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Guerreiro Dos Sonhos
Brenda Trim
Eu enfrentaria uma legião de demônios para conquistar o amor dela. Sou o Rei Vampiro do Reino de Tehrex. Eu e meus Guerreiros das Trevas somos tudo o que existe entre os humanos e o mal que procura destruí-los. Então, por que desmorono aos pés desta mortal? Ela não sabe que é minha Companheira Predestinada. Somente ela protege uma parte vital da minha alma. Mas a vingança é a muralha que existe entre nós. Devo atravessar a armadura deste caçador de vampiros. Devo obter a aceitação, a lealdade e, por fim, o amor dela, antes que ela crave uma estaca no meu coração. — Obtenha o primeiro livro da série Guerreiro das Trevas AGORA! Mergulhe na história de amor de Zander Tarakesh, o rei vampiro tão sexy quanto o pecado, e sua Companheira Predestinada, Elsie Hayes, que está empenhada em destruí-lo e acabar com sua espécie.


Guerreiro dos Sonhos

Contents
Prologue (#uc3cdafe8-09cb-5d98-9161-b4fd2aff7b88)
1. Capítulo Um (#u47082a16-356f-5fe2-ac32-09fa17d2c1df)
2. Capítulo Dois (#u0bb79f02-4a1a-54b3-8cca-4ffe3a034444)
3. Capítulo Três (#u1a0f9d42-4d8d-58a4-acc5-155861c34a2f)
4. Capítulo Quatro (#u13c30ac9-4ca5-599c-8b1c-4a1f6d011c02)
5. Capítulo Cinco (#u74433215-d0bc-55f2-9172-d3cc27fc9b3c)
6. Capítulo Seis (#u8882b560-fa57-5f44-a292-19a83ff3ffaa)
7. Capítulo Sete (#ude49b58d-e965-5c68-ac23-d7e1073a62eb)
8. Capítulo Oito (#uf1c48baa-31ea-50c9-a329-d9d0e578eb95)
9. Capítulo Nove (#u77c99827-7caf-5060-826c-cefe6775a744)
10. Capítulo Dez (#u75ea49c5-6dc7-548d-8114-575ab6a12947)
11. Capítulo Onze (#u29368c5d-d2ce-58b2-adf0-e6b706366ec3)
12. Capítulo Doze (#u490ea96f-075e-54a5-9cde-861e668e9ca7)
13. Capítulo Treze (#ua870e304-d93a-50bb-9168-9d4e8a6fa041)
14. Capítulo Quatorze (#u3762c074-ba45-5c58-8c79-53ce50f583df)
15. Capítulo Quinze (#uc43358b6-a297-5f0d-ab66-21f2961d9627)
16. Capítulo Dezesseis (#u5c446934-6b10-58dc-bbd4-1eefa13c14dc)
17. Capítulo Dezessete (#u569d7f34-4d8a-5940-af27-09d81fd6a021)
18. Capítulo Dezoito (#uab10fc84-1352-5361-892a-432a328fcbf3)
19. Capítulo Dezenove (#ufc481d56-519a-56fc-bb5b-242d0f0a6ddd)
20. Capítulo Vinte (#uecad0761-316e-5f26-8898-afd11afd98f9)
21. Capítulo Vinte E Um (#ubdfc71e4-c777-5564-ae9f-b58044395b95)
22. Capítulo Vinte E Dois (#u4c47d2b8-deee-52ae-9a33-f38973de29ee)
23. Capítulo Vinte E Três (#u41a51058-fcca-533e-a524-f33bbbd080e0)
24. Capítulo Vinte E Quatro (#u86aa97f5-bb36-5ab3-a4b8-ddf6bdf10df9)
25. Capítulo Vinte E Cinco (#u7306be09-dd56-563e-8f2f-603e56adfa5c)
26. Capítulo Vinte E Seis (#u0e3807ae-ad5a-56b3-88dd-76a7eac8fd4e)
27. Capítulo Vinte Sete (#u44820825-b19d-515c-867e-99faa8352acb)
28. Capítulo Vinte E Oito (#ubeb53e6a-ab3f-5bfe-b302-9dd99b8ef966)
29. Capítulo Vinte E Nove (#u26ac6f0f-11f4-5fd6-a3d0-2f201c0b9bb7)
30. Capítulo Trinta (#u0a325226-69ba-5f9b-a772-0defc97a3074)
31. Capítulo Trinta E Um (#u627231dd-8797-52b3-bb99-300efd411955)
32. Capítulo Trinta Dois (#uc66cd95c-8847-5e55-81ec-73dfcbe952f9)
33. Capítulo Trinta E Três (#u31cffb4d-d48b-5b25-9d1c-7e0485393f2f)
34. Capítulo Trinta E Quatro (#uf2fe18e6-b3bc-58fd-8d92-25c6c16e838e)
Nota Da Autora (#u4d4a8525-a846-5787-8c39-ffb3165cbaba)
Notes (#u1b375dc4-ecdb-58c4-8bf0-c119bc4a4d43)
Copyright © 2015 por Brenda Trim

Editor: Chris Cain
Arte da capa por Patricia Schmitt (Pickyme)
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* * *
Este livro é um trabalho de ficção. Os nomes, personagens, lugares e incidentes são produtos da imaginação dos escritores ou foram usados de maneira fictícia e não devem ser interpretados como reais. Qualquer semelhança com pessoas, viva ou morta, eventos reais, localidades ou organizações é inteiramente coincidência.

Todos os direitos reservados. Com exceção das citações usadas em resenhas, este livro não pode ser reproduzido ou usado no todo ou em parte, por qualquer meio existente, sem a permissão por escrito dos autores.
[bad img format] Created with Vellum (http://tryvellum.com/created)
Este livro surgiu a partir da vida incrível e da lamentável morte de um homem muito importante. John Andrew DeCaprio será sempre amado e lembrado. Obrigada pelo seu amor!
Queremos enviar um agradecimento especial para o marido de Brenda, Damon Trim, por criar nosso site.
Este livro é o começo de uma nova jornada e queremos agradecer a toda a nossa família e amigos por se juntarem a nós nesta divertida aventura!

Prologue
Vampiros? perguntou-se Dalton, enquanto permanecia deitado em uma piscina escarlate cada vez maior, questionando a realidade e fazendo um inventário mental. Garganta retalhada. Peito crivado de buracos. E mordidas demais para serem contadas. Em que diabos Jag havia se transformado, já que Dalton nunca havia encontrado tamanha força em um homem antes? Quando viu as presas afiadas e pontudas saindo da boca de Jag, soube que estava com problemas. Um olhar naqueles olhos assustadores e sinistros dizia tudo. Jag era um vampiro.
Os braços de Dalton eram como blocos de chumbo ao seu lado. Droga, ele não podia levantá-los para estancar o sangue que escorria das feridas no pescoço, estômago e peito. Lute contra isso, Elsie precisa de você! O estertor a cada respiração fazia com que o pouco sangue que restava em suas veias se transformasse em gelo. Ele não conseguiria sobreviver àquilo. As batidas de tambor em seu peito diminuíram e a dor atenuou-se. Uma imagem de sua esposa, Elsie, e seu lindo rosto oval surgiu em sua mente. Ele a amava mais do que tudo e não queria deixá-la. Conseguiu mover lentamente os dedos pelo chão e arrastou o telefone para mais perto.
Digitou o número e fechou os olhos quando ouviu a saudação sensual da mensagem de voz de sua esposa. Percebeu que não lhe restariam palavras suficientes para alertá-la de forma adequada sobre os perigos que existiam.
— Não tenho muito tempo… eu a amo, Elsie. Sempre a amarei. Adeus, querida.
Ele se preocupava com a esposa. Quem a protegeria dos males que vagavam pela noite e que ele conhecia agora? Queria protegê-la e não podia. Sua própria alma clamava contra a injustiça de tudo aquilo.
O que…? Uma sensação de paz abrangente envolveu Dalton e a mais brilhante luz branca encheu o aposento. Aquela sensação de calma era chocante e totalmente em desacordo com seu ataque brutal. Estava morrendo e aquilo o deixou irritado.
Seus olhos se fecharam e seus últimos pensamentos voltaram-se para sua linda esposa no dia em que se casaram. Ele viu seus longos cabelos castanhos e ondulados, enrolados com pequenas flores brancas, esvoaçando em torno de seu rosto. Seus olhos claros e azuis mostravam a profundidade de seu amor por ele. Ela segurava um pequeno buquê de jasmim e usava um vestido branco simples e sem alças. Era a imagem mais linda que já vira. Quando olhou nos olhos dela e eles trocaram seus votos, soube que a amaria até o dia de sua morte.
Só não sabia que esse dia chegaria tão cedo.

Capítulo Um
Elsie acordou, encharcada de suor, com um grito preso nos lábios e os lençóis enroscados nas pernas. Sua irmã se mexeu ao lado dela no colchão de casal grande. Ela não queria acordá-la e levou o punho à boca, sufocando o grito que estava prestes a sair, enquanto as imagens de seu pesadelo continuavam a consumi-la. Não importava quanto tempo ela lutasse, as visões e lembranças se recusavam a deixá-la.
Sempre começava da mesma maneira, com ela parada sobre o linóleo rachado no longo corredor do orfanato onde Dalton havia sido assassinado. Havia revivido aquela noite inteira inúmeras vezes nos últimos dezoito meses. Fechou os olhos com força, enquanto as imagens inundavam seu cérebro dolorido pelo que parecia ser a milionésima vez.
Um matadouro a cercava. Respingos de sangue cobriam as paredes e havia poças do líquido escarlate congelando no chão quadriculado em preto e branco. Ela engasgou quando viu um pedaço de carne em tom vermelho-claro no chão… carne. Sinalizadores e cones amarelos cobriam as paredes e o chão, em meio à carnificina. Seu estômago revirou enquanto seu corpo tornava-se entorpecido.
Em meio à agitação, ela sussurrou um pedido de ajuda. Ninguém respondeu e ela despencou no chão. Alheia ao sangue no qual se encontrava, ela contemplou a visão de seu marido deitado em uma poça vermelha, e os olhos sem vida dele pareciam fixos nela. Seu pescoço estava rasgado e retalhado. Quanto tempo ela ficou ali, gritando, ela não sabia. Finalmente, um policial a levou para longe do corpo de Dalton e para fora de casa, onde seu pesadelo piorou quando se deparou com uma multidão de meios de comunicação gritando perguntas sobre o marido ser a mais recente vítima dos TwiKill. Seu mundo desmoronou naquela noite. Naquele momento, um abismo negro gigante implodiu, transformando-se em uma dor interminável em seu peito.
Agora, dezoito meses depois, aquele abismo negro havia produzido espinhos e perfurado seu coração. A dor a forçou a se enroscar como uma bola em sua cama. Odiava a quantidade de poder que as lembranças exerciam sobre ela. Juntar-se aos SOVA, os Sobreviventes dos Ataques dos Vampiros, havia sido uma maneira de recuperar parte desse poder. Ainda assim, desejava ser uma estudante universitária “normal” de novo. Você não é normal desde os três anos, pensou ela, ironicamente.
Nem mesmo os pensamentos de sua infância poderiam suprimir a dor da perda. Não importava quanto tempo tivesse passado, o assassinato de Dalton ainda parecia inacreditável. A polícia ainda não sabia quem era o responsável, e os detetives encarregados vinham dando as mesmas desculpas para a imprensa por dezoito meses. Eram incompetentes e não sabiam uma fração do que ela soube nas primeiras quarenta e oito horas. Não que ela pudesse lhe contar o que soubera. Não podia, ou arriscaria a sua liberdade ou a de seus amigos. No instante em que a polícia soubesse sobre os fatos do caso, todos seriam acusados de um crime.
Ela pulou da cama e foi até o banheiro, onde imediatamente se livrou do mísero conteúdo do seu estômago. Havia sido assim, dia após dia, pelo que parecia uma eternidade. Estava devastada por uma dor sem fim, quase incapaz de raciocinar.
Dormir era coisa do passado, sendo sempre interrompida por pesadelos. Poderia conviver com as olheiras, mas a memória confusa e a irritabilidade eram outra história. Vivia à base de bebidas energéticas e doces. Não conseguia se lembrar da última vez que consumiu uma refeição completa porque o sofrimento criava uma barreira em sua garganta. Devido às manchas negras sob os olhos e à perda de peso, ela parecia um zumbi. Inferno, também se sentia como um deles.
Limpando a boca depois que os espasmos do estômago pararam, ela puxou a descarga e rezou pela milionésima vez por uma pílula mágica que aliviasse a dor. Infelizmente, a ciência não estava do lado dela.
Depois de lavar o rosto e escovar os dentes, ela verificou como estava a irmã. Durante toda a vida de Elsie, Cailyn sempre se certificou de que ela estava segura e tinha o que precisava. Apesar de morar a dois estados de distância, isso não fazia com que as coisas fossem diferentes agora, com suas ligações diárias e visitas bimensais. Cailyn era a única família que lhe restara, e sua bênção salvadora. Ela a amava mais do que tudo.
Felizmente, sua irmã não a ouviu no banheiro e ainda estava dormindo. Ela não precisava ou queria outro sermão sobre sua falta de alimentação e perda de peso.
Silenciosamente, pegou o roupão na parte de trás da porta do quarto e dirigiu-se à sala de estar. Parou na cozinha primeiro para tomar uma bebida energética antes de se sentar no sofá-cama que servia de sofá e cama extra. Abrindo o energético, pegou o laptop. Precisava dar os retoques finais em um trabalho antes de entregá-lo na segunda-feira. Enquanto esperava a inicialização do laptop, apanhou a agenda e olhou para o horário de trabalho. Para manter seu apartamento, havia feito turnos extras para compensar a perda de renda. A realidade era que ela usava suas atividades como uma distração para o sofrimento esmagador.
Sua cabeça caiu sobre o sofá-cama e ela olhou para os coloridos cobertores mexicanos que serviam como um dos lembretes de sua vida com Dalton. A sala era pequena, mas aconchegante. E ainda estava cheia de recordações de sua vida com o falecido marido. Simplesmente, não suportava se separar das lembranças. Lágrimas encheram seus olhos. Ficaria algum dia livre?
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* * *
Elsie se curvou para vestir o casaco preto e apertou o cachecol com mais força quando uma brisa desceu por suas costas. Estava muito frio em Seattle naquela época do ano. Estava também quase sempre úmido ali. As vizinhanças intensamente arborizadas deveriam ter diminuído o vento. Ou mesmo as casas construídas bem próximas umas às outras. Infelizmente, nada daquilo conseguia reduzir o calafrio que penetrava em seus ossos.
Tremendo, ela levantou a gola e puxou o gorro rosa sobre as orelhas. Estava frio e, para aumentar a infelicidade, começava a chuviscar. A primavera não deveria estar tão fria. Mas ela teria que se mudar para o sul para obter um clima mais quente.
— Vamos pegar um burrito para o jantar, já que sei que sua geladeira está vazia. De fato, você precisa comer pelo menos uma refeição hoje — disse Cailyn, enquanto passava o braço pelos de Elsie e desciam a rua.
— Eu tento comer, você sabe. Simplesmente não consigo engolir nada. E, antes que você banque a minha mãe de novo, eu tentarei — respondeu Elsie, pensando em um guarda-chuva para cobri-las. Desde que foi morar em Seattle, onde parecia chover constantemente, havia se acostumado a ficar úmida como o resto da cidade.
Elas se apressaram pela rua e conversaram sobre quais atividades Elsie ainda tinha antes de se formar na faculdade no mês seguinte. O tempo se arrastava desde a morte de Dalton, e Elsie ainda não conseguia acreditar que seu diploma de bacharel estava próximo. Naquele dia, não queria reviver tudo novamente, e apenas se concentrar no restaurante de fast-food. Cailyn segurou a porta para ela, e as duas entraram. O ar quente, pesado e com cheiro de cominho, a atingiu quando entrou no estabelecimento. Seu estômago roncou. Estava com mais fome do que imaginava. Despiu a jaqueta e sacudiu a umidade, depois se virou para contemplar o cardápio.
Cailyn se inclinou para perto dela e seu hálito quente atingiu sua face, enquanto sussurrava em seu ouvido:
— El, seus faróis estão altos e há dois caras lindos que notaram.
O calor inundou as faces de Elsie. Ela usava um sutiã sem acolchoado e ele não fornecia proteção sob a camiseta Henley colada à pele.
— Oh, Deus, e sobretudo meus mamilos também — respondeu ela, em um sussurro.
— Você não está errada, mana. O que não significa que eles não estejam gostando da exibição.
