
“Conselho de Guerra?” Sharakova disse. “Caramba, você ganharia uma medalha de honra.”
Elas ainda estavam rindo quando Lojab as alcançou. “Qual é a graça?”
“Você, jumento,” Sharakova disse.
“Vai à merda, Sharakova.”
“Vai você, Lojab.”
Eles passaram por uma sessão do acampamento ocupada pela cavalaria, onde os soldados escovavam seus cavalos e consertavam os adereços de couro. Depois da cavalaria estavam os fundeiros que praticavam com suas fundas. As bolsas em seus cintos continham pedras, pedaços de ferro, e grumos de chumbo.
“Lá está o mercado.” Sparks apontou para um bosque logo a frente.
Sob a sombra de carvalhos, o mercado estava lotado de pessoas comprando, vendendo, negociando, e trocando sacos de grãos por carne, panos, e ferramentas manuais.
Os cinco soldados passaram por um caminho sinuoso entre duas fileiras de mercadores que tinham suas mercadorias dispostas no chão.
“Ei, gente,” Karina disse, “olhem só aquilo.” Ela apontou para uma mulher comprando carne.
“É nosso latão,” Sparks disse.
“Não me diga, Sherlock Holmes,” Sharakova disse.
A mulher contava alguns cartuchos usados que o pelotão havia deixado no chão após a batalha.
“Ela está usando aquilo como dinheiro,” Karina disse.
“Três,” Joaquin disse. “O que ela conseguiu com três cartuchos?”
“Parece que uns 2 quilos de carne,” Karina disse.
Eles continuaram andando, procurando por mais latão.
“Olha só.”
Sparks apontou para um homem negociando com uma mulher que tinha queijo e ovos espalhados em um tecido branco. Ele a ofereceu um cartucho por um pedaço grande de queijo. A mulher balançou a cabeça, em seguida usou sua faca para medir mais ou menos metade do queijo. O homem disse alguma coisa, e ela mediu um pouco mais. Ele jogou o cartucho no tecido branco. Ela cortou o pedaço de queijo e o estendeu com um sorriso.
“Essas pessoas são um bando de idiotas,” Lojab disse, “tentando transformar nosso latão em dinheiro.”
“Parece que está funcionando muito bem,” Karina disse.
“Ei.” Lojab fungou o ar. “Vocês estão sentindo esse cheiro?”
“Sinto cheiro de fumaça,” Sharakova disse.
“Ta, legal,” Lojab disse. “Alguém está fumando maconha.”
“Bom, se alguém pode detectar marijuana no ar, seria você.”
“Vamos, é nessa direção.”
“Esquece, Lojab,” Sharakova disse. “Não precisamos ficar procurando encrenca.”
“Eu só quero ver se conseguimos comprar um pouco.”
“Estamos em serviço, seu estúpido.”
“Ele não pode nos manter em serviço vinte e quatro horas por dia.”
“Não, mas agora, nós estamos em serviço.”
“O que o Sargento não vê ninguém sente.”
Lojab caminhou por uma encosta em direção a um pequeno riacho. Os outros quatro soldados permaneceram observando ele por um momento.
“Eu não gosto disso,” Joaquin disse.
“Deixa ele,” Sparks disse. “Talvez ele aprenda uma lição.”
Lojab foi pela encosta, entrou em uma curva e saiu de vista.
“Vamos,” Sharakova disse, “se a gente não cuidar dele, ele vai acabar perdendo as bolas.”

Capítulo Nove
Quando eles alcançaram Lojab, ele estava parado na beira de um grupo de trinta soldados que estavam em círculo, assistindo dois homens lutarem. Eles riam e gritavam, berrando para os lutadores.
“A fumaça que tem aqui é o suficiente para deixar um elefante chapado,” Joaquin disse.
Os homens passavam pequenas tigelas pelo círculo. Cada homem inalava fundo em uma tigela, e depois passava para o próximo. As tigelas de barro estavam cheias com folhas de maconha fumegantes.
“Se importa se eu experimentar?” Lojab disse para um dos soldados.
O soldado o olhou de cima a baixo, murmurou alguma coisa, e então o empurrou para trás, em cima de Sparks.
Karina ligou seu comunicador. “Ei, Sargento. Está online?”
“Sim, o que foi?”
“Talvez tenhamos um pequeno confronto aqui.”
“Onde vocês estão?”
“Na mata, para baixo do mercado.”
“O que diabos vocês estão fazendo ai embaixo?”