Um gemido grave e masculino fez o rubor de Elsie se intensificar. Ela olhou pelo canto do olho e viu uma cintura esbelta envolta em calças de couro, justas e pretas. Controlada por uma força desconhecida, ela foi atraída pela visão e virou-se para apreciar o homem mais plenamente.
Os olhos dela percorreram as ondulações dos músculos do abdômen e do peito largo, fixando-se nos olhos mais azuis que já vira. Correntes elétricas correram sob sua pele enquanto ele a devorava com o olhar, como se ela fosse uma refeição gourmet que ele pretendia saborear, lenta e completamente. O estômago dela contraiu-se de desejo. Os lábios carnudos dele delineavam uma expressão erótica. Era o homem mais sexy que já havia visto.
Um desejo insuportável floresceu em seu sexo, seguido de uma atração estranha. Queria praticar atos sexuais com aquele homem, atos que eram ilícitos de alguma forma. Uma devassa viciada em sexo havia acabado de despertar, desejando aquele homem estranho e sensual, e aquilo era decididamente inquietante. Inferno, com quem estava brincando? Ela estava apavorada.
Uma dor e vibração estranhas em seu peito tiravam o seu fôlego à medida que a culpa a assaltava. Não deveria ter esses pensamentos. Em sua mente e coração, Dalton ainda era o seu marido, e ela o estava traindo com essa atração. Havia feito votos de ser leal e amar o marido até o dia em que morresse, e era isso o que faria. Do jeito que seu coração doía e que sentia falta de Dalton, não podia imaginar que houvesse mais alguém para ela.
Ela abaixou a cabeça e esfregou as têmporas, na esperança de apagar a imagem marcada em suas retinas. Não era certo cobiçar aquele cara atraente. Aturdida, vestiu a jaqueta e correu para o balcão. Proferiu um pedido de comida que só Deus sabia o que era. Arriscou um olhar para trás, para sua irmã. Felizmente, Cailyn estava alheia ao desejo de Elsie pelo Sr. Olhos Azuis. A última coisa que queria era que sua irmã a questionasse.
— Alguém tem um admirador — Cailyn meio que cantarolou, batendo o ombro no de Elsie.
— Cale-se. Não tenho admirador — sussurrou Elsie, baixinho.
— Você esteve afastada do jogo há muito tempo. Ele está claramente explorando-a. — Elsie rangeu os dentes enquanto ouvia Cailyn. — Ele é atraente — Elsie deu outra espiada no estonteante Sr. Olhos Azuis —, e uma oportunidade esperando para acontecer.
Os olhos de Elsie se arregalaram quando ela notou que ele estava rígido em todos os lugares. Uau, as calças de couro dele deixavam pouco para a imaginação. Uma palavra passou pela mente dela… enorme. Ela sentiu aquele desejo e atração mais uma vez.
— Não vai acontecer — declarou Elsie, uma semente de vergonha brotando ao lado da culpa. Não era esse tipo de pessoa. Virando-se para o outro lado, Elsie pensou em seus votos e em seu amor pelo marido, morto ou não. No segundo em que seu pedido ficou pronto, ela correu do estabelecimento sem olhar para trás.
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* * *
Zander observou a fêmea frágil e humana sair do restaurante. Algo nela lhe era familiar, mas tudo em que conseguia se concentrar era em como ela era bonita e interessante. O lábio superior estava contraído enquanto ela fugia do estabelecimento. A imagem lhe pareceu errada. Ela deveria sempre sorrir, e seus lábios ficariam melhores em volta do pênis dele. Ele se repreendeu por estar obcecado pela fêmea. Sim, ela era sexy e sustentava sua atração de uma forma que nenhuma outra mulher jamais conseguira antes, mas ele nunca havia feito sexo com uma humana e não planejava começar agora. Além disso, não ligava para aventuras de uma noite e isso era tudo que ele poderia ter com qualquer humana.
Os seres humanos eram seres frágeis, sem saber que todas as lendas de mitos e fantasias não eram mitos. Como rei vampiro do Reino Tehrex, era seu dever fazer cumprir o decreto da Deusa e proteger os humanos dos demônios e seus seres insurgentes, as escaramuças. Esse trabalho não deixava espaço para muito mais.
Ele balançou a cabeça com o fato de ter se sentido tentado pela mulher e ficou surpreso em ver como era difícil parar de seguir sua tentadora fragrância de madressilva. Claro, poderia fazer sexo com ela e apagar sua existência da memória dela, mas queria mais. Estava cansado de ter namoricos vazios. Era um dos poucos no reino que ainda tinha grandes esperanças de encontrar sua Companheira Predestinada. O fato de seus pensamentos persistirem na fêmea desmentia essas crenças. Era humana e não a pessoa certa para ele.
Tire-a da cabeça, idiota! A ordem caiu em ouvidos surdos enquanto o desejo o consumia.
Como um viciado, ele repetia cada momento, a partir do segundo em que ela havia entrado no estabelecimento. O frio havia deixado o rosto dela corado, e os mamilos estavam retesados sob sua camiseta. Sua audição aguçada havia captado a conversa entre as duas mulheres e ela não estava alheia ao tamanho dos próprios mamilos, mas ele os achou perfeitos, com certeza.
Com um olhar, seu coração disparou no peito, o suor marcou as sobrancelhas e a eletricidade estática percorreu sua pele. As presas haviam atingido dolorosamente a boca. Por um instante, quando seus olhares se encontraram, sua alma se agitou. A fêmea enigmática havia controlado seu corpo naquele momento, e ele teve que fechar os olhos para que o brilho existente neles não revelasse sua verdadeira natureza.
O doce aroma de madressilva que vinha dela ateou fogo em suas veias. Seu membro enrijeceu no momento em que as ondas atingiram suas narinas. O desejo de estar nu e suado com ela tornou-se irresistível. Tanto, que um gemido escapou de seus lábios. Um maldito gemido, além de tudo.
Não queria ouvir o que diria Kyran, que estava naquele momento rindo baixinho ao lado dele. Não que seu pervertido irmão tivesse muito espaço para falar, mas Zander não perdeu o foco. Pela primeira vez em seus setecentos e sessenta e cinco anos de existência, estava lutando para controlar sua mente e corpo.
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* * *
Zander balançou a cabeça para seus guerreiros. Havia chegado ao Confetti depois de encontrar uma humana encantadora, e buscava por alívio. O problema era que ninguém o atraía. Queria aquilo que o seu pai e mãe haviam compartilhado.
Felicidade. Um amor verdadeiro e duradouro. Realização.
Queria encontrar sua Companheira Predestinada.
Isso não aconteceria tão cedo, visto que a Deusa não havia abençoado nenhum casal desde que ele se tornara o rei dos vampiros mais de sete séculos atrás. Ele havia tentado muito agradar à Deusa e fizera progressos nunca antes vistos no Reino Tehrex. Havia iniciado e formado a Aliança das Trevas e estabelecido os Guerreiros das Trevas, o primeiro exército do reino, mas ainda assim a maldição persistia.
— Preciso tanto de uma mulher que nem chega a ser engraçado. Não fosse pelo hálito escaldante, eu pegaria aquela atraente diabinha do fogo — disse Orlando, chamando a atenção de Zander.
Afastando os pensamentos sobre o que não poderia mudar, Zander examinou a multidão. Procurava Lena, uma de suas poucas parceiras preferidas. Soube que ela estaria ali e, naquela noite, ele precisava aliviar o desejo.
— Você tem medo de um pouco de calor, hein? Não aguenta as chamas? — brincou Rhys.
Orlando jogou um pretzel para Rhys.
— Dane-se, idiota.
Um delicioso perfume de madressilva provocou os sentidos de Zander, levando-o a se lembrar do início daquela noite. Estivera obcecado pela humana nas últimas horas, quando se deu conta de que ela havia sido notícia dezoito meses antes, após o assassinato de seu marido, quando todos os repórteres da área exibiram sua dor.
— Orlando, você se lembra do caso em que um advogado de orfanato foi assassinado há um ano e meio? — perguntou Zander, redirecionando a conversa.
— Hã? Ah, sim. Por quê? O que foi?
— Apenas curioso. Kyran e eu encontramos a viúva hoje à noite — respondeu Zander.
— Ela parece ser uma garota agradável. Não deu problemas para o departamento. Disse alguma coisa?
— Não. Não conversamos com ela. As escaramuças foram responsáveis, não? — Zander queria vingança para a bela mulher. Poderia nunca ser capaz de tê-la, mas faria isso por ela. Havia uma dor antiga nos olhos azuis-claros dela, que ele odiava ver.
— Sim, a magia deles estava por todo o corpo e na cena. Por quê? — perguntou Orlando, com as sobrancelhas franzidas e a boca retorcida. Zander entendeu a confusão de seu guerreiro. Não havia motivo para ele examinar o caso.
— Você localizou os responsáveis? — Zander tomou um gole de uísque enquanto procurava o perfume provocativo.
— Não. Santiago e eu não seguimos com o caso. Não vimos necessidade. Você sabe como é difícil descobrir uma escaramuça específica — disse Orlando, e um vinco marcou a sua testa.
— Quero que vocês dois tomem o caso e descubram o responsável. Abra-o novamente, se necessário — ordenou Zander. Seu guerreiro era esperto o suficiente para não questioná-lo e assentiu. — Bom, agora, alguém viu Lena?
Orlando riu e deu um tapa no ombro dele.
— Não, amo. Tenho estado muito ocupado conversando com você.
Outra onda de aroma de madressilva o alcançou e seu corpo respondeu à fragrância deliciosa, enrijecendo-se dentro de suas calças. E, maldição, se suas presas não saíssem de suas gengivas… Ele passou a língua pelos dentes que haviam se tornado recalcitrantes e ficou surpreso por ter essa reação. Tinha que acontecer, já que ele não fazia sexo há meses.
Ele continuou sua busca por Lena, examinando a grande pista de dança. Numerosas luzes e lasers coloridos saltavam das vigas de aço no teto e caíam sobre o cimento manchado. Não viu o rosto oval da humana entre a multidão de corpos suados que giravam. Examinou os dois balcões. Ela também não estava lá. Ele descansou os braços nas costas das cadeiras ao lado dele e olhou na direção do corredor de salas privadas. Nada.
Ele balançou a cabeça e se lembrou de que precisava procurar Lena, não a humana. Isso não o impedia de abrir os sentidos e a telepatia. Não captou nada vindo da humana no clube. O perfume não viera dela. Sentiu uma decepção profunda por isso. Mas, por quê?
Novas vozes voltaram sua atenção para a mesa. Orlando estava com uma mulher e seus irmãos, Kyran e Bhric, haviam se juntado a eles. Ele não tinha percebido como havia se tornado preocupado. Normalmente, estava ciente de tudo o que acontecia ao seu redor. Não podia ficar tão distraído, não na sua posição. Ele se endireitou na cadeira e se repreendeu por não ser mais vigilante.
— Não, você é um banana. Um grupo inteiro de bruxas não seria capaz de consertar a bagunça que sua escapada com ela criaria. Você arruinaria a pobre garota. Agradeça à Deusa por não dar aos cambions a capacidade que um vampiro tem de apagar as memórias humanas. Você deixaria toda a população feminina humana de Seattle como conchas vazias. Fique bem longe da equipe do meu hospital — retrucou Jace para Rhys.
Zander se perguntou o que havia perdido. Rhys sorriu e jogou o braço sobre as costas da cadeira ao lado dele. O problema estava se formando atrás dos olhos caleidoscópicos do cambion.
— Hmmm… habilidades de vampiro. Ei, Bhric, tenho uma ideia que acho que você vai gostar — propôs Rhys, sentando-se, ereto, demonstrando empolgação em cada movimento.
— Conte-nos. — Bhric sorriu amplamente enquanto se inclinava para frente, cruzando os braços grossos sobre a mesa manchada de tinta. Zander queria bater na nuca de seu irmão por incentivar Rhys. Todos sabiam muito bem.
— É difícil estar com mulheres humanas porque elas percebem diferenças em mim enquanto faço sexo com elas; então, digo, vamos trabalhar em equipe dupla com as humanas e você apaga…
O horror tomou conta dele ao ouvir o que seu guerreiro estava propondo.
— Absolutamente, não! Nenhum vampiro usará seu poder sobre a mente humana para que você possa usá-las. Do jeito como vocês seguem as mulheres, seríamos expostos ao amanhecer. Há muitas mulheres dispostas no reino — interrompeu Zander antes que aquela conversa continuasse.
O problema era que a ideia já estava ali e ele podia dizer que os dois homens pensavam nela. Ele rosnou baixo, em advertência:
— Nem pensem nisso, idiotas. Falo sério. — Ele ponderou a promulgação de uma lei que proibia seus súditos de usarem o controle da mente de tal maneira em seres humanos. Tal abuso de poder era contra suas crenças. O reino e seus seres sobrenaturais eram melhores que isso. Eram protetores, não predadores de seres humanos.
O som do vidro quebrando chamou sua atenção. Ele notou que cada um de seus guerreiros havia entrado no modo de batalha. Do outro lado do bar, um imp, um diabrete, discutia com um demônio do mar. O pequeno e irritante diabrete havia agarrado o talismã transformador do demônio marinho, e agora ele era literalmente um peixe fora d'água, ofegando por ar. As fêmeas começaram a gritar ao ver o peixe grande. Zander balançou a cabeça. Os imps eram diabretes notoriamente maliciosos, mas não prejudicavam ninguém e, felizmente, os demônios do mar eram bem-educados.
Ele se afastou da cena enquanto Bhric começava a resmungar.
— O pequeno idiota estúpido tinha que assustar as fêmeas. Falando em estúpidos, recebemos a confirmação de um novo arquidemônio, irmão? — perguntou Bhric enquanto engolia outra dose.
Zander sustentou o olhar do irmão. Suspeitava, há meses, que havia um novo arquidemônio na cidade. Era de se esperar, depois que eles mataram o último, mas ele tinha a sensação de que, quem quer que Lúcifer tivesse enviado dessa vez, era mais poderoso e com melhor habilidade. Eles estavam enfrentando escaramuças treinadas para combate e em patrulhas organizadas. Sem dúvida, as patrulhas foram concebidas para descobrir a localização de sua base.
— Não, maldição. As Valquírias e Harpias negam qualquer conhecimento. Há apenas boatos e conjecturas.
— Oh, seria bom saber o que estamos enfrentando e dar a Killian a chance de trabalhar sua mágica no computador e reunir algumas informações — disse Bhric.
— Seria. Mas, por esta noite, tire isso da cabeça, irmão. Encontre uma moça, ou dez. A guerra ainda existirá de manhã, infelizmente — respondeu Zander ao avistar Lena voltando do banheiro. Havia encontrado sua parceira para a noite. Ele a chamou, dobrando o dedo.
— Lena, fique comigo, já faz muito tempo desde que a vi pela última vez.
— É claro, mon couer — ronronou ela enquanto rebolava até o lado dele. Ele olhou nos olhos castanho-escuros, agarrou ansiosamente a mão dela e sentou-a em seu colo. Sua ereção voltou com força. Ele parou sua carícia no braço de Lena quando notou que o perfume de madressilva vinha dela. Percebeu notas levemente adstringentes, que lhe diziam que era uma fragrância industrializada, em oposição às naturais da humana.
— Você está com um perfume diferente esta noite. É novo?
— Oui, é. Pensei em você quando o comprei. Esperava encontrá-lo aqui esta noite. Senti sua falta, mon ami. Vejo que está ansioso por mim — sussurrou ela em seu ouvido, começando a acariciar sua coxa e ereção.
Inspirando profundamente, ele fechou os olhos e apreciou a sensação das mãos macias dela acariciando seu corpo. Surpreendeu-o o efeito incrível que o perfume tinha em sua libido.
Lena inclinou a cabeça levemente, expondo o pescoço para ele. O movimento realçou seu perfume. Hmmm, viciante. Ele passou os dentes por sua garganta, antecipando como seria afundar as presas naquele pescoço enquanto enterrava o pênis no calor dela.
Ele bebeu o resto do uísque, levantou-se e puxou Lena contra o peito. Abaixando os lábios até os dela, saboreou o deslizar suave dos lábios macios de Lena sobre os seus.
— Quarto dos fundos, agora — ordenou ele.

Capítulo Dois
Zander conduziu Lena pelo longo corredor. Ele se recusava a levá-la para Zeum com ele. Sua cama estava reservada para sua Companheira Predestinada. Ele a havia concebido e esculpido à mão, pensando em sua alma gêmea, e nunca a macularia com outras fêmeas. Durante o século anterior, ele usara os aposentos privados nos fundos do Confetti para seus encontros.
Mesmo sob o som da música alta, os sentidos sobrenaturais de Zander ouviam os saltos de Lena batendo no manchado chão de concreto. O clube não tinha portas à prova de som; então, é claro, ele também ouviu gemidos apaixonados e sons de pele batendo em pele, através das portas por onde passavam. Com os sons eróticos que os cercavam, a expectativa martelou em seu sangue. Ele abriu a última porta à esquerda e conduziu-a para dentro do pequeno quarto mal iluminado.
O chão de cimento estava coberto com um tapete preto felpudo, silenciando seus passos. As paredes eram da mesma cor vinho do salão e o único móvel era um sofá de couro preto que repousava ao longo de uma parede.
Ela tentou alcançá-lo, mas ele parou as mãos dela. Precisava ser rápido e vigoroso agora para a liberação física que seu corpo ansiava, e não para a exploração vagarosa que ele sabia que ela desejava. Além disso, não queria ser tocado por ela. Ele arrancou a camisa azul apertada e o sutiã preto dela antes que ela pudesse piscar. Os seios fartos pressionaram seu peito enquanto ele a puxava para um beijo profundo, explorando sua boca com a língua. Com uma das mãos, ele capturou os pulsos dela e os segurou atrás das costas, fazendo com que os seios dela se projetassem ainda mais contra o seu peito.
Recostando-se, ele agarrou um seio e sugou o mamilo retesado, apertando o outro bico rosa opaco com a mão livre. Os mamilos dela se alongaram com sua atenção e ela se arqueou contra ele, gemendo. Ela começou a suar, liberando mais o cheiro da madressilva. Droga, ele amava aquele perfume. Queria comprar um barril dele e tomar banho diariamente com ele. Seu desejo nunca estivera tão forte, levando-o até o limite.
Ela libertou suas mãos e ele estremeceu quando ela as passou sob a camiseta preta justa. Para consternação dele, o tremor não era de prazer. Não, sem tocar. Ele recapturou as mãos dela e inspirou profundamente, absorvendo a madressilva.
Ele a virou de costas para ele e abriu o zíper da minissaia preta, fazendo-a cair no chão, e deixando Lena de calcinha vermelha rendada. Recusou-se a dar um passo para trás e admirar a vista. Seu desejo era muito grande. Deslizou os dedos por dentro da calcinha dela e a encontrou escorregadia e úmida para ele. Ela estava sempre pronta para ele. Ele colocou as mãos dela nas costas do sofá de couro.
— Não mexa as mãos. Curve-se agora.
Ela sabia cumprir suas ordens sem hesitar e essa era uma das razões pelas quais ela era uma de suas parceiras. Ele desceu a calcinha pelas pernas longas e esbeltas. Ela oscilou sobre os pés enquanto saía de sua roupa íntima. Ele deu um passo para trás e abriu o zíper da calça de couro, libertando o pênis. Ela abriu as pernas e se inclinou sobre o sofá, expondo sua passagem escorregadia para ele. Ela olhou por cima do ombro para ele.
— Venha. Preciso de você dentro de mim, Zander. Estou ardendo de desejo.
Ele apalpou o membro e acariciou-o. Maldição, aquilo era bom.
— Você quer isso? — provocou ele. Não queria que Lena pensasse que sua necessidade significava que ela tinha algum poder sobre ele. Não tinha a ver com Lena naquela noite. De fato, ele ficou muito desconcertado ao perceber que se tratava cem por cento de uma fêmea humana encantadora.
— Sempre. Foda-me. Agora, mon cher. — Ela arqueou as costas, apresentando uma visão melhor de seu sexo molhado. Ele não precisou que ela lhe pedisse duas vezes e se posicionou atrás dela, com os pés afastados como apoio. Sem pensar em mais preliminares, ele se enterrou dentro dela. Ela gritou, mas ele não deu a menor importância, enquanto começava um ritmo punitivo.
— Você gosta disso, Lena? Quer que eu foda com força e rapidez? — perguntou.
— Hmmm, mon coeur, sim — sibilou Lena. Ela empurrou os quadris para trás, para que ele pudesse penetrá-la mais fundo. — Pela deusa, Zander, mais forte. Mon grand, não pare! — Lena jogou seus longos cabelos loiros por cima do ombro, expondo sua garganta para Zander.
Perdendo-se no prazer carnal e aumentando o ritmo, ele sentiu suas presas descerem lentamente. Estava faminto. No entanto, quando se inclinou sobre as costas dela, com a intenção de mordê-la e se alimentar, suas presas voltaram para dentro das gengivas, fazendo-o praguejar. Elas vinham fazendo isso há um ano e meio. Ignore-as.
Não querendo repassar pensamentos sobre sua falta de capacidade de se alimentar ou consumir sangue, ele se endireitou e o cheiro de madressilva o alcançou novamente. Suas presas mais uma vez desceram. Sem diminuir suas investidas, ele se preparou para morder a carne dela, apenas para que suas presas se escondessem mais uma vez. Antes que pudesse divagar sobre seu problema de alimentação, ela chegou ao orgasmo, latejando em torno dele. A fragrância de seu perfume se intensificou mais uma vez, e ele se juntou a ela no clímax.
Antes mesmo de seu orgasmo diminuir, ele percebeu que a ansiedade que o atormentara ultimamente havia ressurgido. Além disso, sentiu uma sensação de vazio e insatisfação. A liberação sexual não havia ajudado. E ele ainda não havia se alimentado, o que estava se tornando um problema crítico.
Um calor peculiar sussurrou em seu peito e ele percebeu que era a alma de sua Companheira Predestinada. Todos os súditos da deusa Morrigan nasceram carregando uma parte vital da alma de sua companheira. Era exatamente o lembrete do que ele precisava agora.
Ele se retirou dela, enfiou o pênis flácido de volta nas calças, fechou o zíper e abaixou a camisa. Lena alisou as mãos sobre o sêmen dele, que manchava suas coxas.
— Estou com fome e esperava que dessa vez eu pudesse dar uma mordida, mon cher.
O corpo dele estremeceu de repulsa. Mal interpretando seu arrepio como uma resposta sensual, Lena aproximou-se dele.
— Além disso, preciso de você novamente. Quero montar em você.
— Não, moça, não desta vez. Tenho uma emergência, e você sabe que nunca deixei nenhuma mulher se alimentar de mim. — Era impossível afastar a agitação do tom de sua voz. Ele não queria machucar aquela mulher, mas sabia que nunca mais poderia ficar com ela. Ele se virou e saiu do quarto.
Ele cambaleou enquanto a alma de sua companheira pulsava dolorosamente e uma imagem sangrenta brilhava em sua mente. Era a mesma imagem que o assombrava todas as noites, por muito tempo. Pela milésima vez, ele se perguntou sobre o homem morto e qual o seu papel na guerra. O homem parecia humano, mas algo disse a Zander que ele era imortal. Precisava sair daquele clube e clarear a mente antes de enlouquecer.
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* * *
Zander estava deitado sobre o edredom de seda dourado que cobria sua grande cama king-size, mas o sono continuava a fugir dele. O desconforto que estava sentindo havia se tornado uma dor lancinante no peito. Esfregou o local da dor e se levantou para vestir um jeans e uma camiseta azul-escura antes de entrar na sala de estar de sua grande suíte. Ligou a televisão e foi para a área da cozinha. Depois de preparar o café, ele se virou para a geladeira. Estava com fome, mas não de comida. Precisava de sangue. O pensamento fez com que uma vibração percorresse seu peito já apertado. Ele pegou uma maçã e voltou para a sala.
Sentou-se no sofá de couro marrom-escuro e ligou a CNN. Seus pensamentos se voltaram para a noite anterior e seu encontro com Lena, e suas reações peculiares. O perfume dela o enlouquecia, mas ele sentiu repulsa por ela. O pesado bater de botas interrompeu seus pensamentos. Ele expandiu os sentidos e captou o som de Santiago e Orlando indo em sua direção.
Não leu os pensamentos deles para determinar por que estavam parados à sua porta antes de baterem.
— Entrem — gritou.
Orlando abriu a porta e espiou ao redor do painel de madeira.
— Boa tarde, amo. Podemos falar com você por um momento? O assunto é urgente.
Orlando deu alguns passos para dentro dos aposentos, seguido por Santiago, que fechou a porta atrás de si. Seus guerreiros estavam tensos como os diabos e ele imediatamente tentou sintonizar com a mente deles, mas só conseguiu captar pensamentos conflitantes. Algo sobre a viúva e preocupação com o reino. Além disso, o fato de Orlando ter se sentido atraído pela mulher. E, então, o choque dos dois se juntou à confusão na sua mente.
Eles estavam deixando seus nervos agitados à flor da pele. Ele se levantou e começou a andar, um hábito nervoso que tinha.
— É sobre o assassinato do conselheiro? — exigiu ele.
Orlando começou a torcer as mãos e a mudar o apoio de um pé para o outro.
— Sim. Nós analisamos como você pediu, e… bem…
Depois de vários momentos permitindo que o homem encontrasse o que ia falar, sua paciência se esgotou.
— Desembuche agora. — Ele olhou para Santiago, procurando respostas, mas o homem manteve a boca fechada e o lábio inferior preso entre os dentes.
— A viúva está aborrecida com a forma como o departamento lidou com a investigação de assassinato do marido dela. Ela ameaçou informar aos repórteres a sua versão sobre o caso. — O homem fez uma pausa e enfrentou o olhar de Zander diretamente. — E o mais importante, acredito que ela sabe sobre as escaramuças — disse Orlando
Zander parou e se virou para encarar seus guerreiros.
— Como diabos ela sabe sobre elas? O que ela sabe?
Orlando se remexeu, inquieto.
— Não sei ao certo o que ela sabe ou como sabe. Ela estava resmungando, baixinho, sobre a existência delas, sem saber que eu podia ouvi-la.
Um cenário como esse foi precisamente o motivo pelo qual Zander designou Orlando e Santiago para o departamento de polícia humana. Era seu dever proteger o Reino de Tehrex e mantê-lo em segredo. Ele havia empregado seus melhores guerreiros para esconder as informações e impedir que elas vazassem. Suspeitava do caso envolvendo o assassinato de um conselheiro. Não lhe agradou que isso tivesse saído do controle. O lado positivo é que ele agora tinha uma desculpa para fazer uma visita à fêmea. A excitação o percorreu.
— É possível que você tenha entendido errado o que ela falou? Diga-me exatamente o que ela disse.
Orlando pigarreou.
— Depois que a informei sobre a mudança de detetives no caso do marido dela, ela começou a reclamar e delirar sobre como o Departamento de Polícia de Seattle cuidou mal do caso e colocou a comunidade em risco, permitindo que um assassino perigoso ficasse livre, sem sequer procurar por ele. Acredito que suas palavras exatas foram…
Zander cortou o que seria um longo diálogo.
—Ora, não quero ouvir a opinião dela sobre a incompetência do Departamento de Polícia de Seattle. O que ela disse sobre as escaramuças?
— Depois que lhe disse que Santiago e eu dedicaríamos toda a nossa energia e recursos para encontrar a pessoa responsável, ela disse exatamente isso: “Detetive Trovatelli, não há nada que possa fazer para tornar as coisas melhores para mim, e não acredito por um minuto que serão capazes de descobrir quem fez isso. Vocês não têm qualquer pista por onde começar. É um exercício em que perseguirão seus próprios rabos”. Então, ela murmurou baixinho: “Se pelo menos soubessem o que vagueia pela noite…”. Fiquei surpreso, para dizer o mínimo, amo.
A temeridade da mulher fez o ardor de Zander rugir mais uma vez. De alguma forma, era mais sexy por vir de uma criatura tão impotente. Concentrando-se na questão que tinha em mãos, ele se dirigiu a Orlando:
— Interessante mesmo. Gostaria de saber onde ela está obtendo essas informações. Quando irá se encontrar com ela? Vou precisar estar ali para lidar com isso. — A dificuldade que ele enfrentaria por poder lhe causar algum dano foi ofuscada pelo fato de que a veria de novo.
Santiago entrou na conversa e respondeu antes de Orlando.
— Sem dúvida. Marcamos a reunião na casa dela hoje à noite para incluir você. E descobri que a irmã dela veio de São Francisco para visitá-la, então ela também estará lá.
Orlando cruzou os braços sobre o peito.
— Você está apenas planejando apagar o conhecimento que ela tem sobre o Reino Tehrex, certo? Não quero que a machuque. Ela já passou por muita coisa e merece algo melhor.
Caramba, se Zander não soubesse a verdade, diria que Orlando estava apaixonado. Independentemente do quanto Zander estava obcecado no momento, esse era um ótimo lembrete para ficar longe da fêmea. Orlando era muito mais adequado para a humana. Ele se recusou a reconhecer a dor que brotava em seu peito.
— Não tenho que explicar meus planos para você, Orlando, mas fique tranquilo, não vou machucá-la. Estarei pronto ao pôr do sol. Vocês estão dispensados. — Ele apontou para a porta. Quando os guerreiros alcançaram o corredor, Zander chamou a atenção deles mais uma vez. — Ah, e planejem para que tenhamos tempo suficiente para buscarmos o jantar no caminho da casa dela.
Os dois lhe deram um olhar do tipo “que diabos você está pensando”. Ele fez um gesto com a mão e uma explosão do poder dele fez a porta bater nos rostos confusos.
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* * *
Elsie espiou pelo buraco e viu três homens enormes e bonitos em sua pequena varanda. O detetive Trovatelli, com seus cabelos loiros platinados apontando para todas as direções (fazendo-a se lembrar de Guy Fieri) estava parado ali, segurando o distintivo da polícia. Ela abriu a porta, mas manteve presa a corrente da tranca no lugar. Não que isso fosse impedir aqueles homens.
Seus músculos salientes ondulavam sob as camisas de botões e suas auras gritavam “não brinque conosco”. O que deveria tê-la assustado mas, surpreendentemente, não estava com medo. Em vez disso, sentia-se segura com eles como se fossem sempre protegê-la. Ela não sabia ao certo de onde vinha a sensação de segurança, pois não os conhecia direito e nunca havia visto um deles. Não era ingênua o suficiente para achar que um crachá os tornava inofensivos.
— Olá, detetives, como posso ajudá-los? — perguntou.
— Sra. Hayes, detetive Reyes — Trovatelli fez um gesto para um homem familiar, com olhos castanhos calorosos e cabeça raspada —, e eu queria discutir o caso com a senhora novamente. E este é o nosso colega, Zander Tarakesh. Ele tem habilidades específicas que serão benéficas no caso de Dalton.
O coração dela parou quando ela viu Zander. Os detetives eram bonitos, mas… Zander era algo completamente diferente, com feições fortes e masculinas, e cabelos pretos sedosos na altura dos ombros. Seus ombros largos e musculosos pareciam ocupar todo o espaço do lado de fora, e o poder transbordava dele.
Dizer que era lindo seria eufemismo. Sentiu-se como se empurrada para fora do corpo no momento em que encontrou aqueles cativantes olhos azuis como safiras. Algo no olhar intenso dele era familiar. Foram necessários vários momentos embaraçosos olhando-o até perceber que tinha visto aqueles olhos algumas noites antes, quando ela e sua irmã compraram burritos para o jantar. Surpreendentemente, a reação que teve em relação a ele havia sido a mesma.
A excitação, quente e insistente, a percorreu até se acumular em seu sexo. Ela escondeu o busto por detrás da porta para não mostrar como seus mamilos haviam endurecido. Era inquietante a rapidez com que ela perdia o controle de seu corpo, ao mesmo tempo em que ardia por aquele homem. E era um soco no estômago se sentir atraída por aquele estranho. Seu abismo negro latejava dolorosamente, deixando-a enjoada. Culpa e vergonha guerreavam, tentando dominar o desejo em sua mente, e as emoções conflitantes a açoitavam.
A irmã e os amigos lhe disseram que já fazia mais de um ano e que ela precisava seguir em frente. Isso era impossível de se fazer pois, para ela, Dalton não havia ainda esfriado no túmulo. Ela havia feito uma promessa de vingar Dalton, ainda que fosse a última coisa que realizasse, e nada o impediria. Não havia espaço para nada mais ou mais ninguém. Ela afastou seus sintomas físicos e manteve no coração os votos feitos a Dalton. Ela o amava e sempre o amaria.

Capítulo Três
Zander estava tremendo. Estava parado no degrau de concreto rachado, do lado de fora do apartamento de Elsie. Elsie… seu nome era tão delicado quanto sua aparência. Ambos estavam em desacordo com o modo como ela o examinava. Ele se perguntou o que estava passando pela mente dela e, antes que percebesse o que estava fazendo, sintonizou seus pensamentos com os dela e quase cambaleou pela sensação de dor e perda que o atingiu.