Lojab desembainhou seu rifle, mas antes que ele conseguisse levantá-lo, dois soldados o agarraram, enquanto outro homem tomou seu rifle.
“Nós podemos discutir isso depois,” Karina disse. “Vamos precisar de ajuda.”
“Ok. Quantos devo levar comigo?”
Karina olhou para os soldados; os homens pareciam estar prontos para entrar em uma boa briga. “Que tal todo mundo?”
“Estaremos aí em dez minutos.”
Os dois soldados jogaram Lojab no ringue e o seguraram enquanto um homem grande e cabeludo saía da aglomeração para socar ele no estômago.
“Ei, seu filho da mãe horroroso,” Sharakova disse, “deixa disso.”
Ela entrou no ringue, segurando seu rifle. O homem olhou para a jovem mulher por um momento, e então deu risada dela.
Ela foi na direção dele. “Você me acha engraçada, Cara Peluda?”
“Ah, Deus,” Sparks disse, “e lá vamos nós.”
Cara Peluda puxou uma espada de quase um metro de seu cinto e sorriu para Sharakova enquanto a exibia.
“Sim, estou vendo a sua faquinha. Você viu meu rifle?” Ela o girou e apoiou o cabo no chão ao lado seu pé direito. “É sua hora, querido.”
Lojab tentou escapar, mas os dois homens o seguraram firme, puxando seus braços para as costas.
Cara Peluda moveu sua espada para o pescoço deSharakova. Ela se abaixou sobre um dos joelhos e ergueu seu rifle para bloquear o golpe. Quando a espada bateu no receptor do rifle, ela pulou, segurando o rifle em sua frente.
O homem então puxou a espada de volta tentando um golpe em seu coração. Sharakova empurrou a espada e avançou para atingi-lo no peito com o cabo do rifle. Enquanto o homem cambaleava, Sparks pegou sua baioneta e colocou no cano do seu rifle. Karina e Joaquin fizeram o mesmo. Alguns dos homens os viram e puxaram suas espadas.
Cara Peluda rondava Sharakova, balançando sua espada. Ela manteve os olhos nele. De repente, um dos soldados que estavam em volta se ajoelhou atrás dela e puxou seu pés, fazendo ela dar com a cara no chão.
Sparks correu e encostou sua baioneta no braço do homem. “Se afaste!”
O homem soltou Sharakova e rastejou para trás. Ela rolou e ficou de pé. Olhou então para seu rifle, jogado na sujeira, a três metros de distância. Cara Peluda também olhou para o rifle, sorriu e avançou até ela.
“Aqui!” Karina jogou seu rifle para Sharakova, que o pegou e apontou a ponta afiada da baioneta para o homem.
“Você quer ter um gostinho disso?” ela provocou.
Karina ajoelhou para pegar o rifle de Sharakova, mantendo os olhos em Cara Peluda. Joaquin entrou no ringue e ficou ao lado de Karina, seu rifle preparado. Sparks foi para o lado de Lojab. Agora todos os cinco soldados da Sétima estavam dentro de um círculo com trinta soldados de infantaria.
Cara peluda olhou para Sharakova por um segundo, disse algo, e jogou sua espada no chão. Ele bateu no peito, gritando como um gorila.
“Ah, você quer uma luta corpo a corpo, não é? Ok.” Sharakova largou seu rifle no chão e se afastou dele. “Pode vir, então, vamos nessa.”
Ele correu até ela, agarrando seu pescoço com as duas mãos. Ela empurrou seus braços entre os braços dele e abaixou os cotovelos para quebrar a força do golpe, então, em uma continuação suave do movimento, ela segurou os pulsos dele, colocou seu pé atrás do dele, e o empurrou para perder o equilíbrio.
Ele caiu no chão mas pulou, girando seu punho sobre a cabeça dela. Ela deu um passo no movimento dele, agarrou o braço, e o jogou no chão novamente.
Ele levantou, rugindo de raiva, e avançou nela. Ela deu um giro, levantando o pé direito, chutando ele nas costelas. Mas o golpe não teve efeito nele. Ele então agarrou seu pé, o torceu, e atirou ela no chão.
Os homens gritavam e torciam, berrando para os lutadores.
Sharakova ficou em pé em um pulo e avançou nele, golpeando-o no rosto com dois socos rápidos, fazendo seu nariz sangrar. Ele passou a mão pelo nariz e olhou o sangue em seus dedos, em seguida se jogou para cima ela. Sharakova foi com seu pulso para o estômago dele, mas ele foi para o lado, agarrou o braço dela, e a girou. Ele envolveu os braços ao redor de sua cintura, levantando-a do chão. Seus braços ficaram presos entre as mãos dele conforme ele espremia a vida dela. Ela se contorceu e conseguiu soltar o braço direito, então agarrou sua pistola, engatilhou, e a pressionou em suas costas e na direção dele.