Os seres humanos, com vidas curtas, amavam mais intensamente e tendiam a se apegar a tudo o que tinham. Aquela fêmea não era diferente. Zander, por outro lado, não sabia nada sobre relacionamentos íntimos. Fez sexo com fêmeas, mas não havia nada mais profundo do que atender às demandas físicas de seu corpo. Isso fazia dele um bastardo grosseiro, mas a alma de sua Companheira Predestinada não havia permitido nada além disso. Ele não foi capaz de dar as costas àquela presença sagrada.
O doce perfume de madressilva fez sua atenção voltar-se para a fêmea diante dele. Estranhamente, queria apagar a dor daquela mulher. Ela havia sofrido terrivelmente e ele descobriu que detestava a tristeza dela. Isto era inédito para ele; bem, não tão inédito. Já era ruim o suficiente ele desejar a humana, mas agora queria lhe dar afeição e conforto.
De repente, Orlando virou-se e colocou as duas mãos nos ombros dele.
— Relaxe, amo. Você está em todo tenso. Não podemos minimizar o risco que ela suscita em você — sussurrou Orlando, baixo demais para ela ouvir. Zander ficou chocado com a declaração. Não sabia que suas emoções eram tão instáveis. Precisava se lembrar de que a empatia transmitia tudo o que estava sentindo e que devia manter um controle melhor.
Zander assentiu, agradecido. Soltou um suspiro pesado que levava o peso de sua agonia. Seu pênis ardia para provar aquela fêmea, e seu coração queria alcançá-la o tempo todo, enquanto sua cabeça argumentava que ela era muito frágil. Temia a condição de humana dela, mas ainda a desejava. Não havia uma parte de seu corpo que estivesse de acordo com a outra.
— Está tudo bem? — A voz sensual dela acendeu a centelha de seu desejo, aquecendo-o ainda mais. Ele olhou por cima do ombro de Orlando quando o guerreiro se virou.
Ela estava de calça jeans folgada e um suéter rosa, macio, que escondia a pele nua do olhar dele. Ela sorriu para algo que Orlando respondeu, e o mundo dele girou em torno de seu eixo.
O doce aroma de madressilva acelerou seus sentidos. O perfume assolava-o, pela necessidade do corpo e do sangue dela. Mas algo se encaixava e, por um momento, não lhe importava mais se ela era humana ou se havia pertencido a outra pessoa. Ele iria tê-la. Não podia mantê-la para si mas, pela Deusa, precisava estar dentro dela antes que ela morresse.
Ele ignorou a dor aguda que o pensamento da morte lhe causou. Estava muito consumido pela intensidade de seu desejo por uma humana frágil, quando nunca havia tido a mínima ideia do que seria sentir atração por um humano.
Estava nervoso com as reações incontroláveis de seu corpo. Naquele momento, seu pênis estava rígido como granito, dirigindo-se para o estado de diamante, enquanto ele examinava lentamente a constituição esbelta de corredora de Elsie, os lábios cheios e beijáveis, e seios perfeitos e atrevidos que pressionavam sedutoramente o top rosa. Ele surpreendeu-se com a luxúria que corria em suas veias e sua incapacidade de controlá-la em qualquer aspecto.
Não que quisesse controlar qualquer parte dela. Queria que a paixão fora de controle consumisse os dois. Normalmente, ele tinha total controle e nunca havia experimentado essas sensações. Olhou para a luminescência da pele clara, de um tom de pêssego, e quase gozou nas calças. Arrebatadora.
— Está tudo bem, apenas cansado por trabalhar longas horas — respondeu Orlando, com suavidade. — Podemos entrar?
— Claro — concordou ela.
A porta se fechou e ele ouviu a fêmea destrancando as fechaduras. Seguiu Orlando e Santiago para dentro da pequena residência. Ao passar pelo pequeno corpo dela, notou que suas pupilas se dilatavam e ouviu seu coração disparar como se ela estivesse sendo perseguida por um lobo raivoso. A excitação dela era inconfundível. Era muito desconcertante que ele estivesse com ciúmes de que isso pudesse ser direcionado a um dos outros homens.
Incapaz de resistir, ele estendeu a mão até a dela. No momento em que suas peles se tocaram, ele foi transportado para outro plano. Formigamentos elétricos percorreram seu corpo, e seu sêmen correu para seu membro. Ele respirou fundo para se acalmar. Era contraproducente. O perfume intoxicante de madressilva tornou-se mais forte com a excitação dela. Ele estava quase perdendo o controle, mas sua preocupação com o corpo frágil dela foi capaz de lidar com as sensações que corriam por todo o seu corpo e que o mantinham sob controle.
— Elsie — murmurou ele, enquanto inclinava a cabeça e levava a mão dela à boca para um beijo. O beijo foi suave e breve demais para o seu gosto. Ele era um animal voraz que não queria nada além de devorá-la.
— É um prazer conhecê-la oficialmente. Orlando e Santiago me contaram a respeito do seu caso. Entre nós três, descobriremos quem fez isso e garantiremos que paguem — prometeu Zander.
Ele ouviu a respiração acentuada dela e capturou seus pensamentos confusos e selvagens. Ela o queria tanto quanto ele a queria, mas havia tanta agitação. Ele forçou os dedos a relaxarem e a soltou.
Ela o encarou novamente, um belo rubor manchou seu rosto e, por fim, respondeu:
— É um prazer conhecê-lo também. Nós… bem… minha irmã e eu vimos você e outro cara naquele restaurante, ontem à noite. Não foi?
— Sim, viu. Lembro-me claramente. — A maneira como os mamilos dela se retesaram sob o top ficaria gravada para sempre em sua mente. A lembrança era o suficiente para que seu membro engrossasse ainda mais. Mais ainda e ele poderia possuí-la ali mesmo. Ainda bem que ele gostava de viver no limite. Ele hesitou por uma fração de segundo antes de fechar a porta. De quanto perigo ele gostava? Era impossível voltar as costas e ir embora agora.
Elsie corou, tornando-se ainda mais bonita.
— Por favor, sente-se e sinta-se confortável. Esta é minha irmã Cailyn. — Ela apontou para o divã verde-claro e a mulher em pé no espaço entre a pequena cozinha e a sala de estar.
Ele notou o apartamento lotado e os móveis escassos. Embora parecesse que Elsie não tinha muito dinheiro e vivia com simplicidade, viu que ela estava orgulhosa do que tinha e mantinha seu espaço limpo e arrumado.
Ele voltou sua atenção para a irmã dela. Elas tinham algumas características em comum, mas Elsie era, na opinião dele, a irmã mais bonita. Ele estendeu a mão.
— É um prazer, Cailyn. — Ele apertou a mão dela e fez um gesto para Santiago. — Trouxemos o jantar conosco. Espero que gostem de comida tailandesa.
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* * *
Elsie observou silenciosamente enquanto eles preparavam a comida e conversavam com a irmã. Jantar? Aqueles não eram policiais típicos. Ela mal os havia conhecido e então eles apareceram agindo como se fossem amigos que estiveram afastados há muito tempo. Sua coluna enrijeceu, ela havia aprendido o suficiente nos últimos dezoito meses para saber que não podia confiar em nada.
Uma palma quente pousou em seu ombro. Ela olhou por cima do ombro para Zander e encontrou os olhos azuis-safira dele. Aquele simples toque foi um choque elétrico, seguido por uma sensação abrasadora, e sentiu o desejo chamuscá-la. Ela havia achado que seu corpo estava morto há muito tempo, mas ele o trouxe de volta à vida.
De modo algum ela era virgem, pois o único homem com quem já estivera foi Dalton. E, apesar de satisfatória, eles não tiveram uma vida sexual muito ousada. Com Zander, ela queria fazer coisas perversas. E isso a aterrorizava mais do que qualquer outra coisa.
Seu demônio sexual interior queria lamber cada centímetro do corpo dele e montá-lo até a exaustão. Era tudo tão confuso. Ela se afastou dele, precisando de espaço. O toque dele era muito perturbador.
— Você não está comendo, moça. Sente-se e vou lhe servir alguma comida. — O sotaque escocês dele era delicioso. Havia algo que lhe chamava a atenção em um cara com sotaque.
— Não, obrigada. Você sempre é tão autoritário?
— Aye, sou — respondeu Zander com um sorriso que levantou um canto da boca. Elsie não pôde deixar de sorrir também e encarar os lábios dele, faminta por saboreá-los.
Estava atraída por aquele homem, apesar do fato de ele parecer capaz de quebrar seu pescoço com dois dedos. Era alto, cerca de um metro e oitenta, e parecia um campeão de pesos pesados.
Se tivesse que adivinhar, diria que ele fazia parte das operações secretas, ou algo parecido, com sua atitude selvagem. Havia uma intensidade nele que faria com que homens feitos ficassem de joelhos, mas ela estava inevitavelmente atraída por ele. O que havia acontecido com todo o treinamento que Mack e os outros lhe deram desde que ela se juntou aos SOVA?
Os pensamentos sobre Mack trouxeram à tona a realidade e a culpa. Ela nunca ficaria com esse homem sexy e enigmático, por mais que quisesse. Era uma viúva agora, e seu coração ainda pertencia a outro. Ela não podia… não iria… abrir-se para alguém, nunca mais. Permitir-se ficar vulnerável à dor da perda de novo era impensável. Além disso, seu coração estava em pedaços, e todos eles pertenciam a Dalton.
Rindo, o detetive Trovatelli rompeu o momento tenso.
— Sei o que está pensando. Sabemos que isso não é profissional. Mas também sabemos que você passou por tanta coisa no último ano e meio e, bem, estamos tentando compensar a má experiência que teve com nosso departamento. Depois de conhecê-la mais cedo e ler o arquivo de Dalton, sentimos como se a conhecêssemos. Acredite ou não, você é importante para nós. Não se trata apenas da investigação. Então, você herdou novos amigos.
Trovatelli piscou para ela.
— Alguns de nós são melhores que outros. Você aprenderá que sou notável. Gosto de filmes de ação, mas não me oponho a comédias românticas, e preparo uma margarita razoável. Não há necessidade de me agradecer por abençoá-la com a minha amizade, seu silêncio atordoado é um agradecimento mais do que suficiente. — Ele terminou com um sorriso.
Ela soltou uma risada trêmula. O cara poderia ser bonito, mas era extremamente presunçoso. E, no entanto, seu instinto havia lhe dito, quando os viu na varanda, que eram pessoas em quem podia confiar. Ainda assim, era difícil aceitá-los de braços abertos.
Antes que ela pudesse responder, Santiago retrucou:
— Não o deixe enganá-la. Ele adora comédias românticas. Mas está certo quando diz que queremos lhe oferecer amizade. É por isso que estamos aqui. — As brincadeiras deles a deixaram mais à vontade. Ela apreciava um engraçadinho.
— O que eles não disseram é que não deixaremos de procurar quem é o responsável. Isto aqui não é uma maneira de esperar que você se esqueça — acrescentou Zander, com um sorriso sincero. Quando ele falou, ela queria acreditar nele. Cada grama de seu ceticismo parecia querer se afastar de sua mente. E, então, havia o sorriso dele. Ele lhe provocava coisas que ela se recusava a contemplar.
Nenhum daqueles homens era como os que ela já havia encontrado. Ela endereçou um olhar à irmã Cailyn antes de estreitar os olhos para os detetives e o amigo deles.
— Caras, vocês não estão certos, estão…
Um miado alto e estridente cortou Cailyn, seguido pela voz do detetive Trovatelli, resmungando:
— Maldito Rhys. — O sorriso dela se alargou quando ele puxou o celular do bolso da frente da calça preta. Não era um toque assim que ela teria imaginado para um cara grande e durão.
— Você deve ter uma queda por gatos — sorriu Elsie.
Zander e o detetive Reyes riram alegremente, fazendo com que o detetive Trovatelli erguesse os olhos do telefone. Ele balançou a cabeça, tristemente.
— Um colega meu gosta de mexer conosco alterando nossos toques. Ele é um pouco chato, mas eu tenho uma quedinha por gatos.
Apenas mostra que você não pode julgar um livro pela capa. Seu sorriso de Gato Risonho continha uma piada particular, e ela se perguntou se algum dia saberia qual era. Elsie balançou a cabeça. Por enquanto, confiaria neles. Afinal, era habilidosa com uma lâmina e podia se proteger.
— Quais são os próximos passos, detetives? — exigiu Cailyn. Elsie apreciou a interrupção da irmã. Sem dúvida, Cailyn queria ter certeza de que eles tinham um plano e não estavam mentindo na cara de Elsie.
— Primeiro, pode me chamar de Orlando, e esse cabeça oca é Santiago. — Orlando apontou para o parceiro. — E segundo, temos perguntas para Elsie, mas depois. Vamos comer, então poderemos conversar sobre o caso.
Cailyn concordou, balançando a cabeça afirmativamente. Elsie não fazia ideia do que pensar sobre aqueles caras. Não apenas estava inexplicavelmente atraída por um deles, como também sentia um parentesco inato com todos, e isso era perturbador. Olhando para a irmã, não conseguiu determinar ela sentia algo semelhante. Ela sempre se espelhou na irmã mais velha e poderia usar sua orientação agora. Elsie não fazia o tipo de acreditar no destino nem em algo instantâneo, mas suas crenças haviam sido desafiadas por sua camaradagem fácil com aqueles homens poderosos.

Capítulo Quatro
Elsie jogou sua comida não consumida no lixo. Fazia mais meses do que gostaria de admitir desde a última vez que havia feito uma refeição completa, e, naquela noite, não havia sido diferente. A ansiedade da conversa iminente a estava matando. Teria que ser cuidadosa. Aqueles homens poderiam parecer invencíveis, mas não faziam ideia dos monstros que andavam por aí. Não teriam chance contra os vampiros que mataram Dalton e atacaram os inocentes.
— Sobre o que querem conversar? — perguntou ela.
— Sabemos que tem sido difícil para você e realmente lamentamos sua perda — disse Orlando, enquanto seus olhos verde-esmeralda sustentavam o olhar dela, de alguma forma a paralisando.
A sinceridade na voz dele lhe disse que aquele homem conhecia dores angustiantes. Isso a confortou da maneira de que precisava, e a tensão em seu corpo diminuiu.
— Estamos seguindo as pistas que envolvem as crianças do orfanato. O que pode nos contar sobre elas? — perguntou Santiago.
Com essas palavras, ela sentiu muito mais compaixão e carinho por aqueles homens do que por qualquer pessoa anteriormente envolvida no caso. Era a preocupação sincera de um amigo, o que fez a situação ter um significado ainda maior. Eles haviam sido sinceros quando disseram sobre serem amigos agora.
Ela teria que escolher as palavras com cuidado. Havia tanta coisa que não foi capaz de compartilhar com eles. Eles a achariam louca se lhes contasse sobre a existência de vampiros. Encontrá-los e eliminá-los teria que ficar entre ela e outros membros dos SOVA.
— Não posso dizer muito, exceto que todos estavam com problemas, mas investigá-los é uma perda de tempo. Obviamente, quero que o responsável pela morte de Dalton pague pelo que fez. Só isso. Não acredito que haja algo que vocês possam fazer — disse ela com honestidade.
— Faremos tudo o que pudermos para ajudá-la, mas entenda que, depois de tanto tempo, as pistas foram perdidas e isso se torna muito mais desafiador. Agora, isso não significa que não colocaremos todos os nossos esforços para descobrir quem o matou. Posso lhe prometer que não deixaremos pedra sobre pedra — assegurou Santiago enquanto se aproximava para se agachar perto da sua cadeira. Ele estendeu a mão e apertou o ombro dela. Seu sorriso era sincero e reconfortante.
— Claro, você já está dando desculpas. Nenhuma surpresa aqui. E eu pensei que vocês seriam diferentes — respondeu ela, cruzando os braços sobre o peito.
Havia sido tola por pensar que a abordagem deles seria diferente. Na realidade, não havia nada que eles pudessem fazer para encontrar o vampiro responsável ou lidar com isso.
— Ei, espere — repreendeu Orlando. — Não estamos dando desculpas. Vamos encontrar as respostas…
Zander interrompeu Orlando.
— Elsie — apaziguou ele. O nome dela, saindo dos lábios dele, era uma carícia sensual com sotaque escocês. — Dou-lhe a minha palavra de que usarei todos os recursos à minha disposição, que são muitos. Encontraremos o culpado. Seu marido será vingado. — Ela estremeceu com a sinceridade na voz dele, e era impossível não acreditar no que ele disse.
Sua irmã entrou na conversa.
— El, não seja tão dura com eles. Escute-os antes de tirar conclusões precipitadas — insistiu Cailyn, enquanto fazia o papel de anfitriã para os homens ocupando espaço em sua casa. Ela amava a irmã e estava grata por Cailyn cuidar dela como era seu costume.
— Você está certa, Cai. Esta é sua chance, detetives, não a desperdicem. Vocês não vão conseguir outra — informou Elsie. Não estava muito animada, sabia o resultado, mas queria vê-los tentar. Algo que estava faltando até agora.
Zander se sentou em frente a ela, observando-a atentamente. A presença dele era tão enervante que ela se levantou e serviu uma taça de vinho. Ela tanto odiava quanto saboreava o efeito que ele exercia sobre ela. Elsie não queria desejá-lo, mas o desejo estava lá mesmo assim. Talvez porque ela nunca tivesse sido o foco da atenção de alguém tão completamente.
— Obrigado por não nos pressionar — provocou Orlando. — Começaremos com perguntas que já foram feitas a você, na esperança de que ouvidos diferentes possam colher novas informações. Os registros telefônicos revelaram que Dalton ligou para você pouco antes de morrer. O que ele disse?
Foi mais fácil conter as lágrimas ao se concentrar no cobertor laranja pendurado na parede, enquanto revisitava aquela noite.
— Não falei com ele. Ele me deixou uma breve mensagem de correio de voz dizendo… — ela engoliu a emoção que a sufocava — …que não tinha muito tempo e que me amava.
— Há algo mais de que você possa se lembrar sobre a mensagem? — acrescentou Santiago.
— Só que ele estava cansado e parecia sem fôlego. Sua voz estava triste… ele estava se despedindo de mim. Sei disso agora — murmurou Elsie enquanto sufocava as lágrimas. Falar sobre aquele assunto ainda a derrubava. Sempre derrubaria. Aquele vampiro roubou sua vida.
Orlando estendeu a mão e agarrou a dela, apertando-a para consolá-la. Chocada, ela o olhou. Percebeu compreensão e aceitação no olhar dele.
— Alguém tinha um motivo para querê-lo morto?
— Não, Dalton não tinha inimigos. Era um defensor das regras, mas divertido e tranquilo também. Tinha coração e mente abertos, aos quais as crianças de casa correspondiam e respeitavam. Esse assassinato foi obra do mal.
— Não há dúvida de que foi um ato mau. A morte dele não deveria ter acontecido — declarou Zander.
A veemência em sua voz a fez se voltar para ele. Ela sustentou os olhos dele por vários segundos, sentindo que ele a cativava. Parecia que ele examinava a sua alma.
A voz de Orlando rompeu a conexão, e ela respirou fundo, sem perceber que havia prendido a respiração.
— Ele se comportou de forma diferente nos dias que antecederam sua morte?
— Não, nada diferente. Dalton foi trabalhar naquela manhã, como de costume. — Se ela soubesse que ele nunca mais voltaria para ela, teria o mantido em casa. Pelo menos, teria feito amor com ele mais uma vez.
— Esta pergunta é difícil e não a faço por ser insensível, mas tenho que perguntar — qualificou Santiago. — É possível que ele estivesse tendo um caso? Ou você? Um cônjuge ou namorado ou namorada ciumenta teria motivo para machucá-lo.
A visão dela se pontilhou de vermelho, enquanto a raiva, fora de controle, rapidamente explodia. Ela se levantou e cerrou os punhos.
— Como se atreve a entrar na minha casa e acusar meu marido de ter um caso? — gritou Elsie. — Você não sabe nada a nosso respeito. Nenhum de nós teve um caso. Vocês não são meus amigos. Saiam da minha casa — cuspiu ela, esforçando-se para não puxar a faca, que estava enfiada em sua bota, da bainha. Eles poderiam não virar cinzas, mas ela causaria alguns danos.
Santiago se levantou e colocou as mãos para cima, com as palmas voltadas para fora, em um gesto de paz. Enquanto isso, Zander fechava a distância entre eles e segurava os ombros dela com suas mãos grandes e quentes.
— Elsie. Santiago, embora fizesse apenas o seu trabalho, falou de modo inoportuno. Ele sabe, assim como Orlando e eu, que não houve traição. Por favor, entenda que perguntar é parte de não deixar nada sem examinar.
Cailyn aproximou-se de Elsie e passou o braço em volta da cintura dela.
— El, querida, respire fundo. Esses simpáticos cavalheiros não fazem ideia do quanto você e Dalton se amavam. Você os acusou de não fazerem seu trabalho, então não fique com raiva quando eles o fizerem.
Ela estava com a cabeça abaixada, sem desejar encontrar o olhar de ninguém, enquanto os minutos silenciosos se passavam. Cailyn e Zander estavam certos. A pergunta a deixou nervosa, fazendo-a explodir como fogos de artifício. Finalmente, ela voltou a ser razoável e ergueu a cabeça.
— Sinto muito. Você está certo, é claro. Esse é um assunto delicado para mim. Odeio que as pessoas sempre achem que tem que haver algo assim quando não há outra explicação. Existem coisas neste mundo que desafiam a explicação e são capazes de fazer mal sem motivo — respondeu Elsie respondeu. Mais do que qualquer coisa, ela queria confidenciar para aqueles homens sobre vampiros. Os SOVA precisava de forças como as deles.
As mãos de Zander apertaram seus ombros quase dolorosamente.
— Nem tudo é como parece. Não se arrisque. Você agora é parte de nós.
Orlando olhou por cima do ombro de Zander sorrindo largamente.
— Sim, na alegria ou na tristeza, você agora faz parte da família. Somos um grupo heterogêneo, mas faríamos qualquer coisa por você.
Ela se sentia impotente, mas retribuiu o sorriso dele enquanto uma sensação de que sua vida havia mudado de forma irrevogável tomou seu interior. Era enervante e sua reação foi se fechar, até que percebeu que a sensação de tragédia que geralmente acompanhava seus episódios preditivos estava ausente. Era uma ótima mudança para a tristeza e melancolia habituais.
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* * *
Horas depois, os passos de Zander não vacilaram enquanto ele alcançava o patamar da grande escadaria de Zeum, em busca de seus irmãos e dos Guerreiros das Trevas. Graças à tecnologia moderna, as venezianas automáticas desciam antes do amanhecer e cobriam as grandes janelas panorâmicas, protegendo os vampiros do sol. Sua espécie não era mais relegada aos aposentos no porão durante o dia.
Ele avistou Rhys cruzando o grande saguão, entrando na sala de guerra com uma garrafa de vinho. Ele devia ter dado uma passada em sua enorme adega no porão.
— Onde estão os outros? — vociferou ele, fazendo o guerreiro pular.
Rhys girou, voltando-se para a escada em um movimento gracioso, pronto para lutar contra qualquer ameaça. A garrafa de vinho era uma arma mortal em suas mãos hábeis. Sua postura relaxou assim que avistou Zander.
— Pela Deusa, amo, você precisa fazer algum maldito barulho antes. Acho que Kyran, Breslin e Bhric estão na sala de mídia e estou me juntando a Gerrick na sala de guerra agora. O que foi?
— Isso aí é vinho para você e Gerrick? Um pequeno interlúdio, agradável e aconchegante? — provocou Orlando, que vinha atrás de Zander.
Zander fechou a cara para o guerreiro. Normalmente, gostava do humor de Orlando, mas estava tenso pela luxúria não liberada, causada após estar perto de Elsie por horas. Sem mencionar que havia uma nova ameaça para eles, complicada pelo fato de que Zander cobiçava um membro do grupo vingador. Ele foi capaz de coletar partes dos pensamentos de Elsie sobre os SOVA. Ainda estava chocado que a pequena de cabeça quente fazia parte de tal grupo.
— Oras, O, com ciúmes porque não incluímos você? Você é bem-vindo para se juntar a nós, mas pegue sua própria garrafa.
— Seu idiota. Houve um progresso que tem implicações para todo o reino — respondeu Orlando e toda a aparência de seu bom coração havia desaparecido.
— Pegue Gerrick e junte-se a nós na sala de mídia, agora! — A pulsação de Zander acelerou e sua tensão aumentou. Seus músculos estavam tão retesados que podiam se quebrar.
— Sim, amo. — assentiu Rhys em sinal de reconhecimento e desapareceu na sala de guerra.
Zander desceu o corredor sob as escadas gêmeas e entrou na cozinha, que estava vazia àquela hora do dia. Estava grato por ser assim, porque não queria compartilhar essas informações com ninguém fora de seu círculo íntimo. O conselho da Aliança e todo o Reino precisavam ser informados, dado que essa notícia afetava a todos, mas agora ele tinha muitas coisas que precisava resolver.
Depois da cozinha ficava o pátio fechado, mas ele também não viu ninguém ali. Seu olhar deslizou sobre as almofadas verde-limão do sofá de vime e pousou no chão de ladrilhos. Ele se lembrava do sangue, suor e lágrimas que fizeram parte no corte manual de cada ladrilho que agora formava o desenho intrincado do Amuleto Triskele, no centro do chão.
Zander ouviu seus irmãos conversando no corredor da sala de mídia. Entrou na sala e revirou os olhos ao ver Breslin e Kyran sentados em um dos sofás de couro preto, discutindo sobre seu jogo de cartas. Bhric estava sentado em uma cadeira estofada ao lado deles. O uísque estava em cima do bar bem equipado do canto. Qual deles estava enchendo a cara tão cedo?
Apostava que era Bhric. Parecia que seu irmão vinha usando álcool e outras substâncias com frequência cada vez maior nas últimas décadas. Um olhar para a mesa ao lado de Bhric confirmou suas suspeitas. O gelo não teve tempo de derreter no copo alto.
Uma televisão de tela plana ocupava uma parede inteira e estava sintonizada na ESPN. Ele pegou o controle remoto no topo de um armário estilo Luís XVI e silenciou o volume. A atitude chamou a atenção dos irmãos. Só então eles perceberam que ele havia entrado na sala seguido por Orlando, Santiago, Rhys e Gerrick.
Bhric percebeu a cena rapidamente e agarrou sua sgian dubh
de titânio do coldre do tornozelo.
— O que foi, brathair
? Estamos sob ataque?
— Nay, não estamos sob ataque. Temos um problema. — Ele parou e organizou os pensamentos. — Orlando e Santiago aceitaram um caso a meu pedido e descobrimos que há uma nova ameaça. Precisamos determinar o que devemos fazer em relação a ela, se houver algo.
Gerrick contraiu os lábios em uma linha fina, fazendo com que a cicatriz que percorria o lado esquerdo de seu rosto se destacasse.
— Que tipo de ameaça? Posso lidar facilmente com qualquer ameaça. Diga-me quem é e eu irei matá-los.
Zander se rebelou ante a ideia de qualquer mal acontecer a Elsie.
— Essa abordagem não funcionará. O caso envolve uma fêmea humana cujo marido foi assassinado há 18 meses. É uma sentença de morte matar um humano… e, não vou tolerar nem mesmo desdém em relação a ela.
Orlando acrescentou:
— Para esclarecer, Elsie não representa uma ameaça. Ela pode saber sobre a existência de vampiros, ou o que ela pensa ser vampiros. Mas não vai contar a ninguém, ou teria nos contado. A maior ameaça vem dos SOVA. Ter um bando de humanos tentando matar criaturas sobrenaturais é um desastre iminente.
— Tudo bem. Volte no tempo e explique mais — disse Breslin.
Zander se sentou em um dos sofás e se inclinou para a frente com os cotovelos apoiados nos joelhos.
— Orlando está certo. Elsie não representa uma ameaça direta. Isso ficou evidente em seus pensamentos. Não contará a ninguém sobre as escaramuças por medo de ser vista como louca. Ela culpa os vampiros pela morte do marido, mas o que não sabe é que foi uma escaramuça. Ela se envolveu em um grupo de justiceiros chamado SOVA ou Sobreviventes dos Ataques de Vampiros, e eles caçam à noite. Pelo que pude depreender, eles tiveram bastante sucesso em sua missão de eliminar vampiros. Os humanos envolvidos neste grupo são todos vítimas que sobreviveram a encontros com as escaramuças.
— Och. Suponho que o risco é eles matarem um vampiro de verdade e, assim, expor a existência do reino. — despejou Kyran, enquanto jogava suas cartas na mesa.
— Aye, essa seria a preocupação. Tenham cuidado ao lidar com esta situação. Não tolerarei que Elsie seja machucada de forma alguma e não podemos eliminar os humanos por serem imprudentes. Eles procuram justiça por um mal que lhes foi feito. Quantos de nós não faríamos a mesma coisa? Precisamos saber quem está envolvido e incluir seus territórios em nossas patrulhas noturnas. Não vou ter mais humanos inocentes mortos sob o meu comando. — Zander precisava de uma pausa em suas ruminações sobre Elsie. Não estava pensando direito e desenvolver um plano mais eficaz naquele momento parecia uma tarefa impossível.
Felizmente, sua irmã começou a conspirar a favor dele.
— Por que não apagamos suas memórias de seus encontros com as escaramuças? Isso resolveria tudo.
— Não vai funcionar, Bre. Não fazemos ideia se este grupo é muito difundido. Não podemos assumir que o grupo está restrito a esta área. Se for mundial, não haverá como chegar a todos os membros. Seria mais fácil colocar um anúncio no jornal — respondeu Santiago, com sarcasmo.
A expressão de Breslin despencou.
— Oh, eu não havia considerado isso. O que podemos fazer, então?
Kyran o olhava atentamente.
— Digo que devemos seguir este grupo. Eles podem ter descoberto o covil das escaramuças. As escaramuças não podem sentir os humanos como fazem conosco, e não tomará tantas precauções com eles. Ofereço-me para seguir Elsie — disse seu irmão, com um sorriso malicioso.
A objeção de Zander foi imediata e veemente.
— Não, você não a seguirá. Serei eu a segui-la.
O sorriso de Kyran se abriu.
— Esta é a mulher em quem você deu em cima, não é?
Zander franziu o cenho. Havia caído na armadilha do irmão. Tudo em que pensava era em Kyran seduzindo-a e apresentando-a aos seus desejos sombrios. Esse pensamento o deixou com tanta raiva que ele reagiu de pronto.
— Não dei em cima dela — esbravejou ele.
— Sim, brathair, deu. Todos no restaurante viram como você se sentia atraído pela humana.
Todos riram, o que não diminuiu o desejo de Zander de socar o irmão.
— Nosso amo, atraído por uma humana? — provocou Orlando. — Não admira que quisesse que Santi e eu pegássemos o caso dela. Queria uma desculpa para vê-la de novo… — A resposta de Orlando foi interrompida quando ele precisou se esquivar do soco de Zander.
— Basta — vociferou Zander. Queria negar as afirmações deles, mas as palavras seriam uma mentira, e ele se recusava a mentir para seus guerreiros. — A única informação que consegui saber de Elsie é que ela trabalha com alguém chamado Mack. — Ele não fazia ideia se era homem ou mulher. Não se importava com o quanto ela parecia confiar neste Mack. — Vou pedir a Killian para usar suas habilidades no computador e ver se ele consegue descobrir quem é esse Mack, assim como qualquer outra pessoa envolvida com os SOVA. Suspeito que pode demorar algum tempo. Nesse ínterim, ninguém seguirá Elsie sem minha ordem direta. Agora, descansem um pouco.
Ele saiu da sala, ignorando a gozação deles. Estava mais nervoso do que eles poderiam deixá-lo, por seu desejo inegável pela fêmea. O Rei Vampiro nunca deveria ter relações com humanas.

Capítulo Cinco
Elsie terminou de enviar a mensagem de texto para Mack e colocou o celular de baixa qualidade sobre a mesa. Odiava cancelar mais uma patrulha, mas sua irmã ainda a estava visitando. Não havia como Cailyn entender ou permitir que ela fizesse algo tão perigoso.
Elsie amava a irmã, mas parte dela estava ansiosa para estar lá com Mack. Seu telefone tocou, indicando que ela tinha uma mensagem. Ela o pegou, esperando ver uma resposta de Mack e ficou chocada ao ver que era Orlando.
Havia se passado alguns dias desde que pegaram seu caso e ela ainda não havia se acalmado. Não havia ficado nervosa com Orlando ou mesmo com seu parceiro, mas com o amigo deles, Zander. Ela praguejou e enviou uma resposta.
— O que foi? — perguntou Cailyn, de onde estava, olhando para a geladeira vazia.
— Era Orlando. Disse que tem algumas novidades e que estará aqui em alguns minutos. — Ela torceu as mãos enquanto mil coisas diferentes passavam por sua cabeça ao mesmo tempo. Encabeçando essa lista, era impossível que eles tivessem encontrado o vampiro responsável. Não estariam vivos, se tivessem.