Um tiro alto assustou a todos.
Alexander segurava sua pistola soltando fumaça para cima. Ele abaixou a pistola e a apontou para Cara Peluda.
“Solte ela.”
Todos os soldados sabiam o que a arma podia fazer—eles haviam visto o que causou nos saqueadores. Cara Peluda soltou Kady, encarando Alexander.
“Apache,” Alexander disse.
“Sim, bem atrás de você.”
“Veja se você consegue se comunicar com este macaco e acalmar as coisas.”
Autumn foi para a frente e jogou seu rifle sobre o ombro. Ela encarou Cara Peluda por um momento, e começou a falar. “Eu sou Autumn Eaglemoon. Nós somos a Sétima Cavalaria. Nós viemos aqui pelo céu.” Ela usava linguagem de sinais, esperando que ele entenderia um pouco do que ela estava dizendo. “Não desejamos mal a vocês, mas se não pararem de brigar, nós vamos atirar até no último de vocês seus bastardos.” Ela levantou seu dedão e dedo indicador como se fosse uma pistola, e então apontou para cada homem no círculo. “Bang, bang, bang, bang.”
“Um, Eaglemoon,” Alexander disse, “Eu estava pensando mais na linha de um pouco de diplomacia.”
“Você sabe algum sinal para ‘diplomacia,’ Sargento?”
“Não, mas—”
Cara Peluda armou sua mão e apontou para Autumn. “Bang, bang?”
“Isso mesmo,” Autumn disse. “Bang, bang.”
Ele disparou a rir e foi até Autumn. Ela deu um paço para trás, mas ele esticou sua mão em um gesto amigável. Ela hesitou, mas se aproximou dele.
Ele apertou sua mão e disse uma série de palavras, terminando com “Hagar.”
“Hagar?”
Cara Peluda fez que sim. Ele limpou o sangue de seu nariz, então bateu o punho no peito. “Hagar.”
“Certo, Hagar.” Ela tirou sua mão do aperto dele. “Apache.” Ela deu um tapa em seu peito.
“Apache,” ele disse, então chamou um dos seus homens.
O homem se aproximou, e Hagar pegou uma das tigelas de suas mãos. Ele ofereceu a tigela para Autumn. Ela olhou para a tigela e balançou a cabeça.
“Eu preferia algo para beber.” Ela fez um movimento de beber.
Hagar gritou um comando. Logo, uma mulher se apareceu com um jarro de barro e duas tigelas para beber. Ela ofereceu uma tigela para cada um deles, então despejou um líquido escuro do jarro.
Autumn deu um gole da tigela, em seguida estalou os lábios e sorriu.
“Vinho.” Ela estendeu a tigela para Hagar.
Ele bateu sua tigela na dela, depois engoliu todo o seu vinho. Ela tomou outro gole, e depois bebeu a tigela inteira. Eles estenderam as tigelas vazias para a mulher, e ela as encheu novamente.
Autumn apontou para Lojab, que ainda estava sendo segurado por dois soldados. “Que tal eles o soltarem?”
Hagar olhou para onde ela apontou, então fez um gesto impaciente em direção aos dois homens. Eles soltaram Lojab. Ele cambaleou para frente, se equilibrou, e então se limpou.
Autumn fez um brinde com Hagar. “Diplomacia!”
“Apache!”
Os dois esvaziaram suas tigelas.
“Pega leve,” Alexander disse, “você sabe que não aguenta sua aguardente.”
Lojab pegou seu rifle e foi em direção a Sharakova. “Você não consegue cuidar da sua vida? Eu tinha a situação sob controle até você ficar maluca”
“Ah sim, estava sob controle. Eu vi quando você atacou o punho daquele cara com seu estômago.”
“Se o Sargento não tivesse aparecido para salvar a sua pele,” Lojab disse, “você estaria morta.”
“Uh-huh. Bom, da próxima vez que você quiser ficar chapado, se jogue em baixo de um elefante,” ela disse enquanto trocava de rifle com Karina.

* * * * *

No dia seguinte, no fim da tarde, Liada e Tin Tin foram até o pelotão. Mas elas não traziam sorrisos habituais e seus comentários alegres.
“Nós encontrar vocês Rocrainium,” Liada disse.

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