— Tenho certeza de que são boas notícias — assegurou a irmã.
— Seria ótimo. Só queria ouvir que, quem quer que tenha matado Dalton, irá pagar por muito tempo — admitiu ela.
A campainha interrompeu a conversa delas. Elsie abriu a porta e viu os olhos verde-esmeralda de Orlando, cheios de alegria, e seus dois companheiros. Ela se admirou por sua amizade rápida com aqueles homens e foi forçada a reconhecer que algumas pessoas se conectam no momento em que se conhecem. Ela havia se conectado àqueles homens. Seu coração disparou ao ver Zander. Ele era ainda mais lindo do que ela se lembrava.
Balançando a cabeça mentalmente, ela deu um passo para trás e os convidou a entrar. Cada um carregava sacolas. Ela inclinou a cabeça, curiosa.
— Pensei que você disse que tinha novidades? Parece que estão indo para uma festa de aniversário.
Todos riram.
— Ótima essa, Chiquita — murmurou Santiago, enquanto a abraçava com força. Ser tão prontamente aceita era magnífico, mas ela imaginou se eles agiriam assim se realmente a conhecessem. Se soubessem que ela era uma aberração, que tinha premonições de morte e caçava vampiros à noite…
Quando Zander a puxou para seus braços, todos os pensamentos coerentes pararam. O perfume dele era totalmente masculino e magnífico.
— É ótimo vê-la de novo, Elsie. — Ela corou quando ele beijou seu rosto. A formalidade dele pareceu-lhe de tempos antigos. Ela imaginou que ele ficaria mais adequado com uma cota de malha e um título de cavaleiro. O toque íntimo do beijo, no entanto, a fez se afastar.
Sua atenção se voltou para Orlando antes de recuperar o equilíbrio. Ele passou o braço em volta dos ombros dela segurando uma das sacolas na mão.
— Porque sabemos que você não tem comida, El, nós trouxemos alguma. Também trouxemos tequila e comédias românticas. Vamos ter uma noite de garotas. — Ele ressaltou a última frase, provocando-lhe risos. Podia parecer estranho ser tão íntima deles, mas eles sabiam como deixá-la à vontade. — Posso até deixar você pintar minhas unhas — provocou Orlando.
Cailyn riu e abraçou os homens.
— Com uma cozinheira tão boa quanto minha irmã, você acharia que ela sempre tem um pouco de comida em casa.
— Cale a boca, Cai — retrucou ela. Zander passou uma sacola de presente, em um tom prateado brilhante para a outra mão, chamando a atenção dela. Ela parou. Que garota não se sentiria tentada por uma sacola de presente brilhante? Não, ela estava mais curiosa sobre o que eles tinham para contar.
— Agradeço a comida e outras coisas, mas preciso que você me conte as novidades primeiro. — Ela controlou os nervos, segurando as costas de uma cadeira da cozinha. Eles já haviam descoberto quem ou o que matou Dalton? Não seria possível, lembrou-se.
Ela se ocupou em esvaziar o conteúdo das sacolas que Orlando e Santiago trouxeram enquanto os ouvia atualizá-la sobre a investigação. Depois de revisar todas as evidências, eles encontraram um pouco de sangue em uma caneta que acreditavam pertencer ao criminoso. Tinha um DNA útil que eles compararam a um cadáver que descobriram em uma lixeira. Atordoada, ela se sentou em silêncio, enquanto digeria a informação.
Ela não havia acreditado que o garoto que eles haviam encontrado era o responsável, até que lhe contaram sobre suas presas falsas. Cada vampiro que já havia matado se transformou em cinzas quando ela lhes perfurou o coração. Agora, ela não podia deixar de se perguntar se isso não aconteceu quando seu coração foi removido. Se fosse o caso, então ela tinha um nome para quem destruiu sua vida. Jag. E, agora, não podia descontar nele nem um pouco de sua raiva. Estava morto.
Ela pegou pratos e talheres dos armários da cozinha e os colocou ao lado da comida. Esperava se sentir melhor com a notícia, mas a mesma dor e mágoa a trespassavam como antes. Nada de seu tormento havia mudado. Por todos aqueles longos meses, ela disse a si mesma que se sentiria melhor e começaria a se curar quando o culpado fosse identificado e morto. Era devastador saber que não fazia diferença. Seu sofrimento nunca iria acabar. Na verdade, ficou muito pior, porque agora ela não podia se vingar.
Apesar de tudo, estava muito grata por eles terem sido designados para o caso. Ela recebeu não apenas respostas, mas o que ela suspeitava serem amigos por toda a vida. A vida continuava, de qualquer maneira, e ela também.
Ela olhou ao redor e percebeu que ninguém estava comendo e que o clima mais leve havia desaparecido. Queria que ele voltasse. Estava cansada de ficar triste.
— Comam, rapazes. Coloque um de seus filmes, Orlando. Sabe, eu nunca teria pensado que você fosse um cara do tipo de gostar de comédias românticas. — Ela sorriu para o atraente rapaz loiro. — Estou pensando em beber até cair. Alguém me acompanha?
Ela se afastou da mesa e dirigiu-se à geladeira, onde pegou a limonada e outros ingredientes essenciais para seus coquetéis margaritas inspiradores. Atenta, sentiu o pescoço formigar. Alguém a olhava. Ela inclinou a cabeça para o lado e percebeu que não apenas sua irmã a observava com atenção com também os olhos de Zander ainda não a haviam deixado. Ela sentiu a censura no olhar da irmã e o calor erótico vindo dele.
— Pare — sibilou ela para Cailyn.
Cailyn colocou as mãos nos quadris.
— Então coma antes de beber. Você não comeu muito desde ontem.
— Você sabe que eu tento comer, Cai. Se pensou que conseguir essa informação de Orlando e Santiago me faria, de forma mágica, comer, dormir e me divertir tremendamente, se enganou — rosnou Elsie. Ninguém entendia o que ela havia passado e ela estava cansada de tentar melhorar as coisas para os outros.
— Já se passou bem mais de um ano desde que ele morreu. Você não dorme e perdeu bastante peso. Precisa de um encerramento. Não pode sobreviver assim — respondeu Cailyn enquanto contornava o balcão e a segurava pelos ombros.
— Sabe o quê, Cai? Encerramento é um mito. O mito mais pérfido já criado. Não me esqueci dele, nem parei de amá-lo. Nada pode tornar seu assassinato menos traumático ou trágico. Não há cura mágica para apagar as memórias ou o sangue. Minhas emoções não são um quadro que pode ser limpo. Não foi o seu marido e melhor amigo que foi arrancado da sua vida, então desça dessa droga de pedestal! — soluçou ela e caiu nos braços da irmã.
Uma mão grande e quente pousou em suas costas.
— Por que você não se senta, vou preparar uma bebida para você. — Ela ergueu a cabeça, enquanto o tom grave da voz de Zander causava arrepios em sua espinha. Quando encontrou o olhar dele, as emoções que ela viu refletidas ali a abalaram.
— Seria ótimo, obrigada. — Ela se aproximou de uma das cadeiras da mesa da cozinha e se acomodou nela. Cailyn ajudou Zander, dando a Elsie espaço para recuperar a calma. Ninguém havia começado a comer, e a tensão no apartamento poderia ser cortada com uma faca. Não estava funcionando para ela. Não naquela noite.
Ela respirou fundo e recostou-se na cadeira. Ergueu as mãos, exasperada.
— Pelo amor de Deus, pessoal, relaxem e comam.
Orlando e Santiago riram e se dirigiram à mesa.
— Não precisa falar duas vezes. Estou com tanta fome quanto Cailyn. Posso fazer um prato para você? — perguntou Orlando.
Um ruído animalesco soou no apartamento. Zander estava rosnando? Quando ele se aproximou dela, ela perdeu a linha de raciocínio. Seu pensamento perdeu o rumo, e o calor que ela sentia antes agora era um inferno em chamas. Não estava pronta para o que viu nos olhos dele, não achava que jamais estaria. Sua devoção a Dalton produziu uma culpa forte demais para ser ignorada.
Ele caminhou até ela e colocou o pacote brilhante em seu colo; em seguida, apoiou as mãos nos braços da cadeira. O cabelo dele roçou sua face quando ele se inclinou para sussurrar em seu ouvido. A respiração dele era uma carícia de amante em seu rosto. Ela precisava mudar o rumo de sua imaginação. Ele não era seu amante, e nunca seria.
— Para você, minha doce lady E. Espero que isso traga um sorriso aos seus lábios deliciosos — prometeu Zander.
Ela permaneceu sentada, atordoada, enquanto ele beijava novamente seu rosto. Ele hesitou, esperando que ela levantasse a cabeça. Covarde como era, ela balançou a cabeça e se manteve cabisbaixa. Ele permaneceu assim, perto dela, por mais alguns segundos antes de se endireitar e pegar um prato. Ela levantou a cabeça e observou quando ele começou a enchê-lo de comida, invejando seu apetite saudável.
Ela encontrou o olhar questionador da irmã e deu de ombros; em seguida, voltou sua atenção para o pacote brilhante.
— Obrigada pelo presente, mas você não deveria… — murmurou ela.
— Bobagem. Isso não é nada. As bebidas estão prontas, mas concordo com sua irmã. Eu me sentiria melhor se você tivesse algo no estômago antes de beber. Posso pegar um pouco de comida para você?
A decepção com a notícia ainda estava no estômago dela como uma pedra. Seu propósito na vida havia sido caçar e matar o vampiro que assassinou Dalton, mas agora tudo havia terminado.
— Só uma bebida, por favor. Prometo comer, mas preciso de uma bebida — explicou ela, quando viu a expressão séria dele.
Sentindo-se estranha com o pacote no colo, ela espiou dentro dele e retirou o papel de seda verde, vendo várias caixas pequenas. Uma fragrância almiscarada e amadeirada saiu da bolsa. Era o perfume masculino de Zander, e isso a deixou enlouquecida. Sua pele se retesou, enquanto um zumbido percorria seu corpo. Sua cabeça girou. Onde estava aquela bebida?
Ela agarrou o papel, lutando contra uma onda de calor. Se não estava enganada, ele estava bastante interessado nela. Ela passou os olhos nele, e a luxúria havia retornado aos olhos dele. Aquilo a atingiu, e ela corou intensamente. Estava em território desconhecido. Ela e Dalton haviam sido namorados no colégio, e ela não sabia como lidar com a situação.
Optando por ignorar Zander, ela pegou a primeira caixa e levantou a tampa. Todas as caixas continham chocolates gourmet. Hmmm, ela adorava doces. Antes de se permitir, ela encontrou o olhar de Zander e sentiu um aperto estranho ao ver que os olhos dele não revelavam nada. Ela se levantou com pernas trêmulas e deu três passos até parar na frente dele. Precisou esticar o pescoço para olhá-lo.
— Você dá doces caros a todos os seus amigos? Nesse caso, estou feliz que nos tornamos amigos. Obrigada. — Ela ficou na ponta dos pés e esticou os braços, envolvendo o pescoço dele, e o abraçou. Cada músculo do corpo dele se retesou e ela se preocupou em tê-lo ofendido, até que ele relaxou e segurou suas costas. Zummm!
Sua irmã pigarreou bem alto atrás dela. Largar Zander lhe era surpreendentemente difícil. Ela o soltou e tentou se virar, mas não conseguiu se mover. Zander ainda a segurava. Ela o olhou nos olhos e murmurou:
— Você precisa me soltar agora.
Uma das sobrancelhas dele se ergueu, ao mesmo tempo em que ele dava um sorriso enviesado.
— Eu? Não estou acostumado a seguir ordens. Normalmente, sou eu quem as dá. — Ele riu, piscando para ela, e afrouxou o abraço.
Ele pegou o prato de comida que havia colocado na mesa e ela bateu em seu braço.
— Bem, você não é o Sr. Mandão? — provocou ela, sorrindo, e, em seguida, virou-se para a irmã e pegou a bebida que ela estava lhe entregando. — Obrigada, mana. E prometo que vou comer. Na verdade, pretendo começar com esses chocolates.
Ela tomou um gole da bebida e pegou uma caixa. Colocou um chocolate na boca. Delicioso. Chocolate e tequila, sua combinação favorita. Ela bebeu e observou os homens interagirem com sua irmã por vários minutos.
Orlando parou ao lado dela e pegou seu copo vazio.
— Você gostaria que eu recarregasse isso? — Um homem que combinava com ela, e nem mesmo reclamava por ela não comer.
Ela sorriu para ele e respondeu:
— Sim, obrigada. — Uma agitação agradável vibrava em seu corpo graças ao estômago vazio.
Ela pegou os chocolates e foi para a sala. Um caramelo de baunilha levemente salgado a tentava.
— Mmmm — gemeu ela, enquanto comia, fechando os olhos e saboreando o doce. Eles se abriram quando a almofada ao lado dela afundou. Zander havia se juntado a ela no sofá-cama. Uma rápida olhada ao redor disse que Cailyn estava conversando com Santiago do outro lado da pequena sala e Orlando estava na cozinha. De repente, seu apartamento lhe pareceu ainda mais apertado.
Distraindo-se da presença dele, ela pegou um chocolate com mel, açafrão e lavanda e deu uma mordida. Não tão bom quanto o de caramelo. Ela enfiou as pernas embaixo do corpo, sentando-se de pernas cruzadas e se virou para Zander.
— Você mencionou que dá ordens. O que faz?
Ele pousou o garfo e colocou o braço na parte de trás do sofá-cama.
— Eu chefio uma grande… corporação. Lidamos com segurança e proteção. O que você faz? Na outra noite, você apenas disse ser estudante. Você também trabalha?
Ela deu uma mordida em um chocolate com pimenta. Argh, ela colocou a porção não comida de volta na caixa. Não queria ser rude, mas tinha um gosto horrível. Onde estava sua bebida?
— Orlando, onde está aquela bebida? — Ele lhe entregou no exato momento em que a pergunta saiu de seus lábios. Ela tomou um bom gole e a bebida dissipou o sabor. Pimenta e chocolate eram uma combinação horrível. — Sou garçonete no Earl's. É perto da Universidade de Washington, e o horário combina com minhas aulas — respondeu ela, pegando mais doces.
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* * *
Zander observou Elsie comer outro caramelo. A maneira como ela expressava seu prazer e fechava os olhos era enlouquecedora. Ele cerrou o punho e tomou um gole de sua margarita. Precisava se acalmar. Um banho em uma banheira de gelo poderia ajudar.
— Você gostou deles — observou ele. Aquela mulher transformava o ato de comer doce em algo sensual. Ela o estava deixando louco.
O que o havia dado nele para lhe trazer chocolates? Foi simples depreender dos pensamentos dela o amor que ela sentia por doces durante o último encontro, e ele foi compelido a comprar para ela o melhor que existia. Querido Destino, ele estava flertando com uma humana. Era um erro e ele precisava parar de persegui-la. Não precisava dos problemas que acompanhavam seres da espécie dela.
— Hmmm, estes são incríveis. Meus favoritos são os caramelos de baunilha salgados. Os outros são… únicos. Mas, eu poderia viver apenas com esses caramelos — gemeu ela, em êxtase, enquanto comia outro.
Ela tinha uma gota de caramelo no lábio que ele desejou lamber. Ele ansiava por saborear vários lugares do corpo delicioso dela também. Aquilo não estava ajudando a acalmar sua intensa ereção. Suas presas desceram pela centésima vez desde que havia entrado no apartamento dela, o que só piorava as coisas.
Elas ansiavam por afundar na carne dela para provar o seu sangue. Era um desejo além de seu controle. Muitos meses haviam se passado desde que foi capaz de se alimentar adequadamente, e ele precisava desesperadamente de sangue. A repulsa que ele veria nos olhos dela o impedia de agir.
— Você ganhará um pouco todos os dias então — declarou ele, ignorando seu bom senso. Verdade fosse dita, ele compraria a maldita loja só para ver a alegria no rosto dela.
Elsie terminou sua segunda bebida e estava balançando o copo da direção de Orlando. Ela já tinha o guerreiro na palma da mão, já que ele saltou para encher o copo dela. E ela o chamava de mandão.
— Uh, odeio dizer isso, Sr. Mandão. Mas você não pode dizer isso. E, definitivamente, não pode me comprar doces todos os dias. — Ela sorriu, dando um tapinha no rosto dele.
A sobrancelha dele se levantou de um modo imperioso, e ele aceitou o desafio que ela, sem saber, lançou com suas palavras.
— Não tenha tanta certeza disso, moça. Tenho poderes que você nem pode imaginar — sussurrou ele no ouvido dela.
Ela riu alto ao ouvir isso.
— Oooh, eu tenho poderes que você nem pode imaginar. O quê, você pode pular em prédios altos com um único salto? Oh, ou você tem visão de raio-X? — Ela jogou a cabeça para trás e riu. A alegria na expressão dela era de tirar o fôlego. Ele se endireitou, sabendo que havia levado alguma alegria para ela.
A irmã dela se aproximou e se sentou entre ele e Elsie. Ela agarrou a caixa de doces vazia e bufou:
— Uau, El, você poderia ter guardado um para mim. É tão bom ouvir você rindo de novo. E vou ajudar a pagar o doce se você voltar a comer.
A visão de Elsie mostrando a língua para a irmã fez com que seu sangue se concentrasse novamente na sua virilha.
— Desculpe, guria, eles eram bons demais para parar de comer. Como batata frita da Lays, você nunca pode comer apenas uma. — Ela ficava tonta e divertida quando bebia um pouco.
— Engraçado, não tenho esse problema com a Lays. É da batata do John que nunca me canso — respondeu Cailyn, com uma risada.
Elsie começou a rir, então parou e ficou boquiaberta, olhando para Cailyn.
— Não acredito que você disse isso na frente de todos esses caras.
Santiago acomodou seu corpo no chão e recostou-se na parede.
— Não foi nada demais. Agora somos uma família — declarou o detetive de cabeça raspada
Elsie sorriu.
— Nesse caso, preciso de outro drinque Cabana Boy — gritou para Orlando.
— Claro, fofinha. Sempre ao seu serviço — disse Orlando, curvando-se diante dela com um floreio. Não havia dúvida de que o guerreiro gostava dela, e ela parecia gostar dele também. O ciúme fez Zander querer socar o amigo.
Uma batida na porta os interrompeu. Zander abriu seus sentidos e notou que eram Gerrick e Jace. Ele observou o soberbo traseiro de Elsie rebolar quando ela se levantou e caminhou para atender a porta. Ele queria dar uma mordida naquela carne saborosa. E, suas presas desceram novamente. Elas queriam afundar na veia que subia pela parte interna da coxa dela. Ele praguejou baixinho, desejando que elas se retraíssem.
— Hmmm, posso ajudá-los? — perguntou Elsie, com a confusão estampada no rosto.
Gerrick esfregou a mão livre no queixo, claramente desconfortável.
— Sim, Orlando nos enviou uma mensagem e nos disse para trazer isso — disse ele, gesticulando para a caixa em sua mão.
— Eu cuido disso, El. Aqui está sua bebida. Volte e junte-se a Zander e sua irmã. — Orlando a empurrou de volta para dentro do apartamento.
— É melhor você começar a explicar, senão… — exclamou ela, com a mão no quadril.
Orlando começou a falar e, pela primeira vez, Zander ficou grato com o guerreiro despreocupado. Aquilo aliviava a tensão.
— Querida, não posso assistir os Mariners naquele dinossauro que você chama de TV. Além disso, nosso Blu-ray não toca em seu videocassete antigo. E não posso deixá-la pintar minhas unhas sem a comédia romântica adequada. — Ele provocou Elsie e bateu o seu quadril no dela.
— Você está presumindo que vou permitir que um de vocês retorne à minha casa. Não preciso de uma TV nova. A minha funciona perfeitamente bem. — Zander se preparou para uma batalha entre Elsie e Orlando. Ele já havia percebido como ela era teimosa.
Orlando ergueu o queixo levemente.
— Ai, como isso dói. Achei que era irresistível. Pense nisso como um empréstimo para o meu prazer.
Elsie jogou o cabelo para trás sobre os ombros, fazendo com que seus cachos balançassem antes de se acomodarem nas costas. O cheiro de madressilva o atingiu novamente, fazendo-o desejar, de forma irracional, aquela humana. Ela acabaria com ele.
— Como se eu fosse deixá-lo assistir esportes na minha TV. Não, é perfeita para assistir FoodNetwork — retrucou ela. — Ande com isso, entendeu? Quero assistir aquele filme que você prometeu.
Mulher atrevida. Ele poderia ter acabado de se apaixonar.

Capítulo Seis
Cailyn estava boquiaberta com os homens atraentes que pareciam ter tomado posse do pequeno apartamento e da vida de sua irmã. Apesar de como a maioria deles era demasiado autoritária, ela estava hipnotizada pelo homem lindo, com os belos olhos cor de ametista e longos cabelos negros. Algo se agitava em seu peito e o buscava. Uma fantasia em que desfazia a longa trança dele e corria os dedos por ela, enquanto ele dava prazer ao corpo dela, surgiu em sua cabeça. Certamente que não deveria estar tão bêbada. Só tinha bebido duas vezes. Ter tais pensamentos não era típico dela.
— Jace, Gerrick, esta é minha irmã Cailyn. — Elsie apresentou os dois novos caras que carregavam uma TV com eles. Gerrick era assustador, e era difícil para ela não olhar a cicatriz em seu rosto, então seu olhar permaneceu preso em Jace, com seus cativantes olhos cor de ametista.
Jace sorriu maliciosamente e colocou a caixa no chão. Estendeu a mão para ela e murmurou:
— É um prazer conhecê-la também, Cailyn. Orlando não me avisou sobre como você e sua irmã são lindas. Suspeito que ele esperava mantê-las só para ele. — Ele riu quando Orlando começou a socá-lo e xingá-lo. Cailyn observou Jace e se perguntou como deveria ser o toque de seus lábios carnudos. Seriam suaves quando ele a beijasse?
Sua irmã se sentou ao lado dela e deu um suspiro enquanto os rapazes começavam a configurar os eletrônicos. Cailyn percebia o que ocorria por detrás do aborrecimento fingido de Elsie. Sua irmã não sorria tanto desde uma época antes de Dalton morrer. Ela agarrou a mão de Elsie e apertou-a.
— Eles são uma coisa, não? — perguntou à irmã.
— Sim, são. Um delicioso colírio para os olhos — murmurou Elsie, e elas permaneceram em um silêncio amigável, observando os homens trabalharem.
Cailyn descobriu que estava completamente paralisada pelos bíceps protuberantes de Jace enquanto ele tirava a TV da caixa e ajudava a montá-la na parede. Os músculos de seus braços ondulavam sob a camisa. E então, droga, o peito dele flexionou, forçando os botões. Ela rezou para que alguns deles saltassem e lhe permitissem dar uma olhada. O tórax dele se estreitava em um V perfeito quando chegava à cintura. Seu olhar percorreu sua calça, que era maravilhosamente preenchida na frente. Perfeito. Sua boca encheu de água. Ela também queria ver as costas e quase pediu que ele se virasse. Fechou os lábios antes que as palavras saíssem. Não queria trazer vergonha para si mesma ou para a irmã.
Ela acessou sua habilidade e tentou ouvir os pensamentos dele. Foi surpreendentemente difícil para ela perceber qualquer coisa. Apenas captou fragmentos, o suficiente para determinar que ele era médico e estava ansioso para chegar ao hospital onde trabalhava.
Sem conseguir pensar de modo consciente, fantasias dos dois intimamente entrelaçados passaram por sua mente. Uma energia peculiar percorreu sua corrente sanguínea enquanto se sentia obcecada por aquele estranho. Não importava o quanto tentasse desviar os olhos, eles não se moviam. Nunca havia visto um homem tão bonito. Os pensamentos sobre seu namorado John finalmente invadiram em seu cérebro movido pela luxúria.
Ela se levantou, precisando sair da sala. Uma coisa era fantasiar com outros homens, mas ela estava perigosamente perto de agir de acordo com seus desejos. Seus dedos coçavam, querendo percorrer a pele bronzeada dele. Enquanto estivesse envolvida com John ou qualquer outro homem, ser indulgente estava fora de cogitação.
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* * *
Eles haviam instalado a TV na parede quando o aroma mais delicioso atingiu Jace. Um atraente aroma de canela misturado com uma pitada de calor sensual e feminino provocou seus sentidos. Ele dilatou as narinas e respirou fundo. Seu corpo enrijeceu, enquanto ele ficava insuportavelmente excitado. Desta vez, ao contrário de encontros anteriores com mulheres, sua excitação não vinha acompanhada de raiva, vergonha ou desespero. Não havia pensamentos insuportáveis sobre seu passado.
Sem lhe dar tempo de compreender tudo, seu celular vibrou com uma mensagem de texto que ele tinha que verificar logo.
— Tenho que ir para Harborview. Pego vocês mais tarde. Terei patrulha com você e Rhys amanhã à noite, certo, Santi?
— Sim. Você está bem? — perguntou Santiago, com as sobrancelhas franzidas. Jace esperava que o shifter de lobo não sentisse o cheiro da sua excitação.
— Sim, há apenas uma emergência no hospital — respondeu Jace, enquanto se dirigia para a porta da frente.
— Tudo bem, vejo você mais tarde. Obrigado pela ajuda.
— Certo. Elsie, Cailyn, foi ótimo conhecê-las. Espero vê-las novamente em breve — disse para as duas mulheres. Ele se permitiu uma última olhada em Cailyn. Estivera roubando secretamente olhares na direção dela desde que chegara. Ela era deslumbrante, com seu cabelo castanho claro e olhos castanhos. E, então, havia ainda os seios grandes e fartos. O modo como a carne dela transbordava do suéter com gola em V devia ser proibido.
Ele cambaleou para fora e engoliu o ar fresco assim que a porta se fechou atrás dele. Não foi o suficiente, pois a imagem de Cailyn havia ficado permanentemente gravada em seus pensamentos. Desconcertado pela excitação, ele correu para os arbustos próximos. A raiva percorria suas veias como lava, enquanto ele expelia o conteúdo do estômago. Era sempre assim.
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* * *
A excitação percorria as veias de Zander, enquanto ele, impacientemente, enxugava a chuva dos olhos. Já sentia falta dela. Já havia passado várias horas desde que conversaram. Ele balançou a cabeça, sem acreditar. Logo ele, sentado e conversando com uma humana. Era um homem de ação e se esforçava para assistir às reuniões do conselho quando elas se alongavam, mas adorou cada segundo ao lado de Elsie. Nunca havia gostado tanto de algo em todos os seus setecentos e sessenta e cinco anos, e já queria voltar para aquele apartamento e ficar com ela.
Soubera muitas coisas sobre ela. Eles não poderiam ser mais diferentes. Ela adorava cozinhar, quando ele não fazia a menor ideia de como ferver água, muito menos cozinhar algo. Ele tinha cozinheiros para isso.
Elsie tocava todos que estavam ao seu lado, pelos motivos mais estranhos, e ele suspeitava que ela gostava do contato físico. Ele ficava mais confortável com vários metros de espaço entre ele e aqueles ao seu redor, exceto no que dizia respeito a ela. Ele a queria o mais perto possível.
Zander poderia usar alguém como Elsie para ajudá-lo a comandar os vampiros. Ela possuía essa aura. Ela fez o possível para garantir que cada um deles se sentisse bem-vindo e tivesse suas necessidades atendidas. A única coisa que ele dava era ordens. Seria um longo caminho a percorrer com seus súditos e guerreiros se ele se concentrasse neles como indivíduos. Era impossível para ele, dado o fardo de garantir a segurança dos humanos e sobrenaturais.
As diferenças entre ele e Elsie realçavam tudo o que ele precisava em sua vida, assim como a frágil natureza humana dela. Ela era vulnerável e poderia facilmente ser assassinada, o que tornava assustadora a determinação dela em se vingar do que havia acontecido com Dalton. Zander sabia que Elsie não iria deixar aquilo passar até que tivesse eliminado todas as escaramuças. Ele reprimiu a raiva antes que ela o levasse a fazer algo irreversível. Não sentia esse medo desde que seus pais foram mortos. Ele amava a tenacidade dela, mas era uma faca de dois gumes.
A voz de Orlando o trouxe de volta ao assunto em questão.
— O que faremos a respeito dos SOVA? Você não conseguiu obter nenhuma informação nova dela e Killian não foi capaz de descobrir nada.
Nenhum deles fazia ideia de como era difícil tomar essas decisões. Zander respirou fundo, para se acalmar. A madressilva fizera com que seu corpo ficasse tenso como a corda de um arco. O sangue corria acelerado nas veias e seu coração havia disparado. Nunca havia se sentido tão vivo, e desejava tanto se perder no calor delicioso de Elsie que seus testículos doíam.
Ele não conseguiu conter o sorriso que se espalhou por seus lábios. Elsie havia adormecido como um bebê enquanto ele estava sentado do lado de fora do apartamento dela. O leve ressonar dela enterneceu seu coração e seu desejo aumentou. Parecia absurdo que até isso ele achasse cativante.
— Nós vamos ter que segui-la, seguir os outros quando saírem para caçar. É a única maneira de conseguirmos obter mais informações.
Zander fez uma pausa e considerou a fêmea que havia capturado sua atenção. Elsie era notável, e ele quase havia perdido o controle com os sons de prazer que ela emitiu enquanto comia os caramelos. Ele se imaginou pingando caramelo por todo o corpo dela e lentamente lambendo cada gota, prestando atenção especial aos mamilos rosados e perfeitos. Ele iria lamber o caramelo em seu sexo até que ela gritasse seu nome.
Ele estremeceu de desejo reprimido. Não poder ter Elsie era mais torturante do que passar horas ao sol. Fechou os olhos enquanto prendia a respiração e se acalmava. Seus olhos se abriram para encontrar os olhares curiosos de seus guerreiros.
Ele ignorou as perguntas que viu neles. Não tinha as respostas.
— Peguem suas patrulhas e fiquem de olho nos membros dos SOVA — ordenou Zander.
— Amo, você irá se juntar a nós esta noite? — perguntou Gerrick.
— Pergunte-me se ele ficará aqui, cobiçando Elsie. É o que eu escolheria fazer, se pudesse. As escaramuças são difíceis de deixar passar, mas… — Gerrick deu um tapa na nuca de Orlando, fazendo-o perder o equilíbrio.
— Santi, Gerrick, vocês, rapazes, juntem-se a Rhys no centro da cidade. Orlando, fique aqui comigo. Preciso entrar nos sonhos dela para ver se consigo informações sobre os SOVA. Como você ressaltou, Orlando, não temos as informações de que precisamos. Você vai me proteger enquanto eu faço uma caminhada no sonho com ela. — Ignorando seu desejo de raptar Elsie, ele observou Santiago e Gerrick desaparecerem nas sombras. — Quero que ela confie em nós e nos faça confidências. Estarei lá tanto quanto possível, mas você precisa se aproximar dela, já que não posso ficar lá durante o dia. E, Orlando, nem de longe quero saber que fez sexo com ela. Isso é algo que não tolerarei. Ela mencionou que a irmã partirá amanhã, então meu palpite é que ela se encontrará com os SOVA em breve. Com sorte, descobriremos quem são seus membros. Se eles estão patrulhando por causa das escaramuças, precisamos mantê-los seguros e sem conhecimento sobre o reino — disse a Orlando.
— Será um prazer. Gosto de Elsie. É corajosa — respondeu Orlando imediatamente.
Zander reprimiu o ciúme que o comentário lhe inspirou. Não tinha razão para ter tais sentimentos. Nunca planejou levar o relacionamento com Elsie adiante, não importando o quanto o desejo o instigasse.
Ansioso por estar perto dela mais uma vez, ele se recostou na sempre-viva, fechou os olhos e se conectou com seus poderes de acessar os sonhos de outra pessoa. Em instantes, ele estava dentro da mente dela e ficou imediatamente atordoado. Ela estava sonhando que fazia amor com ele. Ele não esperava encontrar isso. Chocado com a natureza erótica do sonho, ele se esqueceu de ocultar sua presença. Queria estar dentro do corpo sensual dela.
Ele perderia o controle se chegasse perto dela.
— Não posso fazer isso, é demais — engasgou Zander, em um sussurro.
Com a intenção de dar uma última olhada, ele ficou paralisado ao ver os seios dela, enquanto eles balançavam, e o desejo de partir morreu. O desejo e um grande número de emoções desconhecidas o consumiram. Antes que pudesse formular um pensamento coerente, ele sentiu seu membro envolto pela vagina apertada dela, penetrando-a por trás. Havia perdido o controle de seu poder de entrar em sonhos alheios pela primeira vez em sua existência.
Emitindo um silvo, ele sentiu suas presas descerem violentamente de suas gengivas, enquanto o desejo pelo sangue dela rivalizava com a luxúria que sentia seu corpo. Não conseguia se lembrar de uma época em sua vida em que tivesse sentido uma sede de sangue tão forte. Seus olhos se fixaram no fluxo pulsante de sangue através da artéria principal do pescoço delicioso dela. Ele poderia se inclinar para frente e saborear um pouco, e ela nunca saberia. Ele cerrou a mandíbula, recusando-se a ceder a esse desejo. Mas foi incapaz de impedir seu pênis de impulsionar no calor dela. Nada que já havia experimentado havia sido tão bom.
Ele estendeu a mão e agarrou seus seios. Seus mamilos rosados se retesaram em suas mãos. Ele beliscou e puxou, arrancando um gemido dela.
— Oh, Zander, sim. Querido Deus, não pare — gritou ela. A maneira como ela implorou, falando o seu nome, o deixou em um frenesi.
Não importava para ele que não estivesse fisicamente com ela. Espiritual, física e emocionalmente, ele nunca havia experimentado nada mais satisfatório. A conexão entre eles era tangível. Ele se esqueceu de que ela era uma humana frágil, agarrou seus seios e investiu com força em seu sexo úmido e quente. As paredes internas da passagem dela começaram a tremer e a ter espasmos. Ela estava perto do clímax. Ele apertou uma última vez os seios e mamilos, e percorreu as mãos pela superfície sedosa de seu abdômen.
A pele de Elsie era macia, e ele acariciou a leve curvatura de seu estômago antes de arrastar os dedos para baixo. Estava tocando e fazendo amor com Elsie. Suas mãos tremiam de emoção enquanto adorava o corpo dela. Seus dedos roçaram o púbis recém-depilado e facilmente encontraram a protuberância inchada no alto de suas coxas. Ela latejava sob seus dedos. Ele desejou que os dois estivessem acordados e experimentando o ato pele a pele. Ele mal podia acreditar que aquela pequena e ardente fêmea o desejava, apesar do fato de que ela havia rejeitado qualquer pensamento de um relacionamento.
O corpo dela apertou seu membro com força, e ele gemeu de prazer.
— Cuidado, a ghra
, quero que isso dure. Você me domina e me enlouquece. Pela Deusa, a sensação de sentir seu corpo é incrível.
— Oh, sim. Zander… estou quase… — Ele sabia do que ela precisava. Ele beliscou seu clitóris e o massageou, e ela explodiu.
Elsie gritou de prazer. Zander parou e trincou os dentes ao sentir os espasmos em torno de seu membro. Ainda não. Queria aquilo de novo.
Ele continuou a provocar o corpo dela e a colocou sob ele apenas o tempo necessário para se retirar e voltar para dentro do corpo dela.
— Não, é demais. Não posso… — protestou Elsie, enquanto combinava os movimentos com as arremetidas dele.
— Sim, pode, a ghra, quero de novo — grunhiu Zander, enquanto suas mãos exploravam as costas e as esferas carnudas das nádegas dela. Seus movimentos tornaram-se frenéticos e ele se repreendeu. Controle-se, advertiu ele. Saboreie-a. Mostre-lhe como pode ser bom. Não copule com ela como um animal raivoso.
Ele diminuiu os movimentos, mas a paixão dela era muito intensa.
— Hmmm… não, mais forte. Por favor — implorou ela.
Uma fera assumiu o controle do corpo dele, uma fera que pretendia possuí-la totalmente. Ele mostrou suas presas enquanto impulsionava dentro dela e abaixou a cabeça para o pescoço dela. Um momento muito necessário de clareza surgiu. Ela temia vampiros e não gostaria de ser mordida por um deles.
Ele beijou e sugou o pescoço dela e roçou os lábios para beliscar a orelha. A respiração dela estava entrecortada, e as paredes de sua vagina começaram a apertar seu pênis. Ela estava se aproximando de novo do clímax e ele não conseguiria se conter por muito mais tempo.
— Zander… — Ela tentou se virar e olhá-lo. Com uma das mãos, ele agarrou o cabelo dela, mantendo a cabeça de Elsie no mesmo lugar para que ela não visse o brilho de seus olhos ou suas presas. Ela arqueou e gemeu. Ele empurrou as pernas dela com os joelhos, para que ela ficasse mais aberta para ele. Ele afundou ainda mais, e um gemido escapou de sua garganta.
— Você… é tão… linda — disse com voz rouca enquanto continuava seu ritmo frenético.
Ele não gozaria antes que ela lhe desse outro orgasmo. A mão livre dele esfregou suas nádegas e quadril e seguiu a curva do seu corpo. Seus dedos deslizaram pelo canal escorregadio dela. Ele esfregou e beliscou o clitóris dela, levando-a a outro orgasmo.
Com os olhos bem fechados, Elsie gritava seu nome sem parar. Foi o suficiente para enviá-lo ao seu limite.
— Droga. Vou gozar… Elsie — gritou ele, enquanto bombeava seu sêmen dentro do pequeno e quente sexo dela.
Sua liberação continuou e não deu sinais de diminuir. A dor rasgava as suas costas, queimando a pele. Ele se arqueou e tentou ver o que era, mesmo enquanto sua liberação continuava. Prazer e dor o cercaram até que ele não soubesse de mais nada.
— Caramba, você ainda está gozando? Droga, eu amo este sonho… É… oh, caramba, vou gozar de novo — engasgou Elsie.
Infernos, sim… Ele levantou a mão e segurou o rosto dela enquanto derramava tudo o que tinha nela e rosnava, com os lábios encostados nos dela.
— Dê para mim, dê tudo para mim — exigiu ele, pressionando as nádegas dela. Isso foi tudo o que bastou.
Depois de um tempo que só a Deusa sabia, seus orgasmos terminaram e eles desabaram sobre a cama. Ele era pesado e provavelmente a esmagava, mas seu corpo não conseguia se mover. Rolou para o lado, levando-a com ele, com cuidado para não se deitar sobre suas costas em chamas.
— Isso foi incrível — suspirou ele, enquanto seus dedos traçavam círculos nos braços dela e beijava seu pescoço. Ele olhou para baixo e ficou atordoado, em silêncio. Havia uma cruz celta iridescente atrás da orelha esquerda dela. Não poderia ser…
— Isso não é real — murmurou ela.
— O quê? — respondeu ele, bruscamente. Havia sido mais real do que Elsie percebia. Irrevogavelmente real.
— Sonho… — ela o lembrou. — Isto é um sonho.
— Para mim, pareceu ser mais real do que qualquer encontro que já tive. — Os poderes de Zander se dissiparam e ele acordou, sentado, em um estado de estupor com as costas apoiadas dolorosamente na sempre-viva.
Elsie era sua Companheira Predestinada!

Capítulo Sete
Elsie dirigiu através dos portões do Cemitério Mt. Pleasant, com Cailyn, para visitar Dalton. Era o aniversário de casamento dos dois, e ela precisava estar perto dele. Naquele dia, era o segundo aniversário que ela passava sem ele, e seu mundo doía. Depois do sonho erótico com Zander na noite anterior, ela ficou atormentada pela culpa. E não importava que não fosse real, ela havia traído Dalton.
Ela olhou, através do para-brisa, para a bela paisagem. Mt. Pleasant tinha dezoito hectares, e estava localizado no alto de uma colina, no meio do histórico distrito de Queen Anne, em Seattle. É o lar da maior variedade de árvores centenárias em um cemitério da costa oeste. A dispersão de lápides, intercaladas com as árvores, criava uma atmosfera calma e pacífica, embora fosse um lugar cheio de morte.
Ela estacionou na via perto do túmulo de Dalton. Durante todos aqueles meses, ela havia sido guiada como se por uma mão invisível para aquele local específico. Anjos de pedra encimavam as lápides de mármore. Cada anjo enorme tinha asas negras estendidas e se posicionavam de sentinela na entrada daquele setor específico do cemitério. Ela saiu do carro e esperou pela irmã. Pegou as flores de Cailyn e atravessou o gramado extenso.
Ela traçou os dedos em uma das belas asas pretas do anjo de Dalton. Arrepios percorreram sua pele. Havia energia contida sob a pedra. Não conseguia explicar ou descrever o que sentia, mas sua irmã concordava. Nenhuma das duas entendia por que certos objetos pareciam diferentes para elas, mas elas aprenderam desde cedo a guardar segredo sobre suas habilidades e experiências estranhas. Ela afastou o pensamento. O anjo de Dalton estava entre esses protetores poderosos.
— Amo essas lápides. A primeira vez que as vi, elas falaram comigo. Faziam-me lembrar de Dalton e de como ele era. E que, por fim, deu sua vida por aquelas crianças. — Seu abismo negro pulsava dolorosamente no peito. Sentia tanto a falta dele, e tudo havia ficado pior naquele dia, porque ela o havia traído.
Ela se ajoelhou na grama úmida, sobre o túmulo de Dalton. Pegou as flores e as colocou em seu vaso.
— Eu amo você, D. Sinto tanto a sua falta. Consegui designar novos detetives para o seu caso. Eles me disseram que Jag fez isso com você e que ele está morto agora… — ela parou e deixou as lágrimas rolarem.
A irmã se agachou ao seu lado e afastou os fios de cabelo de seu rosto, que haviam escapado do rabo de cavalo, e entregou-lhe um lenço de papel. Ela enxugou os olhos. Cailyn sempre cuidava dela. O que derretia um pouco do gelo de seu coração. Era sua irmã, aquela que ela procurava quando era chamada de “aberração” e provocada na escola. Quando o primeiro namorado de Elsie a largou, elas dividiram um galão de sorvete de chocolate.
— Sinto muito que você esteja passando por isso. Gostaria de poder aliviar sua dor — murmurou Cailyn.
Elsie passou o braço em volta de Cailyn e a abraçou com força.
— Amo você, mana. Obrigada por estar aqui por minha causa.
— Eu não estaria em nenhum outro lugar. Somos tudo o que temos agora. — Elas ficaram sentadas daquele jeito, uma com um braço em volta da outra, em silêncio, por algum tempo. Seu braço caiu para o lado quando Cailyn se agachou, fazendo barulhos de beijos.
— Venha aqui, gatinho, gatinho — sussurrou a irmã. Elsie olhou e percebeu um lindo gato branco se aproximando do túmulo de Dalton. O animal era totalmente branco, exceto por uma mancha preta em uma de suas patas dianteiras. Elas riram quando ele rolou e expôs a barriga para chamar atenção.
Enquanto acariciavam o gato, ela percebeu o que lhe parecia familiar nele.
— Olhe para os olhos deste gato. A intensa cor verde me lembra os olhos de Orlando. — Pegando o gato, ela acariciou o pelo macio. O gato se enroscou em seu peito, ronronando alto.
— Esse carinha não tem coleira, fico me perguntando a quem ele pertence. Não parece desnutrido nem nada — especulou Cailyn, enquanto estendia a mão e acariciava a cabeça do gato.
Ambas examinaram os arredores, procurando o dono dele. Não havia ninguém ali. Era um gato sem lar? Ela nunca havia visto isso no cemitério. Infelizmente, tinha coisas para fazer e não teria tempo de investigar, então ela o colocou no chão com um tapinha final em sua cabeça.
Ela se levantou e observou o gato correr para um grupo de árvores na periferia dos túmulos. Ela se virou para a irmã e piscou, afastando as lágrimas que brotavam de seus olhos.
— Por mais que eu não queira que você vá, é melhor levá-la ao aeroporto.
A irmã enxugou o rosto dela com os polegares.
— Ei, nada disso. Estarei de volta em alguns meses, para a sua formatura.
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* * *
O dia que Zander havia esperado durante toda a sua vida finalmente chegara, mas não lhe trouxe paz. Estava enlouquecendo. Imagens do sonho com Elsie o torturavam implacavelmente.
Sua conexão com ela crescia a cada minuto, e, através desse vínculo, ele sentia o conflito dela. Ela mudava de humor, de dor e tristeza para culpa e vergonha, e vice-versa, em uma velocidade estonteante. Ele presumiu que Elsie sofria com a paixão que não apenas acolheu, mas que havia instigado no sonho.
O dia em que descobriu sua Companheira Predestinada era para ser comemorado. Especialmente considerando que havia ocorrido uma maldição sobre acasalamentos no reino por sete séculos.
Zander havia recebido a maior bênção do reino, mas não haveria festas, nenhum grande anúncio ou celebração. A Deusa não havia abençoado uma única alma com seu Companheiro Predestinado por setecentos e quinze anos. Era uma grande notícia e ele desejava dividi-la com seus súditos e lhes dar a esperança que tanto desejavam. O Destino o estava punindo.
Ele havia recebido uma humana como companheira e estava honrado, mas também preocupado com a vulnerabilidade e fragilidade dela. E então havia o fato de que sua companheira estava envolvida com um grupo de vigilantes que odiava o que ela acreditava ser a espécie dele. A cereja do bolo era que seus inimigos mataram o marido dela e ela se recusava a sequer cogitar a ideia de um relacionamento romântico com alguém.
A frustração atingiu Zander. Odiava não saber de nada, mas estava preso por causa do sol. Incapaz de tolerar mais, enviou Orlando para o apartamento de sua companheira.
O guerreiro o informou que seguiu Elsie e sua irmã até o túmulo do falecido marido. Isso explicava a dor dela. Zander ordenou que Orlando se transformasse e ficasse perto dela. Agora, ele estava andando em seus aposentos, esperando por notícias. Quando seus nervos em frangalhos estavam prontos para explodir, o celular tocou.
Ele o pegou da mesinha de centro e deslizou o dedo pela tela para atender a chamada de Orlando.
— Onde ela está agora? O que está acontecendo? Ela está bem? Ela precisa de alguma coisa? — A respiração dele estava entrecortada de ansiedade. Outra emoção que nunca havia experimentado antes da véspera. As últimas vinte e quatro horas provaram ser uma montanha-russa de emoções variadas. Era emocionante.
— Amo, ela está bem. Ela simplesmente deixou a irmã no aeroporto. Fale comigo. Não entendo porque você está tão ligado nesta humana. Claro, precisamos controlar os SOVA. No entanto, parece que há algo mais — disse Orlando.
Pelo telefone, Zander ouviu a agitação do aeroporto. Respirou fundo. Notícias sobre sua Companheira Predestinada não era algo que desejava compartilhar por telefone.
— Volte para Zeum. Estou convocando uma reunião daqui a trinta minutos e preciso de todos aqui.
Ele poderia não ser capaz de contar ao reino, mas precisava informar seus irmãos e guerreiros. Precisaria da ajuda deles para manter sua companheira segura até que eles se acasalassem. Qualquer apreensão que tivesse sobre o legado e o passatempo questionável dela, ele iria acasalar com ela. Ela carregava parte de sua alma como ele carregava parte da dela e finalmente ele estaria completo. E, se a Deusa quisesse, ele seria capaz de conquistar seu coração.
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* * *
Elsie observou a irmã correr pelas portas automáticas do terminal sudoeste no Sea-Tac
. Já sentia falta de Cailyn, mas jurou que não ligaria para a irmã mais de uma vez por dia. Tentada a pedir que Cailyn voltasse, Elsie balançou a cabeça e lembrou a si mesma que não ligaria para sua irmã antes de sua formatura em junho.
Elsie já havia sido um fardo para Cailyn por muito tempo. Sua dor não era algo que ela dividia com Mack ou com os outros dos SOVA. Com eles, ela dividia o vínculo de sobreviver a um ataque de vampiro, mas a dor da perda pertencia apenas a Elsie.
Assuma que é crescidinha e faça o que precisa ser feito, disse a si mesma. Olhou por cima do ombro e sinalizou que ia sair do acostamento. Um homem em um utilitário não estava prestando atenção e cortou a pista ao mesmo tempo, quase batendo nela. Ela pisou no freio e desviou. Sua mão apertou a buzina, que soou, enquanto Elsie amaldiçoava o homem que continuava como se ela não existisse. O carro dela estremeceu quando ela pisou no acelerador.
— Não, não, não, seu desgraçado — praguejou, dando um suspiro de alívio quando o ferro-velho ganhou velocidade ao invés de morrer na estrada. Um problema evitado.
O fato a levou para o desastre que havia criado em seus sonhos. Talvez fosse um pouco dramático, mas sentia culpa e vergonha por seus desejos. Não era idiota. Aquilo era obra de seu subconsciente trabalhando, agindo de acordo com o que seu corpo começou a desejar no momento em que pôs os olhos em Zander.
Não havia como negar que sentia conexão com ele. A conversa dos dois fluía facilmente e ele era um grande ouvinte. Não era apenas o desejo intenso. Zander era um amigo agora. Na verdade, ela se abriu com ele e Orlando, de um modo que só havia feito com Dalton e Cailyn. Um amigo com algumas vantagens, ronronou seu demônio sexual interior. Seu abismo negro criou garras e perfurou sua parede torácica. Ela estava um desastre.

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